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3 METODOLOGIA

3.1 A NATUREZA E O TIPO DE PESQUISA

A questão do acompanhamento do egresso no âmbito do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo, especificamente no campus Cachoeiro de Itapemirim, instigou-nos ao campo investigatório pelo fato de haver poucos estudos acerca dessa temática, em âmbito nacional e local. Versando sobre nossa temática INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA: ANÁLISE DE PROCESSOS SOCIAIS DE EGRESSOS DO ENSINO SUPERIOR, optamos por utilizar a pesquisa qualitativa pelo fato de

[...] a fonte direta de dados ser o ambiente natural, podendo as ações serem melhor compreendidas quando observadas em seu ambiente habitual de ocorrência [...] uma investigação descritiva onde os investigadores têm o interesse voltado ao processo não somente aos resultados e produtos [...] é a análise do modo como as pessoas dão sentido à sua vida (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p. 47-51).

Acerca dessa temática, Michel (2009) ressalta:

Esse tipo de pesquisa se fundamenta na discussão da ligação e correlação de dados interpessoais, na coparticipação das situações dos informantes, analisados a partir da significação que estes dão aos seus atos [...] a verdade não se comprova numérica ou estatisticamente, mas convence na forma da experimentação empírica, a partir de análise feita de forma detalhada, abrangente, consistente e coerente, assim como na argumentação lógica das ideias, pois os fatos em ciências sociais são significados sociais, e sua interpretação não pode ficar reduzida a quantificações frias e descontextualizadas da realidade (MICHEL, 2009, p. 37).

O estudo qualitativo nos auxiliou a alcançar o objetivo geral deste estudo, o de “analisar percursos desencadeados por alunos egressos do ensino superior, nas modalidades presencial e a distância, do Instituto Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo campus Cachoeiro de Itapemirim”, e, para o cumprimento desse

objetivo, buscamos levantar informações referenciais, de localização e as necessidades do público egresso do ensino superior do Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim, compreender, por meio dos discursos dos alunos, o seu percurso no ensino superior no Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim, analisar a percepção dos alunos sobre o currículo do curso concluído e sistematizar dados relativos aos espaços profissionais e sociais ocupados pelos egressos formados nos cursos de graduação Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim.

Neste estudo, servimo-nos da teoria sociológica de Norbert Elias para pautar nossas análises. Sendo assim, em seu estudo sociológico que resultou na obra Os Estabelecidos e Outsiders7, Elias (2000, p. 56-57) defende a realização da pesquisa

qualitativa como sendo tão legítima como a análise estatística. Para o autor, “[...] a análise e a sinopse das configurações são parte integrantes de muitas pesquisas sociológicas [...] no estudo conjunto do indivíduo e da configuração que ele compõe [...]”. Assim, Elias (2000, p. 57) salienta:

Os modelos e resultados das pesquisas de configurações fazem parte de um processo, de um campo crescente de investigação, à luz de cujo desenvolvimento estão eles mesmos sujeitos a revisões, críticas e aperfeiçoamentos, fruto de novas investigações.

Pautados na teoria eliasiana, entendemos que nosso estudo sobre o acompanhamento do egresso faz parte de um grupo de estudos que, por meio de uma investigação empírica, traz retorno ao Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim do trabalho que vem realizando na oferta do ensino superior.

Para viabilizarmos a realização da pesquisa, delineamos nossa investigação como estudo de caso pelas possibilidades que oferece em pesquisar questões complexas que envolvem determinado grupo, organização ou fenômeno em suas múltiplas dimensões (GIL, 2002). Justificamos nossa escolha por esse delineamento por considerá-lo relevante para esta proposta de estudo, visto que é preciso conhecer a

7 A obra Os Estabelecidos e os Outsiders é resultado de um estudo etnográfico realizado por Norbert

Elias e John Scotson, no fim da década de 1950 e início da de 1960, acerca das normas de socialização e relações de poder estabelecidas numa pequena comunidade da Inglaterra, nos arredores de uma zona industrial composta de três setores, que, apesar de não diferirem quanto ao aspecto econômico, sustentavam uma pluralidade latente em suas práticas e preceitos de socialização, reproduzindo sentimentos de discriminação, delinquência e exclusão entre os moradores de diferentes grupos.

formação oferecida por nossas instituições de ensino superior, ainda pouco estudadas. O estudo de caso é

[...] uma investigação empírica que se ocupa de fenômenos contemporâneos dentro de seu contexto de vida real em que esses ocorrem, é suportado por uma plataforma teórica e busca apreender a totalidade de uma situação – normalmente complexa, que envolve diversas dimensões – e que requer [...] profundidade e coleta de múltiplos dados e evidências para o encaminhamento de conclusões ou para construir a teoria que o explique [...] trabalho de campo, em que o pesquisador colige dados, ouve pessoas, observa, anota, examina documentos, faz entrevistas em série [...] (MARTINS, 2006, p. 58).

Ainda conforme Michel (2009, p. 53-54), o estudo de caso

[...] consiste na investigação de casos isolados ou de pequenos grupos, com o propósito básico de entender fatos, fenômenos sociais [...] utilizada em pesquisas de campo [...] se caracteriza por ser o estudo de uma unidade, ou seja, de um grupo social, uma família, uma instituição de crise [...] com o objetivo de compreendê-los em seus próprios termos, ou seja, no seu próprio contexto [...] procura reunir o maior número de informações sobre o objeto de interesse [...] não apenas gera uma competência teórica para análises crítica e qualitativa de uma situação, como também cria uma referência de atuação, um modelo a ser seguido em situações futuras [...] trabalha com o princípio da participação do aluno, envolvendo-o na discussão e na solução do caso.

Desse modo, o estudo de caso nos auxiliou a conhecer o profissional formado na figuração do Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim com base na perspectiva eliasiana de que o social é concebido como um sistema de relações entre grupos e indivíduos interdependentes. Nessa perspectiva, Elias (2001a, p. 55) nos auxilia quando ressalta:

[...] É preciso que haja modelos teóricos consideravelmente diferenciados para que o problema seja colocado de modo a capturar melhor os nexos de fatos que podem ser comprovados. [...] o âmago do problema que se encontra diante de nós reside no entrelaçamento de interdependências, dentro do qual se abre para o homem singular um espaço para decisões individuais, ao mesmo tempo em que isso impõe limites à sua margem de decisão.

Acompanhando as indicações de Elias (2001a, p. 53), compreendemos que “[...] a pesquisa sociológica exige um controle mais criterioso dos sentimentos e ideais de ordem pessoal por parte do pesquisador, pois esse controle lhe proporcionará maior autonomia de avaliação”.

Destacamos que o foco deste estudo foi o caminho percorrido pelos alunos egressos, considerando o tempo em que estiveram na figuração institucional, problematizando

seus percursos no ensino superior e a forma como utilizam a formação obtida no Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim no contexto social, ou seja, como estão inseridos no mundo do trabalho e de que forma essa inserção se vincula à área de sua formação. Como técnicas para coleta de dados, utilizamos o estudo de documentos, questionário, entrevista, grupo focal. Segundo Oliveira (1998, p. 17-18), “[...] o trabalho do pesquisador implica o olhar, o ouvir e o escrever. Atos cognitivos que precisam estar disciplinados. [...] nenhum olhar, ouvir ou escrever será neutro [...] A teoria sensibiliza o olhar e o ouvir orienta o escrever. [...] olhar e ouvir [...] atitudes que o pesquisador desenvolve estando no trabalho de campo” (grifo do autor).