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3. METODOLOGIA

3.4. Instrumentos de pesquisa

A pesquisa realizada é de cunho qualitativo e de base etnográfica – uma investigação exploratória através da qual buscamos nos aprofundar em casos e acontecimentos, descrevendo e analisando os eventos de acordo com os objetivos da pesquisa. Mais precisamente, nossa investigação é qualitativa do tipo exploratória com aplicação de questionário e observação de campo com registro de informações em diário de campo.

Segundo Hudelson (1994) a pesquisa qualitativa é maleável e interativa e não se limita a questões pré-definidas, pois, trabalha dentro da ideia de interatividade. Nesse tipo

27% 6% 7% 53%

7%

INFORMANTES QUE JÁ VIVERAM NO

EXTERIOR

Japão E.U.A França/Itália

nunca viveu no exterior não declarou

de investigação há um destaque no processo holístico, ou seja, na visão global do objeto de pesquisa e na integração de seus processos.

A importância da observação na pesquisa qualitativa se dá pela premissa de que o pesquisador necessita obter provas a respeito dos objetos observáveis que os indivíduos investigados, muitas vezes, não possuem consciência. A observação permite ao pesquisador perceber fenômenos não previstos e, ao mesmo tempo, levantar questões pertinentes aos objetivos da investigação. Além disso, através da análise feita durante a pesquisa de campo, o investigador poderá desenredar questões relacionadas ao tema investigado que poderão resultar em pesquisas porvindouras. Marconi e Lakatos (2003, p. 190) afirmam que a observação é

[...] Uma técnica de coleta de dados para conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos que se desejam estudar.

A observação de campo pode ser ‘estruturada’ ou ‘não estruturada’. A primeira se dá mediante “condições controladas para responder a questões específicas” e a segunda é realizada “sem planejamento e sem controle anteriormente elaborados, como decorrência de fenômenos que surgem de imprevisto” (SANCHEZ, 2008).63 Nossa observação

realizada foi do tipo ‘não estruturada’, constituindo-se como o primeiro passo de nossa investigação, já que nosso trabalho de campo iniciou-se com a observação de campo para a escolha das redes sociais e dos sujeitos que investigamos.

Para colhermos os dados utilizados em nossa pesquisa, usamos, principalmente o instrumento de investigação denominado questionário. Segundo Gil (2002, p. 115) “por questionário entende-se um conjunto de questões que são respondidas por escrito pelo pesquisado”. Marconi e Larkatos (2003, p. 201-202 apud BARROSO, 2012), ao tratar das vantagens da utilização do questionário nas pesquisas qualitativas, citam que esse instrumento de investigação:

[...] Atinge grande número de pessoas simultaneamente; abrange uma extensa área geográfica; economiza tempo e dinheiro; não exige o treinamento de aplicadores; garante o anonimato dos entrevistados, com isso maior liberdade e segurança nas respostas; permite que as pessoas o respondam no momento em que entenderem mais conveniente; não expõe o entrevistado à influência do pesquisador; obtém respostas mais rápidas e mais precisas; possibilita mais uniformidade na avaliação, em virtude da natureza impessoal do instrumento;

obtém respostas que materialmente seriam inacessíveis (MARCONI & LARKATOS, 2003, p. 201-202 apud BARROSO, 2012.

Para facilitar o acesso às perguntas e informações contidas no questionário, fizemos a versão64 do referido instrumento de pesquisa para a língua japonesa, uma vez que, nosso cenário de investigação é um cenário bilíngue de contexto imigratório.

O questionário aplicado encontra-se na parte ‘anexos’ desse trabalho. Destacamos que, o referido instrumento contém perguntas objetivas, ou seja, que possuem opções para marcação, e questões subjetivas ou abertas onde o participante terá a liberdade de escrever o que deseja. A finalidade das perguntas abertas é justamente tentar perceber fatores relevantes para os propósitos de nosso estudo, entre eles em qual língua cada sujeito respondeu às perguntas, uma vez que, como dito anteriormente, o questionário é bilíngue (japonês/português), permitindo ao investigado respondê-lo na língua que deseja ou em ambas as línguas.

Também utilizamos em nossa tarefa investigatória na Associação Nikkei o diário de campo: um instrumento de pesquisa que auxilia no entendimento do objeto de investigação em suas variadas dimensões e relações. Para Araújo et al. (2013), o caderno de notas (diário de campo) possibilita ao pesquisador registrar “(...) as conversas informais, observações do comportamento durante as falas, manifestações dos interlocutores quanto aos vários pontos investigados e ainda suas impressões pessoais, que podem modificar-se com o decorrer do tempo” (p. 54). Além disso, esse instrumento possibilita ao pesquisador tomar notas sobre os insights durante a observação, responder às ideias prévias formuladas sobre o objeto de investigação e refletir sobre as bases empíricas levantadas (ARAÚJO et al. 2003, p. 60).

Nosso diário de campo foi realizado com o intuito de anotarmos informações interessantes e pertinentes ao nosso estudo. Pretendemos, através desse instrumento de investigação, acrescentar a nosso trabalho, referências relevantes, verificadas durante o processo de observação em campo. Se utilizássemos somente o questionário aplicado, estaríamos desperdiçando acontecimentos proveitosos para nosso estudo e que, notoriamente, mereceriam menção. Além disso, as anotações realizadas no diário de campo poderão servir de base para pesquisas futuras, uma vez que, não é possível

64 Salientamos que a versão do questionário sociolinguístico para a língua japonesa foi realizada por Marcionilo Euro Carlos Neto, com a revisão de Rin Kariyasu e Ikushi Hoshikawa: ambos estudantes japoneses da KUIS – Kanda University of International Studies, Japão, Chiba (神田外語大学).

investigar em um único trabalho os diversos objetos de estudo que irrompem numa pesquisa descritiva com trabalho de campo.