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O primeiro instrumento de coleta de dados utilizado foi a descrição dos programas das disciplinas que fazem parte do currículo do curso de Pedagogia das alunas que ingressaram em 2003, ou seja, as universitárias que no ano de 2007 estavam no quarto ano.

A descrição do conteúdo das disciplinas nos possibilitou o conhecimento do curso de Pedagogia, seus princípios, objetivos e estrutura, como também a verificação de que se estes programas contemplam temas ligados à sexualidade e às relações de gênero ou não. Esse documento foi cedido pela Seção de Graduação da FCLAr no mês de abril de 2007.

Devemos destacar que descrevemos os programas das disciplinas referentes à

Formação Geral e os dois eixos que, até o ano de 2007, faziam parte da formação do (a)

pedagogo (a) da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP, campus de Araraquara. São estes: Formação de Professores para as Séries Iniciais do Ensino Fundamental e Formação

de Professores em Educação Especial.

Ressaltamos, ainda, que a não descrição das disciplinas optativas encontra respaldo no argumento de que os temas sobre sexualidade e relações de gênero, por estarem presentes em sala de aula, o que nos mostra tanto a literatura acadêmica sobre educação sexual, como também a prática cotidiana de professores (as), devem ser trabalhados em disciplinas obrigatórias, permitindo assim com que todo (a) professor (a) possa conhecer essas temáticas.

Com a descrição dos programas das disciplinas, colhemos informações que serão exploradas e complementadas por meio de outra técnica de coleta que foi utilizada neste trabalho, ou seja, a entrevista semi-estruturada.

O segundo instrumento de coleta de dados consistiu na realização de uma entrevista semi-estruturada com cada aluna/professora, conversa que foi gravada e transcrita. Optamos por este tipo de entrevista, pois postulamos que é através da fala que podemos conhecer as concepções que norteiam a vida de um indivíduo. Jhoda confirma esta idéia quando explica que

a entrevista oferece dados referentes a fatos; idéias, crenças, maneiras de pensar; opiniões, sentimentos, maneiras de sentir; maneiras de atuar; conduta ou comportamento presente ou futuro; razões conscientes ou inconscientes de determinadas crenças, sentimentos, maneiras de atuar ou comportamentos (JHODA, 1951, p. 152 apud MINAYO, 2000, p. 108).

Em relação à tipologia da entrevista, na modalidade semi-estruturada, o roteiro,

segundo Menga Ludke e Marli E. D. A. André, serve de orientação para o (a) entrevistador (a), uma vez que não há uma lógica linear e irredutível para questionar o (a) entrevistado (a), cabendo ao (à) pesquisador (a) intervir quando postular ser necessário. Além disso, outro artifício importante da entrevista semi-estruturada é que esta “[...] permite correções, esclarecimentos e adaptações que a torna sobremaneira eficaz na obtenção das informações desejadas” (LUDKE; ANDRÉ, 1986, p. 34).

As perguntas que nortearam a entrevista foram divididas nos seguintes temas: vida pessoal, vida profissional, vida acadêmica e conceitos. Por meio da entrevista, pudemos conhecer quem são essas mulheres, suas origens socioeconômicas e culturais, a escolha e as expectativas quanto ao curso de Pedagogia, suas concepções de sexualidade e relações de gênero, o preparo que o curso oferece ao conhecimento destes assuntos e igualmente suas experiências profissionais quanto ao trabalho destas duas temáticas. O roteiro da entrevista encontra-se no apêndice A.

As entrevistas foram realizadas nos dias seis, sete, nove, doze, quatorze, vinte e oito de novembro e sete de dezembro de 2007. Cada entrevista teve, em média, a duração de cinqüenta minutos a duas horas, sendo: cinqüenta e três minutos e três segundos da primeira entrevista e quarenta e seis minutos e quarenta e dois segundos da segunda entrevista com Luísa11; uma hora, quarenta e nove minutos e nove segundos com Ana; uma hora, vinte e cinco minutos e cinqüenta e um segundo com Júlia; duas horas, quatorze minutos e vinte e seis segundos com Mariana; uma hora, trinta e nove minutos e trinta segundos com Mônica; duas horas, doze minutos e dezoito segundos com Carmem; cinqüenta e três minutos e vinte e oito segundos com Michele. O local para a realização das entrevistas foi a sala de estudos do Núcleo de Estudos da Sexualidade (NUSEX) localizada na FCLAr.

Devemos destacar que as entrevistas foram efetuadas durante as aulas de alguns professores do curso de Pedagogia: o Prof. Dr. João Gentilini e o Prof. Dr. Ricardo Ribeiro, que ministram a disciplina obrigatória Coordenação Pedagógica, a Profª Dra. Rosa Fátima de Souza, que leciona a disciplina optativa História da Profissão Docente no Brasil e o Prof. Roberto Carlos Miguel, que coordena a disciplina obrigatória Orientação Educacional e

Formação do Educador. Esses professores gentilmente consentiram que as alunas saíssem de

suas aulas para nos cederem as entrevistas, bem como permitiram que, durante os setes dias de aplicação destas, fizéssemos o mapeamento de quantas alunas lecionavam.

Ressaltamos, também, que antes de iniciar as entrevistas, fornecemos a cada sujeito um documento, no qual explicitamos o nosso comprometimento com a questão ética da pesquisa. Tal documento está assinado pela pesquisadora, que se compromete com a ética do anonimato e com o respeito às falas registradas, e a assinatura da entrevistada, que alega seu consentimento em fornecer a entrevista. Em cada entrevista, dois documentos com o mesmo

11 A entrevista com Luísa necessitou de um segundo encontro. Por se tratar da primeira entrevista

realizada, encontramos algumas falhas, sendo necessário repetir a conversa como forma de esclarecer alguns dados que não foram detalhados no primeiro momento.

conteúdo eram entregues, um que permanecia com a pesquisadora e outro que ficava com o sujeito entrevistado. Este documento encontra-se no apêndice B.

Com os dados coletados, passaremos à explicação da técnica que permitiu a análise e interpretação.