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2 A EXPANSÃO DO ENSINO SUPERIOR E O ACOMPANHAMENTO

2.1 INSTITUTOS FEDERAIS DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA:

2.1.1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito

No estado do Espírito Santo, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia tem sua origem em 23 de setembro de 1909, no governo do presidente Nilo Peçanha, e regulamentado pelo Decreto n.º 9.070, de 25 de outubro de 1911, recebendo o nome de Escola de Aprendizes Artífices do Espírito Santo (EAA), com o propósito de formar profissionais artesãos, voltados para o trabalho manual, um fator de importância social e econômica (SUETH et al., 2009).

A partir de 1930, passou a formar profissionais para produção em série, porém com características artesanais, denominando-se, então, Liceu Industrial de Vitória, que, em 25 de fevereiro de 1942, foi transformado em Escola Técnica de Vitória. Em 11 de dezembro de 1942, em regime de internato e externato, foi inaugurado o prédio com oficinas e salas de aulas para atender aos cursos de Arte de Couro, Alfaiataria, Marcenaria, Serralheria, Mecânica de Máquinas, Tipografia e Encadernação. Em 3 de setembro de 1965, passou a ser chamada Escola Técnica Federal do Espírito Santo- ETEFES. A partir de março de 1999, transformou-se em Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito, o que possibilitou novas formas de atuação e um novo paradigma de instituição pública profissionalizante. Em 2004, o Cefetes torna-se uma

Instituição de Ensino Superior por meio dos Decretos n.º 5.224 e n.º 5.225, atualmente substituídos pelo Decreto n.º 5.773. Em 2005, a Unidade de Ensino Descentralizada de Cachoeiro de Itapemirim entrou em funcionamento, oferecendo o curso técnico em Eletromecânica e o curso técnico em Rochas Ornamentais, inédito no Brasil (SUETH et al., 2009).

De acordo com os dados colhidos no site do Ifes5, em 2006, duas novas unidades

iniciaram suas atividades: a Unidade de Ensino Descentralizada de São Mateus, oferecendo o curso técnico em Mecânica, e a Unidade de Ensino Descentralizada de Cariacica, oferecendo o curso técnico em Ferrovias, inédito no Brasil e fruto de uma parceria do Cefetes com a Companhia Vale do Rio Doce. Em 2008, foram inauguradas mais três Unidades de Ensino: Aracruz, Linhares e Nova Venécia. Em dezembro do mesmo ano, o então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou a Lei n.º 11.892, que criou 38 Institutos Federais de Educação no país. No estado do Espírito Santo, as Unidades de Ensino do Cefetes (Vitória, Colatina, Serra, Cachoeiro de Itapemirim, São Mateus, Cariacica, Aracruz, Linhares e Nova Venécia) e as Escolas Agrotécnicas de Alegre, Santa Teresa e Colatina são agora campi do instituto.

A página do Ifes informa, ainda, que, desde a criação da Escola de Aprendizes Artífices do Espírito Santo, em 1909, até a transformação em Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo, a instituição é referência em educação na sociedade capixaba. O Ifes promove educação profissional pública de excelência, integrando ensino, pesquisa e extensão, para a construção de uma sociedade democrática, justa e sustentável. O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo oferece desde cursos técnicos a mestrados e possui 17 mil alunos. São cerca de 90 cursos técnicos, mais de 50 cursos de graduação, 15 especializações e 10 mestrados. Com 22 campi em funcionamento, o Ifes se faz presente em todas as microrregiões capixabas. Ademais, há 35 polos de educação a distância no Espírito Santo.

Com base nesses dados do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo, observamos o cumprimento de um dos objetivos do plano de expansão

referente à “[...] interiorização da rede, criação de instituições em Estados e Municípios antes não beneficiados [...]” (PACHECO et al., 2010, p. 73). Por meio do mapa a seguir, podemos fazer a constatação dessas informações.

Figura 1 – Localização geográfica dos campi do Ifes

Fonte: PDI-Ifes (2014-2019, p. 27).

No Ifes, a oferta de cursos é realizada de acordo com os APLs de cada região onde cada campus está inserido e com os arranjos produtivos locais. São oferecidos cursos superiores de licenciatura, bacharelado e tecnólogo nas modalidades presencial e a

distância. O ingresso nos cursos de graduação do instituto é realizado por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), conforme podemos ver no quadro a seguir:

Quadro 3 – Distribuição dos cursos de nível superior do Ifes6

CURSOS SUPERIORE DO IFES

ITEM CURSO CAMPUS MODALIDADE

01 Bacharelado em Administração

Barra de São Francisco Colatina

Guarapari

Venda Nova do Imigrante

Presencial

02 Bacharelado em Agronomia Itapina

Santa Teresa Presencial 03 Bacharelado em Análise e

Desenvolvimento de Sistemas Santa Teresa Presencial 04 Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo Colatina Presencial 05 Bacharelado em Ciência e Tecnologia de

Alimentos Venda Nova do Imigrante Presencial

06 Bacharelado em Ciências Biológicas Alegre Presencial

07 Bacharelado em Engenharia Ambiental Ibatiba Presencial

08 Bacharelado em Engenharia de

Aquicultura Alegre Presencial

09 Bacharelado em Engenharia de Controle e Automação

Linhares Serra

Presencial

10 Bacharelado em Engenharia de Minas Cachoeiro de Itapemirim Presencial

11 Bacharelado em Engenharia de Pesca Piúma Presencial

12 Bacharelado em Engenharia de Produção Cariacica Presencial

13 Bacharelado em Engenharia Elétrica

Guarapari São Mateus

Vitória

Presencial

14 Bacharelado em Engenharia Mecânica

Aracruz

Cachoeiro de Itapemirim Vitória

Presencial

15 Bacharelado em Engenharia Metalúrgica Vitória Presencial 16 Bacharelado em Engenharia Sanitária e

Ambiental Vitória Presencial

17 Bacharelado em Física Cariacica Presencial

18 Bacharelado em Geologia Nova Venécia Presencial

19 Bacharelado em Gestão Ambiental Montanha Presencial

20 Bacharelado em Química Industrial Aracruz

Vila Velha Presencial 21 Bacharelado em Redes de Computadores Colatina Presencial

22 Bacharelado em Saneamento Ambiental Colatina Presencial

23 Bacharelado em Sistemas de Informação

Cachoeiro de Itapemirim Colatina

Serra

Presencial

24 Complementação Pedagógica EAD Piúma A distância

25 Licenciatura em Ciências Agrícolas Itapina Presencial

26 Licenciatura em Ciências Biológicas Alegre

Santa Teresa Presencial

27 Licenciatura em Física Cariacica Presencial

28 Licenciatura em Geografia Nova Venécia Presencial

29 Licenciatura em Informática EAD Cachoeiro de Itapemirim A distância 30 Licenciatura em Letras/Português Venda Nova do Imigrante

Vitória

Presencial A distância 31 Licenciatura em Matemática Cachoeiro de Itapemirim

Vitória Presencial

32 Licenciatura em Pedagogia Itapina Presencial

33 Licenciatura em Química Aracruz

Vila Velha Presencial 34 Tecnologia em Análise e Desenvolvimento

de Sistemas Alegre Presencial

35 Tecnologia em Cafeicultura Alegre Presencial

36 Tecnologia em Logística Viana Presencial

Fonte: Elaborado pela autora com base em informações fornecidas pela Pró-reitora de Ensino (2018).

De acordo com as informações contidas no quadro acima, observamos que o Ifes oferece 36 cursos superiores, distribuídos em 20 campi dos 22 implantados. Constatamos que o campus Centro Serrano, um dos mais recentes, ainda não oferece cursos nesse nível de ensino, sendo que o campus Cefor é o Centro de Referência em Formação e em Educação a Distância cuja atribuição é promover a integração sistêmica com os campi, para a consolidação das políticas institucionais de apoio à EAD e de formação inicial e continuada de professores e técnicos administrativos da educação. E há registro do curso de 3 cursos de Tecnologia no campus Avançado de Viana e no campus de Alegre. Observamos, ainda, que alguns cursos são ofertados em mais de um campus e ainda verificamos a oferta de 3 cursos na modalidade a distância.

Em consonância com o objetivo primordial da expansão do Instituto Federal visando à democratização do ensino, percebemos que o Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim

vem cumprindo os preceitos da legislação de implantação dos Institutos Federais, a Lei n.º 11.892/08, relativamente à colaboração dessas instituições de ensino no desenvolvimento local e regional, consolidando e fortalecendo os arranjos produtivos, sociais e culturais locais e contribuindo, desse modo, na redução das desigualdades sociais e regionais (PACHECO et al., 2010). Além desse, outros objetivos da expansão da Rede Federal têm sido percebidos no campus Cachoeiro de Itapemirim, tais como: elevação no número de matrícula (quando iniciou, em 2005, o campus possuía 128 alunos, distribuídos em dois cursos, nos turnos vespertino e noturno) e interiorização da rede (escolas localizadas em todo o estado do Espírito Santo, em lugares antes não beneficiados).

Observados os dados acerca dos cursos ofertados no referido campus, percebemos que essa oferta obedece aos princípios de verticalização do ensino presente na legislação de criação dos Institutos Federais de Educação, na Lei n.º 11. 692/2008, em seu art. 6, inciso III: “[...] promover a integração e a verticalização da educação básica à educação profissional e educação superior, otimizando a infraestrutura física, os quadros de pessoal e os recursos de gestão;” (BRASIL, 2008). Essa verticalização, Padilha e Lima Filho (2016, p. 3) definem como

[...] formação vertical-transversalizada [...] um tipo de oferta potencialmente emancipadora [...] um tipo de formação que possibilitaria a integração de saberes práticos e teóricos ao permitir que vários níveis e modalidades de formação profissional convivam numa mesma instituição e possam realizar conexões entre si.

Corrobora essa afirmativa a pesquisa com egressos referente aos cursos técnicos em Eletromecânica, Informática e Mineração, realizada por Borges e Silva (2015), cujo objetivo foi avaliar alguns aspectos de inserção de egressos dos referidos cursos do campus Cachoeiro de Itapemirim do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo no mundo do trabalho. Segundo as autoras, a pesquisa mostrou que, de fato, para os egressos do Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim, o curso técnico tem se mostrado uma alternativa viável para o ingresso no mundo do trabalho, bem como para a melhoria salarial. A pesquisa revelou, ainda, que grande parte dos egressos continuou seus estudos, buscando, assim, maiores oportunidades e revelando a importância dessa instituição na região onde se encontra localizada (BORGES; SILVA, 2015, p. 24).

Segundo as autoras,

Essas avaliações dos egressos demonstram que o Campus Cachoeiro de Itapemirim do Ifes tem realizado um bom trabalho com seus alunos, o que não significa que melhorias não tenham que ser realizadas. A educação é sempre um processo que deve ser pensado e repensado a todo o momento, e no que tange a Educação Profissional, essa deve estar consoante com as exigências do Mercado de Trabalho, mas sem com isso ser refém do mesmo (BORGES; SILVA, 2015, p. 24).

Nessa perspectiva de pesquisar egressos do ensino superior, obtivemos informações pertinentes no processo de aprimoramento dessa instituição de ensino, bem como identificamos potencialidades e fragilidades da formação recebida, constituindo, desse modo, fundamentos para tomadas de decisões.

Perceber o avanço na oferta da educação superior no Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim nos instigou à pesquisa acerca desse nível de ensino, uma vez que, apesar de observar avanços relativamente à oferta desse nível de ensino com base na expansão da educação superior por meio de vários programas do governo federal (Prouni/Fies), sabemos que ainda é frágil o público que consegue acesso, permanência com qualidade social.

2.1.2 O ensino superior brasileiro na figuração dos institutos federais de