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3. AVALIAÇÃO SIGNIFICATIVA NO ENSINO SUPERIOR

3.3 Instrumentos e técnicas de avaliação II

Apresentação oral

Uma das atividades de cunho avaliativo, a apresentação oral objetiva avaliar o domínio do conteúdo pelo aluno ou pela equipe, além das habilidades e uso da língua portuguesa com clareza e coerência. É importante que o docente estabeleça critérios para a avaliação desse tipo de atividade, de modo a garantir certo nível de objetividade. Vejamos o exemplo: foi solicitado a alunos do 3° período do curso de Pedagogia, na disciplina intitulada Avaliação, que preparassem uma apresentação oral sobre diversas concepções de avaliação que se seguiram na historia da educação. No momento da explicação de como deveria transcorrer o trabalho (metodologia de ensino), a professora entregou uma ficha aos alunos e discutiu com eles que elementos seriam avaliados e com quais critérios. Já nesse momento ficaram claros, pela própria analise da ficha, quais saberes seriam esperados dos alunos em relação ao domínio do conhecimento. Do mesmo modo, ficou definida a regra de que cada

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grupo deveria utilizar um material de apoio e foram discutidos os critérios de adequação de um cartaz ou uma transparência: cor e tamanho de letra e distribuição do conteúdo de modo a tornar-se realmente um elemento auxiliar na sua compreensão pelos demais alunos.

Outros elementos discutidos com o grupo foram o tom e o ritmo da voz, a importância da utilização de um português mais próximo ao padrão, evitando-se o uso de chavões e de gírias. Também o uso adequado do tempo demonstrando objetividade na apresentação foi considerado. Finalmente, a ficha discutida com os alunos tem um espaço para observações, no qual a professora poderia registrar elementos considerados relevantes, mas não previstos. Nesse caso, a docente optou por usar conceitos regular (R), bom (B), muito bom (MB) e ótimo (OT), mas poderia também ter definido valores numéricos para avaliar cada aspecto.

Defesa de tese ou de projeto

Além da escrita, pode-se realizar a avaliação da apresentação oral de um projeto ou uma tese. Assim como no caso anterior, permite a percepção do domínio do conteúdo, da clareza e da objetividade e do uso da linguagem, mas é prudente estabelecer anteriormente os critérios que orientarão a avaliação. Geralmente, essa estratégia é associada à arguição.

Trabalhos em grupos

A avaliação de trabalhos em grupo exige alguns cuidados. Inicialmente, é preciso ter claro que, já no momento da explicação do trabalho para a turma, é estabelecida a possibilidade de uma avaliação criteriosa que realmente contribua para a aprendizagem. É necessário tomar alguns cuidados, tais como deixar clara a razão do trabalho, apresentar os objetivos que se pretende alcançar com sua execução, contextualizar o trabalho, estabelecer seus limites e sua extensão, produzir cronogramas, explicar, desde o início, quais serão os critérios de avaliação, entre outros.

É importante que se exija o desenvolvimento de uma problematização e não apenas a pesquisa de um tema na biblioteca. Tal cuidado é cada vez mais necessário, pois, atualmente, dada a facilidade de acesso dos alunos aos mais diversos meios e fontes de consulta, um trabalho que exija mera descrição de um tema facilmente pode ser copiado na integra de um site ou livro.

O estabelecimento de critérios de avaliação negociados com a turma já no momento da solicitação do trabalho também é muito importante. Vale ressaltar que a discussão acerca

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dos critérios de avaliação é de extrema importância para o sucesso desse tipo de trabalho.

Além disso, o fato de ele se desdobrar em dois produtos finais – o texto escrito e a apresentação – favorece o desenvolvimento de habilidades diferentes, necessárias a todos os profissionais na atualidade: a habilidade escrita e de argumentação.

Produção de textos

Trata-se da avaliação de resumos, fichamentos, resenhas, relatórios ou de todos textos nos quais o estudante precise expressar uma construção própria sobre um tema ou uma problematização, como ocorre na produção de um artigo.

Em todos os casos, é importante verificar a adequação de texto à proposta. Dito de outra forma, se o solicitado foi uma resenha, o texto precisa ter a estrutura de uma resenha, e não de um resumo. Mas, não basta supor que os alunos conheçam cada um desses modelos. É importante retomar as características e a estrutura dos textos com os alunos no momento de sua solicitação: qual a estrutura deles, quais características deve ter, a adequação às normas técnicas, as referencias básicas que devem orientar a produção etc.

Na correção, além de levar em conta a estrutura do tipo de texto solicitado e a adequação no uso da língua portuguesa, é essencial observar cuidadosamente o conteúdo.

Entre os elementos a serem considerados, estão: o uso adequado das ideias dos autores, a adequação da bibliografia escolhida ao que foi indicado em classe (no caso de produção própria do estudante), o nível de conhecimento do grupo, entre outros.

Embora seja obvio, vale ressaltar a importância do cuidado com o plagio, que além de ilegal, em nada contribui para a aprendizagem. É muito comum os alunos terem dificuldades ao realizar paráfrases, efetuando-as sem dar créditos ao autor, pois em razão de não estarem utilizando o texto literalmente, não consideram necessário apontar o autor consultado. Por isso devem ser alertados e ensinados a utilizar a paráfrase corretamente.

Portfólio

O portfolio vem sendo utilizado com mais frequência no ensino fundamental, mas Santos (2005) sugere seu uso também no ensino superior. Trata-se do registro da trajetória de aprendizagem do aluno, realizado e constituído por ele mesmo. É um espaço organizado intencionalmente de modo a registrar os passos da aprendizagem de um aluno (ou de um grupo) percorridos ao longo de um período ou ano. Pode assumir a estrutura de pasta-arquivo ou caderno, no qual se faz o registro de imagens, exercícios, dúvidas, textos, etapas da

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construção de um projeto, relatos de experiências realizadas em laboratórios etc. Quando pretende avaliar o portfolio, o professor deve orientar os estudantes desde o inicio do período do período letivo acerca da importância do registro diário (ou semanal) das atividades. Deve também propiciar momentos em classe para que tal registro possa acontecer ao final de um processo de criação, realização de experiências, construção de maquetes etc.

O objetivo principal do portfolio é demonstrar o processo e, por isso mesmo, não elimina a necessidade de propor aos alunos momentos em que são chamados a fazer sínteses de suas aprendizagens. Por outro lado, para que posso realmente cumprir a função de orientar a aprendizagem dos alunos e o trabalho do professor – mostrando-lhe o que ainda precisa ser retomado -, precisa ser verificado periodicamente.

É importante frisar que o portfolio não é um álbum das realizações do aluno, pois, nesse caso, a preocupação seria muito mais com o resultado do que com o processo. Além disso, como em todos os outros instrumentos de avaliação, a definição e a discussão com a turma sobre os critérios que serão utilizados são essenciais.

Trabalhos de pesquisa

No ensino superior, os trabalhos de pesquisa devem assumir a característica de busca autônoma do conhecimento. Por isso, não podem, de modo algum, configurar-se como mera

“pesquisa sobre...”. Cabe ao docente encaminhar as pesquisas por meio da problematização, como fundamento para a analise de um caso, como referencia para analise do pensamento de um autor etc.

Os trabalhos de pesquisa geralmente assuma a figura de um trabalho escrito, ou seja, um texto, e sua avaliação deve seguir os elementos sugeridos para correção de textos. Nunca é demais repetir a importância da orientação clara já no inicio do processo, a delimitação dos critérios de avaliação e os cuidados com o plagio.

Aplicação de provas

Consiste em um momento no qual o estudante deve “provar” que adquiriu o conhecimento trabalhado num período de tempo. Por se tratar de uma situação pontual, é importante que seja relativizada e compreendida como elemento de reflexão para professor e aluno. Após a correção , a prova deve ser comentada com os alunos, pois só assim se transformará em elemento de aprendizagem.

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Para ser um instrumento de avaliação que contribua para aperfeiçoar a aprendizagem, a prova precisa ser elaborada contendo questões operatórias e não apenas transcritórias. Para Moretto (2002), questões operatórias são

As que exigem do aluno operações mentais mais ou menos complexas ao responder, estabelecendo relações significativas num universo simbólico de informações. Por outro lado, as questões transcritórias são aquelas cuja resposta depende de uma única transcrição de informações, muitas vezes aprendida de cor (quando não transcritas de uma “colinha”) e normalmente sem muito significado para o aluno em seu contexto do dia a dia.

A pura transcrição de fatos e datas memorizados de maneira mecânica, sem contextualização, sem correlação entre si e com outros conteúdos não terá espaço nesse tipo de prova. Vale ressaltar que a memorização tem seu papel na aquisição do conhecimento, mas não é suficiente para uma aprendizagem significativa, que ofereça ao estudante condições de responder de maneira adequada e criativa às necessidades do mundo atual.

Por isso, as questões devem ser estruturadas sempre de modo a explorar habilidades, tais como leitura compreensiva, analise síntese, comparação, aplicação, generalização, entre outras. Para expor seus conhecimentos e, ao mesmo tempo, essas habilidades descritas, o estudante precisa usar a escrita e, por isso mesmo, esta deve ser valorizada.

A escolha dos conteúdos que comporão a prova também deve ser feita de maneira criteriosa. É necessário incluir aqueles que são realmente relevantes, significativos. Para isso, é interessante que o professor se questione por que e para que está incluindo determinado aspecto do conteúdo na prova. É prudente evitar temas polêmicos, que sejam considerados controversos ou abordados de maneira diversa por diferentes teorias, exceto que essa diversidade seja claramente explicitada nos enunciados. Estes precisam ser objetivos, esclarecedores, bem estruturados, de modo que permitam apenas uma resposta correta.

Sempre que possível, devem ser contextualizados, o que contribui para o entendimento da questão.

35 4. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

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