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Capítulo 3 – Intervenção no contexto educativo

3.5. Interação com a comunidade aliada ao movimento-jogo

Em ambos os contextos de creche e jardim de infância revelou-se possível concretizar propostas que implicaram a interação com a comunidade, as quais implicaram a realização de saídas de cada um dos grupos e a receção de visitas. Desta forma os momentos que implicavam movimento-jogo não se restringiram apenas ao espaço físico da instituição. De acordo com o referido no capítulo 1, as interações com a comunidade, e portanto com outros contextos, diversificam as vivências e experiências das crianças que implicam o movimento e jogo.

De seguida partilharei de que forma sucedeu a interação de ambos os contextos com a comunidade.

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Creche Jardim de Infância

Visita dos familiares dos meninos (28/02) Desfile de carnaval pelo bairro da casinha

(28/02)

Saída ao parque (07/03) Saída à Quinta do Pomarinho

(14/03)

Saída às instalações da G.N.R (20/03) Visita do músico Gustavo Nogueira (19/03)

Saída Quinta do Pomarinho (26/03) Saída pelo bairro e visita a loja de animais

(11/03)

Saída à Quinta do Pomarinho (23/04)

Saída ao continente (30/04) Saída Instituição Externato Oratório de São

José

Visita de três dançarinos de sevilhanas (08/05) Passeio pelo bairro com grupo de berçário

(12/05)

Passeio por uma rua com as bicicletas (23/05) Ida à Quinta do Pomarinho (29/05) Visita do jogador de futebol Vítor Nunes

(28/05)

No segundo semestre o grupo de creche realizou saídas (deslocação ao parque, deslocação à Quinta do Pomarinho, deslocação à G.N.R (c.f. Apêndice 17, p142) a contextos exteriores à instituição que potenciaram momentos de movimento-jogo significativos para o grupo.

No segundo semestre o grupo de jardim de infância realizou saídas (deslocação à Quinta do Pomarinho, deslocação à G.A.R.E, deslocação ao Externato Oratório de São José, exploração das bicicletas no espaço exterior à instituição (c.f. Apêndice 18,p143), passeio com o grupo de berçário) a contextos exteriores à instituição que potenciaram momentos de movimento-jogo significativos para o grupo.

Nesse mesmo semestre foram também planificadas duas propostas, abertas aos grupos da instituição, que implicaram o contacto da comunidade exterior com a instituição, tendo sido recebidas as visitas de um grupo de bailarinos de sevilhanas (c.f. Apêndice 19,p144) (9 de maio) e de um jogador de futebol (28 de maio).

Segundo as OCEPE, “o processo de colaboração com os pais e com a comunidade tem efeitos na educação das crianças e, ainda, consequências no desenvolvimento e na aprendizagem dos adultos que desempenham funções na sua educação” (Ministério da

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Educação, 1997, p.23). O contato com a comunidade, no âmbito das propostas e projetos, pretende que as crianças se familiarizem com o meio que as circunda, o que lhes permite conhecer e compreender a cultura do meio a que pertencem, ao nível dos hábitos, tradições e costumes. Por outro lado, estas interações permitem aos meninos/as observar a realidade, conforme se apresenta, o que inclui, e implica, que os/as meninos/as se familiarizem com as infraestruturas e com os contextos com que interagem. As aprendizagens da vida podem, portanto, ser promovidas através deste tipo de propostas.

Os momentos que potenciaram a interação com a comunidade, onde se encontrava implicado o movimento e o jogo, sucederam com maior enfoque e em ambos os contextos no segundo semestre. Ainda assim, importa ressaltar que as saídas ao exterior implicaram locais diferentes, o que, possibilitou às crianças diferentes possibilidades de movimento e de jogo. A potencialidade destes momentos de interação permitiu também a familiarização dos/as meninos/as com locais que integram o seu contexto próximo e, portanto, a comunidade a que pertencem. Partindo do referido, num olhar reflexivo na PES, importa acrescentar:

“O educador deve olhar a instituição enquanto contexto aberto e recetivo, que se encontre ligada à comunidade, com quem se relaciona e com quem interage. Por outro lado, também os contextos exteriores à instituição não devem descartar a sua influência no crescimento e desenvolvimento das crianças, uma vez que também estes intervém, apresentando também a sua relevância no papel de educar. Se de fato, os/as meninos/as pertencem a uma comunidade, então também a comunidade deverá intervir como educadora, na caminhada da vida. A influência de momentos como o referido na faixa etária das crianças tende a divergir, não possuindo a mesma influência, nem relevância.(…)” (Relatório individual VI em contexto de JI, de 5 a 9 de maio)

De facto, os/as meninos/as devem usufruir destas oportunidades, ainda que estas possam ser proporcionadas pelas famílias, importa explanar que a disponibilidade e condições monetárias dos familiares pode nem sempre possibilitar estes momentos, pelo que as instituições podem intervir nesta lacuna, caso exista. Considerando que as propostas desenvolvidas na PES abrangiam todo o grupo, pude concluir que a igualdade de oportunidades foi assegurada.

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Nestes mesmos momentos, as crianças interagiam com os seus colegas, o que assegurava a intereção com novos espaços e, nalguns dos casos com os materiais, de uma forma coletiva, como se pode averiguar no seguinte excerto:

“ (…). Na quinta do Pomarinho, onde o grupo passou um período da manhã, foi possível observar a potencialidade que o contexto apresenta, desde o espaço em si aos próprios recursos que disponibiliza. Nas situações particulares, na quinta do Pomarinho, que implicaram a exploração dos recursos existentes, foi possível observar o particular envolvimento que as crianças tiveram (…). A exploração da quinta, ao ar livre, permitiu também que o grupo usufruísse de recursos que não dispõe na instituição. Este constitui-se um outro aspeto relevante, o qual retrata a importância que estas propostas assumem. Ao contatarem com outros recursos, pouco habituais, as crianças passam a puder diversificar as suas vivências neste sentido, de exploração, bem como a forma como observam e exploram estes mesmos recursos, mediante as suas próprias ações.” (Relatório individual V em creche, de 10 a 14 de março).

A integração de contextos exteriores às instituições possibilita a observação de outros espaços, e inclusivamente situações, bem como a exploração de outros locais, que diferem dos habituais espaços institucionais, e a receção/acolhimento da comunidade, aspetos que diversificam as oportunidades de movimento e de jogo. De seguida apresentarei o excerto reflexivo, que espelha um desses mesmos momentos (quando recebido o grupo de sevilhanas) em contexto de PES:

“(…) A possibilidade das crianças escutarem e observarem um momento cultural com a presença de pessoas especializadas numa determinada área constitui-se um aspeto que se revela interessante de analisar, tendo em conta os benefícios que pode apresentar ao nível das vivências e experiências das crianças. A observação e consulta de livros e recursos nem sempre se revela suficiente, ao nível, por exemplo da apropriação da realidade circundante, no caso das crianças mais velhas. Neste sentido, a observação deste tipo de momentos potencia estas mesmas situações. Ao observarem as peças de vestuário dos bailarinos, escutarem as melodias e visualizarem a dança, os/as meninos/as têm um contato direto com a cultura, inerente a um outro país. Ainda assim para que decorram aprendizagens e urjam curiosidades os/as meninos/as devem ter a possibilidade de interagir com outros contextos, ou pessoas que de alguma forma

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intervenham neste sentido. (…)” (Relatório individual VI em contexto de JI, de 5 a 9 de maio)