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INTEGRAÇÃO DA ECO-INOVAÇÃO NA GESTÃO EMPRESARIAL

No documento 1 ECO Guia Para Eco-Inovação EmPME (páginas 195-200)

Conclusão: Capitalização das Soluções Encontradas

4. INTEGRAÇÃO DA ECO-INOVAÇÃO NA GESTÃO EMPRESARIAL

4.1. FASES DE

IMPLEMENTAÇÃO DA

ECO-INOVAÇÃO

Ao longo dos capítulos precedentes, foram apresentadas formas de conduzir um processo de eco-inovação, desde a identificação de oportunidades de eco-inovação até ao lançamento do produto no mercado e a consequente capitalização da experiência adquirida.

A questão que se coloca neste capítulo não é como implementar o processo ao nível do projeto, mas antes ao nível da empresa. O que importa aqui são os elementos mais ligados à gestão da empresa.

Após se propor um quadro geral de divulgação de uma política de eco-inovação na empresa e da análise das alterações que tal política acarreta, a empresa tem que focar-se em alguns pontos essenciais como quais as competências necessárias, que tipo de organização, que tipo de processo, cronologia das operações, etc.

De um modo geral, pode falar-se em três fases distintas de implementação da eco-inovação, ao nível da gestão da empresa, a saber: INÍCIO - ACELERAÇÃO - MATURIDADE.

A figura seguinte ilustra as diferentes fases identificadas.

Objetivo Conceber uma visão clara econvincente Implementar a visão Antecipar

Ações

Cultivar a sensibilidade das equipas de desenvolvimento sustentável

Construir a argumentação

Integrar o desenvolvimento sustentável nas atividades Transferir a responsabilidade ao nível operacional Integrar o desenvolvimento sustentável na reflexão estratégica Identificar as oportunidades de criação de valor a médio/longo prazo Benefícios Redução de custos/riscos Vantagem concorrencial Capital imaterial

Fonte: ADEME

Figura 36 – Fases de implementação da Eco-inovação na gestão da empresa

De seguida, descrevem-se cada uma destas fases.

   C  o   m   p   e    t    ê  n   c    i  a    d  e    d  e   s   e   n   v   o    l  v    i  m   e   n    t  o   s   u   s    t  e   n    t    á  v   e    l    d  a   e   m   p   r   e   s   a

FASE 1

INÍCIO

Tempo

FASE 2

ACELERAÇÃO

FASE 3

MATURIDADE

100

Guia para a Eco-inovação em PME

Fase 1: Início

A primeira questão que se levanta é como iniciar a implementação da eco-inovação ao nível da gestão da empresa.

A resposta mais imediata a esta questão é recorrer a exemplos para convencer todos do mérito do projeto. A empresa pode lançar um ou mais projetos-piloto, de forma a testar o método, ajustá-lo às suas necessidades, identificar ferramentas pertinentes, desenvolver práticas, etc. Fundamentalmente, a empresa estará a criar um caso de sucesso que servirá para convencer a organização internamente.

Uma outra resposta simples vai no sentido de a empresa colher os "low hanging fruits", ou seja, implementar medidas de baixo custo que reduzem impactes ambientais e custos. Preferencialmente, a empresa deve, nesta fase inicial, optar por selecionar projetos que ofereçam ganhos ao nível do ambiente, dos custos e do valor para o cliente.

Seguidamente, a empresa deve iniciar a implementação do seu projeto de eco-inovação de forma progressiva. Deve procurar fazê-lo da forma mais inclusiva possível, chamando a si os responsáveis de todos os departamentos da empresa, procurando que estes se questionem, no lançamento de qualquer projeto, sobre as vantagens de o fazer de uma perspetiva eco-inovadora.

Fase 2: Aceleração

Antes de mais, é preciso perceber que o ato de integrar a dimensão ambiental na conceção de produtos e serviços constitui uma mudança radical que, como qualquer processo de mudança, deve ser acompanhada. Entre outros aspetos, deve ter-se em consideração que:

 A mudança envolve, em maior ou menor dimensão, todas as funções da empresa, pois toca no centro de toda a atividade da empresa, ou seja, na sua oferta;

 As competências, estrutura organizacional, processos e estratégia devem evoluir para acompanhar a mudança;

 A transição pode começar de forma local e estender-se progressivamente ao resto da empresa, a um ritmo adequado.

Trata-se de uma mudança significativa mas que se pode implementar de forma progressiva, sendo necessário sensibilizar, formar e informar um elevado número de pessoas, convencer a organização interna mas também as partes interessadas da empresa, fornecedores, clientes, acionistas, etc.

Nesta fase, é fundamental que as equipas diretamente ligadas ao projeto, nomeadamente, os departamentos de marketing, I&D e ambiente, disponham das competências necessárias.

A diversidade de conhecimento necessário fomenta a mobilização de vários departamentos rumo a um objetivo comum e convida à inclusão das partes interessadas externas no processo. Mais do que uma competência específica, procura-se aqui mudar uma cultura, uma atitude.

A implementação de um projeto de eco-inovação introduz nas organizações um objetivo novo: a definição de objetivos ambientais e a medição da performance da empresa nesta vertente.

Na fase de aceleração da eco-inovação, mais do que procurar saber quais os impactes ambientais associados a um produto ou serviço, é importante identificar os impactes associados a um local ou a uma etapa específica do processo produtivo.

ECOPRODUTIN - Produtividade na Indústria pela Eco-inovação

101

É certo que existe um fio condutor entre estas duas variáveis, com os impactes ambientais de um produto/serviço a assumirem-se como o somatório dos impactes gerados nos diversos locais. Por esta razão, a avaliação da performance  ambiental é uma competência específica a adquirir para a implementação de um processo de eco-inovação.

Uma vez mais, fala-se aqui de um conceito que tem vindo a ser repetidamente referido ao longo deste manual: o conceito de análise de ciclo-de-vida (ACV). Este é, de resto, um conceito que, pela sua importância para a matéria em estudo, abordaremos de forma mais detalhada, em capítulo próprio, mais à frente.

Mas o que é relevante nesta etapa de aceleração do processo de eco-inovação é organizar as competências de ACV. Neste aspeto há diversas questões que se colocam: faz sentido internalizar esta competência? Deve ser subcontratada? Caso seja internalizada, deve ser levada a cabo por um pequeno número de especialistas que intervêm pontualmente em todos os projetos ou deve ser disseminada em larga medida pelas equipas de conceção?

A verdade é que não há respostas simples a estas questões. A resposta será diferente de empresa para empresa, em função da sua dimensão, da sua atividade, do seu grau de inovação (o que fazer e ao longo de quanto tempo?), da sua cultura, da sua organização, etc.

Na implementação de uma política de eco-inovação é imprescindível que a empresa possua um mínimo de conhecimento sobre os impactes ambientais associados aos produtos/serviços. Mas para além desse nível de conhecimento mínimo, a empresa será capaz de realizar uma ACV internamente? Escreenings ACV?

Para a realização de uma ACV detalhada, devem ter-se em consideração dois elementos distintos: a variedade dos projetos e o objetivo da empresa.

Se os projetos são relativamente homogéneos, um estudo ACV realizado externamente, de forma pontual, e que abranja pontos fulcrais e parâmetros críticos é suficiente. No entanto, caso os projetos sejam heterogéneos e se trate de um exercício a conduzir de forma periódica, poderá fazer sentido internalizar o processo.

De igual forma, se a empresa procura objetivos ambientais de larga escala, a internalização é recomendável, mesmo tratando-se de projetos homogéneos. Será mais rápido e menos custoso para a empresa formar ou recrutar um especialista e adquirirsoftware específico do que recorrer permanentemente a serviços externos.

No caso do screening  ACV, a questão é mais simples: se a empresa pretende realizar simulações rápidas e altamente reativas ao longo dos projetos, o recurso a serviços externos, aceitável num quadro de exploração de projeto-piloto, tornar-se-á pouco prático, uma vez que, por inerência, atrasa o processo e aumenta os custos. Adicionalmente, as ferramentas necessárias para a internalização deste processo são leves e acessíveis, tornando recomendável que o processo siga esta via.

No entanto, a sua simplicidade de acesso e uso não lhes retira riqueza: deve recorrer-se a equipas especializadas, internas ou externas, de acordo com a dimensão da empresa e do número de projetos em curso, para o desenvolvimento de um screening  ACV. O contributo de especialista(s) é fundamental nesta matéria.

A empresa pode depois recorrer a dois tipos de esquema de screening ACV, nomeadamente:

 Esquema repartido: em que existe um perito no centro do processo e utilizadores da ferramenta de

screening ACV repartidos pelo projeto;

 Esquema centralizado: em que um perito de ACV intervém em todos os projetos e realiza as simulações ambientais para a equipa.

A escolha por um ou por outro dependerá largamente do nível de conhecimento, da dimensão da empresa e do número de projetos a decorrer. Numa fase de transição, a empresa pode optar pelo modelo centralizado e evoluir para um modelo repartido, à medida que a prática se vai disseminando.

No documento 1 ECO Guia Para Eco-Inovação EmPME (páginas 195-200)

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