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INSTRUMENTOS DE INVESTIGAÇÃO 1 Características do questionário usado

TERRITÓRIOS E ABORDAGEM METODOLÓGICA 1 INTRODUÇÃO

3. INSTRUMENTOS DE INVESTIGAÇÃO 1 Características do questionário usado

Em qualquer processo de investigação científica, torna-se necessário dispor de procedimentos empíricos controlados que permitam analisar as situações uniformes e as variações significativas. É então indispensável um controlo crítico dos procedimentos metodológicos, das suas capacidades e limitações, bem como a consciência de que o método escolhido deve ir ao encontro dos objetivos da investigação (Silva & Pinto, 1986).

12 https://www.facebook.com/PortugalemLondres, acedido a 13 de outubro de 2015. 13 https://www.facebook.com/PortuguesesEmNice, acedido a 13 de outubro de 2015.

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Neste sentido, a escolha dos métodas e das técnicas constitui um passo importante para a fase de validação no momento da recolha de informação sobre a realidade a que nos propomos estudar. Fortin (1999, pp. 22-23) recorda que “é a ou as questões de investigação que ditam o método apropriado ao estudo”. Cada trabalho tem as suas especificidades e, como tal, o investigador só pode contar com a melhor opção quando recorre à própria reflexão dos seus objetivos e das capacidades e limitações de cada método. Desta forma, para garantir a compreensão sobre o empreendedorismo de emigrantes portugueses em Andorra, Londres, Nice e Mónaco, bem como a sua inserção nos contextos socioeconómicos, culturais e políticos locais, optou-se pela conciliação do método quantitativo com o método qualitativo, de forma a salvaguardar que os elementos fortes de um complementassem as fraquezas do outro.

O método quantitativo tem as suas raízes no pensamento positivista lógico, tende a enfatizar o raciocínio dedutivo, as regras da lógica e os atributos mensuráveis da experiência humana. Permite fazer uma análise descritiva e analítica. Descritiva, no sentido de podermos determinar os fatos, e analítica, porque possibilita testar hipóteses, estabelecer relações entre as variáveis e elaborar modelos aumentando ainda a capacidade de reconhecimento das conclusões do estudo (Moreira, 1994, p. 149).

Nesta componente analítica, pretende-se saber como as variáveis dependentes (as mais importantes na pesquisa) são influenciadas pelas variáveis independentes (explanatórias ou referenciais) e, para isso, optou-se pela aplicação de um inquérito por questionário, como instrumento de recolha da informação.

O questionário, tal como podemos ver em anexo, tem uma nota introdutória com indicação da entidade responsável pelo projeto, com a apresentação do estudo e dos seus objetivos, com a indicação da importância da colaboração dos respondentes, e ainda uma indicação sobre a forma como os inquiridos têm de considerar apenas o país onde estão emigrados (já que se trata de um projeto internacional e o mesmo inquérito é utilizado em vários países). É composto maioritariamente por questões fechadas, de maneira a facilitar a anotação no ato de inquirir, o apuramento dos resultados e a maior comparabilidade dos dados, e composto por questões abertas, proporcionando respostas de maior profundidade (Silva & Pinto, 1986). Para medir as opiniões dos inquiridos, foi utilizada uma escala de Likert com cinco níveis, em que consideramos os primeiros dois níveis com tendência negativa, o terceiro como situação neutra e os restantes com tendência positiva, no sentido ascendente (do menor para o maior).

O inquérito está organizado em cinco grupos, sendo cada um composto por questões a eles relacionados (Quadro 2).

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Quadro 2 – Grupos, temas e questões usados no questionário aplicado nos quatro territórios

Grupos de questões Temas e questões

Grupo A Caraterização sociodemográfica dos inquiridos (Questões 1 a 12)

Grupo B Caraterização profissional dos inquiridos antes destes emigrarem (Questões 13 a 16) Grupo C Caraterização profissional dos inquiridos depois destes emigrarem (Questões 17 a 20) Grupo D Caracterização da empresa atual no país de destino (Questões 21 a 50)

Grupo E Percurso migratório dos inquiridos (Questões 51 a 65) Fonte: Questionário usado na pesquisa realizada.

3.2. Características das entrevistas realizadas

Sendo o objetivo principal da investigação encetada estudar o empreendedorismo e determinados aspetos do percurso de migração e de história pessoal, a aplicação de uma análise qualitativa tornou-se incontornável. Diferentemente da análise quantitativa, onde a dimensão da amostra permite constituir um retrato real de toda a população alvo da pesquisa, o recurso “às análises qualitativas abre a via ao emaranhado dos sentidos que tornam compreensíveis as sociedades” (Fernandes, 1996, p. 208). São análises que apostam num método que facilita a inclusão de várias dimensões de análise, que permite perceber a evolução do fenómeno e que, no fundo, nos permite dar conta do fenómeno social total. Para Minayo (2001), a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenómenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. No entanto, por permitir a subjetividade do investigador na recolha da informação, obriga a uma maior diversificação nos procedimentos metodológicos.

Relativamente às técnicas e tendo em consideração a complexidade e a extensão do objeto em estudo determinou-se, assim, a necessidade de utilização de entrevistas, que tal como refere Quivy & Campenhoudt (1998), permite uma verdadeira troca, durante a qual o entrevistado exprime as suas percepções de um acontecimento ou de uma situação, as suas interpretações ou as suas experiências, enquanto que o investigador, através das suas perguntas abertas vai direcionando o interlocutor para os objetivos da investigação.

As entrevistas qualitativas variam quanto ao grau de estruturação, podendo ser diretivas, semidiretivas ou não diretivas. Para Quivy & Campenhoudt (1998), as entrevistas semidiretivas têm a vantagem de permitir obter dados comparáveis entre os vários sujeitos e por isso acabam por se as mais utilizadas em investigação social.

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Posto isto, optou-se pelo recurso à entrevista semidiretiva, onde “o entrevistador, dispõe de uma série de perguntas-guia, relativamente abertas, a propósito das quais é imperativo receber uma informação por parte do entrevistado” (Quivy & Campenhoudt, 1998, p. 192). Pretende-se aqui que o entrevistado fale abertamente, com as palavras que desejar e pela ordem que lhe convier.

Esta técnica de investigação contempla dimensões qualitativas importantes pela quantidade e riqueza da informação obtida, conjugando-se com a possibilidade de ser efetuada uma interpretação individualizada das respostas, ou seja, como uma forma de personalização comparativa entre vários sujeitos singulares. Possibilita, igualmente, alcançar objetivos mais específicos, nos temas da integração ou no desenvolvimento do empreendedorismo nos respetivos “enclaves” e também a determinação de uma base comum sobre os percursos migratórios e os laços entre o país de chegada e Portugal.

Para isso, e como podemos ver em anexo, o guião da entrevista está organizado em cinco grupos, que foram sistematizados no Quadro 3.

Quadro 3 – Grupos e temas usados no guião de entrevista aplicado nos quatro territórios

Grupos de questões Temas

Grupo A Caracterização do Entrevistado e Contextualização

Grupo B Percursos Migratórios e Processos Pessoais e Sociais Desenvolvidos Grupo C Construção e o Desenvolvimento do Itinerário Empreendedor Grupo D Averiguação da presença da Comunicação de Empresa

Grupo E Integração do Emigrante nos Contextos Sociais, Culturais e Políticos Fonte: Guião usado na pesquisa realizada.

Tal como preconizámos inicialmente, o método qualitativo dá-nos a liberdade para enriquecermos os dados recolhidos, nestas entrevistas, com dados globais ou outras fontes documentais, como estatísticas ou qualquer outra fonte útil de informação. Para o caso, e com base na amostragem do estudo foi realizada uma pesquisa na internet com vista a aferir a eventual presença de tais empresas na rede por um lado, mas também a tipologia dessa mesma presença.

A estratégia de utilização conjunta da pesquisa qualitativa e quantitativa, tal como refere Creswell (2009, p.14), apesar de ser utilizada só a partir de 1959, rapidamente foi considerada capaz de recolher mais informações do que se poderia conseguir isoladamente, no momento em que a triangulação da informação permite que as lacunas de um método sejam preenchidas por outros métodos.

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4. PROCEDIMENTOS