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Como em qualquer redação, o dia na redação da SIC Porto começa bastante cedo. Mensalmente são atribuídos os horários de trabalho aos jornalistas, havendo sempre quem fique “em alerta” durante a noite, caso haja algum acontecimento de ultima hora.

A informação chega à redação através de e-mails das agências de comunicação, telefonemas vindos do exterior (desde denúncias, queixas ou anúncios de eventos), agência noticiosas, principalmente da Lusa, e através de outros órgãos de comunicação social. Todos os dias de manhã, faz-se uma leitura pelos vários jornais, de modo a procurar algo que possa interessar para fazer uma peça ou até mesmo que tenha falhado na agenda. De duas em duas horas, é feita uma “ronda telefónica” para todos os polícias e bombeiros da zona norte do país, de modo a estar a par das ocorrências que vão acontecendo, se é interessante ou não para a elaboração de uma peça televisiva.

Quando a informação chega à redação, vai diretamente para a produção, onde se confirma sempre se realmente é verdadeira ou falsa, o que por vezes acontece. Composta por três elementos, a equipa de produção da redação da SIC Porto investiga toda a informação disponível acerca de determinado assunto, confirma se realmente as fontes são verdadeiras, e coloca o serviço na agenda do ENPS (The Essential News Production System). Na redação da SIC Porto, a equipa que faz a produção dos serviços é a mesma que faz a agenda de cada dia.

O ENPS é o software utilizado pelas redações da SIC. É considerado por muitos o “melhor amigo” do jornalista, é lá onde se encontra tudo o que o jornalista da redação precisa, desde a agenda, o planeamento de serviços, até ao alinhamento provisório do jornal.

No final de cada dia, a coordenação da redação, olha para a agenda do dia seguinte, e dentro do que encontra, seleciona as notícias que são para realizar peça e atribui as equipas.

O hábito de cada jornalista quando chega à redação, é abrir o computador e ver, através do ENPS o planning (planeamento de serviços), os serviços que estão planeados para fazer no dia. Para além dos serviços do dia, encontra-se disponível a constituição das equipas que estão selecionadas para cada serviço. Essas equipas são compostas por um jornalista e um repórter de imagem.

Com antecedência necessária, a equipa sai da redação e dirige-se para o local do trabalho/acontecimento. Enquanto o jornalista recolhe informação e faz as entrevistas, cabe ao repórter de imagem, através da câmara de filmar, captar todos os planos assim como as entrevistas. Com todo o material recolhido, as equipas voltam à redação. O repórter de imagem faz o ingeste dos vídeos, ou seja, passa o conteúdo dos discos de gravação para o Xpri (programa de edição de vídeo), de modo a ficarem disponíveis no sistema. Já com acesso às imagens capturadas, o jornalista vê com atenção, ouve as entrevistas e começa a escrever a peça. Finalizado este processo, o jornalista procura um editor de imagem que esteja disponível no momento, para editar a peça.

As salas dos editores de imagem (também conhecidas como ilhas), são compostas por um computador, vários monitores e um aparelho que permite o contacto direto com a redação de Lisboa. Ao lado das ilhas estão os estúdios de gravação, tem um pequeno estúdio de gravação de áudio, onde os jornalistas gravam os off’s das peças. Acompanhados pelo jornalista ao longo de todo o processo, a edição é sempre feita em equipa. Após a edição, a peça encontra-se pronta para ir para o ar. É inserida no sistema onde qualquer elemento da SIC tem acesso, seja da redação do Porto ou de Lisboa.

O alinhamento da peça é sempre definido pelo coordenador do jornal, que no caso da SIC, está sempre na redação de Lisboa. Após passar no jornal, a peça fica disponível online no site da SIC Notícias, podendo ser consultada, qualquer dia a qualquer hora.

CONCLUSÃO

Hoje em dia, as redes sociais são um recurso bastante utilizado para aceder a notícias, mas é na televisão que os portugueses mais as procuram. Devido à evolução tecnológica que vivemos, a forma como se vê e como se procura o jornalismo está a mudar, havendo cada vez mais dedicação dos órgãos dos comunicação social em explorar o jornalismo de proximidade. Para além de atrair a maior parte da população que procura notícias, este tipo de jornalismo está para ficar, prova disso são os excessos de jornalismo em direto que os canais de informação fazem.

O presente relatório teve como principais objectivos : caracterizar os valores notícia e o jornalismo televisivo, mais precisamente o jornalismo televisivo de proximidade; Identificar as estratégias utilizadas para captar a atenção do telespectador; Avaliar a perceção do público relativamente ao trabalho jornalístico de proximidade; e por fim, perceber todo o processo de uma peça televisiva, desde o acontecimento à transmissão da peça na televisão, resultado da minha experiência de jornalista estagiário na redação da SIC Porto.

Chegando então aqui, tendo como base a análise prática, adquirida durante o estágio na SIC, e a teórica, realizada no decorrer deste trabalho, cheguei à conclusão que o jornalismo de proximidade cria uma relação mais próxima com a população, uma vez que trabalha com o objectivo de se manter perto dos cidadãos, sendo o meio de informação mais procurado por estes. Com os exemplos demonstrados neste relatório através dos dois órgãos de comunicação social analisados, (SIC e Cidade Hoje), concluo que, para além da proximidade, os portugueses também procuram notícias sobre a atualidade.

Os protagonistas da notícia, a importância para uma determinada região ou até mesmo o facto de ser uma notícia do dia, são factores importantes para captar a atenção do telespetador.

A experiência acumulada ao longo do estágio na SIC Porto foi, como sublinhei, muito benéfica do ponto de vista profissional e pessoal. O contacto próximo e

permanente com os demais trabalhadores da estação deu-me a possibilidade de absorver ensinamentos valiosos.

Desde os jornalistas e os repórteres de imagem, passando pelos editores de imagem, a produtores e até aos técnicos, todos tinham algo para partilhar ou ensinar. Dia após dia ia aperfeiçoando detalhes, reforçando os aspetos positivos, num processo de aprendizagem contínuo. Neste contexto, a disponibilidade dos jornalistas foi um fator importante, uma vez que se disponibilizaram para me acompanhar, para esclarecer qualquer dúvida que surgisse, o que me permitiu evoluir favoravelmente. Este estágio consolidou mais ainda a vontade de lutar por um posto de trabalho nesta área e melhorar dia após dia enquanto profissional de jornalismo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMARAL, L. 1982. Jornalismo, matéria de primeira página. Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro. Areal, M. F. (1997) - “El público en los meios locales de comunicación” in Estudios de Periodística- Número especial dedicado al periodismo local, Pontevedra. BONNER, William. Jornal Nacional: modo de fazer. São Paulo: Globo, 2009.- Traquina, Nelson (2002), Jornalismo, Quimera. BORDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.

BRANDÃO, Nuno Goulart. Prime Time: Do que falam as notícias dos telejornais. Cruz Quebrada: Casa das Letras, 2006

CAMPONEZ, Carlos (2001). Jornalismo de Proximidade. Coimbra: Minerva.

CAMPONEZ, C. (2002) - “Jornalismo de Proximidade. Rituais de comunicação na imprensa regional”, 1a Ed. Minerva Coimbra

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