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2. CARACTERÍSTICAS E CONDIÇÕES DE FUNCIONAMENTO DO MERCADO ARTÍSTICO DA

2.2. C ONSTITUIÇÃO DA CLIENTELA , TIPOS DE ENCOMENDA E LOCAIS DE PRODUÇÃO

2.2.1. Iniciativas particulares

Vimos, até agora, a caracterização e funcionamento da estrutura religiosa, principal interveniente no mercado artístico insular com a finalidade de melhor entender o processo através do qual chegaram à região as obras de arte no período em estudo. Em primeiro lugar, lembramos a preponderância da iniciativa das fábricas das igrejas361, sustentadas pelo erário régio, em virtude do padroado que cabia ao rei. Este, por vezes, oferecia algumas peças de particular relevância, como fez D. Manuel com um conjunto de peças de prata para a capela-mor da catedral, de que se destaca a cruz processional, ou D. João III doando um prato de prata e um cofre da Índia com relíquias. Além das suas obrigações, a Real Fazenda provia a encargos extraordinários para colmatar faltas detectadas pelas visitações, ou reparar danos provocados pelas intempéries.

Incluímos, também, à medida em que foi sendo oportuno, o papel que cabia em todo este processo às irmandades, à Câmara e às iniciativas particulares. Acrescentavam-se aos recursos das fábricas as esmolas dos fregueses, desde as mais modestas às mais 359 ARM Mis. Funchal, Lº 684, fl.55 vº.(trans. Luís de Sousa Melo).

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ARM, JRC, Cx 12, nº 4. Doc. 10.

361 Tivémos já ocasião de enumerar no ponto 2.1.1 as sucessivas campanhas de obras, bem como as encomendas de retábulos e outras peças.

112 vultuosas, variáveis consoante as posses e as necessidades dos templos, mas contributos imprescindíveis para mais rapidamente completar as obras, fossem elas lajear, fazer um alpendre, reparar um tecto ou prover de ornamentos um altar. Os dados relativos a estas pequenas doações, colhidos em testamentos ou livros de óbitos, são muitas vezes preciosos, porque únicos, para situar datas de construções, de encomendas ou de colocações de retábulos. Falta-nos, pois, especificar melhor quem eram os intervenientes destas iniciativas particulares, entre os quais que podemos, desde já, destacar fidalgos, mercadores e, em menor escala, lavradores, únicos que tinham posses para doações de vulto362.

No seu estudo para o século XVII, Nelson Veríssimo resume nestes termos o perfil da fidalguia insular: «uma fidalguia cuja riqueza assentava na propriedade fundiária, na sua maioria administradores de morgadios, mas que também se ocupava das armas, exercia magistraturas camarárias e os cargos remunerados da administração e não desdenhava, por completo, o comércio. Seguindo uma terminologia tradicional, estamos perante uma nobreza fundiária e burocrático-militar, envolvida directa ou indirectamente nos negócios que se faziam no porto do Funchal»363.

O grupo dos mercadores englobava situações muito diversas desde o pequeno comerciante ao abastado mercador que acabava por conseguir nobilitação364. A própria documentação da Câmara deixa clara a distinção entre os que eram considerados honrados e nobres e os «mercadores christãos nouos e que ajmda quanto ricos viuem do retalhar e de fazer o seu trato doutro modo»365.

Alguns lavradores conseguiam amealhar o suficiente para fazer legados pios ou doações que tiveram escala e duração suficientes para perdurar. Optámos por seleccionar aqui apenas algumas figuras que, vindas de estratos sociais diversos, têm ligação documentalmente comprovada com a edificação de capelas e encomendas de retábulos, escolhendo alguns casos paradigmáticos relacionados com obras que constam do nosso elenco pictórico.

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São bastante elucidativos os relatos do quotidiano da sociedade insular no século XVI, como o do conde Giulio Landi (1530), um olhar de visitante atento inclusivamente a pormenores menos prestigiantes e o de Gaspar Frutuoso (1584), numa versão perspectivada pela sua principal fonte, o manuscrito do Cónego Jerónimo Dias Leite, muitas vezes de pendor moralizante.

363 Nelson Veríssimo, Relações de poder…, p. 63.

364 Idem, ibidem, pp.66-72. Cita os casos de Gaspar Fernandes Gondim e de Simão Nunes Machado, instituidor da capela das 11000 Virgens no Colégio dos Jesuítas do Funchal.

365 Conforme decisão da vereação de 16 de Junho de 1546 acerca de quem leva tochas de prata na procissão do Corpus Christi. Vereações da Câmara do Funchal.Primeira metade do século XVI.…, p.351.

113 Simão Acciaiuolli366 é exemplo de um caso de confluência de situações todas elas relevantes para uma caracterização da sociedade local: era nobre, estrangeiro, era também mercador e acabou por aceder a cargo importante na estrutura do poder local. Natural de Florença, chegou à Madeira em 1515 e rapidamente se estabeleceu entre os grandes da terra, salientando-se entre outras intervenções, a sua contribuição para a compra de mantimentos e o pagamento da gente que vai na expedição a Safim em 1531. O casamento com Maria Pimentel e Drumond, valeu-lhe vir a substituir seu sogro Pero Rodrigues Pimentel no cargo de almoxarife dos quintos367. O brasão de armas que lhe mandou passar D. João III em 1529 é o reconhecimento da pureza da sua linhagem368. Morreu em 1544 e foi sepultado com a sua mulher no convento de S. Francisco no capítulo velho, «defronte ao altar de N. S. da Piedade, que he de excelente pintura»369, quadro que poderá ser uma excelente cena de Lamentação que passou depois para a igreja de Santa Luzia.

Nascido já na Madeira (?-1598), e herdeiro do morgadio instituído por seu pai Simão, Zenóbio Acciaiuolli manteve a política de entrosamento com a nobreza local, casando em 1562 com Maria de Vasconcelos, filha de Duarte Mendes de Vasconcelos, descendente de Zarco, e de Joana Rodrigues de Mondragão370. Viveu num tempo em que eram passadas as intervenções no Norte de Africa371, e a cidade do Funchal estava «no mais alto e próspero estado que podia ser, mui rica de muitos açúcares e vinhos, e os moradores prósperos, com muitas alfaias e ricos enxovais, muito pacifica e abastada, sem temor nem receio do mal que não cuidavam»372. É esta cidade rica e desprevenida que os corsários franceses encontram em 1566, e que o Capitão Francisco Gonçalves da Câmara tenta, improvisadamente e sem êxito, defender, reunindo os fidalgos da cidade, «Genobre

366 A grafia deste patronímico varia muito no século XVI: Chiole, Achiole, Acciaioly, Acciojaolly, Acciajoly, Accijaoly, Accajuolj, Acciojolj. Na actualidade é utilizado Acciaiuolli, Acciaiuoli e Acciaioli.

367 Fernando Jasmins Pereira, Documentos sobre a Madeira no século XVI existentes no corpo cronológico, Lisboa, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, 1990, vol II, p. 418.

368 A família Acciaiuolli entronca na casa daBorgonha e tinha-lhe sido concedida por Carlos V um privilégio em que mandava guardar armas: figura de leão rompante e uma flor-de-lis com suas guardas no escudo com castelos de ouro. Sobre a genealogia desta família veja-se F. S. de Lacerda MACHADO, A família Acciaioli de Florença e de Portugal, com suas ramificações em Espanha e no Brasil, Lisboa, 1941.

369 Henrique Henriques de Noronha, op. cit., p.240. 370

A família Mondragão foi estudada por José Pereira da Costa, num artigo em que transcreve abundante documentação e onde se podem ver as ligações entre os Acciaiuolli e os Mondragão. Trata-se de «A familia Mondragão na sociedade madeirense do séc. XVI», Actas do I Colóquio Internacional de História da Madeira, Funchal, 1990, pp.1090-1210.

371 Esta mudança vem na sequência da política de D. João III que abandona o Norte de África para se concentrar nas riquezas do Oriente. Neste contexto tambem se altera o protagonismo da Madeira na sua contribuição em homens de armas que só se irá reactivar mais efectivamente nas campanhas da Restauração, sobretudo no Brasil.

114 Chiole, o Capitão Aguiar, Favela, Vieira, João Esmeraldo e muitos mais373.(…) Estiveram muito à sua vontade os franceses quinze dias na cidade do Funchal, enchendo e carregando seus navios, naus de bom porte, e tanto tiveram que carregar, que não lhe coube em suas oito naus».374

Este fidalgo generoso e rico, viveu no Funchal numa zona onde eram tudo casas de homens honrados375, num «aposento de casas sobradadas com suas varandas e pateo grande diante das varandas com seus quintaes sobre a ribeira e tem por cima uma salla grande e tem duas camaras e tres camaras e hua cozinha e a casa de forno com casas dos picheiros e hua corredora por dentro e hua despensa e outra casa por dentro em que vive Maria Folgada e Antonia Folgada e hum granel grande que vai sobre a ribeira e hua casa maes no canto do bequo com hum passadiço e duas estrebarias do engenho e este aposento tem por baixo outo lógeas que serrem de purgar e estrebarias (…)» 376. Todo este conjunto está representado no mapa do Funchal de Mateus Fernandes, sendo o referido pátio assinalado por um quadrilátero com um círculo (uma fonte?) ao centro, tendo à volta um ponteado que sugere a existência de loggie. Inclui também este núcleo o engenho que herdara de seu pai, também saqueado pelos franceses, que lhe levaram todo o cobre, pelo que teve de comprar de novo o equipamento e introduziu diversas benfeitorias nas instalações.

Deste engenho e dos bens de raiz, tirava os rendimentos que lhe garantiam levar uma vida consentânea com o seu estatuto. Possuia uma série de propriedades que reflectem a situação de mudança que então se vivia quanto ao tipo de cultura e ao modo de exploração da terra. Predominam as plantações de canas, em que se sente a necessidade de remediar o esgotamento produzido pela monocultura, na medida em que vários terrenos são divididos em partes, ficando umas de planta nova, outras de soca velha, outras cavadas para plantar, e aparecendo também algumas partes não cultivadas; como também se sente a passagem ao arrendamento em pequenas parcelas, de meias, que garante a exploração da terra sem uma intervenção muito directa do proprietário, permite uma distribuição equitativa de lucros e despesas. É uma situação que só se generalizará no final do século377, mas surgem aqui indicadores de uma nova era. Como tal poderá ser vista também a existência de caseiros numa das terras, como acontece por esta altura na Lombada da Ponta

373 Idem, Ibidem, p. 338.

374 Idem, Ibidem, p.356. 375

Idem, ibidem, p. 112.

376 ARM, Arquivo da Família Betencourt Mimoso, Treslado do inventario dos bens que fiquaram por fallecimento de Zenobio Accialli cavalleiro da ordem e do habito de Cristo, Cx. 1, n°5, fls. 6v.7.

115 do Sol em terras de herdeiros de João Esmeraldo. Saliente-se uma percentagem de terras de vinhas, cultura que no futuro viria a oferecer alternativa à plantação de canas e permitir a passagem a um novo ciclo económico. Quanto aos montados, currais e terras de pão, surgem numa proporção mais reduzida, mas sem dúvida vêm trazer uma diversificação de produtos que equilibra todo o conjunto.

A quinta da Boa Vista com casas, horta, vinha, um tanque de água e, facto bastante significativo, uma ermida que ele mandou construir, parece ser uma residência secundária à saída da cidade, junto ao caminho do concelho que ia para a serra e para o Faial. É um edifício que se distingue dos outros que aqui se fizeram por utilizar uma planta em cruz grega, é encimado por remates de cantaria com a cruz de Cristo, e tem no seu altar um interessante retábulo. Mateus Fernandes poderá ter sido o autor mais provável da traça da capela, e a pintura insere-se no círculo de Fernão Gomes, o que faz com que este conjunto mereça particular atenção.

Mencionámos já o rigor doutrinário que pautou a redacção do seu testamento, significativo da imagem de devoto cumpridor das suas obrigações; bem como tivémos ocasião de descrever a composição do seu prestigioso cortejo fúnebre. Da participação em confrarias sabemos que foi mordomo da Confraria do Santíssimo Sacramento da Sé onde começou, a expensas suas, obras no retábulo, deixando uma doação para acabar de dourá- lo; também foi mordomo da Confraria de S. Tiago378, através do seu cargo camarário, e teria sido irmão da Misericórdia379. Acescentando a isto a edificação do capítulo de S. Francisco380, ficamos com um panorama do papel relevante que teve no enriquecimento do património artístico-religioso da sua cidade.

O estatuto social deste cavaleiro da Ordem e do Hábito de Cristo reflecte-se igualmente nos bens móveis que possuía: os trajes sumptuosos (ferragoulos, capotes, roupetas, pelotes, gibão), as jóias de ouro e ambar (colares, manilhas, botões), os objectos de prata (jarros, gomis, salvas, castiçais), os móveis, as tapeçarias (diversas alcatifas, guarda-portas, panos de figuras), as armas (adaga, lanças, pique, montante, espada e

377 João José Abreu de Sousa, História rural da Madeira: a colonia, Funchal, DRAC, 1994, p. 23.

378 Há um pagamento a Diogo Gomes, dourador, de topos e armação, e ao prateiro Salvador Rodrigues, de um lampadário maior que mandaram fazer para o santo, passando o anterior para o altar de Nª Srª do Socorro. ARM, CON, Confraria de S. Tiago, 1592-94, fl.26, 27 e 30.

379 Consta do inventário de bens deste fidalgo uma capa da Misericórdia. 380

A edificação era habitualmente atribuída a Simão Acciaiolli, supomos que por lá estar a sua sepultura, mas o testamento de Zenóbio diz claramente: «porquanto eu fis todo o capitollo e nelle estão as sepulturas de mjnha molher he de meus filhos he herdeiros»,.fl.21.

116 rodelas de crina) e nove escravos para o serviço da casa381. Tal estatuto permitiu-lhe fazer parte da vereação da Câmara do Funchal, em tempo da união ibérica, pelo menos em 1596 e 97, data em que era o vereador mais velho. O poder e o prestígio eram condição necessária para aceder a tal cargo, que contribuía por sua vez para reforçá-los, pelo que as que principais famílias estão sempre representadas naquele orgão por algum dos seus membros382.

A preocupação com a transmissão do morgadio está, como não podia deixar de ser, presente nas disposições testamentárias de Zenóbio Acciaiuolli, onde explicita a vontade de perpetuação do nome, pois no caso do morgadio ir parar a mulheres, elas deveriam continuar a usar o apelido para que houvesse sempre memória dele 383.

Recapitulando o percurso de Zenóbio Acciaiuolli, vemo-lo beneficiar, à partida, da situação de seu pai acumular diversos estatutos que o colocam entre a élite mais destacada — é a linhagem, é o facto de ser italiano num tempo e num lugar em que a comunidade italiana liderava economicamente, é o reforço destas duas posições pelos laços matrimoniais e por ser funcionário régio, e é, consequentemente, a confortável dimensão que atinge o morgadio que ele instituiu. Mas se seu pai viveu uma época em que a Madeira é uma importante peça de apoio, tanto à rota da Índia, como às praças do norte de África, Zenóbio apanha um tempo em que desaparecem as solicitações de índole guerreira ao serviço do rei, e a actividade agrícola e mercantil ocupa a nobreza fundiária empenhada na difícil manutenção de casas que tinham atingido grandes dimensões. A sua posição é solidamente alicerçada na extensão das suas terras e na rentabilidade do engenho e de alguns foros. Encontrámos no modo de exploração das terras indicadores de adaptabilidade a novas circunstâncias, como os contratos de meias e a existência de caseiros, assim como a introdução da vinha e, sobretudo, uma preocupação de garantir produtividade pela diversificação de culturas e pelos afolhamentos.

Um caso interessante de afirmação social, que aqui trazemos pela sua atipicidade, é o de André Gonçalves, um escravo natural de Santa Cruz, homem baço a quem foi dada a alforria pelo cavaleiro Diogo Gonçalves, e que tão bem se orientou como mercador após a morte do senhor, que no seu testamento pôde favorecer particularmente a Confraria de

381 Este número ultrapassa a média de 1 a 5 escravos por casal, e aproxima-o do grupo de 2% de proprietários que possuiam mais de 10 escravos, segundo o estudo de Alberto Vieira, Os Escravos no arquipélago da Madeira, Funchal, CEHA / SRTCE, 1991, p. 150.

382 Alberto Vieira, Avelino Meneses, Vitor Rodrigues, «O município do Funchal (1550-1650)», Actas do I Colóquio Internacional de História da Madeira, Funchal, 1986, 2° vol., p. 1006.

383 ARM, Juizo dos Resíduos e Provedoria das Capelas, Treslado do Testamento de Zanobio Acciolly, Cx I2, n°5 fl. 23.

117 Jesus, deixando-lhe 500 000 réis para um prédio de rendimento e para edificar a capela do hospital384.

Um caso mais comum é o do mercador Francisco Dias385, documentado como negociante de trigo com o Açores e com a Flandres que, quando morre em 1616, deixa a terça com uma obrigação de missas na capela da invocação de Santa Ana, a esse tempo já edificada na sua quinta da Água de Mel, edifício que conserva ainda um retábulo de boa talha com duas pinturas.

Uma outra pequena capela com retábulo ainda existente é a da Alegria, em S. Roque, instituída em 1609 por Francisco Vieira do Canto Abreu (?-1645), capitão de uma companhia de arcabuzeiros no Funchal, que serviu de guarda-mor em 1596386 e era casado com a filha do capitão do presídio espanhol, Francisco de Salamanca Polanco. Tal ligação levou-nos a alevantar a hipótese da pintura ser de oficina espanhola, pois aproxima-se da obra de Vasco Pereira.

Álvaro Dias e sua mulher Maria Lourenço, lavradores da Tabua, deixam a sua terça, em 1619, para se fazer uma igreja da invocação de Nª Srª da Candelária, que teve a sua primeira festa no ano de 1625. Em 1627, a visitação encontra-a com altar, ornamentos, cálice de prata e tudo o que é necessário. Esta ermida tinha imagem de vulto e uma curiosa pintura, hoje no Museu de Arte Sacra387.

Em suma, desde as mais visíveis iniciativas ligadas à instituição de legados pios, como a edificação de capelas e encomenda de retábulos, à construção de túmulos, à aquisição de alfaias litúrgicas e de ornamentos diversos, ou a pequenas esmolas em dinheiro ou em vestidos como as que referimos no capítulo respeitante às confrarias, o protagonismo dos particulares é sempre evidente, e significativo da repercussão social efectiva das directrizes da hierarquia religiosa.

Chamamos a atenção para o trabalho de arquivo que aguarda ainda melhores condições e mais qualificada preparação que a nossa para ser efectuado. Daria, por certo, bons frutos, um estudo apurado acerca do património artístico do convento Santa Clara,

384 Padre Pita Ferreira, «Notas para a história da freguesia de Santa Cruz», Das Artes e da História da Madeira, nº10, 1952, pp. 26, 27. Trata-se da capela da Misericórdia, que beneficiou, evidentemente, de outras doações.

385 Francisco Dias é referido nas Vereações de 1597 e 1600 com negócio de trigo dos Açores e da Flandres (Vereações da Câmara do Funchal.Segunda metade do século XVI.…, pp.139 e 193); e também no Arquivo Histórico da Madeira, vol III, 1933 «Famílias da Madeira e Porto Santo, Lopo Fernandes», p.139.

386 Vereações da Câmara do Funchal.Segunda metade do século XVI.…, p.87. 387

Rita Rodrigues, A invocação de Nª Srª da Candelária na Madeira, 1997, trabalho feito para o Seminário de História da Arte em Portugal do Curso de Mestrado em História da Universidade da Madeira a partir de documentação do Juízo dos Resíduos e Capelas.(inédito)

118 com vasta documentação ainda por explorar, dada a riqueza do património remanescente resultante dos dotes das freiras oriundas das famílias mais ricas da região e das numerosas doações feitas ao convento. Menos documentada e menos conservada ficou a arte profana, por certo existente nas casas abastadas, de que as «cartas e panos de figuras» mencionadas nas Constituições Sinodais ou as breves linhas dos inventários são apenas um indício, temática que aguarda também uma busca sistemática nos testamentos e inventários de bens contidos nas muitas caixas do Juízo dos Resíduos e Capelas e da Misericórdia do Funchal.

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