• Nenhum resultado encontrado

Instrumentos normativos aplicáveis às licitações sustentáveis

4 O PODER NORMATIVO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA COMO MEIO DE

4.5 Instrumentos normativos aplicáveis às licitações sustentáveis

É sabido que mesmo antes das Leis 12.187/2009, 12.305/2010 e a nova redação dada ao art. 3º da Lei 8.666/1993, já existia aparato constitucional e legal para as práticas das licitações públicas sustentáveis. Tanto é assim, que mesmo antes das leis acima citadas já existiam em nosso ordenamento pátrio alguns instrumentos normativos direcionados para as ecoaquisições, obrigando o gestor público a optar pelas compras sustentáveis.

Murilo Giordan Santos54 exemplifica em sua obra alguns atos normativos editados pela Administração Pública que contemplam em seu corpo critérios de sustentabilidade. Referido autor cita a Resolução nº 416/2009 do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA55, que dispõe sobre a aquisição de pneus, bem como sobre a prevenção à degradação ambiental causado pelos mesmos, quando inservíveis. Continua ainda citando a Instrução Normativa nº 112/2006 do Instituto Brasileiro Do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA56, que versa sobre a aquisição de produtos ou subprodutos de madeira. Cita-se ainda a Portaria Interministerial nº 292/1989 e a Instrução Normativa nº 5/1992 do IBAMA57, que regulamentam o uso de produtos preservativos da madeira. E por fim, tem-se a Resolução nº 307/2002 do CONAMA58, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil.

Nessa oportunidade, merece destaque a Instrução Normativa nº 1/2010 da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – SLTI/MPOG59

.

54 SANTOS, 2011, p. 168.

55

BRASIL. Resolução n. 416, de 30 de setembro de 2009, dispõe sobre a prevenção à degradação ambiental causada por pneus inservíveis e sua destinação ambientalmente adequada, e dá outras providências. Diário

Oficial da União n. 188, Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), Brasília, DF, 1 out. 2009, p. 64-

65. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=616>. Acesso em: 25 maio 2012.

56 BRASIL. Instrução Normativa n. 112, de 21 de agosto de 2006. Diário Oficial da União, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Brasília, DF, 23 ago. 2006. Diponível em: < http://servicos.ibama.gov.br/ctf/manual/html/IN%20112-21-8-2006-DOF.pdf >. Acesso em: 25 maio 2012. 57

BRASIL. Portaria Interministerial n. 292, de 28 de abril de 1989. Diário Oficial da União, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Brasília, DF, 2 maio 1989. Disponível em:

<www.ibama.gov.br/qualidadeambiental/madeira/292.doc>. Acesso em: 25 maio 2012. 58

BRASIL. Resolução n. 307, de 5 de julho de 2002, estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. Diário Oficial da União, Conselho Nacional do Meio Ambiente, Brasília, DF, 17 jul. 2002, p. 95-96. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/a3p/_arquivos/36_091 02008030504.pdf>. Acesso em: 26 maio 2012.

59

BRASIL. Instrução Normativa n. 1, de 19 de janeiro de 2010, dispõe sobre critérios de sustentabilidade ambiental na aquisição de bens, contratação de serviços ou obras pela Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional e dá outras providências. Diário Oficial da União, Ministério do Planejamento,

Passa-se a análise da Instrução Normativa em tela, que dispõe sobre os critérios de sustentabilidade ambiental na aquisição de bens, contratação de serviços ou obras pela Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional.

O art.1º da Instrução Normativa nº 1 da SLTI/MPOG obriga expressamente a administração pública federal a adotar critérios de sustentabilidade ambiental, levando-se em conta os processos de extração ou fabricação, utilização e descarte dos produtos e obras- primas, nas especificações para a aquisição de bens e contratação de obras e serviços.

Prevê ainda que as especificações e outras exigências do projeto básico ou executivo, nos casos de contratação de obras e serviços de engenharia, devem visar à economia da manutenção e operacionalização da edificação, a redução do consumo de energia e de água, bem como a utilização de tecnologias e materiais que reduzam o impacto ambiental, tais como uso de sensores de presença, uso exclusivo de lâmpadas fluorescentes, uso de energia solar para aquecimento de água, sistema de reuso de água e de tratamento de efluentes gerados, dentre outros.

No § 3º do art. 4º, a Instrução Normativa nº 1 da SLTI/MPOG exige o uso obrigatório de agregados reciclados nas obras contratadas, sempre que houver oferta de agregados reciclados, capacidade de suprimento e custo inferior em relação aos agregados naturais.

Por fim, estabelece que os órgãos e entidades da Administração Pública Federal poderão, leia-se deverão, exigir alguns critérios de sustentabilidade, quando da aquisição de bens. Na dicção literal do dispositivo:

Art. 5º Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional, quando da aquisição de bens, poderão exigir os seguintes critérios de sustentabilidade ambiental:

I – que os bens sejam constituídos, no todo ou em parte, por material reciclado, atóxico, biodegradável, conforme ABNT NBR – 15448-1 e 15448-2;

II – que sejam observados os requisitos ambientais para a obtenção de certificação do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO como produtos sustentáveis ou de menor impacto ambiental em relação aos seus similares;

III – que os bens devam ser, preferencialmente, acondicionados em embalagem individual adequada, com o menor volume possível, que utilize materiais recicláveis, de forma a garantir a máxima proteção durante o transporte e o armazenamento; e

IV – que os bens não contenham substâncias perigosas em concentração acima da recomendada na diretiva RoHS (Restriction of Certain Hazardous Substances), tais como mercúrio (Hg), chumbo (Pb), cromo hexavalente (Cr(VI)), cádmio (Cd), bifenil-polibromados (PBBs), éteres difenil-polibromados (PBDEs).

A Instrução Normativa nº 1 da SLTI/MPOG é o exemplo a ser seguido, uma vez que esta veio embasar de forma satisfatória a atuação do gestor público nas contratações de bens,

Orçamento e Gestão, Brasília, DF, 19 jan. 2010. Disponível em: <http://cpsustentaveis.planejamento.gov.br/wp- content/uploads/2010/03/Instru%C3%A7%C3%A3o-Normativa-01-10.pdf>. Acesso em: 25 maio 2012.

obras e serviços, vinculando o mesmo a observar critérios específicos de sustentabilidade nas licitações públicas.

Assim sendo, resta comprovado a importância e a necessidade da utilização do poder normativo da Administração Pública para fins de garantir a efetiva aplicação das licitações sustentáveis.

Documentos relacionados