• Nenhum resultado encontrado

Interacção entre o Brainstorming e/ou Brainwriting e a FMEA

6 Análise da FMEA com outras Técnicas

6.7 Diagrama de causa e efeito

6.9.3 Interacção entre o Brainstorming e/ou Brainwriting e a FMEA

O Brainwriting complementa o Brainstorming e fazem parte de um processo de tomada de decisão para a resolução de problemas. Podemos utilizar estas técnicas para tentar encontrar mais rapidamente soluções para a correcção dos problemas levantados pela FMEA.

A equipa necessária para estas duas técnicas e para a FMEA têm exactamente as mesmas características; logo é propicio utilizar estas técnicas na resolução de problemas levantados pela FMEA.

O domínio e conhecimento destas duas técnicas vai-nos ajudar não só a solucionar o nosso problema, como nos vai dar mais capacidades e conhecimentos para lidar e trabalhar com uma equipa multidisciplinar. Para além de que estas duas técnicas (Brainstorming / Brainwriting) são técnicas capazes de gerarem um número elevado de ideia num curto espaço de tempo. Existem diversas maneiras de fazer um brainstorm, tudo depende dos objectivos da FMEA, ou seja daquilo que pretendemos alcançar nessa sessão.

Estas duas abordagens funcionam e enquadram-se bem na FMEA porque permitem que as pessoas expressem as suas ideias sem serem criticadas ou julgadas, o que origina altos níveis de criatividade. Para encorajar as ideias criativas o moderador deve elogiar aqueles que se esforçam por encontrarem soluções para o problema.

O moderador deve rever as regras destas técnicas antes de iniciar a sessão com a equipa e quando a sessão acaba, deve rever todas as ideias, combinar ideias similares, e eliminar aquelas que não se encaixam no contexto. Depois as melhores ideias são utilizadas como possíveis acções na FMEA.

6.10 “Quality Function Deployment” (QFD)

Em 1969 o Japão baseava sua estratégia da qualidade no Controlo Total da Qualidade (Total Quality Control, TQC), porém verificou-se que o processo de desenvolvimento de produtos tinha deficiências. Assim em 1978, os Professores Shigeru Mizuno e Yoji Akao desenvolveram o método chamado Quality Function Deployment (QFD), em português, Desdobramento da Função Qualidade (CHEN, 1995; AKAO, 1990).

O QFD é um método estruturado para definir as necessidades ou requisitos do cliente transformando-os em planos de produção de produtos. Permite definir prioridades de um projecto a diferentes níveis no processo de desenvolvimento (Cohen, 1995). Esta técnica com origem no Japão é considerada de incalculável valor no desenvolvimento de novos produtos ou serviços. É uma das muitas técnicas que se encontram sobre o conceito CWQC (Company Wide Quality Control), filosofia caracterizada por ser orientada ao cliente. (Chien, 2003)

Cohen (1995) defende que, o QFD é um método para estruturar o planeamento e desenvolvimento do produto, possibilitando à equipa especificar claramente as necessidades e requisitos do cliente, de forma a ficar a saber exactamente o que ele deseja.

De seguida, usa-se um sistema lógico para determinar a melhor forma de preencher esses requisitos. Esse sistema lógico envolve construir uma ou mais matrizes. Porém, Cohen (1995) argumenta que há quem considere a existência de mais do que quatro matrizes QFD, ou seja, o QFD poderá ser constituído por trinta matrizes adicionais, que usam as prioridades do VOC (“Voice of Client”) para planear os múltiplos níveis da concepção de um produto.

Podemos resumir dizendo que o QFD é um sistema que permite traduzir os requisitos dos clientes apropriados à organização em cada estádio, desde a investigação e desenvolvimento de um novo produto passando pela engenharia, produção, marketing e vendas até à distribuição. Planeamento da Qualidade consiste basicamente em transformar expectativas e necessidades do cliente em requisitos do produto e processo, através do exemplo seguinte de um cartoon editado pela Readers Digest vamos verificar como é complicado não perder o significado dos requisitos do cliente no processo de tradução dos requisitos do cliente para o produto.

Há uma criança que pretende um baloiço.

As vendas decidem melhorar o projecto aumentando a segurança. Nada como desenhado com três cordas.

O marketing, na sua campanha, imagina três crianças felizes a baloiçarem-se em simultâneo.

A engenharia sensível a projectos que possam causar ferimentos não quer que ninguém caia e desenha-o assim.

A equipa de produção acredita ter percebido o que o cliente realmente pretende

.

E finalmente a equipa de instalação, por falta de formação, não soube instalar o baloiço.

Figura 47 – Verificação da importância de entender os requisitos do cliente

Como podemos verificar cada versão reflecte uma visão diferente, o QFD pretende alinhar toda a organização. Para tal acontecer são necessárias diferentes ideias

e perspectivas, nenhuma pessoa sozinha tem o conhecimento suficiente para resolver todos os problemas, deve ser realizado por uma equipa multifuncional (Jagdev, Bradley, Molloy, 1997), representando vários departamentos que estejam envolvidos no desenvolvimento do produto, nomeadamente Comercial, Engenharia, Qualidade, Produção. É importante que a equipa que desenvolve o QFD esteja familiarizada com o processo produtivo e o produto(Cohen, 1995).

A abordagem ao QFD pode ser representado pelas seguintes etapas, na figura:

Figura 48 – Etapas de abordagem de uma QFD

Para podermos perceber e implementar a QFD e elaborar esta abordagem correctamente precisamos de perceber dois conceitos fundamentais:

Qualidade

A palavra “Qualidade” que geralmente definimos como conformidade de requisitos, adequação ao uso ou alguma outra medida de comportamento, tem um significado mais amplo no Japão, em que Qualidade significa “Um sistema que permita economicamente produzir bens ou serviços que satisfaçam os requisitos dos clientes”.

A qualidade corresponde a satisfazer os requisitos, estar pronto a tempo, e a redução de custos. O QFD assegura que a qualidade requerida pelo cliente se faça cumprir. A qualidade e fiabilidade do produto são determinadas nas fases iniciais do desenvolvimento do produto. QFD permite criar a qualidade no produto e controlar o processo do desenvolvimento desde a concepção até as operações iniciais de manufactura na Casa da Qualidade. (Govers, 2001)

Requisitos dos clientes

Desenho dos requisitos do produto

Requisitos de produção

Características das partes/componentes

Melhoria Continua

O QFD é uma metodologia de desenvolvimento e melhoria contínua do produto. Esta metodologia deve fazer parte da cultura da empresa, tendo um papel activo no desenvolvimento do processo. O QFD vai ao encontro dos problemas específicos que poderão surgir e através de uma série de matrizes relacionadas entre si (Cohen, 1995) permite, para além de determinar os requisitos do cliente, quais os requisitos que requerem novas tecnologias, possibilita determinar possíveis falhas no sistema, mas também permite à empresa decidir se a esta tem recursos suficientes e quais são os níveis de qualidade requeridos. O QFD é também considerado uma metodologia preventiva, sugerindo a probabilidade de sucesso ou de falha. Permite identificar as mudanças necessárias antes de o produto ser concebido.

O facto do QFD ser composto por várias matrizes sucessivas, facilita identificar de que forma um problema está relacionado com outro. QFD permite fazer um processo de tradução explícito e sistemático (Cohen, 1995). Isto possibilita eliminar um dos maiores inimigos de um processo de grupo e consequentemente do QFD, ou seja, a fraca comunicação (Cohen, 1995).