Atribuir funções de promoção da eco-inovação no seio da organização ao departamento de I&D permite a identificação de novas oportunidades de negócio.
Principais Desafios
Desenvolver produtos, serviços e tecnologias eco-inovadoras pode ser sinónimo de alterações fundamentais nos produtos existentes, o que pode ser custoso a curto prazo mas benéfico a longo prazo;
Avaliar o risco, particularmente custos/benefícios a longo prazo pode ser difícil;
Perceber os impactes ambientais ao longo de todo o ciclo-de-vida é crucial e um processo complexo;
O know-how e a informação relevante para I&D eco-inovadora podem não estar disponíveis internamente. Pode ser necessário o recurso a especialistas externos ou ao estabelecimento de parcerias.
Principais Questões
A empresa tem oknow-how , tempo e recursos financeiros para investir em I&D de relevo?
Quem possui as competências necessárias para implementar as atividades de I&D interna ou externamente?
A equipa de I&D precisa de formação sobre eco-inovação?
De que forma pode o departamento de I&D identificar oportunidades?
A empresa dispõe de sistemas implementados de monitorização de tendências eco-inovadoras relacionadas com o seucore-business?
Medidas Rápidas
Integrar considerações ambientais na estratégia de I&D;
Alocar uma percentagem do orçamento de I&D à eco-inovação;
Desenvolver um prémio interno anual, destinado a premiar as melhores ideias;
Realizar ações de sensibilização sobre impactes ambientais na empresa, de forma a assinalar oportunidades e prioridades relacionadas com a eco-inovação;
Analisar necessidades de mercado e tendências que fomentem a eco-inovação e disseminar os resultados por gestores-chave edesigners;
Identificar os impactes ambientais de produtos ao longo de todo o seu ciclo-de-vida, pontos cruciais de consumo de materiais e energia e formas de melhorar a produtividade dos recursos;
Fomentar a comunicação sobre novas tenologias, materiais e processos direcionada a partes interessadas cruciais de I&D;
Subscrever fontes de informação sobre tecnologias emergentes, que possam ser aplicadas com benefício ambiental;
Envolver parceiros-chave e stakeholders pode produzir novas oportunidades para soluções de eco-inovação ou formas de reduzir os impactes ambientais dos produtos existentes.
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Ecodesign
O ecodesign é uma ferramenta fundamental para um processo de conceção de produto assente na eco-inovação. Oecodesign consiste na integração dos impactes ambientais na conceção e desenvolvimento de produtos e visa melhorar a performance ao longo de todo o ciclo-de-vida do produto.
A maioria dos impactes ambientais podem ser evitados aquando da conceção do produto. Abordar proativamente os aspetos ligados à sustentabilidade no "início-da-linha" potencia proveitos superiores para a empresa. A conceção deve especificar, por exemplo, que materiais e, em certa medida, que processos produtivos serão utilizados na fabricação do produto. Afeta também o potencial de reutilização, reciclagem e deposição do produto, bem como impactos indiretos da distribuição de novos produtos.
Principais Desafios
A conceção do produto pode ser realizada por um grande número de intervenientes, como designers de produto, engenheiros de design ou consultores, ou pode ser completada por outras áreas técnicas e de negócios, como parte das suas responsabilidades;
Nas empresas de menor dimensão, a conceção, pesquisa de mercado, investigação e desenvolvimento podem estar estreitamente ligadas. Quando não é o caso, deve estabelecer-se uma ligação estreita entre atividades como a avaliação de tecnologias alternativas, produtos concorrentes e protótipos, bem como a avaliação da performance ambiental, de modo a que se possa fundamentar o processo de tomada de decisão;
Abordar atributos individuais do produto como a reciclagem, biodegradabilidade ou eficiência energética de forma independente não significa necessariamente uma redução do impacte ambiental do produto na sua globalidade. É necessária uma abordagem mais ampla, que englobe todo o ciclo-de-vida do produto, para que se estabeleçam compromissos, em que um atributo do produto, como a utilização de materiais de forte intensidade energética, seja contrabalançado por outro, que pode criar uma maior ou menor eficiência de recursos. Um desafio comum a todas as empresas é calcular os impactes de produtos que não têm ainda todas as suas especificações delineadas, de forma eficiente em termos de custos e decidir entre diversos compromissos de diferentes impactes ambientais. Por exemplo, emissões de CO2 vs escassez de materiais vs utilização de materiais com
compostos tóxicos, etc.;
A implementação de soluções radicais novas pode implicar um grau de criatividade ao longo do ciclo-de-vida do produto com que a empresa se encontre pouco familiarizada, sendo difícil de executar internamente;
Os processos de desenvolvimento e recursos produtivos existentes na empresa podem limitar aquilo que pode ser feito interna e externamente;
A comunicação de informação sobre os impactes ambientais de um produto não é sempre bem aceite pelo cliente, por vezes não influenciando o seu comportamento (por exemplo, redução do consumo energético na fase de uso). O ecodesigner pode optar por adotar uma conceção de produto que ajude o cliente a reduzir os seus impactes ambientais.
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Guia para a Eco-inovação em PMEPrincipais Questões
Quais são as alternativas disponíveis para melhorar o desempenho ambiental do produto no momento de conceção?
Qual o potencial para ampliar o tempo de vida útil, potencial de reutilização, refabrico, reparação,
upgrade ou reciclagem de parte/todo o produto? É possível separar as partes?
Pode utilizar-se menos material e menos tipos de materiais, ou materiais substituídos por alternativas com menor impacte ambiental (por exemplo, materiais recicláveis/reciclados)?
É possível reduzir a energia, água e consumíveis utilizados no processo produtivo ou substitui-los por outros de menor impacte ambiental?
Que ferramentas estão disponíveis para efetuar uma avaliação dos impactes ambientais associados a cada uma das fases do ciclo-de-vida do produto no momento de conceção? A utilização dessas ferramentas requer formação ou especialistas externos para assegurar resultados fidedignos e compreensíveis?
Que funcionalidades do produto ou informação ao utilizador podem provocar um comportamento de baixo impacte ambiental? Os materiais também possuem informação sobre reciclagem?
A conceção pode permitir uma produção com menor impacte ambiental?
Que experiência é necessária para o ecodesign? Pode ser feito internamente ou subcontratando? Que fases de desenvolvimento do produto beneficiariam em ser realizadas externamente?
Medidas Rápidas
Identificar os domínios prioritários de ecodesign de produtos e serviços (por exemplo, redução de peso, aumento da eficiência energética, redução da embalagem, aumento da reciclabilidade, substituição de materiais perigosos, aumento do tempo de vida útil, etc.);
Selecionar e aplicar medidas de ecodesign nas áreas consideradas prioritárias (por exemplo, energia, água, embalagem, etc.);
Adicionar critérios ambientais à conceção do produto e apresentar protótipos funcionais a representantes dos consumidores, de forma a confirmar os benefícios na utilização para o consumidor final;
Formar o pessoal interno, contratar uma entidade externa, efetuar parcerias com universidades ou centros de investigação, se não houver know-how para oecodesign na empresa;
Escolher ferramentas adequadas à avaliação (preferencialmente quantitativa) dos impactes previstos e permitir aosdesigners comparar alternativas durante o processo de conceção.
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Marketing
O consumidor atual compra produtos, serviços ou tecnologias mais "verdes" porque funcionam melhor, poupam dinheiro ou são benéficas para a saúde. As marcas ecológicas integram benefícios ambientais relevantes nos produtos, oferecendo um produto de qualidade a um custo competitivo e comunicam a sua mensagem baseando-se em factos e evitando o chamado greenwashing ("eco-branqueamento" fictício de um produto ou serviço).
Principais Desafios
Os clientes - sejam consumidores finais (B2C), empresas (B2B) ou entidades governamentais - consideram cada vez mais as questões ambientais e sociais no momento de aquisição;
Estudos de mercado podem identificar áreas importantes de interesse ambiental ou social, de melhoria ou preocupação relativa a produtos, serviços e tecnologias eco-inovadoras, sendo por isso uma ferramenta que não deve ser subestimada;
O fomento de novos modelos de negócio ou produtos, em função de predicados ambientais, requer uma abordagem diferente da abordagem quotidiana por parte do departamento de I&D, com dialogo constante entre várias partes interessadas, incluindo consumidores, parceiros e fornecedores;
As considerações em termos do ciclo-de-vida do produto são cada vez mais importantes para os consumidores (as empresas devem conhecer a origem das suas matérias-primas, como são fabricadas, embaladas e depostas);
Compreender o comportamento de consumidores e utilizadores é importante. O comportamento dos utilizadores do produto é fundamental para o impacte ambiental de um produto. Por exemplo, a redução do consumo energético na fase de uso do ciclo-de-vida do produto é crucial para a diminuição dos impactes ambientais em produtos de eletrónica de consumo ou produtos "brancos" (produto/equipamento destinado ao cumprimento de tarefas domésticas);
As empresas devem abordar os aspetos ambientais em todas as fases do consumo:
o Sensibilização – Como sensibilizar o público sobre produtos e serviços?
o Avaliação – Como auxiliar o público na avaliação dos predicados "verdes" de um produto? o Compra – De que forma os clientes compram os produtos e serviços?
o Entrega – Como é possível entregar um produto mais ecológico ao cliente?
o Pós-venda – Como é possível fornecer um serviço de apoio pós-venda mais ecológico?
Clientes mais ecológicos são influenciados por recomendações de pessoas de confiança e terceiros. Há repercussões negativas muito fortes sobre produtos percebidos como greenwashing, devendo as empresas ser claras acerca das características ambientais dos seus produtos;
Empresas proativas constroem uma relação de confiança com os consumidores em matérias ambientais através de uma aproximação pelos vários tipos de media, particularmentewebsites e redes sociais, em vez de utilizarem apenas osmedia "tradicionais".
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Guia para a Eco-inovação em PMEPrincipais Questões
Foram realizados estudos de mercado junto de grupos de consumidores para determinação do grau de sensibilização ambiental, compreensão, oportunidades potenciais e preocupações?
Quem é o público-alvo – consumidor final, empresas, retalho ou administração pública? Quais as características do público-alvo (massa, nicho, segmento)? Que tipo de relacionamento esperam os clientes ter com a empresa? Como estabelecer e manter um relacionamento forte com os clientes? De que forma podem as considerações ambientais ser integradas no relacionamento com os clientes e no modelo de negócios?
Que necessidades do cliente estão a ser satisfeitas pelos produtos da empresa (por exemplo, novidade, capacidade de customização, funcionalidade, design, reputação, preço, redução de custo, redução de risco, acessibilidade, conveniência e/ou usabilidade)?
De que forma pode a melhoria da performance ambiental (por exemplo, redução do consumo energético e dos custos) incrementar o valor da oferta da empresa? De que forma pode a informação da performance ambiental da empresa ser incorporada na política de comunicação?
Qual é o argumento-chave de venda face à concorrência? Foi efetuado benchmarking ambiental sobre produtos concorrentes?
Podem as características e benefícios ambientais do produto aumentar o valor do argumento-chave de venda do produto?
Qual o preço que o mercado está disponível para pagar? De que forma serão afetados o preço, custo e comunicação da empresa em função do valor acrescentado percebido das características ambientais do produto?
Que valor acrescentado proveniente das características ambientais do produto pode ser integrado no conceito-base do produto? De que forma podem as partes interessadas ser recompensadas pela adoção e promoção das características ambientais do produto?
Vantagens da Eco-inovação
O feedback dos estudos de mercado e o processo contínuo de comunicação da empresa com os clientes e outras partes interessadas podem auxiliar na identificação de novas oportunidades de eco-inovação;
Uma promoção assente em provas claras sobre as qualidades ambientais do produto incrementa a reputação interna e externamente;
Determinação do grau de sensibilização e aceitação dos consumidores e outras partes interessadas sobre as questões ambientais pode auxiliar na identificação de novas oportunidades e ameaças;
Identificação das características ecológicas do produto pode ajudar a encontrar áreas para diferenciação do produto;
O estudo dos produtos concorrentes pode identificar forças do produto da empresa face à concorrência que podem ser exploradas no momento de promoção do mesmo;
O estabelecimento de uma reputação assente no conhecimento ambiental pode atrair novos negócios e gerar novos consumidores.
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Medidas Rápidas
Testar as atitudes das partes interessadas sobre os aspetos ambientais. Abordar clientes atuais, bem como outras partes interessadas, através de diversas formas de media. Utilizar o feedback positivo e negativo para melhorar o desenvolvimento do produto/negócio e a estratégia promocional;
Realizar benchmarking dos produtos da empresa a produtos concorrentes, sobre aspetos ambientais, funcionalidade, custo, preço, etc;
Identificar os benefícios ambientais do produto face à concorrência;
Determinar se a performance ambiental do produto acrescenta algo ao argumento-chave de venda e integrar os benefícios ambientais na política de comunicação dirigida aos consumidores;
Assegurar-se que as alegações sobre a performance ambiental são exatas antes de as incorporar na política de comunicação;
Recorrer a redes sociais (Facebook , Linkedin, Twitter , etc.) como forma de promover a mensagem ambiental da empresa;
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Guia para a Eco-inovação em PME2.3. MEDIDAS
ECO-INOVADORAS
SIMPLES
Para que melhor se perceba em que consiste a aplicação da eco-inovação nas empresas, agregamos uma série de práticas eco-inovadoras simples, de aplicação transversal à economia, que envolvem baixos ou nenhuns custos para a empresa. São as chamadas oportunidades de eco-inovação do estilo "low hanging fruits", ou seja, praticamente sem custos e com período de payback
muito reduzido (inferior a um ano).
Para tal, identificamos as áreas das empresas em que essas medidas podem ter um impacto mais forte e direto, gerando poupanças económicas e ambientais quase imediatas.
As medidas apresentadas, pelo seu caráter generalista e transversal, devem ser entendidas como um ponto de partida para iniciar uma abordagem eco-inovadora na empresa. Medidas de eco-inovação de fundo, que impliquem transformações radicais na organização, são mais custosas e carecem de uma avaliação casuística e pensada sobre quais as melhores opções a tomar em cada empresa.
Estas medidas permitem benefícios económicos e ambientais de curto prazo às empresas, sendo que só um compromisso de longo prazo com a eco-inovação pode levar à construção de um modelo de negócios sustentável numa organização.
A elaboração e publicação de um plano para a sustentabilidade na empresa é a melhor forma de começar. Pode-se então programar as medidas que se considerem necessárias à mudança, bem como estabelecer critérios claros e mensuráveis para aferir o progresso relativamente aos objetivos traçados;
A realização de uma auditoria ambiental ajuda a identificar oportunidades de melhoria da eficiência da performance ambiental e a adotar um Plano de Ação Ambiental;
Pode recorrer-se à formação do pessoal nas questões ambientais, sociais e culturais, recorrendo a especialistas externos, preferencialmente oriundos de organizações locais. Poderá introduzir-se no ambiente de trabalho sugestões e outras indicações que contribuam para a concretização das intenções do plano;
A utilização de uma check-list contribui para a “materialização” da noção de sustentabilidade;
Finalmente, pode comunicar-se a estratégia de sustentabilidade empreendida pela empresa. A imagem da empresa sairá reforçada juntos dos seus clientes.
Mais do que ações pontuais, trata-se de uma mudança substancial na organização da empresa. É importante informar e envolver, desde o início, o pessoal neste
processo, com
particular atenção para os quadros dirigentes. Os colaboradores mais entusiastas deverão agir como agentes mobilizadores e mediadores das preocupações e das medidas.
Envolva o pessoal da empresa e torne claro aquilo que pretende.