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Modelo de Srikanthan e Dalrymple

No documento Qualidade na educação superior (páginas 74-77)

2.5 MODELOS DE QUALIDADE NA EDUCAÇÃO SUPERIOR

2.5.5 Modelo de Srikanthan e Dalrymple

Os estudos de Srikanthan e Dalrymple (2002) abordam questionamentos de muitos autores na literatura científica sobre a implementação do modelo TQM (Gestão da Qualidade Total) como praticado na indústria nas operações de uma instituição de educação superior, em virtude da forma tênue com que trata suas operações centrais: ensino e aprendizagem. Abordam, também, outra posição extrema de autores que ignoram a experiência acumulada na implementação do modelo TQM, por desconhecerem que um segmento substancial da IES é a prestação de serviços. Portanto, Srikanthan e Dalrymple (2002) apresentam um modelo de gestão da qualidade no ensino educação de caráter holístico para abordar de forma flexível serviços e aspectos pedagógicos.

Os autores afirmam que no desenvolvimento de um modelo holístico de gestão da qualidade para a educação superior é necessário fazer uma clara distinção entre dois tipos de processos: os serviços para o corpo discente (por exemplo: matrícula, biblioteca) e funções administrativas em geral (por exemplo: restaurante universitário, centro de convivência), para os quais a aplicação do modelo TQM é apropriada e o ensino e as funções de aprendizagem (relativos à educação e pesquisa), para os quais um modelo voltado para a gestão da qualidade acadêmica deve ser proposto.

Estes dois processos quando adequadamente aplicados, dão forma a um Modelo Holístico de Gestão da Qualidade na educação superior. Assim, Srikanthan e Dalrymple (2002) descrevem algumas características gerais indicadas para o modelo holístico:

• Base para a Gestão da Qualidade: o modelo claramente tem uma função transformadora, com ênfase no aperfeiçoamento dos alunos, proporcionando interações na interface ensino. Apresenta a noção de valorização individual dos alunos, levando em consideração suas experiências e dando a eles o poder de decisão e representação nos colegiados. Além disso, promove nos alunos a capacidade de discernir os aspectos relevantes de cada situação com análise crítica e reflexiva. Do ponto de vista da garantia de qualidade, a instituição de educação superior deve fornecer uma resposta aos anseios e demanda de seus integrantes e da sociedade.

• Implementação do modelo: o modelo holístico programa um sistema de qualidade que impulsiona de forma contínua a melhoria da equipe, (professores, alunos e administrativos), através do diálogo entre os segmentos, da transparência dos processos e do desenvolvimento de mecanismos de monitoramento interno e externo. O modelo estimula as interações entre as interfaces, enriquecendo a experiência de aprendizagem dos alunos, promove o envolvimento sinérgico de acadêmicos em redes de programa e de pesquisa e adiciona uma nova dimensão a noção de transformação da natureza do seu contexto social, em nível estudantil e comunitário.

Portanto, as características de um modelo holístico de gestão da qualidade no ensino e aprendizagem, podem ser resumidas em dois pontos: um foco claro em transformação dos alunos e a colaboração sinérgica na interface de aprendizagem. Segundo Srikanthan e Dalrymple (2002), a necessidade de abordagens distintas para as áreas

de serviço e de ensino tem base na sua distinção de ênfase. Na área de serviço os alunos são claramente os clientes e são o foco de todo o processo. No ensino e na pesquisa os alunos exercem o papel chave de participantes e o foco está na sua aprendizagem, determinado pelos parâmetros gerais de conteúdo e recursos que regem o projeto de currículo e pelos parâmetros de habilidade de transmissão e avaliação que regem o crescimento e valorização do aluno.

O modelo TQM aborda as áreas de serviço, com foco nos produtos de entrega através da medição, do monitoramento e da melhora continua dos processos. O modelo de Qualidade do Ensino, por outro lado, concentra-se na capacitação da equipe do programa em diferentes fronteiras para facilitar um diálogo centrado na aprendizagem. As técnicas de TQM são bem compreendidas e documentadas na prática da indústria, enquanto os modelos de Qualidade do Ensino estão enraizados na literatura de pesquisa educacional.

Apesar da diferença estrutural no âmbito dos dois modelos, há uma substancial equivalência de requisitos na fase de implementação. Primeiramente, seu foco nos alunos, embora em níveis diferentes de sutileza. Em segundo lugar, no nível operacional, a colaboração é a chave mestre em ambos os modelos, embora os campos de interação possam variar em grande medida. Ambos os modelos, também, requerem um compromisso visível e apoio da administração para que efetivamente deem bons resultados. Portanto, de modo geral, o padrão necessário de interação entre os segmentos professores, alunos e administrativos para os modelos é o mesmo.

Por isso Srikanthan e Dalrymple (2002) defendem que todos os modelos devem retratar uma imagem dos ideais de qualidade na gestão

de uma instituição de educação superior, mas devem, também, indicar os parâmetros de comportamento organizacional e manifestar-se idealmente para a tomada de decisão compartilhada, manutenção da integração e compromisso com o conhecimento.

No geral, o que Srikanthan e Dalrymple (2002) propõem é que o modelo de gestão da qualidade aplicado nos princípios de uma comunidade de aprendizagem deve proporcionar uma abordagem equilibrada entre os ideais de serviço, aprendizagem e excelência em comportamento na educação superior (Quadro 7). Tal modelo pode ser denominado um modelo holístico, com potencial para a construção de uma sinergia entre teorias da educação e organizacional.

Quadro 7: Características do Modelo de Srikanthan e Dalrymple

MODELO DE SRIKANTHAN E DALRYMPLE Características de um Modelo Holístico

• Foco claro em transformação dos alunos

• Colaboração sinérgica na interface de aprendizagem • Abordagens distintas para as áreas de serviço e de ensino

Fonte: Srikanthan e Dalrymple (2002)

No documento Qualidade na educação superior (páginas 74-77)