• Nenhum resultado encontrado

Integração: a fronteira com a Bolívia e o centro oeste sul-

O capítulo 4 visa abordar de forma mais detalhada as questões ligadas à fronteira de MT com a Bolívia e também as ideias e ações relacionadas ao Centro Oeste Sul-americano. A opção por se abordar ambos os assuntos em capítulo específico, deve-se ao fato de que eles são mencionados, constantemente, ao longo do período estudado, como sendo o foco mais comum das ações internacionais de MT.

A fronteira é uma imposição geográfica e, por isso, considerada um espaço que obriga os governantes de MT a considerá-la em seus planos de governo. A questão territorial é um item de grande importância para aqueles que estudam as relações internacionais. Podemos destacar que Aron (2002) tem um capítulo dedicado ao “O Espaço” em seu clássico Paz e Guerra entre as Nações, em que fala da importância de se considerar as questões territorial e geográfica. Outro autor é Morgenthau (2003), que em seu A política entre as Nações: a luta pelo poder e pela

paz; destaca a “Geografia” com sendo um dos Elementos do Poder Nacional.

Assim, entendemos que a fronteira, no período estudado, sempre foi levada em consideração pelos atores políticos quando pensaram planos de desenvolvimento para a região, envolvendo cidades que se encontram na Bolívia e no Brasil.

A região em si, bem como as cidades que ali estão localizadas, trazem certas particularidades que as distinguem das demais regiões, pois sempre englobam questões local e global que se confrontam de maneira mais acirrada:

Nas relações cotidianas em regiões de fronteiras, exacerbam-se preconceitos, rivalidades, concorrências desleais, ilicitudes em diversos níveis, ao mesmo tempo que também ocorrem positividades e relações

agradáveis – geralmente silenciosas – de convivência e harmonia. As

cidades fronteiriças se distinguem entre si não só pelo diferente tamanho como também pelas funcionalidades exercidas, mas em todas, a despeito da atração realçada pelas possibilidades que oferecem, verificam-se carências sociais, exclusão e deterioração ambiental.

Assim como se observa em outros lugares, a região fronteiriça sustenta a atuação de duas lógicas, uma global e outra local, que se confrontam no processo de complementaridade. Entretanto, nesta região o confronto é mais acirrado. A constante presença do outro, com cultura, leis e

comportamentos próprios – e, por suposto, diferentes - impõe uma forma de conviver com atitudes particulares (CARDOSO, 2011).

Sobre a ideia da integração do Centro Oeste Sul-americano, veremos que é um sonho que vem sendo cultivado, em Mato Grosso, há algumas décadas por um grupo de pessoas que vislumbram proporcionar desenvolvimento econômico, social e cultural a uma região com grandes potenciais, mas, esquecida pela iniciativa privada e governos centrais de seus países. Ela muitas vezes aparece, dentro de uma perspectiva mais ampla, de integração Sul-americana, como veremos em alguns artigos. Mas o fato é que ela em si constitui-se em uma região específica, quase sempre abordada de forma particular.

O Centro Oeste Sul-americano é composto, segundo definição dada por Serafim Carvalho Melo118, por uma região na América do Sul que envolve os

seguintes países: Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai e Peru.

Segundo Melo (2005), na Argentina, fazem parte as províncias de Catamarca, Jujuy, San Tiago Del Estero, Salta e Tucuman (p. 39); na Bolívia, estão presentes os departamentos de Chuquisaca, La Paz, Cochabamba, Oruro, Potosi, Tarija, Santa Cruz, Beni e Pando (p. 50); no Brasil, incluem-se os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Acre (p. 67); no Chile, estão presentes províncias de Arica, Iquique, que estão na Primeira Região Tarapacá, e as províncias de Antofagasta, de Tocopilla e de El Loa, da Segunda Região Antofagasta (p. 90); no Paraguai (todo o país) (p. 99); e no Peru os departamentos de Arequipa, Moquegua, Tacna, Puno, Cusco e Madre de Dios (p. 102). Conforme sua definição:

A região de interesse desta pesquisa se insere, aproximadamente, em um círculo com centro em Santa Cruz de La Sierra, com 1;300 Km de raio formado pelo Paraguai, norte da Argentina, norte do Chile, sul do Peru, pelo centro oeste e noroeste do Brasil, circunscrevendo uma área superior a 5.000.000 Km2 e uma população estimada de 40.000.000 de habitantes (MELO, 2005, p. 17).

A ideia da integração desta região frequentemente aparece nos planos de governo, como pudemos ver no capítulo 2 desta tese. Melo foi um dos que mais estudou e escreveu defendendo a viabilidade da integração do Centro Oeste; e o

118 Professor do departamento de Geologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); atual coordenador

do Conselho de Integração Internacional da Federação das Indústrias de Mato Grosso (FIEMT); assessor (em 2005) para assuntos internacionais da Secretaria de Estado de Indústria, Comércio, Minas e Energia.

fato de até hoje ela não ter ocorrido, é, a nosso ver, mais uma prova de que se faz necessário o aparelhamento do estado federado para se pensar as ações internacionais, entre outras ações.

Mello, já em 1993, defendia a integração regional e palestrava sobre o assunto. Então presidente da Comissão de Integração Internacional da Federação das Indústrias do Estado de MT (FIEMT) abordava e apontava as grandes possibilidades que poderiam ser abertas com a maior intensificação das relações entre MT e os países sul-americanos.

Em sua biblioteca particular, encontramos textos e documentos119 relatando

algumas viagens aos países vizinhos durante o ano de 1993. Um deles, denominado “Pela Integração Sul-americana”, datado de 28 de janeiro de 1993, Mello endereça

ao presidente da FIEMT uma solicitação de apoio para a “Viagem pela Integração

Sul-americana”. Para tanto, fez a seguinte justificativa:

A situação geográfica de Mato Grosso como Centro Geodésico da América do Sul, não fosse o extraordinário potencial em recursos renováveis ou não de que é detentor, serviria apenas para meras e inócuas referências de eloquentes discursos. Entretanto, depois de séculos no maior isolamento do resto do país, esta condição está a oferecer atualmente as melhores perspectivas de desenvolvimento do Estado e de toda região Centro-Oeste. A consolidação do MERCOSUL, bem como, em médio prazo, as inúmeras alternativas de escoamento de sua produção agrícola e /ou industrial seja por via rodoviária ou fluvial e num futuro não muito distante por via ferroviária até os Portos do Atlântico e rodoviário até o Pacífico, lhe dá uma ótima condição de competitividade. Sobre esta última alternativa é que se pretende desenvolver um trabalho “PELA INTEGRAÇÃO SUL- AMERICANA”, o que consistiria na realização de uma viagem via terrestre de Cuiabá a Ilo no Peru, passando por Cáceres – San Inácio – Santa Cruz –

Cochabamba – La Paz e Ilo, objetivando motivar as forças vivas destas

comunidades por esta integração tão almejada pelos sul-americanos, mas que ao longo dos anos, muito que se fez em nome desta união, o foi por outros não sul-americanos e o que está ou foi encontrado feito, serviu muito mais para separar do que para unir.

Mato Grosso, assiste agora um momento decisivo de sua história econômica, com a perspectiva de implantação do MERCOSUL, a reativação da hidrovia Paraguai-Paraná, a chegada dos trilhos da estrada de ferro Leste-Oeste, e a perspectiva da saída para o Pacífico, a qual se pretende conhecer “in loco” com a realização da viagem “PELA INTEGRAÇÃO SUL- AMERICANA”.

A referida viagem aconteceu e, segundo o jornalista Onofre Ribeiro (1994)

em seu artigo intitulado “Redescoberta da América espanhola”, quebrou alguns

119 Os textos e documentos aqui mencionados não foram publicados e fazem parte do acervo particular de Melo.

tabus: “por exemplo, não se sabia antes da viagem, da possibilidade de travessia terrestre do Andes partindo de Santa Cruz de La Sierra”.

Ribeiro (1994) ainda constata a inércia dos políticos quando o assunto era a questão da integração:

O que a caravana pretendeu foi reunir lideranças empresariais, políticas, imprensa e setores do governo estadual de Mato Grosso para uma visão técnica, política e comercial que representará a ligação sul-americana. Sobre ela muito se tem falado e pouco se tem feito. No governo Carlos Bezerra o assunto foi levantado com muita ênfase, mas não se concluiu. A questão vinha sendo tratada antes pelo atual senador José Marcio de Lacerda e pelo seu irmão José Lacerda, ex-deputado estadual. Depois disso a integração sul-americana não saiu do campo teórico. Esperava-se que a representatividade dessa caravana produzisse a quebra do sono secular que isolou a fronteira Oeste do Brasil de seus vizinhos. Só a título de esclarecimento, as relações históricas do Brasil com a Espanha no Oeste nunca foram boas. E continuam hoje marcadas pelo isolamento (RIBEIRO, 1994).

A passagem acima demonstra, mais uma vez, a inexistência de um corpo técnico qualificado para tratar das ações internacionais. Essa ausência marcou e marca até os dias de hoje as questões ligadas à integração regional. Essa questão se agrava se considerarmos também a falta de prioridade, por parte dos agentes políticos, nas questões internacionais. Para comprovarmos essa ideia, façamos uma comparação, dando um salto de dezesseis anos. A entrevista120 a seguir, com o

título “Inserir MT na América do Sul”, Melo faz uma avaliação, 16 anos após a viagem narrada acima, sobre a integração regional.

"Estamos situados no coração da América do Sul e temos poucos negócios com os países do Continente. Precisamos fomentar a integração intrarregional e incrementar o intercâmbio comercial, cultural e tecnológico com os nossos vizinhos". A afirmação é do coordenador de Integração Internacional da Federação das Indústrias do Estado (Fiemt), Serafim Carvalho de Mello, que aproveitou a visita da comitiva de embaixadores europeus para apresentar o projeto "Inserção de Mato Grosso na América do Sul".

"Deixamos de ser fronteira agrícola para nos transformarmos em fronteira tecnológica", afirmou Serafim Carvalho, apontando a distância de Mato Grosso com o mercado europeu e a proximidade com os países do continente. "A nossa ação será no sentido de aproximar os países por meio da implantação de infraestrutura de energia, comunicação e transportes, com a participação da Corporação Andina de Fomento (CAF)", explicou Serafim.

120

Inserir MT na América do Sul. Entrevista com Serafim Carvalho de Mello. Jornal Diário de Cuiabá em

Ele disse que já existe um processo em andamento e só é preciso implementar as ações para que o comércio seja intensificado. Segundo ele, a Fiemt vê com clareza as oportunidades que estão surgindo para as empresas mato-grossenses. "Para podermos alcançar um desenvolvimento mais acelerado, precisamos consolidar o nosso comércio regional".

Ele entende que os interesses dos países são comuns e é preciso apenas "estreitar o relacionamento para tornarmos este intercâmbio mais forte na região".

A Bolívia é terceiro parceiro comercial de Mato Grosso na América do Sul, com US$ 21,80 milhões, ficando atrás apenas da Colômbia (US$ 62,88 milhões) e Peru (US$ 25,93 milhões). Outros países têm participação mais tímida, como Argentina (US$ 21,61 milhões), Chile (US$ 15,70 milhões), Uruguai (US$ 5,01 milhões), Paraguai (US$ 4,10 milhões) e, Equador, US$ 2,50 milhões121.

Mais uma vez, vemos a defesa intransigente da integração sul-americana por Melo. E novamente, as mesmas dificuldades aparecem, principalmente as relacionadas à falta de infraestrutura. Além da não prioridade do assunto na agenda política, percebemos também a ausência de uma implementação mais efetiva, por mínima que seja, de políticas públicas para promover a região, apesar delas, muitas vezes, estarem previstas nos planos de governo.

Percebe-se claramente, também, a defesa de uma aproximação com os vizinhos sul-americanos em detrimento de uma maior efetivação de políticas comerciais que visem à Europa. Para ele, o fortalecimento dessas relações, sejam elas comerciais, culturais ou políticas, são essenciais objetivando o fortalecimento da região para, só posteriormente, buscar novos mercados. A ideia defendida é: se temos a possibilidade real de uma implementação comercial regional, devemos necessariamente efetivá-la.

Como vimos, a infraestrutura é uma preocupação permanente na fala de Melo. Esta aparece mais uma vez na continuação da entrevista dada ao jornal Diário de Cuiabá:

O coordenador de Integração Internacional da Federação das Indústrias do Estado (Fiemt), Serafim Carvalho de Mello, informou ainda que o processo de integração sul-americana poderá ser acelerado a partir da pavimentação de um trecho de 450 quilômetros entre San Mathias e Concepción, na Bolívia, e daí a Santa Cruz de La Sierra, com opções de saída para o Norte do Chile (Atica e Iquique) ou Sul do Peru (Ilo ou Matarani).

121

Inserir MT na América do Sul. Entrevista com Serafim Carvalho de Mello. Jornal Diário de Cuiabá em

Outro projeto que poderá fomentar o intercâmbio na região é a construção de uma aduana comum entre Brasil e Bolívia, na fronteira entre os dois países. Com a construção da aduana, as operações seriam sequenciais e simultâneas, facilitando as relações comerciais de Mato Grosso com o país vizinho.

Na opinião de Serafim Mello, a consolidação do processo de integração sul- americana passa pela aproximação dos países. "Isso tem se constatado em todas as viagens que realizamos até agora pela América do Sul. Não há como fazermos a integração sem a interligação e a consolidação das trocas comerciais de produtos regionais", lembra Serafim Carvalho Mello.

Ele vê a necessidade de maior aproximação entre o Brasil e os governos regionais dos Departamentos de Santa Cruz de la Sierra, Cochabamba, La Paz e Oruro, na Bolívia, os governos de Puno, Arequipa, Moquegua e Táca (sul do Peru) e Arica e Iquique, no norte do Chile.

"Precisamos promover o comércio intrarregional. A saída para o Pacífico é uma consequência natural da consolidação deste intercâmbio", lembra Serafim, autor de vários trabalhos sobre a integração sul-americana, entre

eles o livro "Mato Grosso no Centro-Oeste sul-americano"122.

Sobre a viagem feita em 1993 mencionada acima e denominada de “Viagem pela Integração Sul-americana”, Melo lembra que ela foi composta por empresários, professores universitários, rotarianos, políticos e imprensa tendo como objetivo conhecer as potencialidades no comércio, turismo e também intensificar as relações humanas entre as populações.

Em entrevista123 Melo, ao ser questionado sobre a viabilidade econômica da

região, não titubeia e diz que “o Centro Oeste Sul-americano é muito rico e que a

sua exploração econômica só não aconteceu ainda por falta de visão e decisão

política dos governantes, que só agora estão descobrindo isto”. Para ele, outro ponto

importante é o fato de que “o Brasil sempre deu as costas para os seus vizinhos e

eles, por sua vez, também para nós”.

A falta de continuidade e até mesmo de mais políticas que visem ao cenário internacional da fronteira é apontada por Melo. Ao ser questionado sobre quais as ações dos governos estadual e federal, nos últimos anos, bem como da classe empresarial em busca da integração da região, é taxativo:

Realmente, muito pouco se avançou. Repito o que disse antes. Falta de visão política dos governantes. Nenhum Governo de Mato Grosso, antes, havia parado para pensar que Mato Grosso é ponto intermediário entre

122

Inserir MT na América do Sul. Entrevista com Serafim Carvalho de Mello. Jornal Diário de Cuiabá em

27/03/2009.

123 Além de entrevista cedida no dia 25/03/2008, Melo respondeu questões enviadas por este pesquisador, via

duas costas marítimas. Que faz fronteira com outro País. Parece que isto nada significa. Cada quatro anos renasce na gente uma expectativa. Veja, agora veio o Morales. O que fazer, senão esperar ele sair e torcer pelo seu substituto ser um homem de visão de estadista. O Governador Blairo fez o Estradeiro Internacional IV. Ótimo. Depois veio o Morales. Paramos. É

assim que se escreve a história124.

Mesmo apontando dificuldades para a efetivação da integração, Melo, talvez por uma questão de proximidade e de estratégia econômica, defende a aproximação de MT com o Departamento de Santa Cruz e não com o governo central boliviano. Isso porque, há grande dificuldade de relacionamento entre o referido departamento e o governo de Evo Morales. O Departamento de Santa Cruz tem como capital a cidade de Santa Cruz de La Sierra que, segundo Amaral e Melo (2008), é uma cidade com mais de um milhão de habitantes, com economia bastante diversificada contendo um parque industrial de pequenas e grandes empresas. Detentora de forte setor comercial e com uma produção agrícola em expansão. “É o centro articulador

do oriente boliviano e líder do empreendedorismo nacional” (p. 206).

Entendemos que o distanciamento em relação ao governo central da Bolívia deu-se principalmente por questões ideológicas defendidas pelo Presidente Morales, essas atingiram as relações com MT no governo Maggi, principalmente envolvendo a negociação do gás boliviano. Cremos ser esta questão um dos fatores que dificultaram o bom andamento dos projetos de integração na região.

Do lado de cá da fronteira, Melo fala da dificuldade de realizar ações que dizem respeito especificamente ao governo central, como por exemplo, a construção de uma aduana na fronteira entre Brasil e Bolívia, na região de Mato Grosso e Santa Cruz, e de rodovias.

Podemos dizer que mesmo diante de tantos desafios e interrupções, Melo (2005) é um otimista e acredita ainda hoje na possibilidade de integração da região:

Nos dias de hoje, quando a tecnologia de comunicação disponível possibilita às pessoas se comunicarem em tempo real de qualquer parte do mundo, através de som e imagem; quando as relações entre as distâncias físicas versus os custos de transporte de produtos dão lugar às distâncias econômicas. Mato Grosso poderá se constituir no grande entroncamento sul-americano, pela sua posição geográfica estratégica, como ponto intermediário entre as duas costas marítimas do Atlântico e do pacífico e ponto de conexão norte sul (MELO, 2005, p. 21).

124

Inserir MT na América do Sul. Entrevista com Serafim Carvalho de Mello. Jornal Diário de Cuiabá em 27/03/2009.

E vai além, afirmando que o Centro Oeste Sul-americano mesmo não sendo organizado política ou administrativamente, vem, nos dias de hoje, deixando de ser “uma área periférica para se constituir em centro estratégico e logístico no processo

de Integração Sul-americana” (MELO, 2005, p. 29).

No mesmo artigo mencionado acima, Amaral e Melo (2008) são enfáticos ao dizer que “a integração regional não é um modismo é uma necessidade". Para eles o processo de integração deve ser feito em várias dimensões, econômica, social, cultural e política; E buscar:

Incremento do comércio regional como apoio ao comércio inter-regional; Produção e consolidação de negócios em escala regional, mediante fusões e associações estratégicas de empresas;

Coordenação e convergência econômica;

Criação de instituições voltadas para a construção de uma política de desenvolvimento regional com destaque para a infraestrutura de transportes e uma logística sul-americana de articulação no continente [...] (AMARAL; MELO, p. 215).

Como estratégia para buscar a integração entre Mato Grosso e Bolívia, os

autores apontam para a necessidade de se implementar um “Programa de

Desenvolvimento Regional Sustentado no Eixo Cuiabá – Santa Cruz de La Sierra,

através de uma maior aproximação dos respectivos governos regionais”, por meio de convênios envolvendo os setores produtivos, universidades e outros atores regionais (AMARAL; MELO, 2008, p. 261).

Melo também foi um dos articulistas do governo Dante quando o assunto era integração e teve grande influência em suas ações. Como dito por Albano, no capítulo 4, Dante por convicção profissional, sempre foi afeto às questões ligadas ao transporte. Por essa razão e influenciado por seu vice-governador Marcio Lacerda e pelo professor Serafim Carvalho, constatou a viabilidade econômica de se buscar a saída para o pacífico com o objetivo maior de alcançar outros mercados consumidores.

Diante desta constatação e certo da obrigatoriedade de se passar pela Bolívia, em qualquer trajeto que se desenhasse, Dante tentou estabelecer relações mais estreitas buscando relações comerciais para importar o gás. Assim se viabilizou a construção do gasoduto até Cuiabá. Momento em que MT resolveu a

questão de deficiência energética e passou a vender o excedente para outras unidades da federação.

Albano lembrou ainda que o governador Dante chegou a visitar a Bolívia juntamente com o então presidente Fernando Henrique Cardoso para celebrar a intenção de se construir uma ferrovia que chegaria ao Chile. Ideia apoiada pelo então presidente chileno Ricardo Lagos, mas obviamente essa situação não se concretizou. Mencionou também a preocupação do então governador com o forte

Documentos relacionados