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3. AVALIAÇÃO SIGNIFICATIVA NO ENSINO SUPERIOR

3.2 Instrumentos e técnicas de avaliação I

A avaliação é um processo de coleta de dados sobre a aprendizagem e tem por objetivo analisar o progresso dos estudantes com vistas à tomada de decisões quanto ao que fazer para garantir que a aprendizagem seja cada vez mais efetiva. Para obter essas informações, podem ser utilizadas varias técnicas, dependendo dos objetivos e da natureza do componente curricular que esta sendo avaliado.

Os instrumentos de avaliação são os recursos utilizados para se obter as informações que subsidiam a avaliação. Nunca é demais insistir que os dados coletados pelos diversos instrumentos só se tornam realmente elementos para a avaliação quando são analisados criticamente pelo professor. Caso contrario, são apenas instrumentos para gerar nota.

As técnicas e os instrumentos mais comuns de avaliação no ensino superior estão descritos nos itens a seguir.

28 Observação

Essa é uma técnica muito útil para conhecer melhor os alunos, a dinâmica da turma, suas dificuldades e avanços. Por meio da observação direta dos alunos no cotidiano da sala de aula é possível detectar elementos importantes para direcionar a continuidade do trabalho na turma.

A observação tanto pode ser assistemática, sem planejamento nem critérios prévios, quanto sistemática, situação em que o professor define antecipadamente um ou outro aspecto a ser observado. Nesse segundo caso, de acordo com Sant’Anna (1995), a observação “é realizada com propósitos definidos e em condições controladas. Utilizam-se instrumentos para a obtenção dos dados ou fatos observados. A coleta de dados é obtida de forma intencional”.

A autora nos lembra, porém, que há a possibilidade de as pessoas deliberadamente agirem de forma diferente do que fariam no dia a dia ou, ainda, de, no momento da observação, não se evidenciarem as ocorrências previstas. Trata-se, portanto, de uma técnica que, embora tenha uma riqueza expressiva, precisa ser validada por outras formas de avaliação. Na observação sistemática, é prudente ter em mãos uma ficha na qual sejam anotados os dados.

Exemplificando com a intenção de perceber se os alunos dominam ou não o manuseio da calculadora cientifica, o professor propõe um exercício – que exija níveis crescentes de uso da calculadora – para que cada aluno resolva-o individualmente. Durante essa aula, o professor circula pela sala observando cada aluno e anota quais, quantos e em que medida dominam o uso desse recurso.

Acompanhamento de atividades

Enquanto os estudantes resolvem um determinado exercício, o docente circula pela sala verificando as dificuldades e ate mesmo retomando coletivamente as duvidas que percebeu em grande parte dos alunos. Também as atividades realizadas fora de sala de aula devem ser acompanhadas.

É possível fazer a correção simultânea em sala, no quadro de giz, e ir retomando os pontos nos quais houve dificuldades por grande parte dos alunos. Pode-se também corrigir os exercícios em casa e comentar logo a seguir em sala, de modo a permitir a solução a das duvidas e a continuidade do processo de aprendizagem. Fica claro nesse caso que a correção dos exercícios deve ser feita logo após a sua aplicação. Caso contrário, pouco valor terá como instrumento de avaliação. Será apenas uma estratégia para gerar nota.

29 Autoavaliação

Consiste na formulação de alguns critérios de avaliação para que o próprio estudante analise criticamente sua aprendizagem no decorrer de um período. Nas primeiras vezes em que forem convidados a se autoavaliarem, é possível que os estudantes apresentem algumas dificuldades e inibições ou que reproduzam o esteriotipo que entende avaliação como nota e procurem se avaliar de maneira excessivamente positiva para direcionar o olhar do professor rumo a uma nota alta. Mas, no decorrer do progresso, se o professor orientar claramente os alunos acerca do objetivo desse trabalho, estes vão desenvolvendo a autonomia e sendo cada vez mais críticos na autoavaliação. É interessante oferecer aos alunos listas de verificação e critérios para a autoavaliação, para que ela assuma um nível mínimo de objetividade.

Avaliação reciproca dos alunos

Em situações como apresentações em seminários, produção de cartazes, campanhas publicitarias, maquetes etc., além da avaliação do docente, pode-se instituir a avaliação reciproca entre os alunos.

Nesse caso, é importante realizar uma discussão previa sobre os objetivos dessa técnica para evitar que elementos das relações interpessoais interfiram na avaliação. É necessário também oferecer uma lista com os critérios de avaliação, de modo a direcionar o olhar dos estudantes sobre o que realmente é considerado essencial naquele trabalho e o que é acessório (desejável, mas não central).

Arguição

Ocorre quando um ou mais examinadores fazem questões ao estudante ou a um grupo, com ou sem roteiro prévio, como no caso da defesa de uma monografia. Tem por objetivo interrogar, avaliando o nível de conhecimento dos alunos sobre aspectos ou conceitos relevantes ao conteúdo em questão. É importante que o avaliador tenha domínio sobre o tema em questão e careza acerca do nível de aprofundamento possível ao aluno no momento da arguição. Dito de outra forma: devem ser diferentes o nível de questionamento e a expectativa em relação à resposta desejada, dependendo de o estudante ser de graduação ou pós-graduação, do acesso que teve ou não a determinados autores e/ou fontes de pesquisa, entre outros.

30 Sabatina

Situação na qual se faz apenas uma ou duas questões relativas a um ponto restrito do conteúdo. Deve ser repetida frequentemente à medida que o conteúdo avança, pois objetiva apontar, de modo restrito, o domínio de um ou outro tópico e, com isso, orientar professor e aluno rumo às aprendizagens que ainda são necessárias.

Exposição em classe

Trata-se da exposição de produtos ou processos desenvolvidos no decorrer de um período de aulas. Além de exporem o produto final, adequado as orientações recebidas no inicio do processo, os alunos devem saber explicar ao publico, e também ao docente, as bases teóricas e o processo de construção do produto apresentado naquele momento. É interessante que o docente tenha um roteiro de avaliação de modo a não se deixar levar por elementos interessantes, mas não essenciais ao desenvolvimento do trabalho. A apresentação oral em exposição desenvolve, além da síntese do conteúdo trabalhado no decorrer da atividade, as habilidades de uso da linguagem oral, a qual deve ser objetiva, clara e compreensível por outras pessoas que não participaram do processo. Essa modalidade pode vir a se caracterizar também como uma exposição maior, envolvendo mais turmas e/ou cursos de uma mesma instituição ou participando de eventos e congressos.

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