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6 METODOLOGIA

7.5 Instrumentos institucionais normativos e de regulação urbana

O planejamento urbano territorial suplementa a organização física e econômica, compatibiliza o desenvolvimento com a expansão urbana de forma sustentável, bem como deve promover as funções sociais da coletividade, harmoniosamente com o crescimento, deveras acelerado e sem ordenamento no país. Barros (2007) expõe que, a partir da Constituição Brasileira de 1988 e da Lei Federal nº 10.257/2001, o Estatuto da Cidade veio a regulamentar uma política urbana, tida como um marco referencial de instrumento de gestão e planejamento urbano. Nele encontram-se os princípios, as diretrizes gerais da política urbana e importantes instrumentos urbanísticos, tributários e jurídicos de reforma urbana.

O Estatuto da Cidade exige que municípios com população acima de vinte mil habitantes, integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, com áreas de especial interesse turístico, e situados em áreas de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental na região ou no país, construam e mantenham um Plano Diretor (PD). O PD é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana, que deve ser aprovado por lei municipal. Ele define ainda qual a melhor forma de ocupação do território, analisando todos os usos do espaço e prevendo atividades futuras. O mesmo deve atender aos interesses da população, sendo dessa forma participativo e democrático. Para que se desenvolva um PD deve haver a união entre o poder Executivo, poder Legislativo e a sociedade civil. Por meio da leitura da cidade, participação popular e estudos técnicos, serão demarcadas as zonas homogêneas do município de acordo com suas características, sugerindo propostas para o planejamento, a implantação e o monitoramento do PD, que deve se orientar pelo Estatuto da Cidade. O artº 40 do Estatuto da Cidade prevê que a lei que instituir o PD deverá ser revista, pelo menos, a cada dez anos, tendo em vista a capacidade dinâmica das cidades em se desenvolver e crescer, utilizando os vários instrumentos normativos da legislação competente (BRASIL, 2002; NEGRELLO; PAZ; LOCH, 2011).

O artº 2º da Lei nº 10.257/2001(BRASIL, 2002, p. 15) estabelece as diretrizes gerais concernentes à política urbana, que tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana. Cabe citar algumas dessas diretrizes que vem ao encontro à implementação do Projeto Orla, na construção do PLC no município de Itapema, as quais serão discutidas no capítulo 8 – Resultados da pesquisa:

I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à

urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as

presentes e futuras gerações;

II – gestão democrática por meio da participação da população e de

associações representativas dos vários segmentos da comunidade na

formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano;

III – cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da sociedade no processo de urbanização, em atendimento ao interesse

social;

V – oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos adequados aos interesses e necessidades da população e às características locais;

XII – proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e

construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e

arqueológico;

XIII – audiência do Poder Público municipal e da população interessada nos processos de implantação de empreendimentos ou atividades com efeitos potencialmente negativos sobre o meio ambiente natural ou construído, o conforto ou a segurança da população;

Além destas, outras diretrizes contidas na redação da Lei nº 10.257/2001 constituem orientações fundamentais ao desenvolvimento sustentável de um município, que tem a orla como valoração econômica e o setor de serviços como principal atividade econômica. Estes elementos incidem no crescimento do turismo e da expansão urbana, que devem ser planejados com vistas à preservação do ambiente natural local.

O PD do município de Itapema foi instituído pela lei complementar nº 7 de 06 de fevereiro de 2002 e complementa-se ainda pelas seguintes leis: I - Lei Complementar Nº 008/2002 -Lei do Código de Obras; II - Lei Complementar Nº 009/2002 - Lei do Meio Ambiente; III - Lei Complementar Nº 010/2002 - Lei do Parcelamento do Solo; IV - Lei Complementar Nº 011/2002 - Lei do Zoneamento e Uso do Solo. Devido ao crescimento acelerado do município nos últimos dez anos, aliado a expansão urbana e crescimento demoGráfico, evidencia-se que o atual PD encontra-se desatualizado frente às questões de ordenamento territorial, zoneamento ambiental, sistema viário, parâmetros urbanísticos, etc. O PD de Itapema encontra-se em fase de revisão desde o ano de 2010. A prefeitura de Itapema, com o intuito de viabilizar a revisão do PD, firmou convênio, por meio de consultoria, com a Fundação de Amparo à Pesquisa e Expansão Universitária (Fapeu), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Parte dos trabalhos realizados pelos técnicos e secretarias municipais inclui mapeamento de dados e informações do município, como geografia, demografia, topografia, educação, turismo, recursos naturais, assim como dados da história e cultura itapemense. Foi instituído também o Núcleo Gestor de Revisão do Plano e participação da comunidade por meio de audiências públicas.

7.5.1 ZONEAMENTO URBANO

O crescimento dos perímetros urbanos, planificados ou espontâneos passou a exigir das administrações municipais a adoção de zoneamentos para facilitar os controles administrativos (prestação de serviços de infraestrutura básica e cobrança de impostos). Os espaços urbanos delimitados por ruas ou acidentes geográficos passaram a ser conhecidos por bairros. A lei ordinária nº 20 de 30 de setembro de 1981, que estabelece a designação dos bairros municipais de Itapema foi alterada pela lei ordinária nº 2279, de 21 de dezembro de 2004, na delimitação do número de bairros e na configuração de limites do bairro Meia Praia. O artº 1º da lei nº 2279/ 2004 institui que: “a zona urbana do município de Itapema fica dividida em doze bairros”. A Figura 17 mostra a configuração dos bairros de Itapema.

Figura 17 – Mapa dos bairros do Município de Itapema.

Fonte: Prefeitura Municipal de Itapema, Núcleo de Estudo Ambiental da Universidade