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Instrumentos utilizados na recolha de dados

CAPÍTULO II – METODOLOGIA

3. Instrumentos utilizados na recolha de dados

Esta investigação tentou alcançar, mediante a análise das opiniões de duas Professo- ras, em exercício de funções, com opiniões divergentes face à Matemática e à forma como ela é trabalhada no 1º Ciclo do Ensino Básico e a dois supervisandos, de formação inicial que frequentam o último ano do curso de Formação em Ensino Básico 1º Ciclo, as concepções que estes têm acerca do processo de ensino / aprendizagem da Matemáti- ca e do clima relacional em que este processo decorre. Aos últimos fez-se também uma abordagem acerca do contexto de Supervisão que experimentaram durante a formação.

Ao serem consideradas como conversas com objectivos (Burguess, 1997), as entre- vistas permitem recolher informação sobre acontecimentos e mesmo aspectos subjecti- vos do pensamento para além de facultarem a interpretação de determinados comporta- mentos, constituindo-se, assim, como uma fonte de significação.

Em investigação qualitativa, o inquérito por entrevista é uma das estratégias mais utilizadas para a recolha de informações e uma alternativa para obter informação sobre atitudes e opiniões, possibilitando a obtenção de uma informação mais rica. Assim sen- do, considera-se ser este o instrumento mais adequado, o qual será aplicado aos dois grupos de intervenientes.

As entrevistas são fonte de informação acerca de aspectos não observáveis. Assu- mem grande importância e interesse, na medida em que permitem obter um grande número de informações, num curto intervalo de tempo, permitindo a sua recolha e cons- tituindo uma importante base para trabalhos de investigação. Mais que a recolha de informações “os métodos de entrevista caracterizam-se por um contacto directo entre o investigador e os seus interlocutores e por uma fraca directividade por parte daquele” (Quivy e Campenhoudt, 1992:192).

A entrevista, sendo uma forma de comunicação verbal entre o entrevistador e o entrevistado, numa relação directa e pessoal, permite que o entrevistador obtenha a informação sobre o tema através da recolha da opinião do entrevistado, que favoreça a caracterização do processo em estudo e o conhecimento dos intervenientes sobre alguns aspectos considerados pertinentes.

Desta forma, o entrevistador recolhe informações descritivas na linguagem do pró- prio sujeito e constrói uma ideia pessoal sobre a forma como o mesmo interpreta as questões que lhe são colocadas.

Alguns autores chamam a atenção para vários cuidados a ter durante a preparação e a realização de qualquer entrevista. Esses cuidados prendem-se com o respeito que todos os entrevistados devem merecer do entrevistador, nomeadamente a nível dos seus valores, quadros de referência e opiniões, devendo este, por isso, não distorcer assuntos e saber ouvir com atenção. É importante que o entrevistador tenha em conta que os res- pondentes podem ter opiniões que entrem em conflito com as suas, pelo que é funda- mental que este tenha presente que “o seu papel, enquanto investigador, não consiste em modificar pontos de vista, mas antes em compreender os pontos de vista dos sujeitos e as razões que os levam a assumi-los” (Bogdan e Biklen, 1994:138).

Perante a existência de três tipos de entrevista: directiva ou estruturada, semi- directiva ou semi-estruturada e não directiva ou não estruturada e atendendo às caracte- rísticas de cada um deles, a nossa opção recai sobre a entrevista semi-directiva por ser a que melhor se adequa ao estudo em causa. Neste tipo de entrevista, que implica a elabo- ração de um guião, a abordagem dos temas, embora obedeça ao guião, é na sua aborda- gem, livre. Desta forma conseguem obter-se dados comparáveis entre os sujeitos, uma vez que, se alguns dos temas do guião não forem abordados, o entrevistador pode pro- pô-los.

A recolha dos dados reveste-se, por isso, de alguns cuidados fundamentais. Com base nesses pressupostos construímos o guião de entrevista (Anexo 1) que se vai utili- zando à medida que a conversa decorre.

O guião foi idealizado com base nos objectivos da pesquisa, objectivos esses distri- buídos por blocos, de acordo com as dimensões do estudo delineadas no mapa concep- tual e no modelo de análise propostos. Foi utilizado com uma certa flexibilidade, con- forme o decorrer da conversa com o entrevistado, permitindo, por um lado, o aprofun- damento das questões levantadas e, por outro, dando liberdade aos entrevistados para responderem de uma forma livre e nos seus próprios termos e perspectivas.

Os entrevistados foram contactados previamente, pois “a entrevista é sempre pedida pelo investigador, e não pelo interlocutor” (Quivy e Campenhoudt, 1992:74) e durante as entrevistas, houve o cuidado de as não dirigir, não as restringir e não prescindir de qualquer referência por parte das entrevistadas.

As entrevistas foram gravadas e posteriormente elaborados os respectivos protoco- los a partir dos quais se procedeu à análise de conteúdo, procurando-se fazer um levan- tamento por blocos, de acordo com os objectivos do guião anteriormente elaborado. De acordo com a grelha de categorização (Grelha 1), procedeu-se à análise de conteúdo. Esta análise foi efectuada através do levantamento exaustivo dos dados, de acordo com as categorias, subcategorias e dimensões da grelha supracitada. De seguida procedeu-se à análise e interpretação dos dados das entrevistas e a uma análise comparativa de acor- do com a grelha de análise de conteúdo (Quadro XV e XVI).

Todas as informações recolhidas foram analisadas fielmente, tendo sido respeitado tudo o que foi transmitido, transcrito e registado, numa tentativa de entendimento e compreensão das várias perspectivas, o mais adequadamente possível.

Os participantes prontificaram-se a colaborar no estudo e as entrevistas realizaram- se de acordo com as disponibilidades de tempo, horário e escolha do local preferencial de cada um, proporcionando-se, assim, um clima de compreensão e abertura.

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