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2.2 CAPACIDADE DE INOVAÇÃO

2.2.3 Inovação social e tecnológica

O processo de aprendizagem organizacional envolve a elaboração de novos mapas cognitivos, viabilizadores da compreensão da dinâmica dos ambientes interno e externo, e a definição de novos comportamentos, que evidenciam a efetividade do aprendizado. Conforme Dathein (2015), a produção e a transmissão do aprendizado tecnológico e organizacional são determinadas pelas relações internas (entre os indivíduos e deles com a empresa) e externas (nas relações da empresa com outras instituições).

As inovações social e tecnológica (esta mais usual nas organizações com fins lucrativos) possuem características diferentes, mas não necessariamente excludentes. Muitas inovações tecnológicas têm caráter social, assim como inovações sociais podem lançar mão da tecnologia. A inovação social se distingue da tecnológica, principalmente em função da finalidade, estratégia, locus, processo de desenvolvimento e da difusão do conhecimento (Bignetti, 2011).

A difusão tecnológica e o surgimento de inovações podem ser vistos como resultados de um processo de transferência gradual desses construtos para firmas diferentes daquelas nas quais eles se originaram. Do mesmo modo, a intensidade de inovação é proporcional ao tamanho das empresas.

Ou seja, a maior intensidade está associada às grandes empresas. Entretanto, estudos posteriores a estes realizados por Schumpeter chegaram a duas proposições; primeiramente, a inovação tem uma relação positiva com o tamanho da empresa: a inovação cresce mais que proporcionalmente ao tamanho da empresa e cresce também como concentração de mercado (Santos, 2012, p. 4).

Figura 5 - Descrição das diferenças em aspectos da inovação tecnológica e inovação social

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA ASPECTO INOVAÇÃO SOCIAL

Apropriação do valor; autointeresse dos grupos econômicos.

FINALIDADE (Santos, 2012)

Criação do valor; interesse dos grupos sociais e da comunidade.

Busca de vantagem competitiva. ESTRATÉGIA (Santos, 2012)

Busca de cooperação para resolver questões sociais.

Centrada na empresa, mesmo nas concepções de fechada e aberta. Altos investimentos em P&D são destinados a gerar inovações radicais e a promover o desenvolvimento de processos e produtos que visam às estratégias de diferenciação no mercado.

(Chesbrough, Vanhaverbeke, & West, 2006)

LÓCUS

Geralmente, é voltada para as ações comunitárias e, frequentemente, começa com esforços pequenos e locais, pois os recursos de alavancagem são escassos.

(Goldsmith, 2010)

O processo se desenvolve por etapas sequenciais, definidas e controladas por ferramentas de gestão específicas. É gerenciado de dentro para fora, isto é, pela

PROCESSO DE INOVAÇÃO

É um processo de construção social, de geração de soluções, dependente da trajetória. A concepção, o

introdução de um novo processo de produção, produto ou serviço dirigido ao mercado.

(Cooper & Edgett, 2009)

intimamente imbricados e são realizados por meio da relação e da cooperação entre todos os atores envolvidos. Significa um processo de aprendizagem coletivo, que se baseia no potencial dos indivíduos e dos grupos, que adquirem as capacidades necessárias para realizar as

transformações sociais. (Bignetti, 2011) Mecanismos de proteção intelectual

procuram impedir que uma ideia ou uma tecnologia desenvolvida e aplicada por uma empresa possa ser copiada e utilizada por concorrentes. As inovações

tecnológicas são de todas as formas blindadas, de modo a permitir um período de exclusividade e um prazo para a obtenção dos lucros extraordinários, preconizados por Schumpeter (1961).

DIFUSÃO DO CONHECIMENTO

GERADO

As inovações sociais seguem

mecanismos de difusão que favorecem a replicação e a expansão dos

resultados a outras comunidades. Assim, a transposição de experiências de uma comunidade para outra, ou entre organizações, é prática comum e alimentada por centros de inovação social, por redes organizacionais e por diferentes fóruns de discussão de ideias e de apresentação de casos.

(Bignetti, 2011) Fonte: Elaborada pela autora, com base em Bignetti (2011).

Quando as inovações sociais são direcionadas da organização para o ambiente, o objetivo básico é o atendimento das necessidades de grupos e comunidades. Nesse caso, é importante ressaltar que o termo “organizações” é encontrado na literatura, aplicado no seu sentido mais amplo, envolvendo todos os arranjos cooperativos formais.

Nidumolu, Prahalad e Rangaswami (2009) argumentam que não há incompatibilidade entre competitividade, lucros e atitudes empresariais socialmente responsáveis, advogando pela adoção de estratégias empresariais e pelo desenvolvimento de inovações voltadas à sustentabilidade.

Organizações com fins lucrativos ou empresas comerciais podem realizar ações de cunho social de diversas formas: no controle de suas operações, visando à preservação do ambiente; no desenvolvimento de projetos junto às comunidades; e na criação de fundações ou de outros arranjos institucionais.

Austin et al (2006) discutem as seguintes variáveis, que explicam a diferença entre as empresas voltadas exclusivamente para o lucro e as empresas com fins sociais: (1) falha de mercado - surge quando as forças comerciais são incapazes de atender a uma necessidade ou os resultados econômicos são ineficientes ou indesejáveis, gerando oportunidades para os empreendimentos sociais; (2) diferenças entre as missões e sua manifestação na gestão e na motivação dos colaboradores; (3) medidas de desempenho do impacto social. Nesse sentido,

para o social, são os stakeholders (isto é, todos os que influenciam ou são influenciados pela empresa) e não os stockholders (os acionistas) que têm importância. Sendo assim,

Motivar quer dizer “mover para ação”, mobilizar energia e esforços na busca da realização de determinada meta, motivação, portanto, é o que move uma pessoa para uma determinada ação. Essa motivação muitas vezes vem da própria pessoa, no entanto, ela pode ser estimulada pela empresa de várias formas (Knapik, 2010, p. 96)

Para Evangelista e Vezzani (2010), a inovação organizacional é capaz de levar ao desenvolvimento de recursos estratégicos específicos, proporcionar vantagem competitiva e desempenho superior que, por sua vez, podem ser utilizados para reinvestir em inovação, sustentando o avanço competitivo. Assim, essa é a forma mais importante de inovação não tecnológica, e a mais difícil de ser compreendida, tanto em termos conceituais quanto empíricos. Os autores afirmam que pouco se sabe sobre a extensão das inovações organizacionais em complementos ou substitutos da inovação tecnológica, tampouco acerca dos reais impactos financeiros para as empresas.

Na mesma linha de pensamento, Dart (2004), que investigou a relação entre capacidade de inovação organizacional e desempenho da empresa, afirma que a organização social surge como oposição à organização sem fins lucrativos, nos moldes das entidades beneficentes, à medida que possui estratégia, estrutura, normas e valores representativos de uma inovação radical, relacionados a organizações mais voluntaristas, pró-sociais e que, tradicionalmente, vivem de doações e de subvenções. Os resultados mostraram que três aspectos da capacidade de inovação têm efeito no desempenho da empresa: (1) estruturas de ideação e organização, (2) cultura de liderança participativa e (3) desenvolvimento de know-

how.

De acordo com os resultados do estudo, a ideação e as estruturas da organização estão positivamente relacionadas ao desempenho da empresa. Isso corrobora o que dizem Jiménez- Jiménez e Sanz-Valle (2011) a respeito das rotinas organizacionais como auxiliadoras das empresas, permitindo a realização de suas atividades de forma mais eficiente e melhor desempenho.

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