• Nenhum resultado encontrado

1. INTRODUÇÃO

2.3. Instrumentos de medição de qualidade em hospitais

Claver et al. (2003) e Xiong et al. (2015) relatam que poucos estudiosos dispõem-se a discutir, avaliar ou medir os resultados da acreditação hospitalar. Por outro lado, os modelos

teóricos têm sido aplicados para orientar estudos de investigação dos serviços de saúde e utilizam os modelos de avaliação formais como o Prêmio Europeu de Qualidade (EFQM), Malcolm Baldrige National Quality Award (MBNQA) e Prêmio Deming. (ROBERT et al., 2011, SCHEIRER et al., 2005). Esses modelos são utilizados para examinar as relações entre os construtos relacionados com a qualidade e acreditação (AHIRE et al.,1996; SHAW et al., 2013; MEYER et al.,2001; LEE et al., 2002; GOLDSTEIN et al., 2005; LEE et al., 2013).

O modelo da EFQM tem sido bastante utilizado tornando-se um instrumento eficiente no processo de avaliação das relações entre o desempenho hospitalar com a acreditação em organizações públicas e privadas (KUNST e LEMMIINSH, 2000; CLAVER et al., 2003; TEJEDOR, 2009).

Outros autores citam a utilização do modelo MBNQA no processo de criação de instrumentos que avaliam resultados da acreditação (YOUNG et al., 2005; XIONG et al., 2015; WOO et al., 2013; MEYER et al., 2001; LEE et al., 2012). Os critérios do MBNQA foram projetados e simplificados para permitir que qualquer organização de todos os tipos e tamanhos pudessem aderir ao modelo (LEE et al., 2012). O modelo consiste em sete categorias que fornecem uma abordagem lógica e eficaz de organizar as atividades dos serviços de saúde. Diversos autores testam as relações entre essas categorias por meio da técnica de modelagem de equações estruturais (MEE), consolidando as hipóteses de que o modelo pode desempenhar um papel importante no processo de acreditação dos serviços de saúde (LEE et al.,, 2012; NIST, 2016; YOUNG et al., 2005; XIONG et al., 2015; WOO et al., 2013; MEYER et al., 2001; LEE

et al., 2012).

Diversos países como Coreia do Sul e China utilizam o modelo MBHCP no processo de avaliação da qualidade nos serviços de saúde. Seus resultados comprovam que o modelo fornece informações relevantes para melhorar o desempenho, prevenção e correção dos erros, inovações nos processos de trabalho e satisfação da força de trabalho. Também confirmam que o modelo é confiável e válido para avaliar práticas de qualidade em organizações hospitalares (LEE et al., 2012; MOON et al., 2008; XIONG et al., 2015; YOUNG et al., 2005; WOO et al., 2013).

O modelo de excelência desenvolvido por W. Edwards Deming tem sido muito utilizado no processo de medição da qualidade dos serviços de saúde. Pode-se encontrar na literatura instrumentos construídos a partir das técnicas de MEE validados utilizando o modelo Deming como referência (DOUGLAS e FREDENDALL, 2004).

Diversos autores desenvolvem instrumentos de medição da qualidade que adotam o modelo desenvolvido por Donabedian (1997) e busca identificar as relações entre três fatores:

estrutura, processo e resultado (KUNKEL et al., 2007; SLAGHUIS et al., 2013).A figura 2.2 apresenta os sete critérios estabelecidos pelo Malcolm Baldrige Health Care Criteria for

Performance Excellence Model (MBHCP).

Figura 2.2. Modelo de Excelência do MBHCP Fonte: Adaptado de NIST (2009).

Nesse contexto, foram encontrados diversos estudos, porém, para o desenvolvimento desta tese, foram selecionados os artigos que desenvolveram instrumentos de medição da qualidade dos serviços de saúde pela utilização das técnicas de MEE uma vez que corresponde ao objeto desta pesquisa.

2.3.1. Medição da qualidade em serviços públicos e privados

O grande crescimento das despesas e da demanda por esse tipo de serviço tem contribuído para que os gestores de saúde desenvolvam técnicas de melhoria da qualidade com objetivo de reduzir os custos e se manter no mercado. Nesse processo, faz-se necessária a medição da qualidade dos serviços para identificação dos principais fatores que afetam a performance das organizações. Pesquisas realizadas com gestores de qualidade em serviços públicos de saúde apresentam que programas de qualidade estão altamente relacionados ao grau de participação dos empregados (GOWEN et al., 2006; MOON et al., 2008).

Goldstein et al. (2005) testa empiricamente a ligação entre as quatro dimensões: propriedade, definição de metas, financiamento e controle em uma organização pública. Os resultados apontam que os fatores culturais, as influências políticas e as características organizacionais têm forte relação com o desempenho organizacional. A relação entre a gestão da qualidade e o compromisso dos profissionais de saúde foi testada em um serviço público na

Nova Zelândia por Ashill et al.(2006) e seus resultados demonstraram a existência de uma forte correlação entre esses dois fatores.

Chang et al. (2011) e Cheng et al. (2014) avaliam a partir de um instrumento válido a qualidade dos serviços de saúde no Taiwan onde foi desenvolvido um indicador de qualidade utilizado para todas as organizações de saúde do país.

Riveros et al. (2012) testam as hipóteses implícitas que medem a efetividade dos hospitais públicos no Chile, analisando a relação entre a oferta e a demanda. Os resultados apresentaram relação de causa-efeito entre a oferta / demanda e os índices de satisfação dos clientes.

Awuor e Kinuthia (2013) avaliaram o sistema de gestão da qualidade em hospitais privados no Quênia, identificando os fatores críticos no processo de implantação de sistema de gestão da qualidade. Os resultados indicam que a acreditação ISO e JCHA geram resultados positivos por meio da adoção de uma estratégia de negócio bem definida.

2.3.2. O fator liderança

A atuação da liderança é um dos fatores mais utilizados no desenvolvimento de instrumentos de medição da qualidade. Nesse contexto, diversos autores testam a relação da liderança com diversos fatores, buscando identificar qual a relação existe entre elas. Seus resultados indicam que a atuação da liderança está ligada diretamente ao processo de melhoria da qualidade dos serviços de saúde (EL-JARDALI et al., 2008; YOUNG et al., 2001; GREENFIELD e BRAITHWAITE, 2008; CLAVER et al., 2003; SCHEIRER et al., 2005).

2.3.3. O fator segurança

A incidência de erros médicos representa um dos principais problemas de qualidade na área da saúde. Nesse sentido, a segurança é um dos componentes fundamentais na adoção de práticas de qualidade. Profissionais médicos, pesquisadores, agências governamentais e organismos acreditadores têm desenvolvido inúmeras iniciativas para medir, controlar e melhorar a qualidade e segurança dos pacientes. Diversos estudos testaram a relação da segurança com diversos tipos de fatores.

Modelos testados fornecem confirmações importantes da capacidade de aplicar métodos de gestão que melhoram a segurança do paciente. Seus resultados forneceram evidências empíricas de que o clima de segurança está ligado ao estilo de liderança, as práticas de melhoria da qualidade e melhoria dos processos. (MCFADDEN et al., 2015; MEYER et al., 2001; GOLDSTEIN et al., 2005; BOYER et al., 2012).

2.3.4. O fator sustentabilidade

O fator “Sustentabilidade” refere-se a adesão de melhores práticas de qualidade que são disseminadas de forma consistente e confiável por meio de um sistema compartilhado que envolve a implementação de intervenções geradora de resultados eficazes comprovados. É a adoção de novas formas de trabalho proporcionadoras de melhores resultados nos processos de trabalho, na segurança do paciente e na estabilidade financeira da organização. Trata-se, também, da capacidade das organizações serem capazes de suportar os desafios e variações ao longo do tempo através de processos de melhoria contínua (SLAGHUIS et al., 2013, SLAGHUIS et al., 2011).

As relações da sustentabilidade com outros fatores foram testadas com o objetivo de identificar estratégias facilitadoras do processo de sustentabilidade colaborativa e seus ganhos. Os resultados indicam que as organizações atuantes diretamente nos fatores ligados à sustentabilidade obtêm resultados positivos no ciclo de vida dos programas avaliados, na capacidade de inovação e em seus resultados financeiros (PARAND et al., 2012; SLAGHUIS

et al.,2013; SCHERRER et al., 2005; JEFFCOTT, 2014).

2.4. Instrumentos de medição da qualidade que utilizam das