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2. F UNDAMENTAÇÃO T EÓRICA

2.2 A A VALIAÇÃO DA A PRENDIZAGEM

2.2.6 Instrumentos, Métodos e Métricas de avaliação

Segundo Luckesi (2008), o que por hábito chamamos de avaliação, na verdade, são instrumentos que coletam os dados para a avaliação. A avaliação requer o suprimento desses dados coletados por instrumentos avaliativos para que o professor tenha elementos suficientes para identificar os alunos que necessitam de regulação no seu processo de aprendizagem.

Os professores têm evidenciado com frequência a falta de instrumentos de avaliação, principalmente, a falta de preparo para elaborar os instrumentos de avaliação dos quais precisam. Um professor implicado na aprendizagem de seus alunos precisa saber criar e também optar, nas devidas circunstâncias, pelas técnicas e instrumentos que melhor se adaptam à situação, não se limitando aos exames tradicionais como única ferramenta de avaliação. A avaliação contínua requer instrumentos que captem a qualidade e o nível de aprendizagem do aluno em cada momento durante o processo ensino-aprendizagem. O professor pode lançar mão de observações sistemáticas, entrevistas, testes, questionários, entre outros, na medida em que facilitem as suas decisões sobre ações pedagógicas a serem executadas na regulação da aprendizagem (CASTILLO et al, 2011).

São os instrumentos de avaliação os meios utilizados para questionar os alunos acerca dos conteúdos estudados e registrar as suas respostas. As respostas expressam o nível de conhecimento dos alunos sobre o assunto e a coleta de dados desse nível de conhecimento, ou aprendizagem, “pode ser realizada por uma pluralidade de métodos e técnicas” e “diferentes estratégias de análise e registro”, contanto que o foco não esteja somente em evidenciar as dificuldades, mas também, entendê-las e enfrentá-las (AFONSO, 2005, p. 38; apud CORTESÃO, 1993, p. 31).

Até se tornaram subsídios para as tomadas de decisões dos professores, os dados coletados precisam ser submetidos necessariamente a um trabalho de interpretação capaz de “referir-se a um quadro teórico que dê conta dos múltiplos aspectos (cognitivo, afetivo, social) das aprendizagens” (HADJI, 2001, p. 23 apud ALLAL, 1979, p. 156).

Nesse sentido, Pimentel (2006, p. 127) assevera que a avaliação aplicada especificamente ao aspecto cognitivo do aprendiz deve determinar o domínio deste aprendiz nos diversos conceitos estudados ao longo do processo ensino-aprendizagem, ou seja, “quais os conceitos que o aprendiz demonstra que ‘sabe’”.

O domínio do conhecimento ou mapa do conhecimento é representado por um retângulo com várias elipses espalhadas no seu interior, que representam o “conhecimento atual”3 do aprendiz ou, aquilo que ele “sabe”. Os intervalos vazios entre as elipses

representam a “ausência de conhecimento”, então, se uma avaliação é realizada nesse espaço vazio, “possivelmente o estudante terá um desempenho insatisfatório” (PIMENTEL, 2006, p. 127), ao contrário, se a avaliação ocorrer em uma região do domínio de conhecimento, na qual, o estudante “sabe” os conceitos, certamente seu desempenho será melhor.

No efetivo acompanhamento da aprendizagem, “é fundamental estabelecer uma medida ou uma unidade de medida capaz de identificar o grau de conhecimento que um aprendiz possui” (PIMENTEL, 2006, p. 127). Essa ação permite o monitoramento do conhecimento, coletando dados que podem ser comparados no sentido de determinar o nível de evolução do conhecimento de um aprendiz.

3 A ideia de "conhecimento atual" consiste na mudança constante daquilo que o aprendiz sabe e no julgamento que pode ser estabelecido sobre as suas realizações ao longo de um período de tempo, comparando-as em evolução (BRANSFORD et al, 2003 apud PIMENTEL, 2006, 56).

Nesse contexto, são relacionados a seguir alguns conceitos de instrumentos, métodos e métricas que orientam a coleta e análise de dados de aquisição de conhecimento para o subsídio das avaliações da aprendizagem.

2.2.6.1 Instrumentos de avaliação

O instrumento de avaliação, conforme assevera Alchieri e Cruz (2010, p. 28), pode ser considerado “como qualquer forma de estender nossa ação ao meio e assim, poder minimizar nossas limitações em uma ação investigativa da observação, maximizando a eficácia da obtenção de dados e os seus resultados”.

Nesse sentido, os instrumentos avaliativos, tais como testes, relatórios, provas, dissertações, portfólios, entrevistas, questionamentos orais, lista de exercícios, questionários, estudos de caso, entre outros, são formas fundamentais de estender a ação do professor no processo de avaliar a aquisição de conhecimento dos aprendizes. Através dessas formas, o professor coleta os dados necessários para apoiar suas ações pedagógicas de regulação da aprendizagem, minimizando, assim, suas limitações nas observações em sala de aula.

Embora sejam vários os instrumentos de avaliação, a prova é sem dúvida a mais utilizada pelos professores. Aplicada frequentemente ao final do processo de ensino servindo apenas aos interesses das avaliações somativas, esse instrumento coleta dados de aquisição de conhecimento de modo tardio, sem que haja tempo de ajustes na aprendizagem do aluno, caso seja necessário. Ademais, sua finalidade é selecionar os alunos que deverão seguir adiante nos estudos.

Estruturado por vários tipos de questões para interrogar o aluno, o questionário é outro instrumento de avaliação utilizado com frequência pelos professores. As questões em um questionário são classificadas quanto ao tipo de resposta estimulada, como objetivas e dissertativas (DEPRESBITERIS; TAVARES, 2009).

Questões objetivas são aquelas cujas respostas são construídas pelo professor para que o aprendiz selecione a opção que contém a melhor resposta de modo breve e direto. O seu enunciado contextualiza o avaliado acerca do assunto tratado para que a opção com a resposta correta fique evidente. Gabaritos indicando as respostas corretas são necessários para orientar as correções. As questões objetivas quanto à forma do enunciado podem ser classificadas conforme a tabela a seguir:

Tabela 2 - Classificação de questões objetivas

Classificação Descrição Medição

Lacuna com opções

Consiste na apresentação de uma frase incompleta cujo espaço em branco deverá ser preenchido conforme opções apresentadas. Aufere conhecimento pontual a partir de um entorno (restante do texto). Complementação com opções

O enunciado apresenta uma frase incompleta e as alternativas devem completar a frase proposta. No tipo resposta única, o enunciado deve ser redigido em forma de pergunta e as alternativas devem responder à pergunta. Associação/Acasalamento Questões Combinadas Correspondência ou Emparelhamento Consiste na apresentação de dois conjuntos de elementos que deverão ser relacionados utilizando um critério especificado.

Mede a relação entre dois conjuntos de elementos.

Dicotômica

Consiste na apresentação de uma frase e o aprendiz deverá se posicionar. São dos tipos: Certo/Errado, Falso/Verdadeiro, Concordo/Discordo,

Sim/Não Mede a identificação de causa-efeito, distinção de opiniões, conhecimentos de fatos específicos. Múltipla escolha Consiste de três ou quatro afirmações relacionadas ao tema explicitado no enunciado, onde são apresentadas as alternativas de resposta baseada na veracidade ou não das afirmações.

Ordenação

Consiste em colocar de modo desordenado fatos históricos, procedimentos, etc., para que o aluno ordene segundo a classificação devida: fatos, tempo, sequência de procedimentos.

Verifica o conhecimento da ordem lógica dos elementos apresentados.

As questões dissertativas ou discursivas apresentam um conjunto de temas que devem ser respondidos pelos aprendizes usando sua autoria. Cada questão deve ser formulada com clareza, mencionando uma habilidade que se deseja que o aprendiz

demonstre. Exemplos: comparar, relacionar, sintetizar, descrever, analisar, etc. Para orientar as correções, devem ser estabelecidos parâmetros e critérios de uma chave de correção.

Alguns cuidados devem ser observados na elaboração de questões, sejam elas objetivas ou dissertativas:

 Considerar o tempo disponível para a realização;  Organizar previamente critérios de correção;

 Considerar a competência de quem faz a correção ou julga o conhecimento mensurado;

 Superar a subjetividade do professor na correção;

 Corrigir, questão por questão, tendo em vista o seu objetivo.

Nos casos específicos de questões do tipo múltipla escolha, outros cuidados são necessários e merecem atenção: