GUIA PARA A ECO-INOVAÇÃO
GUIA PARA A ECO-INOVAÇÃO
EM PME
EM PME
FICHA TÉCNICA
FICHA TÉCNICA
Título
Título
Guia para a Eco-inovação em
Guia para a Eco-inovação em PME
PME
Projeto
Projeto
Ecoprodutin
Ecoprodutin
– –Produtividade na Indústria pela Eco-inovação
Produtividade na Indústria pela Eco-inovação
Entidade Promotora
Entidade Promotora
AEP
AEP
– –Associação Empresarial de Portugal
Associação Empresarial de Portugal
Equipa
Equipa
Maria da Conceição Vieira
Maria da Conceição Vieira
Paulo Amorim
Paulo Amorim
Manuela Roque
Manuela Roque
Depósito Legal
Depósito Legal
394588/15
394588/15
Junho 2015
Junho 2015
FICHA TÉCNICA
FICHA TÉCNICA
Título
Título
Guia para a Eco-inovação em
Guia para a Eco-inovação em PME
PME
Projeto
Projeto
Ecoprodutin
Ecoprodutin
– –Produtividade na Indústria pela Eco-inovação
Produtividade na Indústria pela Eco-inovação
Entidade Promotora
Entidade Promotora
AEP
AEP
– –Associação Empresarial de Portugal
Associação Empresarial de Portugal
Equipa
Equipa
Maria da Conceição Vieira
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Paulo Amorim
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Manuela Roque
Manuela Roque
Depósito Legal
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394588/15
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Junho 2015
Junho 2015
ECOPRODUTIN
ECOPRODUTIN - - Produtividade na Indústria pela Eco-inovaçãoProdutividade na Indústria pela Eco-inovação
55
ÍNDICE GERAL
ÍNDICE GERAL
1.
1.
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
99
2.
2.
ECO-INOVAÇÃO
ECO-INOVAÇÃO
10
10
2.1.
2.1.
Conceito de
Conceito
de Eco-inovação
Eco-inovação
10
10
2.2.
2.2.
Eco-inovação nas
Eco-inovação
nas Empresas
Empresas
18
18
2.3.
2.3.
Medidas Eco-Inovadoras
Medidas
Eco-Inovadoras Simples
Simples
30
30
3.
3.
IMPLEME
IMPLEMENTAÇÃO
NTAÇÃO DE
DE UM
UM MODELO
MODELO DE
DE ECO-IN
ECO-INOVAÇÃO
OVAÇÃO EM
EM
7
7 ETAPAS
ETAPAS
35
35
3.1.
3.1.
Enquadramento
Enquadramento
35
35
3.2.
3.2.
Identificação de
Identificação
de Oportunidades
Oportunidades
37
37
3.3.
3.3.
Análise
Análise
42
42
3.4.
3.4.
Conceção de
Conceção
de Alternativas
Alternativas
67
67
3.5.
3.5.
Seleção de
Seleção
de Alternativas
Alternativas
76
76
3.6.
3.6.
Implementação das
Implementação
das Soluções
Soluções
82
82
3.7.
3.7.
Política de
Política
de Comunicação
Comunicação
86
86
3.8.
3.8.
Capitalização das
Capitalização
das Soluções
Soluções Encontradas
Encontradas
97
97
4.
4.
INTEGRAÇÃO
INTEGRAÇÃO DA
DA ECO-INOVAÇÃO
ECO-INOVAÇÃO NA
NA GESTÃO
GESTÃO EMPRESARIAL
EMPRESARIAL
99
99
4.1.
4.1.
Fases de
Fases
de Implementação
Implementação da
da Eco-inovação
Eco-inovação
99
99
4.2.
4.2.
Formação dos
Formação
dos Colaboradores
Colaboradores
103
103
4.3.
4.3.
Indicadores de
Indicadores
de Avaliação
Avaliação
104
104
5.
5.
FERRAMENTA
FERRAMENTA FUNDAMENTA
FUNDAMENTAL:
L: ANÁLISE
ANÁLISE DO
DO CICLO-DE-VIDA
CICLO-DE-VIDA
(ACV)
105
(ACV)
105
5.1.
5.1.
Enquadramento
Enquadramento
105
105
5.2.
5.2.
Etapas do
Etapas
do Ciclo-de-Vida
Ciclo-de-Vida do
do Produto
Produto
107
107
5.3.
5.3.
Aspetos Práticos
Aspetos
Práticos
116
116
5.4.
5.4.
A
A ACV
ACV ao
ao Serviço
Serviço da
da Estratégia
Estratégia da
da Empresa
Empresa
119
119
6.
6.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃO
120
120
7.
66
Guia para a Eco-inovação em PMEGuia para a Eco-inovação em PMEÍNDICE DE FIGURAS
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1.
Figura 1.
Abordagem Abordagem de de análise análise do do ciclo-de-vida ciclo-de-vida do do produto produto 1111Figura 2.
Figura 2.
Abrangência Abrangência da da Eco-inovação Eco-inovação 1212Figura 3.
Figura 3.
Relação Relação entre entre as as diversas diversas vertentes vertentes da da Eco-inovação Eco-inovação 1515Figura 4.
Figura 4.
Roda Roda da da Eco-inovação Eco-inovação 1818Figura 5.
Figura 5.
Custos Custos escondidos escondidos da da deposição deposição de de resíduos resíduos 2020Figura 6.
Figura 6.
Estrutura Estrutura do do método método de de Eco-inovação Eco-inovação Opengreen Opengreen 3535Figura 7.
Figura 7.
Identificação Identificação de de oportunidadoportunidades es 3737Figura 8.
Figura 8.
Análise Análise 360º 360º 3838Figura 9.
Figura 9.
Identificação Identificação de de oportunidadoportunidades es - - Exemplo Exemplo prático prático 4141Figura 10.
Figura 10.
Análise Análise 4242Figura 11.
Figura 11.
Prospeção Prospeção de de Eco-inovação: Eco-inovação: variáveis variáveis 4343Figura 12.
Figura 12.
Prospeção Prospeção de de Eco-inovação: Eco-inovação: critérios critérios 4343Figura 13.
Figura 13.
Colocação Colocação do do problema problema - - Exemplo Exemplo prático prático 4747Figura 14.
Figura 14.
Diagrama Diagrama de de identificação identificação de de funções funções - - Exemplo Exemplo prático prático 4949Figura 15.
Figura 15.
Balizagem Balizagem dos dos impactes impactes pertinentes pertinentes - - BIP BIP 5353Figura 16.
Figura 16.
Balanço Balanço do do produto produto 5454Figura 17.
Figura 17.
Análise Análise do do uso uso 5555Figura 18.
Figura 18.
Diagnóstico Diagnóstico de de eco-valor eco-valor - - Exemplo Exemplo prático prático 5858Figura 19.
Figura 19.
Documentação Documentação do do problema problema - - Exemplo Exemplo prático prático 5959Figura 20.
Figura 20.
Síntese Síntese da da documentação documentação do do problema problema para para reformulação reformulação - - Exemplo Exemplo prático prático 6060Figura 21.
Figura 21.
Definição Definição das das condições condições - - Exemplo Exemplo prático prático 6464Figura 22.
Figura 22.
Análise Análise - - Exemplo Exemplo prático prático 6666Figura 23.
Figura 23.
Conceção Conceção de de alternativas alternativas 6767Figura 24.
Figura 24.
Ficha Ficha de de ideias ideias 7070Figura 25.
Figura 25.
Processo Processo da da criatividade: criatividade: separar separar a a geração geração da da avaliação avaliação de de ideias ideias 7171Figura 26.
Figura 26.
Mapa Mapa de de eco-soluções eco-soluções 7474Figura 27.
ECOPRODUTIN
ECOPRODUTIN - - Produtividade na Indústria pela Eco-inovaçãoProdutividade na Indústria pela Eco-inovação
77
Figura 28.
Figura 28.
Seleção Seleção de de alternativas alternativas 7676Figura 29.
Figura 29.
Avaliação de ideias de acordo com o método das três dimensões - ExemploAvaliação de ideias de acordo com o método das três dimensões - Exemploprático 79
prático 79
Figura 30.
Figura 30.
Métodos Métodos de de seleção seleção de de ideias ideias 8080Figura 31.
Figura 31.
ImplemenImplementação tação das das soluções soluções 8282Figura 32.
Figura 32.
Política Política de de comunicação comunicação 8686Figura 33.
Figura 33.
Rotulagem Rotulagem ambiental ambiental 8888Figura 34.
Figura 34.
Evolução doEvolução do marketing mixmarketing mix responsável responsável num num contexto contexto de de Eco-inovação Eco-inovação 9090Figura 35.
Figura 35.
Capitalização Capitalização das das soluções soluções encontradas encontradas 9797Figura 36.
Figura 36.
Fases Fases de de implementimplementação ação da da Eco-inovação Eco-inovação na na gestão gestão da da empresa empresa 9999Figura 37.
Figura 37.
Processo de desenvolvimento de novos produtos "Processo de desenvolvimento de novos produtos " stage-gate stage-gate" " 102102Figura 38.
Figura 38.
Formação Formação para para a a Eco-inovação Eco-inovação 103103Figura 39.
Figura 39.
Etapas Etapas do do ciclo-de-vida ciclo-de-vida de de um um produto produto 105105Figura 40.
Figura 40.
Definição Definição da da ACV ACV 106106Figura 41.
Figura 41.
Etapas Etapas para para a a realização realização de de uma uma ACV ACV 107107Figura 42.
Figura 42.
Diagrama Diagrama de de árvore árvore para para delimitação delimitação das das fronteiras fronteiras do do sistema sistema em em estudo estudo 108108Figura 43.
Figura 43.
Coprodutos Coprodutos e e alocação alocação de de critérios critérios 110110Figura 44.
Figura 44.
Reciclagem: método dosReciclagem: método dos stocks stocks 111111Figura 45.
Figura 45.
Reciclagem: Reciclagem: método método dos dos impactes impactes evitados evitados 111111Figura 46.
Figura 46.
Margem Margem de de progresso progresso para para a a redução redução de de impactes impactes ambientais ambientais 115115Figura 47.
88
Guia para a Eco-inovação em PMEGuia para a Eco-inovação em PMEÍNDICE DE QUADROS
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1.
Quadro 1.
Tipos Tipos de de Eco-inovação Eco-inovação 1616Quadro 2.
Quadro 2.
Questões na identificação de oportunidades de Eco-inovação no contextoQuestões na identificação de oportunidades de Eco-inovação no contexto dada empresa empresa 3939
Quadro 3.
Quadro 3.
Questões na identificação de oportunidades de Eco-inovação na cadeia deQuestões na identificação de oportunidades de Eco-inovação na cadeia devalor 39
valor 39
Quadro 4.
Quadro 4.
Questões Questões na na identificação identificação de de oportunidades oportunidades de de Eco-inovação Eco-inovação na na empresa empresa 4040Quadro 5.
Quadro 5.
Matriz Matriz «ciclo «ciclo e e sistemas» sistemas» 4646Quadro 6.
Quadro 6.
Caracterização Caracterização das das funções funções - - Exemplo Exemplo prático prático 4949Quadro 7.
Quadro 7.
Hierarquização Hierarquização das das funções funções - - Exemplo Exemplo prático prático 5050Quadro 8.
Quadro 8.
Matriz Matriz MIME MIME 5151Quadro 9.
Quadro 9.
Matriz Matriz MIME MIME - - Exemplo Exemplo prático prático 5252Quadro 10.
Quadro 10.
Informações Informações sobre sobre o o problema problema 5656Quadro 11.
Quadro 11.
Tabela Tabela "componentes-funç"componentes-funções" ões" - - Exemplo Exemplo prático prático 5757Quadro 12.
Quadro 12.
Definição Definição do do resultado resultado ideal ideal - - Exemplo Exemplo prático prático 6262Quadro 13.
Quadro 13.
Recursos Recursos substanciais substanciais e e de de campo campo 6363Quadro 14.
Quadro 14.
Ingredientes Ingredientes necessários necessários a a uma uma sessão sessão criativa criativa produtiva produtiva 6868Quadro 15.
Quadro 15.
Princípios Princípios criativos criativos 7373Quadro 16.
Quadro 16.
Grelha Grelha de de avaliação avaliação semi-quantsemi-quantitativa itativa 7979Quadro 17.
Quadro 17.
Organização Organização na na implemimplementação entação de de soluções soluções eco-inovadoras eco-inovadoras 8383Quadro 18.
Quadro 18.
Obstáculos clássicos e soluções possíveis na Obstáculos clássicos e soluções possíveis na implemenimplementação de tação de soluçõessoluçõeseco-inovadoras 84
eco-inovadoras 84
Quadro 19.
Quadro 19.
Tendências Tendências na na comunicação comunicação de de eco-inovações eco-inovações 9393Quadro 20.
Quadro 20.
Suportes Suportes da da comunicação comunicação eco-inovadora eco-inovadora 9494Quadro 21.
Quadro 21.
Inventário Inventário do do ciclo-de-vida ciclo-de-vida de de um um material material de de construção construção (extração) (extração) 112112Quadro 22.
Quadro 22.
Questionário Questionário de de recolha recolha de de dados dados para para ACV ACV 116116Quadro 23.
ECOPRODUTIN - Produtividade na Indústria pela Eco-inovação
9
1. INTRODUÇÃO
A perceção de que a economia portuguesa só conseguirá crescer de uma forma sustentada por via de um aumento da competitividade das nossas empresas é porventura hoje um dos fatores de maior consenso na sociedade portuguesa.
Num mundo em que o preço dos materiais e da energia é cada vez mais elevado, e sem mostrar sinais de abrandamento, particularmente devido à emergência de potências altamente consumidoras de recursos, sendo a China o maior exemplo, a produtividade dos recursos afigura-se como um fator fundamental para a competitividade das empresas a curto/médio prazo.
Paralelamente, a única forma de caminharmos rumo a uma economia mais sustentável, com maior qualidade de vida para os cidadãos e respeito pelo ambiente é precisamente uma crescente racionalização dos recursos utilizados no processo produtivo, bem como ao longo de todo o ciclo-de-vida de um produto.
Assim, a implementação de soluções inovadoras e ambientalmente responsáveis nas empresas é hoje um imperativo para a competitividade das empresas, bem como para a sustentabilidade do nosso planeta, configurando-se como uma forma das empresas anteciparem desafios vindouros.
Neste contexto, a AEP – Associação Empresarial de Portugal, propôs-se a implementar o projeto «ECOPRODUTIN – Produtividade na Indústria pela Eco-inovação», que assenta no conceito da eco-inovação e
tem como foco o setor industrial português, particularmente as PME, passando os seus objetivos primordiais pelo aumento da competitividade do tecido nacional português, pela redução de custos e desperdícios e por um incremento da eficiência produtiva.
Eco-inovar é precisamente ser capaz de conceber e desenvolver processos produtivos que evitem o desperdício de matérias-primas e de energia, proporcionando às empresas os tão desejados ganhos de produtividade e acrescida competitividade. É este o desafio que o projeto «ECOPRODUTIN – Produtividade na Indústria pela Eco-inovação» vem colocar ao tecido industrial português.
Nesse sentido, o projeto incorpora diferentes ferramentas, que adereçam diferentes propósitos da eco-inovação nas empresas.
A presente publicação, intitulada "Guia para a Eco-inovação em PME", fornece um conjunto de informações
necessárias à implementação de uma estratégia coletiva, tendo em vista a incorporação da vertente eco-inovação na gestão empresarial, evidenciando como a sustentabilidade se pode transformar numa vantagem competitiva e um fator de diferenciação no mercado. O foco deste trabalho é precisamente a incorporação da eco-inovação na gestão de empresas.
Nesse sentido, o estudo estabelece um método de implementação da eco-inovação de 7 etapas, detalhado, simples e prático, a ser utilizado por qualquer empresa. É ainda dado particular destaque a uma ferramenta essencial à implementação da eco-inovação em contexto empresarial: a análise de ciclo-de-vida (ACV).
AAEP – Associação Empresarial de Portugal pretende que este estudo constitua uma importante ferramenta
de apoio à implementação da eco-inovação no universo empresarial, de fácil consulta, ideal para guiar os primeiros passos da implementação de políticas eco-inovadoras quer ao nível operacional, quer ao nível da gestão empresarial.
"Não podemos resolver os problemas utilizando o mesmo tipo de pensamento que
utilizámos quando foram criados"
10
Guia para a Eco-inovação em PME2. ECO-INOVAÇÃO
2.1. C
ONCEITO DE
E
CO
-
INOVAÇÃO
A eco-inovação é um conceito de grande abrangência, que alia as componentes de inovação e ecologia.
O conceito de inovação é definido pela OCDE como "a implementação de um novo ou significativamente melhorado produto (bem ou serviço), processo, método de
marketing, modelo de negócio, método organizacional ou de relações externas".
Esta definição aplica-se geralmente também ao conceito de eco-inovação. No entanto, o conceito de eco-inovação distingue-se do de inovação por estar relacionado com a redução dos encargos ambientais. Ou seja, é uma inovação que consiste em mudanças e melhorias no desempenho ambiental, dentro de uma dinâmica de "ecologização" de produtos, processos, estratégias de negócios, mercados, tecnologias e sistemas de inovação. Neste contexto, a eco-inovação é definida pela sua contribuição para a redução dos impactes ambientais de produtos e processos.
O Observatório da Eco-inovação, entidade europeia encarregue do estudo da eco-inovação na Europa, fornece-nos uma definição simples e precisa sobre o que é a eco-inovação:
"Eco-inovação é a introdução de qualquer novo ou significativamente melhorado
produto (bem ou serviço), processo, mudança organizacional ou solução de
marketing, que reduza o uso de recursos naturais (incluindo materiais, energia, água
e solo) e diminua a libertação de substâncias nocivas, ao longo de todo o
ciclo-de-vida".
A eco-inovação pode ser considerada em relação a todos os tipos de inovações que levem a menor intensidade de recursos e energia na fase de extração de material, fabrico, distribuição, reutilização e reciclagem e eliminação. Isso, porém, caso conduza à diminuição da intensidade dos recursos a partir da perspetiva do ciclo-de-vida do produto ou serviço.
O termo “ciclo-de-vida” refere-se à maioria das atividades no decurso da vida do produto desde a sua
fabricação, utilização, manutenção e deposição final, incluindo a aquisição de matéria-prima necessária à fabricação do produto. A Análise de Ciclo-de-Vida (ACV) é a compilação e avaliação das entradas e saídas de materiais e dos potenciais impactes ambientais de um sistema de produto ao longo do seu ciclo-de-vida.
Num estudo ACV de um produto ou serviço, todas as extrações de recursos e emissões para o ambiente são determinadas, quando possível, numa forma quantitativa ao longo de todo o ciclo-de-vida, desde que "nasce" até que "morre" – “ from cradle to grav e” (do berço ao túmulo) – sendo com base nestes dados que são avaliados os potenciais impactes nos recursos naturais, no ambiente e na saúde humana.
A eco-inovação tem em conta todo o ciclo-de-vida do produto, em vez de se focalizar apenas em aspetos ambientais de etapas individuais do ciclo-de-vida. Pode assumir diversas formas, podendo traduzir-se numa ideia para uma novastart-up ou produto, bem como numa forma de melhoria nas operações já existentes na empresa. Seja através de produtos novos ou já existentes, este é um conceito que promove a redução de impactes ambientais nos momentos da conceção, produção, uso, reuso e reciclagem.
ECOPRODUTIN - Produtividade na Indústria pela Eco-inovação
11
Fonte: Greenovate! Europe
Figura 1 – Abordagem de análise do ciclo-de-vida do produto
Em suma, a eco-inovação é caracterizada pela chamada ecologização do ciclo de inovação, que é o foco no desenvolvimento de inovações, estruturas organizacionais, instituições e práticas adequadas à redução das emissões de carbono e de impactos ambientais.
Esse processo é mais do que a substituição para tecnologias de baixo carbono, e sim a evidência de novas aprendizagens envolvendo a criação de novos conhecimentos, valores, procura de regras e capacidades, assim como a destruição criativa de antigas práticas e capacidades.
Fundamentalmente, a eco-inovação é algo que faz sentido não só do ponto de vista ambiental, uma vez que contribui para a preservação do meio ambiente, mas também de um ponto de vista económico, uma vez que uma maior eficiência nas organizações se traduz invariavelmente em redução de custos e aumento da competitividade.
A eco-inovação faz sentido numa perspetiva económica, bem como numa
perspetiva ambiental. A sua implementação é sinónimo de competitividade
económica, respeitando o ambiente.
O conceito de eco-inovação é altamente abrangente, envolvendo fatores económicos, ambientais, sociais e políticos. Implica um compromisso de longo prazo com a sustentabilidade da atividade das empresas. O seu caráter abrangente é explicitado na figura seguinte.
12
Guia para a Eco-inovação em PMEFonte: Observatório da Eco-inovação
Figura 2 – Abrangência da Eco-inovação
Assim, a eco-inovação contribui não só para a "limpeza" ambiental, como também para a desmaterialização da sociedade. Ultimamente, contribui para uma economia mais competitiva, um meio ambiente mais saudável e uma melhoria da qualidade de vida das populações.
A eco-inovação interage com estas quatro vertentes de uma forma tecnológica, bem como de uma forma não-tecnológica. Ou seja, a eco-inovação não se esgota no aperfeiçoamento e introdução de novas tecnologias, mas assume também um caráter cultural, de influência na sociedade.
A eco-inovação pode manifestar-se das seguintes maneiras: Eco-inovação tecnológica;
Eco-inovação organizacional; Eco-inovação social;
Eco-inovação institucional; Eco-inovação no sistema.
Cada uma destas formas de eco-inovação reflete uma abordagem distinta ao problema da sustentabilidade ambiental e das empresas, sendo, no entanto, indissociáveis e parte integrante de um todo. Assim, nenhuma destas vertentes tem primazia sobre as outras.
De seguida descrevem-se resumidamente estes quatro tipos de eco-inovação. Redução de custos com materiais e energia
Novos produtos e serviços: novos mercados Novos modelos de negócios
Gestão sustentável de recursos naturais
Combate ao desafio das alterações climáticas Melhoria da biodiversidade e ecossistemas
Melhoria da qualidade de vida
Criação de empregos novos e sustentáveis
Segurança de materiais
Justiça na distribuição de recursos
ECONOMIA
AMBIENTE
SOCIEDADE
ECOPRODUTIN - Produtividade na Indústria pela Eco-inovação
13
Eco-inovação Tecnológica
A eco-inovação tecnológica traduz-se na implementação de tecnologias preventivas e corretivas. As tecnologias corretivas reparam danos (por exemplo, solos contaminados), enquanto as tecnologias preventivas tentam evitá-los.
As tecnologias preventivas são necessariamente preferíveis, havendo diversas tipologias destas tecnologias disponíveis. As mais usuais são as tecnologias de fim-de-linha e as tecnologias integradas.
As tecnologias de fim-de-linha consistem, por exemplo, em métodos de deposição de resíduos e tecnologias de reciclagem, e que ocorrem após o processo produtivo e/ou do próprio consumo de produto.
Contrariamente, as tecnologias integradas ou mais limpas, focalizam-se na causa direta do problema, durante o processo produtivo ou ao nível do produto. Compreendem todas as medidas direcionadas à redução dos inputs
de materiais e energia, bem como de emissões, durante a produção e o consumo (e.g. substituição de vernizes tradicionais por vernizes isentos de solventes). Estas soluções são preferíveis às tecnologias de fim-de-linha e são vistas como o futuro, no caminho para a sustentabilidade empresarial.
Eco-inovação Organizacional
A eco-inovação organizacional compreende instrumentos de gestão que levem a mudanças na organização da empresa, como por exemplo, a realização de eco-auditorias. A eco-inovação no setor dos serviços torna-se cada vez mais relevante à medida que os produtos materiais são substituídos por serviços menos intensivos em materiais.
A eco-inovação organizacional proporciona uma mudança na cultura da empresa, ao nível da eficiência de materiais, uso da água, consumo energético, produção e deposição de resíduos e ao nível das emissões, numa amplitude que não é possível apenas com a eco-inovação tecnológica.
Eco-inovação Social
Alterações no estilo de vida e comportamentos dos consumidores são usualmente definidos como inovação social. No âmbito da eco-inovação, este conceito traduz-se numa maior sustentabilidade dos padrões de consumo. Qualquer inovação bem-sucedida, seja ela tecnológica, organizacional ou institucional na sua natureza, tem forçosamente que se misturar com os valores e estilo de vida das populações.
Computadores, televisões e automóveis tornam a vida das pessoas mais confortável. No entanto, as empresas continuam a investir verbas avultadas em campanhas promocionais para vender estes produtos e influenciar as preferências pessoais.
É expectável que o esforço promocional para a promoção de estilos de vida sustentáveis tenha que ser ainda mais forte. A título de exemplo, para que se altere a matriz de transportes de uma sociedade, são necessárias alterações comportamentais que levem a uma maior utilização de comboios, metros, autocarros ou bicicletas. Para que a eco-inovação social funcione, é necessário estar predisposto a pagar um pouco mais e abdicar de algo (pelo menos numa fase inicial), bem como a introdução de novas instituições e instrumentos (como por exemplo, rótulos ecológicos). Assim, é fundamental identificar os principais obstáculos para a difusão de processos e produtos já existentes, como barreiras institucionais, ausência de infraestruturas, marketing
profissional, conhecimento, qualidade, conforto ou sistemas de distribuição, fatores que podem levar a rácios custo/benefício desfavoráveis para o consumidor.
14
Guia para a Eco-inovação em PMEEco-inovação Institucional
Por vezes, o progresso é percebido apenas como resultado de inovação ao nível empresarial, com especial foco no progresso tecnológico. Uma vez que muitos dos problemas associados à sustentabilidade do planeta não são no essencial questões tecnológicas, esta situação cria um vazio. De facto, pode até dizer-se que a ausência de sustentabilidade está relacionada com o progresso tecnológico.
Para que um paradigma de desenvolvimento sustentável nos sistemas económico e ambiental seja viável, é necessário que os incentivos e regulamentação institucional acompanhem o progresso tecnológico. Os recursos naturais estão fundamentalmente sujeitos a um regime de acesso livre e o seu uso insustentável deriva também da ausência de arranjos institucionais adequados.
A resposta a esta nova realidade pode vir de redes e agências locais (e.g. para recursos hídricos com relevância local) ou através de novos regimes de governance global (e.g. instituições responsáveis por assuntos relacionados com o clima global e a biodiversidade, como é o caso do IPCC – Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas).
Assim, a eco-inovação institucional é a fundação para uma política de sustentabilidade.
Eco-inovação no Sistema
A eco-inovação no sistema corresponde a uma série de inovações relacionadas entre si que melhoram ou criam sistemas totalmente novos, proporcionando funções específicas com um reduzido impacte ambiental global. Uma caraterística chave da inovação no sistema é ser um conjunto de alterações implementadas por desenho. Por exemplo, a eco-inovação no sistema em relação a uma habitação, não consiste apenas na existência de janelas isolantes ou de utilização de um melhor sistema de aquecimento - consiste na inovação na conceção
global para melhorar a sua funcionalidade.
As “cidades verdes” são outro exemplo de inovações no sistema no qual os esforços de inovação e de
planificação conduzem a uma combinação de alterações permitindo que o funcionamento da cidade e a vida nela seja mais “verde”. Inclui, por exemplo, novos conceitos de mobilidade que fazem frente não só aos
serviços tradicionais de transporte público (por exemplo, autocarros) mas também aos sistemas de bicicletas partilhadas (e a infraestrutura relacionada com o estacionamento de bicicletas) e ainda com a planificação que visa reduzir a necessidade de viajar (implica que supermercados, centros de dia, etc. se instalem nas novas zonas residenciais).
A distinção entre os diferentes tipos de eco-inovação não é, no entanto, algo claro. Os diferentes tipos de inovação andam lado a lado, evoluindo em simultâneo. Ações coletivas de moradores em defesa da sustentabilidade dos padrões de consumo poderiam ser catalogadas como eco-inovação institucional, enquanto a sensibilização para as questões ambientais numa empresa se poderia enquadrar no conceito de eco-inovação social.
O sucesso da eco-inovação depende de uma combinação de avanços científicos, políticos, reformas sociais e outras alterações institucionais, bem como da escala e direção de novos investimentos. A eco-inovação organizacional e social terá sempre de ser acompanhada por eco-inovação tecnológica e alguma delas terá que surgir primeiro.
ECOPRODUTIN - Produtividade na Indústria pela Eco-inovação
15
Fonte: Observatório da Eco-inovação
Figura 3 – Relação entre as diversas vertentes da Eco-inovação
Como se pode ver, há diversas formas de introduzir eco-inovação e esta pode ser meramente incremental ou de rotura. Envolvendo a eco-inovação um compromisso de longo prazo, a introdução de medidas incrementais é geralmente um primeiro passo para as empresas, uma vez que geram rapidamente resultados, normalmente com baixo ou nenhum investimento. No entanto, a eco-inovação incremental não permite as alterações sistémicas necessárias aos objetivos de sustentabilidade das economias modernas, algo que só pode ser atingido recorrendo a medidas de eco-inovação radicais, de rotura.
A eco-inovação pode ir desde o simples controlo da poluição até uma política de ecologia industrial. A eco-inovação radical, capaz de alterar substancialmente o estado-da-arte é, como se vê na figura, a eco-inovação não tecnológica, particularmente ao nível institucional e da organização das empresas.
No entanto, a eco-inovação incremental, essencialmente de cariz tecnológico, não deve ser esquecida. A eco-inovação na sua vertente mais operacional é fundamental para orientar a empresa rumo à sustentabilidade.
Em termos operacionais, o principal foco da eco-inovação é a melhoria da eficiência de materiais, uma vez que repensar os consumos de matérias-primas, bem como de água e energia, é a forma mais direta de obter resultados com impacto considerável nas organizações. No entanto, geralmente considera-se que o conceito de eco-inovação, em temos operacionais, é composto pelas seguintes vertentes:
Eco-inovação no fluxo de materiais;
Eco-inovação nos processos;
Eco-inovação no produto;
Eco-inovação na organização;
Eco-inovação nomarketing.
O quadro seguinte apresenta as implicações associadas a cada um destes tipos de eco-inovação.
Inovação incremental
Qualquer tipo de melhoria num produto, processo ou organização da produção, sem alteração da estrutura industrial
Inovação radical
Um novo produto, processo ou forma de organização da produção inteiramente nova
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Guia para a Eco-inovação em PMEQuadro 1 – Tipos de Eco-inovação
Tipo
Descrição
Materiais
A melhoria da eficiência de materiais (matérias-primas, água, energia e resíduos) é a forma mais direta de obter resultados visíveis numa organização, com impacto sobre a bottom line. O objetivo é a introdução de inovação ao longo da cadeia de materiais de produtos e processos, de modo a reduzir a intensidade do uso de materiais, simultaneamente aumentando a qualidade de vida das populações.
Almeja a afastar a sociedade dos atuais processos de extração, consumo e deposição de materiais, para uma sociedade baseada num sistema mais circular de uso e reuso de materiais, diminuindo as necessidades totais de recursos.
Assim, algumas atividades neste âmbito incluem:
Desenvolvimento de novos materiais, com melhor performance ambiental;
Substituição de materiais e produtos de alta intensidade ambiental por novos
materiais, novos produtos com novas funcionalidade e novos serviços com novas funcionalidades;
Estabelecimento de processos de melhoria da eficiência de recursos ao longo de
todo o ciclo-de-vida, nomeadamente, extração sustentável, produção e aplicação de materiais mais eficiente, otimização dos sistemas de logística, fomento da reutilização e reciclagem, recaptura de materiais preciosos de sistemas de ciclo aberto (metais críticos, fósforo), integrar módulos e materiais em bens complexos (por exemplo, painéis solares integrados em telhados), aumento do tempo de vida e durabilidade de bens e serviços, aumento da informação dos consumidores sobre eficiência de recursos, etc;
Transformação de infraestruturas, através da melhoria dos sistemas de manutenção
de estradas e edifícios, desenvolvimento de novos conceitos de edifícios, transporte e outras redes (por exemplo, rede de abastecimento de água e saneamento) "leves" em recursos, etc.
Produto
A eco-inovação ao nível do produto contempla bens e serviços. Os bens eco-inovadores são concebidos de modo a minimizar o impacte ambiental, sendo o ecodesign uma ferramenta chave neste processo.
A curto prazo, as restrições relacionadas com os recursos assumirão um caráter mais prioritário do que aquele que assumem hoje, no momento da conceção do produto, especialmente se o preço das commodities continuar a aumentar.
A conceção de produtos que minimizem os impactes ambientais, diminuam a intensidade de recursos no processo produtivo e ofereçam opções de recuperação como a reparação, refabrico ou a reciclagem, deve tornar-se uma estratégia de negócios fundamental para empresas que queiram reduzir custos, bem como aumentar a segurança dos seus fornecimentos e a resiliência face aos mercados.
Alguns exemplos de serviços eco-inovadores são os produtos financeiros "verdes" (como o eco-aluguer), serviços ambientais (como a gestão de resíduos) e serviços com uma menor intensidade de recursos (por exemplo, o car sharing).
Processo
A eco-inovação nos processos visa a redução do uso de materiais, a minimização dos riscos e a obtenção da redução dos custos. Alguns exemplos simples são a substituição de inputs nocivos durante o processo produtivo (por exemplo, substituindo substâncias tóxicas), a otimização dos processos produtivos (melhorando a eficiência energética, por exemplo) ou a redução dos impactes negativos dos outputs da produção (como as emissões).
Adicionalmente, a redução das entradas de materiais, a chamada "mochila ecológica", nos processos produtivos e de consumo, pode também ser atingida por via da eco-inovação de processo. Conceitos normalmente associados à eco-inovação de processos são a produção + limpa, zero emissões, zero resíduos e eficiência de materiais.
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Quadro 1 – Tipos de Eco-inovação (conclusão)
Tipo
Descrição
Organização
A eco-inovação organizacional consiste na introdução de métodos de organização e sistemas de gestão para superar as questões ambientais ao nível da produção e dos produtos. Estas mudanças organizacionais correspondem à dimensão socioeconómica da inovação de processo.
Inclui sistemas de prevenção da poluição, sistemas de gestão e auditoria ambiental e gestão da cadeia de valor (cooperação entre empresas para fechar os ciclos de materiais e evitar danos ambientais ao longo de toda a cadeia de valor).
Assim, a eco-inovação ao nível da organização pode incluir um esforço de colaboração com entidades externas à empresa, que pode ir desde simples redes de negócios e clusters até soluções avançadas de simbiose industrial.
Marketing
A eco-inovação no marketing envolve alterações durante a conceção ou embalagem, product placement, promoção do produto ou política de preços. Consiste em avaliar quais as técnicas de marketing que podem ser usadas de modo a fomentar as pessoas a comprar, usar ou implementar eco-inovações.
Em termos de marketing, a marca (um conjunto de símbolos, experiências e associações relacionadas com um produto ou serviço pelos potenciais consumidores) é um fator-chave para perceber o processo de comercialização de bens e serviços.
Sendo o branding "verde" importante, na prática não é a única ou até a melhor forma de vender eco-inovações. A rotulagem é também um aspeto fundamental da eco-inovação no marketing (por exemplo, rótulo ecológico).
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Guia para a Eco-inovação em PME2.2. E
CO
-
INOVAÇÃO NAS
E
MPRESAS
Entendido em que consiste a eco-inovação e qual a racionalidade económica subjacente à sua aplicação no mundo empresarial, é importante perceber de que forma se aplica nas empresas e quais os principais desafios que se põem à sua bem-sucedida implementação.
De uma forma genérica, a eco-inovação faz-se sentir nas empresas em três vertentes distintas: no modelo de negócios, nos processos produtivos e nos produtos e serviços oferecidos.
Eco-inovação no Modelo de Negócios
A eco-inovação de maior rotura nas organizações tende a acontecer no âmbito do modelo de negócios, uma vez que força as empresas a reconsiderarem a sua forma de fazer negócios até então e adaptar as suas práticas e cultura empresarial de toda a organização aos princípios da eco-inovação. É necessário perceber qual a melhor forma de oferecer valor ao cliente e como satisfazer as suas necessidades, o que pode levar a uma alteração substancial nos produtos oferecidos, bem como nos processos produtivos.
Eco-inovação nos Processos Produtivos
A eco-inovação atua sobre todas as grandes etapas da vida do produto, enquanto este se encontra ainda no seio da organização. Assim, envolve a implementação de medidas com vista a uma melhor gestão da cadeia de aprovisionamentos e da política de compras e a incrementar a produtividade de materiais e energia, bem como a uma melhor gestão da produção de resíduos e de emissões de gases com efeito de estufa (GEE).
Eco-inovação nos Produtos e Serviços Oferecidos
A ação recai sobre a forma de conceção de novos e existentes produtos da empresa, de que forma são vendidos e em que consistirá a política de marketing. Simultaneamente, exige também uma grande aposta na investigação e desenvolvimento que, inevitavelmente, terá impacto nos produtos e serviços oferecidos, bem como nos processos produtivos utilizados e no modelo de negócios escolhido.
Fonte: Observatório da Eco-inovação
Figura 4 – Roda da Eco-inovação Modelo Negócios Qual é a oferta de valor da empresa ao cliente? Marketing Design Investigação e Desenvolvimento Resíduos e emissões Produtividade de materiais e energia Cadeia de aprovisionamentos
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Repensar o Modelo de Negócios
Frequentemente, as empresas são forçadas a repensar e recriar o seu
modelo de negócios, de forma a reduzir custos e melhorar a satisfação dos
clientes. Muitas empresas são também impulsionadas por preocupações
ambientais e sociais.
Principais Desafios
Repensar a oferta de valor da empresa
Os clientes não têm uma necessidade absoluta de ser os donos dos produtos. Os serviços podem igualmente cumprir as suas necessidades, por vezes de forma melhor. É importante considerar conceitos como o aluguer ou a partilha no modelo de negócios da empresa.
Analisar o horizonte dos negócios
É importante perceber quais as tendências emergentes e que podem afetar a oferta de valor da empresa e o modelo de negócios a curto e a longo prazo.
Prevenir riscos
Alterar um modelo de negócios é um processo contínuo, sendo por isso importante realizar avaliações periódicas ao modelo de negócios, de forma a tornar a empresa mais resiliente.
Acrescentar valor
Uma questão fundamental para uma empresa interessada na introdução de medidas de eco-inovação é saber como criar valor ao cliente, de uma forma que seja não só mais rentável para a empresa, mas também que consuma uma menor quantidade de recursos.
A necessidade de mobilidade, por exemplo, não implica necessariamente a posse de um carro. A função desempenhada por um carro pode ser conseguida de muitas outras formas e meios de transporte, ou simplesmente limitando a necessidade de mobilidade por si só. De forma similar, a forma mais eficiente de gerir os resíduos da empresa é evitar a sua produção, em vez de desenvolver até os métodos mais sofisticados de reciclagem.
Ou seja, é fundamental um pensamento outside-the-box , no sentido de tentar resolver as questões da forma mais direta e eficiente, mesmo que isso implique alterações significativas no modelo de negócios. Todas as opções devem ser consideradas.
Principais Questões
Que valor criamos para o nosso cliente?
Que necessidades dos clientes estão a ser satisfeitas com o produto?
Quais são as atividades e recursos que ajudam a empresa a desenvolver e criar valor para os clientes (know-how , recursos, parcerias estratégicas, propriedade intelectual, etc.)?
Em que medida está o modelo de negócios da empresa dependente do acesso, uso de materiais e energia por parte da empresa e dos clientes?
É possível conceber uma forma diferente de satisfazer as necessidades dos clientes (por exemplo, sistemas produto/serviço)?
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Guia para a Eco-inovação em PMEEco-inovação nos Processos Produtivos
A eco-inovação nos processos produtivos passa fundamentalmente por
três vertentes distintas: gestão de resíduos e emissões, produtividade de
materiais e energia e gestão da cadeia de aprovisionamentos.
Gestão de Resíduos e Emissões
A gestão de resíduos é uma área em que o paradigma mudou completamente nos últimos anos. Em vez das empresas se preocuparem fundamentalmente com o tratamento de resíduos e com o desenvolvimento de soluções de fim-de-linha, as atenções centram-se agora em evitar ou minimizar a sua produção e na valorização desses mesmos resíduos.
Os resíduos e as emissões assumem várias formas distintas (águas residuais, resíduos sólidos e biológicos, resíduos químicos, emissões atmosféricas, etc.).
Principais Desafios
Gestão dos resíduos
Os custos de eliminação atingem montantes na ordem de 15% dos custos de gestão de resíduos. Os custos escondidos associados aos resíduos podem estar a destruir as margens de lucro da empresa. A poupança pode também advir de um melhor cumprimento da regulamentação ambiental.
Fonte: Observatório da Eco-inovação
Figura 5 – Custos escondidos da deposição de resíduos
Os resíduos e as emissões apresentam-se de diferentes formas (águas residuais, resíduos sólidos e orgânicos, resíduos químicos, emissões atmosféricas, etc.) As emissões e os resíduos diretos têm origem em fontes que pertencem ou são controladas pela empresa, como a produção, processos, transporte, etc. Asemissões e resíduos indiretos integram os inputs de materiais e energia utilizados na extração, tratamento, produção e fornecimento de produtos e serviços.
Custos de Deposição
Custo de matérias-primas
Efeito dos resíduos na capacidade,
reduzindo a produtividade
Custos energéticos
Custo de processamento
Custo da água
Tempo de gestão gasto
Transporte
Armazenagem
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Monitorizar e avaliar a produção de resíduos
A minimização de resíduos não se esgota na redução do uso de materiais, envolvendo uma avaliação de consumos energéticos, emissões e do esforço necessário à reciclagem e reutilização dos resíduos. Quando o custo total dos resíduos é compreendido, projetos de redução da produção de resíduos nas empresas têm normalmente períodos de retorno do investimento inferiores a um ano. À medida que o custo das matérias-primas sobe e o processo de reciclagem se torna mais abrangente, a separação de materiais nos resíduos pode tornar-se economicamente viável e representar uma importante fonte de receita adicional para a empresa.
Principais Questões
Que tipo de resíduos e emissões produz a empresa?
Quais são as fontes diretas de produção de resíduos e emissões?
Quais são as fontes indiretas de produção de resíduos e emissões?
Podem os resíduos tornar-se materiais auxiliares para a empresa ou para outras empresas?
Podem os resíduos de empresas da região servir de material para o processo produtivo da empresa?
Vantagens da Eco-inovação
Diminui os custos de cumprimento de legislação ambiental;
Reduz os custos de matérias-primas, transporte, armazenagem, gestão, etc., em períodos de tempo muito curtos;
Permite à empresa identificar os custos escondidos associados à gestão de resíduos, que vão muito para além dos custos de deposição;
A realização de auditorias sobre o uso de materiais e fluxos de resíduos permite à empresa reduzir ineficiências e a quantidade de resíduos produzida, gerando poupanças para a organização (é uma prática crescente nas empresas e muitas vezes cofinanciada por entidades governamentais);
Potencia a seleção de materiais facilmente recicláveis, o que contribui para a redução dos custos de deposição de resíduos;
Promove um manuseamento e armazenagem adequados, evitando quebras e perdas, o que se reflete numa redução dos custos de produção;
Recorrer a esquemas de devolução ao fornecedor é uma forma de utilizar materiais reciclados no processo de fabrico;
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Guia para a Eco-inovação em PMEProdutividade de Materiais e Energia
A eco-inovação direcionada à melhoria da eficiência dos materiais e ao aumento da produtividade energética pode reduzir custos na empresa e diminuir os riscos associados ao negócio, tornando as empresas menos dependentes de importações.
Principais Desafios
A extração e utilização global de recursos praticamente dobrou nas últimas duas décadas. Esta tendência não se pode manter sem que surjam graves consequências para o meio ambiente. A volatilidade do preço das commodities, particularmente
metais, alimentos e produtos agrícolas não-alimentares é maior a partir do ano de 2000 do que em qualquer década do século XX. O fórum Económico Mundial classifica a volatilidade das commodities como o quinto maior risco em termos de impactes negativos. Simultaneamente, a Europa é uma das regiões do mundo mais dependentes de importações, particularmente de combustíveis fósseis, colocando uma enorme pressão nas empresas do velho continente.
Diversas empresas estão expostas a riscos de falhas no abastecimento de matérias-primas, volatilidade de preços e elevados preços dos materiais. Para que as empresas identifiquem "pontos quentes" para a aplicação de práticas eco-inovadoras, é fundamental um conhecimento profundo das suas necessidades de materiais e energia para o processo produtivo.
Principais Questões
Que tipo e que quantidade de materiais são consumidos ao longo do ciclo-de-vida dos produtos e serviços oferecidos?
Que medidas podem ser adotadas para reduzir o uso de materiais, energia, água e outros recursos?
Estão a ser considerados materiais e fontes energéticas alternativas para os processos e produtos?
Medidas Rápidas
Investir na eficiência de materiais. Há inúmeros case studies de empresas que adotaram medidas de melhoria de eficiência de materiais com bons resultados;
Substituir materiais e produtos intensivos em recursos por novos materiais, produtos e serviços menos intensivos e que melhorem também as funcionalidades do produto final;
Investir na eficiência energética. Está bem documentado o potencial de redução de custos nas empresas através da implementação de medidas simples de melhoria da eficiência energética.
A produtividade de materiais exprime o valor económico gerado pela entrada ou consumo de uma unidade de material.
A produtividade energética exprime o valor económico gerado pela entrada de uma unidade ou consumo de energia.
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Gestão da Cadeia de Aprovisionamentos
A gestão da cadeia de aprovisionamentos inclui ações de coordenação e cooperação com fornecedores, intermediários, subcontratados e clientes. Uma gestão sustentável da cadeia de aprovisionamentos requer a gestão dos impactes ambientais, sociais e económicos, bem como o fomento de boas práticas de governança ao longo do ciclo-de-vida de bens e serviços.
Principais Desafios
Capacidade de fazer face à volatilidade do preço dascommodities e à incerteza no abastecimento de materiais e satisfação das exigências dos clientes em termos de uma maior transparência na cadeia de aprovisionamentos;
A informação mais importante a recolher concerne à origem dos recursos usados na produção e evidência do seu impacte ambiental e social ao longo da cadeia de aprovisionamentos.
Principais Questões
Qual a posição da empresa na cadeia de aprovisionamentos?
Quais são os aspetos de maior valor acrescentado na cadeia de aprovisionamentos?
De que forma pode ser melhorada a colaboração com os parceiros?
Onde podem ser aplicadas práticas sustentáveis, desde a conceção à compra, da produção à embalagem, da armazenagem ao transporte e, finalmente, na reciclagem?
Quais os riscos e oportunidades de uma gestão sustentável da cadeia de aprovisionamentos?
Vantagens da Eco-inovação
A gestão da cadeia de aprovisionamentos pode contribuir para a eco-inovação através da coordenação e integração de tarefas. No caso de cadeias de aprovisionamento de circuito fechado, envolve conceitos como a logística inversa, recondicionamento e remarketing;
Redução de custos pela racionalização dos processos ao longo de toda a cadeia de aprovisionamentos;
Redução de custos pela aquisição prioritária de produtos e serviços ecoeficientes;
Criação de uma "história de sustentabilidade", que permita uma maior fidelização dos clientes à empresa e aos produtos e serviços oferecidos.
Medidas Rápidas
Avaliar a forma como é gerida a cadeia de aprovisionamentos na empresa;
Mapear e medir os fluxos de entrada e saída de recursos na empresa;
Identificar a dimensão dos fluxos e os papeis e responsabilidades dos intervenientes dentro e fora da empresa;
Definir papeis e responsabilidades internamente (gestor da cadeia de aprovisionamentos, comités, ao nível executivo, etc.);
Avaliar riscos e oportunidades através de uma abordagem de gestão de risco/oportunidades;
Realizarbenchmarking e analisar o que é feito externamente nesta área;
Estabelecer metas de sustentabilidade e critérios de procurement na cadeia de aprovisionamentos; Desenvolver indicadores para medir a performance e o progresso;
Incrementar a comunicação externa e interna da empresa;
Encorajar a cooperação entre clientes e fornecedores: esta prática é fundamental para as PME que consideram a dependência dos clientes uma das grandes barreiras à eco-inovação;
Considerar recorrer aclusters regionais para estruturar a cadeia de aprovisionamento;
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Guia para a Eco-inovação em PMEEco-inovação nos Produtos e Serviços
A eco-inovação nos produtos e serviços passa fundamentalmente por três
vertentes distintas: investigação e desenvolvimento (I&D), conceção e
marketing.
Investigação e Desenvolvimento (I&D)
Atribuir funções de promoção da eco-inovação no seio da organização ao departamento de I&D permite a identificação de novas oportunidades de negócio.
Principais Desafios
Desenvolver produtos, serviços e tecnologias eco-inovadoras pode ser sinónimo de alterações fundamentais nos produtos existentes, o que pode ser custoso a curto prazo mas benéfico a longo prazo;
Avaliar o risco, particularmente custos/benefícios a longo prazo pode ser difícil;
Perceber os impactes ambientais ao longo de todo o ciclo-de-vida é crucial e um processo complexo;
O know-how e a informação relevante para I&D eco-inovadora podem não estar disponíveis internamente. Pode ser necessário o recurso a especialistas externos ou ao estabelecimento de parcerias.
Principais Questões
A empresa tem oknow-how , tempo e recursos financeiros para investir em I&D de relevo?
Quem possui as competências necessárias para implementar as atividades de I&D interna ou externamente?
A equipa de I&D precisa de formação sobre eco-inovação?
De que forma pode o departamento de I&D identificar oportunidades?
A empresa dispõe de sistemas implementados de monitorização de tendências eco-inovadoras relacionadas com o seucore-business?
Medidas Rápidas
Integrar considerações ambientais na estratégia de I&D;
Alocar uma percentagem do orçamento de I&D à eco-inovação;
Desenvolver um prémio interno anual, destinado a premiar as melhores ideias;
Realizar ações de sensibilização sobre impactes ambientais na empresa, de forma a assinalar oportunidades e prioridades relacionadas com a eco-inovação;
Analisar necessidades de mercado e tendências que fomentem a eco-inovação e disseminar os resultados por gestores-chave edesigners;
Identificar os impactes ambientais de produtos ao longo de todo o seu ciclo-de-vida, pontos cruciais de consumo de materiais e energia e formas de melhorar a produtividade dos recursos;
Fomentar a comunicação sobre novas tenologias, materiais e processos direcionada a partes interessadas cruciais de I&D;
Subscrever fontes de informação sobre tecnologias emergentes, que possam ser aplicadas com benefício ambiental;
Envolver parceiros-chave e stakeholders pode produzir novas oportunidades para soluções de eco-inovação ou formas de reduzir os impactes ambientais dos produtos existentes.
ECOPRODUTIN - Produtividade na Indústria pela Eco-inovação
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Ecodesign
O ecodesign é uma ferramenta fundamental para um processo de conceção de produto assente na eco-inovação. Oecodesign consiste na integração dos impactes ambientais na conceção e desenvolvimento de produtos e visa melhorar a performance ao longo de todo o ciclo-de-vida do produto.
A maioria dos impactes ambientais podem ser evitados aquando da conceção do produto. Abordar proativamente os aspetos ligados à sustentabilidade no "início-da-linha" potencia proveitos superiores para a empresa. A conceção deve especificar, por exemplo, que materiais e, em certa medida, que processos produtivos serão utilizados na fabricação do produto. Afeta também o potencial de reutilização, reciclagem e deposição do produto, bem como impactos indiretos da distribuição de novos produtos.
Principais Desafios
A conceção do produto pode ser realizada por um grande número de intervenientes, como designers de produto, engenheiros de design ou consultores, ou pode ser completada por outras áreas técnicas e de negócios, como parte das suas responsabilidades;
Nas empresas de menor dimensão, a conceção, pesquisa de mercado, investigação e desenvolvimento podem estar estreitamente ligadas. Quando não é o caso, deve estabelecer-se uma ligação estreita entre atividades como a avaliação de tecnologias alternativas, produtos concorrentes e protótipos, bem como a avaliação da performance ambiental, de modo a que se possa fundamentar o processo de tomada de decisão;
Abordar atributos individuais do produto como a reciclagem, biodegradabilidade ou eficiência energética de forma independente não significa necessariamente uma redução do impacte ambiental do produto na sua globalidade. É necessária uma abordagem mais ampla, que englobe todo o ciclo-de-vida do produto, para que se estabeleçam compromissos, em que um atributo do produto, como a utilização de materiais de forte intensidade energética, seja contrabalançado por outro, que pode criar uma maior ou menor eficiência de recursos. Um desafio comum a todas as empresas é calcular os impactes de produtos que não têm ainda todas as suas especificações delineadas, de forma eficiente em termos de custos e decidir entre diversos compromissos de diferentes impactes ambientais. Por exemplo, emissões de CO2 vs escassez de materiais vs utilização de materiais com
compostos tóxicos, etc.;
A implementação de soluções radicais novas pode implicar um grau de criatividade ao longo do ciclo-de-vida do produto com que a empresa se encontre pouco familiarizada, sendo difícil de executar internamente;
Os processos de desenvolvimento e recursos produtivos existentes na empresa podem limitar aquilo que pode ser feito interna e externamente;
A comunicação de informação sobre os impactes ambientais de um produto não é sempre bem aceite pelo cliente, por vezes não influenciando o seu comportamento (por exemplo, redução do consumo energético na fase de uso). O ecodesigner pode optar por adotar uma conceção de produto que ajude o cliente a reduzir os seus impactes ambientais.
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Guia para a Eco-inovação em PMEPrincipais Questões
Quais são as alternativas disponíveis para melhorar o desempenho ambiental do produto no momento de conceção?
Qual o potencial para ampliar o tempo de vida útil, potencial de reutilização, refabrico, reparação,
upgrade ou reciclagem de parte/todo o produto? É possível separar as partes?
Pode utilizar-se menos material e menos tipos de materiais, ou materiais substituídos por alternativas com menor impacte ambiental (por exemplo, materiais recicláveis/reciclados)?
É possível reduzir a energia, água e consumíveis utilizados no processo produtivo ou substitui-los por outros de menor impacte ambiental?
Que ferramentas estão disponíveis para efetuar uma avaliação dos impactes ambientais associados a cada uma das fases do ciclo-de-vida do produto no momento de conceção? A utilização dessas ferramentas requer formação ou especialistas externos para assegurar resultados fidedignos e compreensíveis?
Que funcionalidades do produto ou informação ao utilizador podem provocar um comportamento de baixo impacte ambiental? Os materiais também possuem informação sobre reciclagem?
A conceção pode permitir uma produção com menor impacte ambiental?
Que experiência é necessária para o ecodesign? Pode ser feito internamente ou subcontratando? Que fases de desenvolvimento do produto beneficiariam em ser realizadas externamente?
Medidas Rápidas
Identificar os domínios prioritários de ecodesign de produtos e serviços (por exemplo, redução de peso, aumento da eficiência energética, redução da embalagem, aumento da reciclabilidade, substituição de materiais perigosos, aumento do tempo de vida útil, etc.);
Selecionar e aplicar medidas de ecodesign nas áreas consideradas prioritárias (por exemplo, energia, água, embalagem, etc.);
Adicionar critérios ambientais à conceção do produto e apresentar protótipos funcionais a representantes dos consumidores, de forma a confirmar os benefícios na utilização para o consumidor final;
Formar o pessoal interno, contratar uma entidade externa, efetuar parcerias com universidades ou centros de investigação, se não houver know-how para oecodesign na empresa;
Escolher ferramentas adequadas à avaliação (preferencialmente quantitativa) dos impactes previstos e permitir aosdesigners comparar alternativas durante o processo de conceção.
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Marketing
O consumidor atual compra produtos, serviços ou tecnologias mais "verdes" porque funcionam melhor, poupam dinheiro ou são benéficas para a saúde. As marcas ecológicas integram benefícios ambientais relevantes nos produtos, oferecendo um produto de qualidade a um custo competitivo e comunicam a sua mensagem baseando-se em factos e evitando o chamado greenwashing ("eco-branqueamento" fictício de um produto ou serviço).
Principais Desafios
Os clientes sejam consumidores finais (B2C), empresas (B2B) ou entidades governamentais -consideram cada vez mais as questões ambientais e sociais no momento de aquisição;
Estudos de mercado podem identificar áreas importantes de interesse ambiental ou social, de melhoria ou preocupação relativa a produtos, serviços e tecnologias eco-inovadoras, sendo por isso uma ferramenta que não deve ser subestimada;
O fomento de novos modelos de negócio ou produtos, em função de predicados ambientais, requer uma abordagem diferente da abordagem quotidiana por parte do departamento de I&D, com dialogo constante entre várias partes interessadas, incluindo consumidores, parceiros e fornecedores;
As considerações em termos do ciclo-de-vida do produto são cada vez mais importantes para os consumidores (as empresas devem conhecer a origem das suas matérias-primas, como são fabricadas, embaladas e depostas);
Compreender o comportamento de consumidores e utilizadores é importante. O comportamento dos utilizadores do produto é fundamental para o impacte ambiental de um produto. Por exemplo, a redução do consumo energético na fase de uso do ciclo-de-vida do produto é crucial para a diminuição dos impactes ambientais em produtos de eletrónica de consumo ou produtos "brancos" (produto/equipamento destinado ao cumprimento de tarefas domésticas);
As empresas devem abordar os aspetos ambientais em todas as fases do consumo:
o Sensibilização – Como sensibilizar o público sobre produtos e serviços?
o Avaliação – Como auxiliar o público na avaliação dos predicados "verdes" de um produto? o Compra – De que forma os clientes compram os produtos e serviços?
o Entrega – Como é possível entregar um produto mais ecológico ao cliente?
o Pós-venda – Como é possível fornecer um serviço de apoio pós-venda mais ecológico?
Clientes mais ecológicos são influenciados por recomendações de pessoas de confiança e terceiros. Há repercussões negativas muito fortes sobre produtos percebidos como greenwashing, devendo as empresas ser claras acerca das características ambientais dos seus produtos;
Empresas proativas constroem uma relação de confiança com os consumidores em matérias ambientais através de uma aproximação pelos vários tipos de media, particularmentewebsites e redes sociais, em vez de utilizarem apenas osmedia "tradicionais".