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Capítulo 3 Inserção do Subsistema Eólico no Macrossistema Elétrico Brasileiro

3.1. Instalação da energia eólica no Brasil

A fonte eólica surgiu no Brasil enquanto uma fonte capaz de complementar o sistema hidráulico e expandir o macrossistema elétrico brasileiro, através da diversificação da matriz elétrica.

O Gráfico 11 abaixo mostra a evolução da capacidade instalada eólica no Brasil, deixando claro que a expansão teve início entre os anos de 2004 e 2005, com aceleração do processo em 2011 e 2012.

Gráfico 11

Evolução da capacidade instalada total em energia eólica no Brasil, entre 2000-2013 (em MW)

Elaboração própria. Fonte: ANEEL, s./d. e GWEC, 2006; 2007; 2009; 2010; 2011; 2012; 2013.

A região Nordeste é a região brasileira que apresenta o maior potencial eólico no país, concentrando em torno de 53% do potencial brasileiro (AMARANTE, BROWER, ZACK E SÁ, 2001). De acordo com o estudo mais recente publicado em 2001, o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro do Cepel (Centro de Pesquisa de Energia Elétrica), o potencial brasileiro seria de 143 GW65, sendo que deste total 75,0566 GW estariam concentrados na região Nordeste (AMARANTE, BROWER, ZACK E SÁ, 2001). A Figura 65 O que corresponde a 143.000 MW. 66 O que corresponde a 75.050 MW. 20 20 22 22 22 29 237 247 341 606 927 1.509 2.508 3.456 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

8 mostra o mapa elaborado pelo Cepel e publicado em 2001, que revela a distribuição do potencial eólico brasileiro baseado no fluxo de potencia anual.

Figura 8

Mapa do potencial eólico brasileiro anual, elaborado em 2001

Fonte: AMARANTE, BROWER, ZACK, SÁ, 2001.

Ocorre que, este Atlas foi elaborado tendo em vista torres eólicas de no máximo 50 m de altura, que correspondia à altura máxima das torres existentes no mundo até 2001. Atualmente, as torres eólicas medem em média de 70 a 100 m de altura, algumas chegando a 200 m ou mais. Por isso vem sendo elaborado um novo atlas pelo Cepel, que em estudos preliminares já revelou que o potencial eólico brasileiro estaria entre 240 e 300 GW67 e o nordestino entre 127 e 159 GW.

67 Comparativamente, a capacidade estimada da Usina Hidrelétrica de Belo Monte é de 11.233,1 MW de potência, sendo assim o potencial eólico brasileiro seria o equivalente a aproximadamente 21 e 26 usinas

Os parques eólicos são compostos por diversas torres que abrigam os aerogeradores. No caso brasileiro as máquinas que vem sendo instaladas tem potência média que varia de 1,5 a 2,5 MW cada. Na comparação com as PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas), cuja potência é superior a 1 MW e inferior a 30 MW68, para se equiparar a potência fiscalizada das PCHs existentes no Brasil, que é atualmente de aproximadamente 4.654,5 MW (ANEEL, 201469), seriam necessárias 3.103 torres eólicas de potência igual a 1,5 MW ou 1.862 torres eólicas de potência igual a 2,5 MW. A Figura 9 abaixo mostra o novo mapa eólico brasileiro, com torres a 100 m de altura, publicado no livro de José Eli da Veiga, já que o novo Atlas do potencial brasileiro, que vem sendo elaborado pelo Cepel, ainda não foi publicado.

De acordo com o diretor-geral do Cepel, Albert Melo, o motivo do atraso na publicação do novo Atlas Eólico Brasileiro, postergada para 2015, ocorreu porque as empresas investidoras no setor passaram a não fornecer mais os dados referentes às medições de ventos por elas realizadas, pois estas informações passaram a ser consideradas estratégicas (SCUSSEL, 2014).

hidrelétricas de Belo Monte. E o potencial nordestino estaria entre 11 e 14 usinas hidrelétricas de Belo Monte (ELETROBRÁS, 2001).

68 No caso das PCHs a área do reservatório deve ser inferior a 3 Km².

69 Disponível em: http://www.ANEEL.gov.br/aplicacoes/AgenteGeracao/agentegeracao.cfm . Acesso em: 17/07/2014.

Figura 9

Mapa do potencial eólico brasileiro a 100 metros

Fonte: Veiga (2012 apud SOUZA, DUTRA & MELO, 2008).

Atualmente, no Brasil, segundo a ANEEL, estão em operação 151 parques eólicos, somando um total de 3.118.190 KW70 de potência fiscalizada. A Tabela 7 mostra a concentração de parques eólicos e da potência fiscalizada nas regiões Nordeste e Sul do país.

Tabela 7

Distribuição de parques eólicos em operação no Brasil por macrorregião Macrorregião Parques Eólicos em Operação Potência (KW)

Nordeste 112 2.241.074

Sul 36 848.900

Sudeste 3 28.209

Norte 0 0

Centro-Oeste 0 0

Organizada pela Autora. Fonte: ANEEL, 201371.

70 O que corresponde a 3.112,2 MW de potência.

71 Disponível em : http://www.ANEEL.gov.br/aplicacoes/ResumoEstadual/ResumoEstadual.cfm. Último acesso em: 17/07/2014.

Na região Sul destacam-se como grandes produtores de energia eólica os estados do Rio Grande do Sul, com 22 parques eólicos em funcionamento e 610.000 KW de potência fiscalizada, além de 20 parques em construção e 43 outorgados, e o estado de Santa Catarina, que abriga 13 parques em funcionamento, com potência fiscalizada de 236.400 KW e apenas um parque outorgado (ANEEL, 2013)72.

Do total de parques em funcionamento no Brasil mais da metade, 74%, são parques localizados na região Nordeste, que ao todo somam 112 parques eólicos, com uma potência fiscalizada de 2.241.081 KW, o que representa aproximadamente 68% de toda a potência eólica brasileira. A Tabela 8 mostra como se dá a distribuição dos parques eólicos na região nordeste.

Tabela 8

Distribuição de parques eólicos no Nordeste brasileiro, em 2013 Estados Parques Eólicos

em operação em construção outorgados

Ceará 42 17 44

Rio Grande do Norte 39 42 49

Bahia 8 40 44 Paraíba 13 0 0 Pernambuco 6 3 11 Maranhão 2 0 15 Piauí 1 3 28 Sergipe 1 0 0 Alagoas 0 0 0 Total 112 105 84

Fonte: Organização da autora. Fonte: ANEEL, 201373.

A Tabela 8 mostra que nem toda a região Nordeste possui potencial eólico aproveitável, apenas alguns estados nordestinos. Há uma enorme concentração de parques eólicos em operação, nos estados do Ceará, Paraíba e no Rio Grande do Norte; em construção nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia; e outorgados nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia, Piauí e secundariamente no Maranhão e em Pernambuco. Em todo caso, ao final das obras dos parques em construção e outorgados para todos os estados, Rio Grande do Norte e Bahia serão os líderes em produção de energia eólica no Nordeste e no Brasil.

72 Disponível em: http://www.ANEEL.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.cfm.

73 Disponível em : http://www.ANEEL.gov.br/aplicacoes/ResumoEstadual/ResumoEstadual.cfm. Último acesso em: 17/07/2014.

A Figura 10 reforça também a concentração do potencial eólico na região Nordeste, e especialmente em algumas áreas, manchas do território, em especial no litoral dos estados do Ceará e do Rio Grande do Norte, bem como na região de serras e chapadas no interior dos estados do Rio Grande do Norte e do estado da Bahia. Nestes lugares, de acordo com a Figura 10, os ventos atingem velocidades médias que variam de 7 a 9 m/s, mas que podem chegar efetivamente, em um dia de bons ventos a 15 ou 20 m/s, como verificado em trabalho de campo realizado no município de João Câmara, nos Parques Eólicos de Cabeçu Preto I e IV.

Figura 10

Mapa do potencial eólico do Nordeste, elaborado em 2001