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INTERAÇÃO E INTEGRAÇÃO SOCIAL

Para que um estudante se torne um membro de um grupo de colegas em uma sala de aula, no pátio de recreio ou em uma reunião de família, devem ser obtidas as habilidades necessárias para interagir com outros membros do grupo. Membros de grupo iniciam e respondem um ao outro, assim como

participam na determinação da estrutura da interação. Em outras palavras, os

próprios colegas decidem quando e como interagir em vez de seguir estímulos de um líder externo. Além da estrutura, a fonte do reforço nas interações conduzidas por colegas é geralmente diferente das atividades conduzidas por adultos. Em vez de agir contra vontade por recompensas tangíveis ou elogios de um adulto, o reforço é geralmente pelo menos parcialmente social e intrínseco à atividade. Por essas razões, interações iniciadas e estruturadas por colegas são diferentes em alguns aspectos de outros tipos de interações. Por exemplo, no pátio de recreio, as crianças escolhem seus parceiros de brincadeiras, iniciando e respondendo a “propostas” sociais (convite para brincar) dos outros. Uma vez escolhido, durante o andamento das interações, os membros do grupo determinam as atividades específicas de que eles vão participar, incluindo a extensão, local, ritmo e medidas de reforço e punição. Dois meninos atléticos podem se emparelhar e começar a correr ao redor dos equipamentos de jogo, subindo a ladeira, descendo o escorregador, através do túnel, passando pelos balanços e voltando novamente. Outros observam e decidem se juntar à brincadeira, se juntando à linha dos corredores. Alguns participantes ultrapassam o líder e levam o grupo em uma direção diferente. Os membros do grupo se esbarram uns nos outros, rindo e gritando. Vários membros iniciam ações motoras grosseiras como balançar seus braços ou vocalizações como barulhos de zumbir que são imitados por outros.

Finalmente, exaustos, os líderes caem na grama e os que estão atrás seguem o procedimento. Após uma pausa de alguns momentos, o grupo se separa em vários pares ou trios que conversam até que estejam prontos para mais ação.

Com crianças novas, atividades iniciadas e estruturadas por colegas provavelmente ocorrem mais comumente em vários tipos de atividades de brincadeiras sociais. Entretanto, os componentes básicos da brincadeira social são freqüentemente aprendidos em isolamento dos outros. Por exemplo, algumas crianças podem aprender a jogar ou quicar a bola, correr, construir torres, rodar caminhões ou andar de bicicleta sozinhos. Isso não significa que elas automaticamente começam a se envolver nessas atividades com outros. No começo do seu desenvolvimento social, estudantes precisam experimentar vários tipos de interações sociais e podem necessitar de muitas interações com outros antes de procurar por elas espontaneamente. Eles podem não tender no sentido de experiências de “atenção compartilhada” ou “comum”, preferindo se isolar e evitar contato com outros. Um período de tempo pode ser necessário em que o estudante é gradualmente exposto a interações simples como esconder, fazer cócegas, brincadeiras brutas mais brandas e jogos rápidos para aumentar seu contato visual, freqüência de aproximações e interesse geral em outros. Eu achei muito importante ser “implacavelmente divertido” com estudantes trabalhando em primeiras habilidades sociais, brincando freqüentemente com eles e encorajando outros a fazerem o mesmo.

Estudo de Caso: Ensino de Primeiras Interações Sociais

Jack era um menino de três anos com um diagnóstico de autismo que

fazia apenas rápido contato visual com outros e preferia se isolar em um canto da sala longe dos colegas e adultos. Ele geralmente manipulava os brinquedos de maneira auto estimuladora, mas não da maneira que eles deveriam ser usados. Ele chorava se qualquer adulto a não ser sua mãe se aproximava, se o adulto tentava interagir com ele por mais que alguns segundos. Ele tinha apenas começado um programa ABA e estava bem no começo do currículo quando o consultor começou um programa de ensino de habilidades de interação social examinando a reação do Jack a eventos sociais. Aproximando- se de Jack durante um tempo de brincadeiras livres, o consultor sentou no

chão perto de Jack e esperou para ver se Jack reagiria a sua presença, mas Jack apenas continuou a girar blocos no tapete. Sentado ao lado de Jack, o consultor pegou um bloco e começou a girá-lo de forma semelhante à de Jack. Nesse ponto, Jack pegou o bloco do consultor e fez um barulho de irritação. O consultor não reagiu e Jack voltou a brincar. Após 30 segundos sentado calmamente, o consultor se levantou e foi embora.

O consultor esperou alguns minutos antes de pegar uma pequena bola de praia e chamar o nome de Jack algumas vezes de uma distância de três pés em frente a Jack. Jack não levantou os olhos nem reagiu e continuo sua manipulação dos blocos. O consultor quicou a bola algumas vezes para atrair a atenção de Jack e Jack olhou para cima brevemente. Quando ele fez isso, o consultor jogou delicadamente a bola para ele. Jack rebateu a bola e olhou de volta para os blocos. O consultor recuperou a bola e voltou a sua posição original, chamando novamente o nome de Jack, dessa vez acrescentando “Aí vem ela, ela está vindo agora” com uma voz de entusiasmo. Jack olhou para cima novamente e o consultor esperou dois segundos antes de lançar a bola. Durante o intervalo Jack olhou para cima ainda mais e fixou seu olhar na bola na mão do consultor. Com um enorme sorriso e mais um “Aí vem ela” o consultor jogou delicadamente a bola de praia, que novamente foi rebatida por Jack. Entretanto, após o lançamento, o consultor rapidamente se aproximou de Jack após o lançamento e fez cócegas nele, falando com uma voz provocadora “Você realmente consegue bater naquela bola. Por que você bateu naquela bola? Agora é melhor você ir buscá-la”. Em vez de rir por causa das cócegas e pegar a bola para continuar, Jack chorou e se contorceu e se afastou do consultor.

Interações sociais similares foram feitas pelo consultor repetidamente nos dias seguintes, às vezes usando a bola de praia, às vezes atraindo a atenção de Jack com um novo brinquedo musical computadorizado ou outras novidades e objetos interessantes. O consultor sempre chamava pelo nome de Jack, falava com ele entusiasticamente, “invadia” o espaço de Jack freqüentemente, mas brevemente antes de se retirar para atrair sua atenção, e assegurava que qualquer contato visual espontâneo ou respostas interativas de qualquer tipo fossem seguidas de acesso adicional à novidade e objeto

interessante. Além disso, tapinhas delicados nas costas, rápidos passeios de dedos pelo braço e outros toques físicos foram adicionados como conseqüências. As interações eram breves e o consultor tentava terminá-las de forma positiva antes que Jack protestasse, mas o consultor também tentava gradualmente pedir interações mais extensivas.

Jack reagia gradativamente à iniciação social do consultor, se virando em direção a ele mais prontamente e freqüentemente, fazendo breve contato visual e às vezes interrompendo suas próprias brincadeiras para esperar o consultor começar. De maneiras sutis, os critérios para permitir que Jack segurasse objetos novos e atraentes foram elevados; assim que o objeto era trazido e Jack fixava seus olhos nele, o consultor movia o objeto em um espaço no alcance dos braços. fazendo barulhos como “Zum, zum.” Invariavelmente, Jack seguia o trajeto do brinquedo por alguns segundos antes que este aterrissasse no seu colo. Às vezes o consultor segurava o brinquedo na sua própria cabeça por alguns segundos e Jack poderia olhar para ele brevemente enquanto o consultor fazia caretas e ria.

Durante uma sessão, o consultor estendeu sua mão e disse “Bate aqui!” e Jack bateu na sua mão. O consultor então fez uma série de caretas, pulando para cima e para baixo e emitindo barulhos estranhos. Por algum motivo, isso entreteve muito Jack e ele riu enquanto olhava para o consultor. O consultor imediatamente parou e estendeu sua mão novamente, em que Jack prontamente bateu de novo, solicitando a repetição da performance “boba” do consultor e com o mesmo efeito em Jack. Na terceira vez o consultor moveu sua mão para perto do seu rosto e solicitou que Jack olhasse em seus olhos por dois segundos completos. Isso também foi facilmente realizado.

Neste ponto, o consultor treinou outro pessoal para continuar com procedimentos similares e, por cinco meses seguintes, as atividades de compartilhamento de atenção de Jack eram realizadas com freqüência. Após um tempo, ele começou a iniciar contato com outros, incluindo o consultor (sempre procurando “bata aqui”). Contato visual, aproximações espontâneas e até pedidos verbais simples por atenção e brincadeiras aumentaram durante o tempo de treino. Aceitação e aproveitamento do contato físico mudou drasticamente. Durante o tempo de treinamento, o pessoal de ensino era

encorajado (com a permissão de pais de Jack e em ambiente supervisionado) a gradualmente acostumar Jack com cócegas, tapinhas nas costas, balanço, leves brincadeiras brutas e abraços rápidos. Previamente descrito por alguns como “de tato defensivo”, Jack gradualmente passou a adorar o contato e isso acabou sendo usado como um reforço potente para ensino de outras habilidades.

O caso de Jack não é atípico para estudantes iniciantes com autismo e ilustra as técnicas empregadas para estabelecer as iniciais e mais básicas habilidades sociais. Note que foi importante escolher atividades que necessitassem de interações freqüentes e fornecessem imediatamente conseqüências divertidas. Como mencionado, os primeiros jogos sociais podem ser breves. Contato visual espontâneo e aproximação dos outros são os principais comportamentos alvo. Outros comportamentos desejáveis são vocalizações ou verbalizações espontâneas, sorrisos, contato físico ou solicitações para brincar (usando gestos ou palavras). O estímulo diferenciado ou ajuda inicial para tais comportamentos é a presença de outra pessoa.

Métodos para Estabelecimento de Comportamento Social