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INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR: UM SISTEMA

No documento Qualidade na educação superior (páginas 44-48)

COMPLEXO

O conceito de sistema é simples, porém abrangente e de difícil compreensão plena, um sistema pode ser definido como um conjunto de elementos inter-relacionados que interagem no desempenho de uma função.

Mais especificamente, para Morin (2001), o conceito de sistema, deve ser tratado como um conceito de três faces: o sistema que representa a unidade como um todo; a interação que representa o conjunto das relações, ações e reações que ocorrem num sistema; e a organização que representa os efeitos dessas interações, ou seja, aquilo que forma, mantém, protege, regula, rege, regenera-se dando a ideia de sistema.

Morin (1986) afirma que ―as organizações precisam de ordem e de desordem. Num Universo em que os sistemas sofrem o aumento da desordem e tendem a se desintegrar, sua organização permite que eles captem, reprimam e utilizem a desordem‖. Assim, toda organização, inclusive, a instituição de educação superior, sofre a necessidade de estabelecimento da ordem, o que é possível através da implantação de modelo sistêmico que busque orientar a organização do trabalho, levando em consideração as demandas e limitações impostas pelo meio. A Teoria Geral dos Sistemas (TGS) proporcionou as organizações uma melhor estruturação interna e uma maior interação com o meio externo O desenvolvimento da gestão na educação superior, também, sofreu influência desta teoria, especialmente, devido ao aumento da demanda, a necessidade de adaptação às mudanças imposta pelo mercado e pela constante função social que exerce. As IES estabelecem-se como sistemas objetivando atender a demanda do ambiente e promover adequação estrutural de seus processos internos.

A Teoria Geral dos Sistemas (TGS) foi concebida pelo biólogo alemão Ludwig von Bertalanffy (1975), por volta de 1950, como uma teoria interdisciplinar capaz de transcender aos problemas exclusivos de cada ciência e proporcionar princípios gerais e modelos gerais para todas as ciências envolvidas, de modo que as descobertas efetuadas em cada ciência pudessem ser utilizadas pelas demais. Essa teoria caracteriza-se como interdisciplinar, pois permite uma interação entre as varias ciências, a compreensão dos sistemas só é possível a partir da integração de diversos ramos do conhecimento. Entre estes diversos ramos está a Administração.

Os sistemas são constituídos de subsistemas e, ao mesmo tempo, fazem parte de um sistema maior, chamado de supra sistema o que gera um encadeamento infinito. Existem diversos tipos de sistema, quanto à sua constituição, podendo ser classificados como físicos compostos de equipamentos, maquinaria, objetos ou abstratos, compostos de conceitos, filosofias, ideias. Quanto à sua natureza eles podem ser fechados, quando não apresentam qualquer relacionamento com o ambiente que os circundam ou abertos, quando trocam diversas informações com o ambiente (BERTALANFFY, 1975).

Os sistemas sociais são abertos, pois cada sistema existe dentro de um meio ambiente constituído por outros sistemas e suas funções dependem de sua estrutura. Cada sistema tem um objetivo de interação com outros sistemas dentro do meio ambiente. A IES é um exemplo claro de sistema aberto.

A Teoria dos Sistemas se desenvolveu na ciência administrativa pela necessidade de uma síntese e integração das teorias que a precederam e pelos resultados bem-sucedidos da aplicação da teoria nas demais ciências.

Segundo Robbins e Coulter (1998), a abordagem sistêmica envolve um processo composto por entradas, o processamento, a saída e o feedback. As entradas, também chamadas inputs, são os recursos a serem transformados, podendo ser materiais, de informação ou consumidores. O processamento é a transformação e/ou modificação das entradas, por meio do trabalho, da gestão e da tecnologia. As saídas são produtos, serviços, informação, resultados humanos e financeiros. O feedback é parte do processo por intermédio do qual uma ação é

controlada pelo conhecimento do efeito de suas respostas. O feedback realimenta as entradas e torna o processo cíclico e continuo.

A Teoria Sistêmica permite uma abordagem global através da integração dos processos organizacionais para fins de produção de resultados. A conceituação sistêmica é uma ferramenta organizacional que gera a visualização dos componentes em interação com o ambiente. Além disso, um modelo sistêmico de gestão amplia a visão da organização, promovendo a longevidade de organismos e gerindo sua existência de forma coerente, mantendo a organização a frente das mudanças que sofrem por questões econômicas, politicas, sociais ou históricas (MAXIMIANO, 2002).

A instituição de educação superior é facilmente identificada como sistema, podendo ser acrescida do conceito de sistema complexo, pois, além de ser um conjunto de elementos interligados, envolve a emergência, seleção e evolução de padrões auto-organizados, apresenta diferentes níveis hierárquicos e abrange muitos elementos ou partes.

Para as instituições de educação superior esta tarefa é maior devido a sua complexidade. Uma vez que possuem estruturas, objetivos, sistemas hierárquicos diferenciados das demais organizações, as IES tem tido dificuldades em reagir aos preceitos de mudanças que surgiram com a era da competitividade, seja em busca da qualidade total, da administração participativa ou da gestão transformadora. (ASHKENAS, 1997).

Além de funções administrativas, as instituições de educação superior precisam cumprir sua função de ensino, pesquisa e extensão, e fundamentalmente, sua função de responder a demanda da sociedade no que diz respeito a projetos integrados de pesquisa e educação que

atendam às áreas de relevância social e econômica. A Teoria dos Sistemas se aplica as instituições de educação superior justamente pela sua complexidade, suas múltiplas funções e diversidade de inter- relações internas e externas retratam um conjunto de subsistemas que tendem a interagir num processo de transformação do aluno que entra na educação superior no profissional que ela devolve para a sociedade, levando em consideração o feedback, principalmente da sociedade como sua maior avaliadora, para alcançar a tão almejada qualidade do processo de ensino e aprendizagem.

No documento Qualidade na educação superior (páginas 44-48)