Conclusão: Capitalização das Soluções Encontradas
4. INTEGRAÇÃO DA ECO-INOVAÇÃO NA GESTÃO EMPRESARIAL
4.1. FASES DE
IMPLEMENTAÇÃO DA
ECO-INOVAÇÃO
Ao longo dos capítulos precedentes, foram apresentadas formas de conduzir um processo de eco-inovação, desde a identificação de oportunidades de eco-inovação até ao lançamento do produto no mercado e a consequente capitalização da experiência adquirida.
A questão que se coloca neste capítulo não é como implementar o processo ao nível do projeto, mas antes ao nível da empresa. O que importa aqui são os elementos mais ligados à gestão da empresa.
Após se propor um quadro geral de divulgação de uma política de eco-inovação na empresa e da análise das alterações que tal política acarreta, a empresa tem que focar-se em alguns pontos essenciais como quais as competências necessárias, que tipo de organização, que tipo de processo, cronologia das operações, etc.
De um modo geral, pode falar-se em três fases distintas de implementação da eco-inovação, ao nível da gestão da empresa, a saber: INÍCIO - ACELERAÇÃO - MATURIDADE.
A figura seguinte ilustra as diferentes fases identificadas.
Objetivo Conceber uma visão clara econvincente Implementar a visão Antecipar
Ações
Cultivar a sensibilidade das equipas de desenvolvimento sustentável
Construir a argumentação
Integrar o desenvolvimento sustentável nas atividades Transferir a responsabilidade ao nível operacional Integrar o desenvolvimento sustentável na reflexão estratégica Identificar as oportunidades de criação de valor a médio/longo prazo Benefícios Redução de custos/riscos Vantagem concorrencial Capital imaterial
Fonte: ADEME
Figura 36 – Fases de implementação da Eco-inovação na gestão da empresa
De seguida, descrevem-se cada uma destas fases.
C o m p e t ê n c i a d e d e s e n v o l v i m e n t o s u s t e n t á v e l d a e m p r e s a
FASE 1
INÍCIO
TempoFASE 2
ACELERAÇÃO
FASE 3
MATURIDADE
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Guia para a Eco-inovação em PMEFase 1: Início
A primeira questão que se levanta é como iniciar a implementação da eco-inovação ao nível da gestão da empresa.
A resposta mais imediata a esta questão é recorrer a exemplos para convencer todos do mérito do projeto. A empresa pode lançar um ou mais projetos-piloto, de forma a testar o método, ajustá-lo às suas necessidades, identificar ferramentas pertinentes, desenvolver práticas, etc. Fundamentalmente, a empresa estará a criar um caso de sucesso que servirá para convencer a organização internamente.
Uma outra resposta simples vai no sentido de a empresa colher os "low hanging fruits", ou seja, implementar medidas de baixo custo que reduzem impactes ambientais e custos. Preferencialmente, a empresa deve, nesta fase inicial, optar por selecionar projetos que ofereçam ganhos ao nível do ambiente, dos custos e do valor para o cliente.
Seguidamente, a empresa deve iniciar a implementação do seu projeto de eco-inovação de forma progressiva. Deve procurar fazê-lo da forma mais inclusiva possível, chamando a si os responsáveis de todos os departamentos da empresa, procurando que estes se questionem, no lançamento de qualquer projeto, sobre as vantagens de o fazer de uma perspetiva eco-inovadora.
Fase 2: Aceleração
Antes de mais, é preciso perceber que o ato de integrar a dimensão ambiental na conceção de produtos e serviços constitui uma mudança radical que, como qualquer processo de mudança, deve ser acompanhada. Entre outros aspetos, deve ter-se em consideração que:
A mudança envolve, em maior ou menor dimensão, todas as funções da empresa, pois toca no centro de toda a atividade da empresa, ou seja, na sua oferta;
As competências, estrutura organizacional, processos e estratégia devem evoluir para acompanhar a mudança;
A transição pode começar de forma local e estender-se progressivamente ao resto da empresa, a um ritmo adequado.
Trata-se de uma mudança significativa mas que se pode implementar de forma progressiva, sendo necessário sensibilizar, formar e informar um elevado número de pessoas, convencer a organização interna mas também as partes interessadas da empresa, fornecedores, clientes, acionistas, etc.
Nesta fase, é fundamental que as equipas diretamente ligadas ao projeto, nomeadamente, os departamentos de marketing, I&D e ambiente, disponham das competências necessárias.
A diversidade de conhecimento necessário fomenta a mobilização de vários departamentos rumo a um objetivo comum e convida à inclusão das partes interessadas externas no processo. Mais do que uma competência específica, procura-se aqui mudar uma cultura, uma atitude.
A implementação de um projeto de eco-inovação introduz nas organizações um objetivo novo: a definição de objetivos ambientais e a medição da performance da empresa nesta vertente.
Na fase de aceleração da eco-inovação, mais do que procurar saber quais os impactes ambientais associados a um produto ou serviço, é importante identificar os impactes associados a um local ou a uma etapa específica do processo produtivo.
ECOPRODUTIN - Produtividade na Indústria pela Eco-inovação
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É certo que existe um fio condutor entre estas duas variáveis, com os impactes ambientais de um produto/serviço a assumirem-se como o somatório dos impactes gerados nos diversos locais. Por esta razão, a avaliação da performance ambiental é uma competência específica a adquirir para a implementação de um processo de eco-inovação.
Uma vez mais, fala-se aqui de um conceito que tem vindo a ser repetidamente referido ao longo deste manual: o conceito de análise de ciclo-de-vida (ACV). Este é, de resto, um conceito que, pela sua importância para a matéria em estudo, abordaremos de forma mais detalhada, em capítulo próprio, mais à frente.
Mas o que é relevante nesta etapa de aceleração do processo de eco-inovação é organizar as competências de ACV. Neste aspeto há diversas questões que se colocam: faz sentido internalizar esta competência? Deve ser subcontratada? Caso seja internalizada, deve ser levada a cabo por um pequeno número de especialistas que intervêm pontualmente em todos os projetos ou deve ser disseminada em larga medida pelas equipas de conceção?
A verdade é que não há respostas simples a estas questões. A resposta será diferente de empresa para empresa, em função da sua dimensão, da sua atividade, do seu grau de inovação (o que fazer e ao longo de quanto tempo?), da sua cultura, da sua organização, etc.
Na implementação de uma política de eco-inovação é imprescindível que a empresa possua um mínimo de conhecimento sobre os impactes ambientais associados aos produtos/serviços. Mas para além desse nível de conhecimento mínimo, a empresa será capaz de realizar uma ACV internamente? Escreenings ACV?
Para a realização de uma ACV detalhada, devem ter-se em consideração dois elementos distintos: a variedade dos projetos e o objetivo da empresa.
Se os projetos são relativamente homogéneos, um estudo ACV realizado externamente, de forma pontual, e que abranja pontos fulcrais e parâmetros críticos é suficiente. No entanto, caso os projetos sejam heterogéneos e se trate de um exercício a conduzir de forma periódica, poderá fazer sentido internalizar o processo.
De igual forma, se a empresa procura objetivos ambientais de larga escala, a internalização é recomendável, mesmo tratando-se de projetos homogéneos. Será mais rápido e menos custoso para a empresa formar ou recrutar um especialista e adquirirsoftware específico do que recorrer permanentemente a serviços externos.
No caso do screening ACV, a questão é mais simples: se a empresa pretende realizar simulações rápidas e altamente reativas ao longo dos projetos, o recurso a serviços externos, aceitável num quadro de exploração de projeto-piloto, tornar-se-á pouco prático, uma vez que, por inerência, atrasa o processo e aumenta os custos. Adicionalmente, as ferramentas necessárias para a internalização deste processo são leves e acessíveis, tornando recomendável que o processo siga esta via.
No entanto, a sua simplicidade de acesso e uso não lhes retira riqueza: deve recorrer-se a equipas especializadas, internas ou externas, de acordo com a dimensão da empresa e do número de projetos em curso, para o desenvolvimento de um screening ACV. O contributo de especialista(s) é fundamental nesta matéria.
A empresa pode depois recorrer a dois tipos de esquema de screening ACV, nomeadamente:
Esquema repartido: em que existe um perito no centro do processo e utilizadores da ferramenta de
screening ACV repartidos pelo projeto;
Esquema centralizado: em que um perito de ACV intervém em todos os projetos e realiza as simulações ambientais para a equipa.
A escolha por um ou por outro dependerá largamente do nível de conhecimento, da dimensão da empresa e do número de projetos a decorrer. Numa fase de transição, a empresa pode optar pelo modelo centralizado e evoluir para um modelo repartido, à medida que a prática se vai disseminando.