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4.3 PESQUISA DE CAMPO: ENTRE O DIGITAL E O PRESENCIAL

4.3.3 Instrumentos para a coleta de informações

Os principais meios de coleta de dados e informações que utilizei para esta pesquisa constituíram-se de: entrevistas; questionário online; gravações (áudio e/ou vídeo) de palestras e encontros do grupo; anotações pessoais a partir da observação participante e não participante do grupo e eventos; seleção de postagens na lista de discussão do grupo (e possível arquivamento em arquivos PDF); seleção de postagens em sites e em blogs do grupo e eventos pesquisados; e matérias de diversas mídias sobre os eventos e grupo pesquisado. A relação entre os locais e instrumentos de coleta de dados já foram apresentados no Quadro

03.

A seguir, abordarei duas técnicas utilizadas para a coleta de dados e informações: a entrevista e o questionário online.

4.3.3.1 Entrevistas

131 Disponível em: <http://www.consegi.gov.br/sala-de-imprensa/noticias/mulheres-debatem-seus-papeis-no-

universo-da-ti>. Acesso em: 28 abr. 2014.

132 Disponível em: <http://www.tv.serpro.gov.br/jornalismo/cobertura-consegi/mulheres-na-ti.-ainda-existe-

Para as entrevistas aplicadas junto às participantes do grupo pesquisado e dos eventos, utilizei o seguinte Guia de Coleta: data, evento, localização, nome, idade, formação, atuação, motivação para a participação nos grupos, opinião sobre a importância da existência de grupos de mulheres, opinião sobre importância do software livre no movimento de mulheres, opinião sobre a colaboração do movimento de mulheres no SL, opinião sobre sexismo na comunidade SL.

Utilizei entrevistas tanto para a “determinação das opiniões sobre os 'fatos'” quanto para saber os “motivos conscientes para opiniões, sentimentos, sistemas ou condutas” (LAKATOS & MARCONI, 2010, p. 179).

Não tenho como intenção considerar as informações coletadas pelas entrevistas como verdades absolutas. Entendo que, embora não acredite em má-fé da parte das entrevistadas, as falas podem traduzir algo diferente do que suas próprias crenças no sentido de parecer “politicamente correto”, falar o que a entrevistadora esperava ouvir ou estar à par com os discursos de um grupo para se sentir aceito ou aceita, dentre outras possíveis situações. Contudo, busquei escutar o que creio que suas falas expressam em relação a suas vivências e expectativas sobre o assunto abordado.

Outro ponto importante a destacar são as mudanças que ocorreram no guia de entrevistas utilizado para as entrevistas. Se em um determinado momento algumas perguntas foram adicionadas (como a opinião sobre um determinado evento ou algum tema em voga na ocasião), também ocorreu de algumas perguntas terem sido adicionadas para melhor identificar o perfil das entrevistadas como também para se ajustar aos objetivos e às mudanças pelas quais esses passaram.

Durante os eventos, selecionei mulheres participantes do grupo pesquisado e, ainda, em menor escala, alguns dos participantes dos eventos. Tais entrevistas foram feitas de forma semiestruturada, visto que me utilizei do guia de coleta citado anteriormente e, ainda, adicionei algumas perguntas decorrentes da própria fala dos participantes ou de algum tema em pauta na ocasião. A técnica se mostrou importante por favorecer a comprovação e a explicação às dúvidas, além da flexibilidade (LAKATOS & MARCONI, 2010). As entrevistas coletadas já foram listadas na seção anterior.

Preocupei-me em indicar às pessoas contatadas que as informações e as imagens seriam utilizadas para pesquisa de doutoramento, artigos científicos e afins, excluindo uso comercial.

Não informei às entrevistadas sobre o não compartilhamento com terceiros das informações coletadas, porém o considero impraticável.

Além das entrevistas realizadas presencialmente, houve casos de entrevistas realizadas via e-mail ou bate-papo do Facebook, sobretudo com as líderes do grupo pesquisado com a finalidade de recolher informações e suprir dúvidas sobre a caracterização do grupo.

Com relação a esta técnica, concordei com Lakatos e Marconi (2010) em relação a algumas de suas limitações:

 Dificuldade de expressão de ambas as partes e incompreensão dos participantes sobre algum ponto das perguntas, o que resultou em alguns casos, em respostas não lineares, o que dificultou o meu entendimento, transcrição e análise;

 Dificuldade de realização e custo de tempo: além das habilidades em conduzir as entrevistas, sanar dúvidas e compreender a fala das participantes, a produção e o gerenciamento das entrevistas também foram pontos complicados. Por estarmos em encontros ou congressos, as líderes e palestrantes tinham pouco tempo de participar e também apresentavam aquela timidez típica de quem será entrevistada. Por vezes, tive entrevistas interrompidas antes da conclusão devido a outros compromissos das participantes. Os ambientes com ruído e muitas pessoas também trouxeram obstáculos para as gravações, visto que eu tinha que lidar com os equipamentos, espaço para nos acomodarmos com conforto e sem interferências externas.

4.3.3.2 Questionário online

Para realização de um questionário autoaplicável (GIDDENS, 2005), utilizei-me da ferramenta Form do Google Drive e o seu conteúdo pode ser visto no APÊNDICE 01. Esta ferramenta coleta os dados através de um formulário web e os armazena na nuvem em formato de uma planilha eletrônica, que posteriormente pode ser arquivado em diferentes formatos digitais. Através dessa ferramenta, coletei 26 respostas registradas entre os dias 06 de julho e 27 de agosto de 2013. Dentre esta população, apenas um se declarou como “homem” e as demais como “mulher”. Realizei a divulgação em eventos ou em atividades que debateram o tema de gênero e tecnologia:

 FISL 14: julho de 2013  CONSEGI: agosto de 2013

 II Encontro Nacional MNT: abril de 2014

Notadamente, o último evento não rendeu respostas para o questionário.

Além de meus esforços para divulgar o questionário entre as participantes do grupo e eventos pesquisados, obtive a sua divulgação espontânea, como o caso dos perfis /MNT - Mulheres na Tecnologia133 e Mulheres na Computação134 no Facebook, além da lista de

discussão do /MNT, em pelo menos duas ocasiões. Uma delas foi no tópico intitulado “Pesquisa: Mulheres na comunidade de Software Livre”:

A Mônica Paz está com uma pesquisa sobre Mulheres e Software Livre. Quem puder responder, segue o link: […] (Monique, 2013).

Em outra ocasião durante a divulgação de uma pesquisa realizada pelo /MNT, a minha pesquisa foi lembrada no tópico “Pesquisa: Aonde guardamos nosso machismo?” o que gerou a seguinte sequência de mensagem dentro do tópico principal:

Meninas falando em pesquisa alguém tem o link da pesquisa da menina que estava no Fisl pedido para responder a pesquisa do doutorado dela? Eu perdi o bilhete que ela entregou :( (Lívia, 2013).

Estou me organizando pós Fisl entre outros compromissos... peço um pouquinhos de calma, rs.

Vou colocar em forma de infográfico para ficar mais interessante.

Sobre a pesquisa de doutorado da Mônica, o link é: <http://migre.me/fihTy> (Monique, 2013).

Gente, que coisa linda este grupo GIG@ da UFBA! Um grupo voltado para o estudo de gênero e tecnologia. Maravilhoso! =D (Lígia, 2013).

Mônica Paz 13/07/13 Oie [nome], Muito obrigada!

Em breve, teremos novidades com a publicação do livro que a minha orientadora organizou :-)

Por favor, continuem respondendo ao meu questionário também http://migre.me/fihTy

Valeu pela força, [Monique]. abs,

Mônica.

Ao divulgar o questionário, utilizando sempre a mesma URL encurtada

133 Disponível em: <https://www.facebook.com/MulheresTI?fref=ts >. Acesso em: 27 abr. 2014.

<http://migre.me/fihTy>, orientava a que todos e todas poderiam participar e ainda que quaisquer dúvidas ou críticas poderiam ser registradas no campo “Observações”. Nos comentários recebidos, duas solicitaram o envio dos resultados, uma parabenizou a iniciativa e o tema da pesquisa e um sugeriu que as perguntas fossem “mais objetivas e não tão repetitivas” (Respondente #3, 2013). Também indiquei que as garotas já entrevistadas não precisariam responder ao questionário, mas que não era proibido.

Diante da disponibilidade online e do tamanho do público das redes digitais e eventos pesquisados, o questionário poderia ter apresentado mais resultados e assim ser mais representativo quantitativamente, não se mostrando o modo de coleta mais eficiente neste caso. Contudo, os respondentes que atingi com o questionário proporcionaram conteúdos relevantes para a pesquisa.

Dessa forma, concordo com Lakatos e Marconi (2010) em algumas das vantagens que apontaram em relação ao questionário enquanto técnica de pesquisa: economia de tempo, viagens e pessoal; alcance simultâneo de muitas pessoas e de maior área geográfica; maior liberdade nas respostas, devido ao anonimato; maior segurança e menor influência da pesquisadora; e maior tempo e conforto aos respondentes. Dentre as desvantagens apontadas:

 Obtive baixo retorno, como já mencionado;

 Impossibilitou sanar dúvidas, assim como percebi com relação ao termo “sexismo”, que foi interpretado como negativo e como positivo por se referir a situações diferentes (preconceito x atividades pró-equidade de gênero, por exemplo);

 Pode uma pergunta ter influenciado as outras, inclusive, para o não preenchimento do formulário ao se constatar perguntas sobre o pertencimento a grupos de mulheres e a projetos de SL, o que é atribuído a poucas mulheres mesmo dentro dos eventos pesquisados e dos meios de divulgação utilizados;

 Poderia ter dificultado a verificação, pois nem todos concordam em registar o e-mail de contato, não que tenha sido necessário;

 Deu chances ao falseamento de dados como sexo, etc. Contudo, não percebi algo nesse sentido durante as análises.

A apresentação dos resultados coletados através deste instrumento se dará na forma de citação direta, mesmo que sejam menos que as 3 linhas previstas pela ABNT. As falas serão anônimas, mas identificas no seguinte esquema “(Respondente #n, 2013)”, onde “#n”