• Nenhum resultado encontrado

3 DESENVOLVIMENTO DO MODELO: PROPOSIÇÕES E HIPÓTESES

4.2 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

O instrumento de pesquisa foi elaborado com base na literatura, utilizando questões de múltipla escolha, as quais avaliaram o perfil dos respondentes e o perfil dos gastos, além de questões do tipo likert de cinco pontos para avaliar as escalas quantitativas investigadas: propensão ao endividamento, materialismo, compras compulsivas, atitude financeira e comportamento financeiro. Ressalta-se que a alfabetização financeira, o tema central deste estudo, foi mensurada através de três dimensões: atitude financeira, comportamento financeiro e conhecimento financeiro. Para medir a atitude e o comportamento financeiros utilizou-se uma escala do tipo likert de cinco pontos, enquanto que para medir o

conhecimento financeiro foram elencadas questões de múltipla escolha sobre decisões financeiras, como por exemplo, juros simples, taxas de inflação, etc. Dessa maneira, o questionário foi estruturado em oito blocos.

O primeiro bloco composto por oito questões compreende a investigação inerente ao perfil da dívida. Os questionamentos são acerca da fonte de renda familiar, do responsável pelas finanças da residência, do quanto este sabe sobre gerenciamento financeiro, do quão satisfeito o respondente está com o controle de suas finanças, como estão seus gastos e seus prazos de pagamentos.

No segundo bloco tem-se a escala de propensão ao endividamento, desenvolvida originalmente por Lea, Webley e Walker (1995). A escala é composta por dezessete questões do tipo likert de cinco pontos (1-discordo totalmente a 5-concordo totalmente), as quais buscam identificar como os indivíduos se comportam com o uso do dinheiro, como planejam suas aquisições e se acham adequado o consumo a prazo. Além disso, analisa o que eles pensam sobre a aquisição de empréstimos com amigos, entre outros questionamentos ligados aos recursos financeiros e a probabilidade de executar tarefas que possam torná-los mais propensos ao consumo. Nesse sentido, com exceção das dez últimas questões que são invertidas, quanto mais a pessoa concordar, mais propensa ao endividamento ela é.

No terceiro bloco do instrumento busca-se identificar o materialismo dos entrevistados. Essa escala objetiva mensurar três fatores: sucesso, centralidade e felicidade, sendo que para cada um deles há três questões relacionadas. A escala utilizada foi desenvolvida inicialmente por Richins e Dawson (1992), originalmente com dezoito itens. Todavia, Richins (2004) buscou reduzir o número de variáveis para mensurar o materialismo, testando escalas com 15, 9, 6 e 3 itens. O autor concluiu que a escala com nove variáveis seria a mais adequada para mensurar o materialismo. Partindo desse pressuposto, utilizam-se os nove itens indicados por Richins (2004), com questões do tipo likert de cinco pontos (1- discordo totalmente a 5-concordo totalmente). Sendo que nessa escala, com exceção da primeira questão, quanto maior o grau de concordância, mais materialista é o respondente.

Nessa mesma perspectiva, busca-se compreender o consumo compulsivo dos entrevistados. Para isso, utiliza-se a escala original de Faber e O‟Guinn (1992) adaptada e reaplicada no Brasil por Leite et al. (2011), os quais realizaram os procedimentos psicométricos para a revalidação da escala no cenário brasileiro. Os autores validaram sete questões, as quais já tinham sido selecionadas por Faber e O‟Guinn (1992) como as mais significativas para o modelo. Assim, para mensurar o comportamento de compras compulsivas utilizou-se sete questões do tipo likert de 5 pontos (1-discordo totalmente a 5-

concordo totalmente). O intuito maior da aplicação dessa escala é a possibilidade de visualizar quão voltados ao consumo os respondentes estão, ou seja, como eles se comportam diante da diversidade de produtos e serviços ofertados, se compram apenas quando necessitam ou adquirem pelo simples prazer de consumir. Sendo assim, quanto mais os entrevistados concordam com as informações, mais comportamento de compra compulsiva eles apresentam. Já para mensurar o tema central deste estudo, a alfabetização financeira, utilizou-se a definição da OECD (2013a), a qual a engloba em três dimensões: conhecimento financeiro, comportamento financeiro e atitude financeira. Para mensurar a atitude financeira, utiliza-se um instrumento adaptado de Parrotta e Johnson (1998). A escala composta por quinze questões do tipo likert de cinco pontos (1-discordo totalmente a 5-concordo totalmente), a qual visa identificar como o indivíduo avalia sua gestão financeira. Com exceção das oito últimas questões que são invertidas, quanto mais o indivíduo concordar, melhores são as suas atitudes financeiras.

A escala de comportamento financeiro é composta por questões adaptadas de Shockey (2002), O‟Neill e Xiao (2012) e OECD (2013b). A escala, com treze questões do tipo likert de cinco pontos (1-nunca a 5-sempre), avalia o nível de comportamento financeiro dos indivíduos no que tange aos aspectos de poupança e controle, sendo que quanto maior a frequência do respondente nas afirmações feitas, melhor será o seu comportamento no gerenciamento de suas finanças.

Por fim, para avaliar o nível de conhecimento financeiro foi construído um índice a partir da soma das respostas de dois conjuntos de questões de múltipla escolha adaptadas de Van Rooij, Lusardi e Alessie (2011), OECD (2013b), Klapper, Lusardi e Panos (2013) e pela

National Financial Capability Study (NFCS, 2013), totalizando assim dez questões. O

primeiro conjunto (definido como conhecimento básico), composto por cinco perguntas, teve por objetivo medir habilidades financeiras básicas, como o entendimento de questões relacionadas à inflação, taxa de juros simples e composta e valor do dinheiro no tempo. O segundo grupo (definido como conhecimento avançado), composto por cinco questões, buscou explorar o nível de conhecimento em relação a instrumentos financeiros complexos, como diversificação de investimento, risco e retorno.

Dessa forma, o índice de conhecimento financeiro varia de 0,0 (pontuação obtida se o indivíduo errar todas as questões) a 10,0 (pontuação obtida caso o indivíduo acerte todas as questões). De acordo com a pontuação obtida, os respondentes serão classificados como detentores de baixo nível de conhecimento financeiro (pontuação inferior a 60% do máximo, ou seja, pontuação inferior a 6 pontos), nível mediano de conhecimento financeiro (entre 60%

e 79% da pontuação máxima, ou seja, pontuação entre 6 e 7 pontos) e alto nível de conhecimento financeiro (acima de 80% da pontuação máxima, ou seja, pontuação superior a 8 pontos). Tal classificação foi estabelecida por Chen e Volpe (1998). Assim, somando as questões de atitude financeira (15), comportamento financeiro (13) e conhecimento financeiro (10), a alfabetização financeira é mensurada por meio de 38 questões.

Ressalta-se ainda que para todas as escalas internacionais utilizadas nesse estudo foram desenvolvidos processos de adequação para o contexto brasileiro, utilizando o modelo de Brislin (1970). Além disso, com o intuito de validação das escalas utilizadas, a metodologia empregada foi baseada no modelo de Churchill (1979), por mostrar-se adequada à solução do problema de pesquisa concernente à validação do modelo teórico proposto, visto que a pesquisa partiu de uma fase exploratória com o objetivo de gerar indicadores para os construtos em questão.

Na última seção estão listadas as dez questões referentes ao perfil dos respondentes, o qual é representado pelas variáveis: gênero, idade, estado civil, se é estudante e qual o curso, número de dependentes, nível de escolaridade, nível de escolaridade dos pais, ocupação, renda média mensal própria e familiar.

O Quadro 13 ilustra os aspectos abordados pela pesquisa, as variáveis utilizadas e a base teórica utilizada. Além disso, o instrumento de coleta de dados pode ser verificado no Apêndice 1 deste trabalho.

Quadro 13 – Descrição do instrumento de coleta de dados

Aspectos Variáveis Base Teórica

Perfil dos gastos

1 a 5 6 7 8

OECD (2013a)

Desenvolvido pela autora Flores (2012)

Disney e Gathergood (2011)

Propensão ao Endividamento 9 a 25 Lea, Webley e Walker (1995)

Materialismo 26 a 34 Richins (2004)

Compras Compulsivas 35 a 41 Leite et al. (2011)

Atitude Financeira 42 a 56 Parrotta e Johnson (1998)

Comportamento Financeiro 57 a 69 Shockey (2002), O‟Neill e Xiao (2012) e OECD (2013a)

Conhecimento Financeiro 70 a 79

Van Rooij, Lusardi e Alessie (2011); OECD (2013b); Klapper, Lusardi e Panos (2013); National Financial Capability Study (NFCS, 2013).

Perfil dos respondentes Perfil 1 a 10 Desenvolvidos pela autora