• Nenhum resultado encontrado

II.2 Integração na redação

O meu estágio curricular na SIC, inserido no Mestrado em Jornalismo da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, demonstrou-se essencial para a compreensão do funcionamento de uma televisão. Durante os três meses de estágio, realizei diferentes trabalhos, tanto na redação como no terreno.

No meu primeiro dia de estágio, acabado de chegar às instalações, a coordenadora e minha orientadora de estágio Lúcia Gonçalves, apresentou-me os cantos à casa, assim como todos os membros que trabalham na redação da SIC Porto. Atribuiu-me um computador, esclareceu-me quanto aos horários de trabalho e disse que naquele mesmo dia, tinha de sair em reportagem da parte da tarde.

Os horários dos estagiários eram definidos pelos próprios. A coordenadora informou-me que os estagiários na SIC Porto não são controlados, lembro-me de ouvir que “cá na SIC Porto não há ninguém a controlar os horários de trabalho dos estagiários. Cabe ao estagiário aproveitar ao máximo e aprender durante o tempo que cá está.” Aconselhou-me a estar na redação diariamente por volta das nove horas da manhã, uma vez que era a hora que a maior parte dos jornalistas chegavam, consultavam o plano de serviços e saíam em reportagem. Estando a essa hora na redação, poderia escolher o serviço que queria e aí sim, acompanhar o jornalista e o repórter de imagem.

Conforme disse há pouco, nesse primeiro dia estava escalado no plano de serviços para acompanhar um repórter de imagem a um serviço. Confesso que fiquei um pouco nervoso e surpreendido com esta decisão da minha “chefe”, uma vez que os colegas de redação diziam que “um estagiário nunca sai sozinho num serviço, muito menos no primeiro dia de estágio.”

O serviço estava marcado para as 16:30 horas, era a assinatura da nova parceria entre a Liga de Portugal de e a Under Blue, que sela a nova indumentária oficial dos árbitros. O serviço decorria no auditório da sede da Liga de Portugal no Porto, era um trabalho simples, ia lá estar presente o Pedro Proença, atual presidente

da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, e a minha função era recolher um TH2 (Talking Head) e perguntar qual a opinião sobre a ausência de árbitros portugueses no Euro 2016?

Durante a conferência, um jornalista de outro órgão de comunicação social, antecipou-se e fez-lhe a pergunta. No final da conferência, e uma vez que já tinha respondido à pergunta que eu queria, eu e o repórter de imagem voltamos para a redação. Já passava das 18 horas, na redação tinha a Lúcia à minha espera para saber como tinha corrido este meu primeiro serviço. Depois de lhe contar em detalhe o que fiz durante aquela tarde, estava dispensado e fui para casa. Já em casa e enquanto jantava, vi no Jornal da Noite esse serviço que fiz. Estava assim cumprido o meu primeiro desafio como jornalista estagiário na SIC, e aí vi como é realmente o trabalho em televisão.

No dia seguinte, ainda não eram 9 horas e já me encontrava na redação. Foi assim durante os três meses seguintes.

Durante os três meses, tenho muito presente a correria e a urgência em apresentar as notícias o mais rápido possível, mas ao mesmo tempo com certeza e precisão daquilo que se mostra e que um pequeno detalhe pode transpor um grande erro para o grande ecrã. Apercebi-me da importância que um minuto, ou até mesmo um segundo podem ter quando se faz televisão. A ideia que na televisão as coisas são feitas e preparadas com muita antecedência está totalmente errada, muito menos quando se fala de atualidade, onde por vezes, tudo muda a cada instante.

Em doze semanas, foram muito poucos os dias em que fiquei na redação e não acompanhei um jornalista em reportagem. Da política ao futebol, da saúde à cultura, trabalhei e aprendi nas mais diversas categorias do jornalismo.

Por vezes, os jornalistas davam-me a oportunidade de ser eu a fazer as entrevistas, sempre com eles por perto a supervisionar. Durante o meu estágio fiz várias peças televisivas. Quando voltava de um serviço, sentava-me na redação a

2 Talking Head – Declarações feitas em televisão por uma determinada pessoa, contextualizadas

escrever o meu texto e selecionar as entrevistas feitas. Por norma, os jornalistas acabavam primeiro e iam para as salas de edição montar as peças, saindo de lá apenas com elas finalizadas. Após terminar as minhas peças, procurava o jornalista com quem saí, e pedia uma correção ao meu trabalho. Este foi um processo de bastante aprendizagem, uma vez que conseguia aproveitar todas as dicas e maneiras de escrever que me iam dando. Com a minha peça corrigida, era a minha vez de procurar um editor de imagem que estivesse disponível para assim finalmente, sonorizar e montar a minha peça.

As semanas de natal e de Ano Novo foram diferentes na redação, sendo que metade da equipa trabalhou na semana de Natal e outra metade na semana de Ano Novo. Com as equipas reduzidas, eu como estagiário trabalhei nas duas semanas integrado na redação, com exceção dos dias 24,25 e 30 de dezembro e no dia 1 de janeiro.

A minha experiência como estagiário na redação da SIC Porto teve uma duração de 3 meses, entre os dias 16 de Dezembro de 2016 a 15 de Março de 2016. Durante o meu percurso, tive a oportunidade de sair em reportagem com todos os jornalistas da redação, assim como todos os repórteres de imagem. Entre muitas outras coisas, aprendi também como se trabalha em equipa no seio de uma redação e de que a colaboração entre colegas é fundamental para se obter um produto final positivo.

A familiarização com o software ENPS (The Essential News Production System) foi bastante importante, uma vez que era através dele que ficávamos a par de tudo o que se passa na SIC, quer na redação do Porto, quer na redação de Lisboa, desde a agenda, à marcação de serviços, o alinhamento dos jornais, entre outras funções. Para ter acesso a toda a informação SIC, foi criada uma conta para que eu pudesse então aceder ao sistema da estação. Através desse sistema, tinha também o meu email que me permitia comunicar com os jornalistas (sobretudo os da redação do Porto), tirar dúvidas e trocar informações que fossem relevantes para a elaboração dos diferentes trabalhos jornalísticos.

No decurso do estágio, elaborei dezasseis peças televisivas. Todas sonorizadas por mim, as peças dizem respeito aos seguintes assuntos: a visita o presidente da

república, Marcelo Rebelo de Sousa ao Porto; o assalto a uma caixa de multibanco numa freguesia em Braga; a leitura do acórdão do julgamento de uma mãe que matou o filho no rio Douro; um incêndio num bairro do Porto; o dia seguinte ao mau tempo que provocou várias cheias na cidade da Maia; os médicos que já podem quebrar o sigilo profissional em caso de violência domestica; a cerimonia de homenagem à porteira, natural de Penafiel, que ajudou dezenas de pessoas na noite dos atentados, em Paris; a venda do palacete Pinto Leite no Porto; os alunos que poderão ficar mais tempo nas escolas; as oficinas temáticas para os alunos do primeiro ciclo; uma academia que treina cães sem o uso de força; a empresa dinamarquesa Lego, que contratou trabalhadores portugueses; a cidade do Natal, em Santa Maria da Feira; os preparativos para a passagem do ano na cidade do Porto; o sucesso das visualizações no youtube; e por fim, as dobragens em português do filme Alvin e os Esquilos. Nos últimos dias do estágio, tinha uma pasta com todas as minhas peças, sugeri então aos coordenadores, se havia a possibilidade de me deixarem usar o estúdio de modo a gravar os textos pivot, ficando assim com um jornal televisivo, todo feito por mim, ou seja, desde o trabalho de pivôt à sonorização. Eles para além de gostarem da ideia, autorizaram-me e deram-me algumas dicas acerca do trabalho de um pivôt. Com a duração de cerca de 30 minutos, o meu telejornal encontra-se em formato DVD, em anexo a este relatório de estágio (Anexo 22).

Documentos relacionados