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propriedades eletrost´aticas das prote´ınas

7.2 Interac¸˜ao prote´ına–prote´ına

O estudo do fenˆomeno da complexac¸˜ao prot´eica foi efetuado com base na an´alise da variac¸˜ao da energia livre eletrost´atica - ∆Gele e do segundo coeficiente cruzado de virial - B23. Quando ∆Gele ´e menor que zero, o processo ´e expontˆaneo, indicando assim que a reac¸˜ao ´e favor´avel `a formac¸˜ao de complexos prot´eicos. Por outro lado, valores positivos para ∆Gele n˜ao favorecem a formac¸˜ao de complexos prot´eicos e, quando ∆Gele= 0, o sistema est´a em equil´ıbrio. O ∆Gele ´e uma medida que depende das condic¸˜oes f´ısico-qu´ımicas do meio e das propriedades das prote´ınas, as quais destacamos a valˆencia e capacitˆancia. A importˆancia da capacitˆancia est´a demonstrada na Subsec¸˜ao - 7.2.1.

O B23 ´e um crit´erio termodinˆamico utilizado para quantificar as interac¸˜oes que ocorrem entre duas mol´eculas, assim, quando B23 ´e negativo h´a atrac¸˜ao entre as prote´ınas, se positivo, repuls˜ao.

As Figuras 73 e 74 exibem, respectivamente, o ∆Gele(em k

BT) em func¸˜ao da distˆancia de separac¸˜ao r (em ˚Angstr¨om) e o B23 (em mol.ml/g2) em func¸˜ao do pH, do complexo hirundina–trombina (PDB: 4HTC). Nestes exemplos, comparamos o efeito da incorporac¸˜ao do mecanismo de regulac¸˜ao de cargas na predic¸˜ao do complexo prot´eico. O pH foi fixado em 8,0 e forc¸a iˆonica igual a 0,01M.

Figura 73: Comparac¸˜ao do ∆Geledo complexo hirundina–trombina (PDB: 4HTC), com e sem o mecanismo de

Figura 74: Comparac¸˜ao do B23, do complexo hirundina–trombina (PDB: 4HTC), com e sem o mecanismo de

regulac¸˜ao de cargas em forc¸a iˆonica igual a 0,01M.

∆Gele (Figura 73) apresenta valores negativos, os quais indicam que o processo ´e fa- vor´avel `a formac¸˜ao do complexo prote´ıco. Note que, a incorporac¸˜ao do mecanismo de regulac¸˜ao de cargas, aumenta a atrac¸˜ao entre as prote´ınas. O mesmo comportamento pode ser observado no B23 (Figura 74), o qual apresenta valores negativos entre os pH’s 4,5 e 7,5, indicando assim atrac¸˜ao entre as prote´ınas nesta faixa de pH, tamb´em conhecida como janela de complexac¸˜ao ou cristalizac¸˜ao. Para efetuar estas an´alises procedemos da seguinte forma:

1. O complexo hirundina–trombina ´e representado no arquivo no formato PDB por 3 cadeias - L, H e I, onde as cadeias L e H representam a subunidade pequena e grande do po- lipept´ıdeo trombina e a cadeia I representa a hirundina. Utilizando a ferramenta split

protein, apresentada na Subsec¸˜ao 6.1.5 – Ferramentas auxiliares desenvolvidas, separa- mos o complexo 4HTC em dois arquivos distintos, no formato PDB. Um arquivo con- tendo as informac¸˜oes a respeito das estruturas L e H e outro da estrutura I.

2. Em seguida efetuamos a predic¸˜ao das propriedades eletrost´aticas das duas mol´eculas iso- ladas representadas pelos arquivos PDB gerados. As Figuras 75 e 76 exibem a curva de titulac¸˜ao e capacitˆancia para cada subunidade deste complexo. Neste exemplo, os c´alculos foram realizados no n´ıvel de predic¸˜ao anal´ıtico, para o qual foi utilizado a tabela com valores de pKa’s de Nozaki and Tanford (2) para obtenc¸˜ao dos valores dos pKa’s.

Note que, na Figura 75, entre os pH’s 4,5 e 8,5 as prote´ınas possuem cargas com sinais opostos, indicando assim atrac¸˜ao entre as mesmas, o que possibilita a formac¸˜ao do complexo

Figura 75: Curva de titulac¸˜ao do complexo hirundina–trombina (PDB: 4HTC), separado em duas prote´ına, em forc¸a iˆonica nula.

Figura 76: Curva da capacitˆancia em func¸˜ao do pH, do complexo hirundina–trombina (PDB: 4HTC), separado em duas prote´ına, em forc¸a iˆonica nula.

Figura 77: Curvas de titulac¸˜ao de cada prote´ına que forma o complexo prot´etico tripsina–inibidor (PDB: 2PTC).

prot´eico nestas condic¸˜oes f´ısico-qu´ımicas. A atrac¸˜ao ´e intensificada pela incorporac¸˜ao do me- canismo de regulac¸˜ao de cargas, cuja capacitˆancia ´e apresentada na Figura 76.

O pr´oximo exemplo ilustra a predic¸˜ao da titulac¸˜ao e capacitˆancia, do complexo prot´eico tripsina–inibidor (PDB: 2PTC), o qual ´e dado por duas cadeias: E (tripsina) e I (ini- bidor de tripsina). Assim como no exemplo anterior, utilizando a ferramenta “split protein”, separamos cada cadeia presente no arquivo PDB, criando dois novos arquivos no formato PDB, um contendo somente a estrutura referente `a cadeia E e outro com a estrutura da cadeia I. As Figuras 77 e 78 exibem a titulac¸˜ao e a capacitˆancia de cada cadeia individualmente.

Observe na Figura 77 que, entre os pH’s 9,3 e 10,2 as prote´ınas possuem cargas com sinais opostos, indicando assim atrac¸˜ao eletrost´atica entre as prote´ınas nesta faixa de pH. Em relac¸˜ao `a capacitˆancia, esta possui a maior intensidade no pH 10, o que aumenta a forc¸a de atrac¸˜ao entre as prote´ınas neste pH.

Ap´os o c´alculo das propriedades eletrost´aticas, efetuamos a an´alise da variac¸˜ao da energia livre eletrost´atica do complexo tripsina–inibidor. A Figura 79 exibe a variac¸˜ao da energia livre eletrost´atica, a qual apresenta valores negativos, que diminuem em intensidade conforme as prote´ınas s˜ao afastadas uma da outra. Tal comportamento (∆Gele< 0) indica que o processo ´e espontˆaneo e, portanto a complexac¸˜ao ´e favor´avel. Neste exemplo incorporamos o mecanismo de regulac¸˜ao de cargas, fixamos o pH em 10 e forc¸a iˆonica nula.

Analisando o B23, do complexo 2PTC, verificamos que este possui valores negativos entre os pH’s 9,3 e 10,1, ou seja, neste intervalo de pH ocorre a formac¸˜ao de complexos en- tre as prote´ınas informadas ao sistema. A literatura nos mostra que a formac¸˜ao do complexo

Figura 78: Curvas da capacitˆancia de cada prote´ına que forma o complexo prot´etico tripsina–inibidor (PDB: 2PTC).

Figura 79: ∆Geleformando o complexo prot´eico tripsina–inibidor (PDB: 2PTC). O pH foi fixado em 10 e forc¸a

Figura 80: B23formando o complexo prot´eico tripsina–inibidor (PDB: 2PTC). pH experimental:10 (16, 17).

2PTC ocorre no pH 10,0 (16, 17). Apesar de simplificados, os c´alculos realizados no n´ıvel de predic¸˜ao ideal (anal´ıtico) s˜ao capazes de prever se haver´a ou n˜ao a formac¸˜ao de um complexo prot´eico, inclusive informando ao usu´ario, em quais condic¸˜oes (pH, forc¸a iˆonica do meio, etc.) a complexac¸˜ao ´e mais favor´avel.

O pr´oximo exemplo ilustra a formac¸˜ao de um complexo anticorpo (lisozima) – ant´ıgeno (HyHEL-10 Fab), c´odigo PDB: 3HFM. As Figuras 81 e 82 ilustram, respectivamente, o ∆Gele e o B23. Nestes dois c´alculos efetuamos a comparac¸˜ao dos resultados com e sem o mecanismo de regulac¸˜ao de cargas. O pH escolhido para a realizac¸˜ao desde c´alculo foi 10,6, ponto isoel´etrico da prote´ına lisozima determinado neste n´ıvel de predic¸˜ao (anal´ıtico) e forc¸a iˆonica igual a 0,01M.

Observamos, na Figura 81, que a incorporac¸˜ao do mecanismo de regulac¸˜ao de cargas, aumenta (em intensidade) a energia de atrac¸˜ao entre as prote´ınas particularmente pr´oximo ao

pI. Pelo fato de uma das prote´ınas presentes no complexo possuir carga muito pequena neste pH (10,6)30, ∆Gele aproxima–se de zero. Com o mecanismo de regulac¸˜ao de cargas, ∆Gele, ´e levemente intensificada, proporcionando a formac¸˜ao do complexo prot´eico. Considerando apenas a variac¸˜ao da energia livre eletrost´atica e as condic¸˜oes f´ısico–qu´ımicas apresentadas, a carga das prote´ınas deixa de ser o ´unico fator para a complexac¸˜ao, uma vez que a energia de interac¸˜ao entre elas ´e muito pequena, e a capacitˆancia das prote´ınas passa a contribuir mais significativamente para a formac¸˜ao do complexo prot´eico.

Na Figura 82, valores negativos do B23, indicam atrac¸˜ao entre as prote´ınas. Note que, a

Figura 81: Comparac¸˜ao do ∆Geledo complexo HyHEL-10 Fab–lisozima (PDB: 3HFM), com e sem o

mecanismo de regulac¸˜ao de cargas. O pH e a forc¸a iˆonica foram fixados 10,6 e 0,01M, respectivamente.

Figura 82: Comparac¸˜ao do B23, do complexo HyHEL-10 Fab–lisozima (PDB: 3HFM), com e sem o mecanismo

Figura 83: B23do complexo tripsina–inibidor (PDB: 2PTC), com o mecanismo de regulac¸˜ao de cargas, em

v´arios regimes de forc¸a iˆonica.

incorporac¸˜ao do mecanismo de regulac¸˜ao de cargas aumenta um pouco a atrac¸˜ao das prote´ınas. A janela de complexac¸˜ao ´e expandida de 7,2-10,3 para 7,2-10,5.

Visando demonstrar o efeito da forc¸a iˆonica na predic¸˜ao na predic¸˜ao de complexos prot´eicos, atrav´es das an´alises do ∆Gele e B23, ilustramos na Figura 83 o c´alculo do B23, do complexo tripsina–inibidor (PDB: 2PTC), em v´arios regimes de forc¸a iˆonica. Conforme au- menta a concentrac¸˜ao de sal, B23 aproxima-se de zero, como esperado. ´Ions de sal dissociados em soluc¸˜ao reduzem a energia de interac¸˜ao entre as prote´ınas. Quanto maior a concentrac¸˜ao de sal presente na soluc¸˜ao maior o efeito da blindagem eletrost´atica. As interac¸˜oes eletrost´aticas que ocorrem entre os amino´acidos que comp˜oem a prote´ına tamb´em s˜ao afetadas pela forc¸a iˆonica. A blindagem eletrost´atica produzida pela forc¸a iˆonica leva a uma diminuic¸˜ao da energia livre eletrost´atica e, conseq¨uˆentemente do B23, uma vez que este ´e uma func¸˜ao de ∆Gele.

O pr´oximo exemplo ilustra a formac¸˜ao de um complexo constitu´ıdo por duas prote´ınas lisozima (PDB: 2LZT). A Figura 84 exibe a variac¸˜ao da energia livre eletrost´atica com e sem o mecanismo de regulac¸˜ao de cargas, no n´ıvel de predic¸˜ao anal´ıtico em forc¸a iˆonica nula e 0,01M. Fixamos o pH em 10,6, pr´oximo ao pI da prote´ına, quando utilizando este n´ıvel de predic¸˜ao.

Devido o aumento da forc¸a iˆonica no meio, o efeito da blindagem eletrost´atica por meio da dissociac¸˜ao de ´ıons na soluc¸˜ao, diminui a intensidade das interac¸˜oes eletrost´aticas que ocorrem entre as prote´ınas que formam o complexo. Por outro lado, a incorporac¸˜ao do mecanismo de regulac¸˜ao de cargas proporcionou um aumento na atrac¸˜ao entre as prote´ınas, uma vez que, ∆Gele< 0.

Figura 84: ∆Geledo complexo formado por duas lisozimas (PDB: 2LZT) com e sem o mecanismo de regulac¸˜ao

de cargas, em forc¸a iˆonica nula e 0,01M. O pH, a temperatura e a constante diel´etrica do solvente foram fixados em 10,6, 298,15 K e 78,5, respectivamente.

A Figura 85 mostra a comparac¸˜ao do ∆Gelepara a formac¸˜ao de um complexo prot´eico constituido por duas lisozimas (PDB: 2LZT), nos n´ıveis de predic¸˜ao anal´ıtico e PB. Neste exem- plo, fixamos a concentrac¸˜ao de sal em 0,01M, a temperatura em 298K e o pH em 10,6 para os c´alculos anal´ıticos e 11,2 para os c´alculos utilizando as estruturas 3D das prote´ınas31. A cons- tante diel´etrica das prote´ınas e do solvente foi parametrizada em 40 e 80, respectivamente. Utilizamos o campo de forc¸a GROMOS96 para calcular os pKa’s dos amino´acidos ioniz´aveis em func¸˜ao de sua posic¸˜ao na estrutura da prote´ına.

´

E importante salientar que, como as prote´ınas s˜ao iguais, estas possuem a mesma carga em func¸˜ao do pH. Sendo assim, considerando somente as interac¸˜oes Coulombicas as prote´ınas sempre ir˜ao apresentar um comportamento repulsivo, independente do pH do meio o qual as prote´ınas est˜ao inseridas. Com a incorporac¸˜ao do mecanismo de regulac¸˜ao de cargas, observa- mos uma poss´ıvel atrac¸˜ao entre as prote´ınas, uma vez que, ∆Gele< 0.

O emprego das estruturas 3D das prote´ınas proporcionou uma reduc¸˜ao na intensidade das interac¸˜oes, embora seu comportamento seja qualitativamente semelhante ao do c´alculo anal´ıtico. Geralmente, nos c´alculos anal´ıticos, a predic¸˜ao da titulac¸˜ao e capacitˆancia das prote´ınas ´e superestimada. Conseq¨uˆentemente, h´a tamb´em uma superestiva das demais grande- zas que s˜ao func¸˜ao destas propriedades, como por exemplo, ∆Gelee os coeficientes de virial.

31Optamos por efetuar as comparac¸˜oes em dois pHs distintos pois, quando predizemos a curva de titulac¸˜ao da

lisozima utilizando somente a seq¨uˆencia prim´aria de amino´acidos, esta tem seu pI em 10,6, enquanto que, nos c´alculos utilizando a estrutura 3D, esta prote´ına tem pI em 11,2. Assim podemos demonstrar para os dois n´ıveis de predic¸˜ao (anal´ıtico e PB), a importˆancia do mecanismo de regulac¸˜ao de cargas.

Figura 85: ∆Gele, nos n´ıveis de predic¸˜ao anal´ıtico e Poisson-Boltzmann, do complexo formado por duas

lisozimas (PDB: 2LZT) com e sem o mecanismo de regulac¸˜ao de cargas em forc¸a iˆonica igual a 0,01M. A temperatura, a constante diel´etrica da prote´ına e a constante diel´etrica do solvente foram fixadas em 298 K, 40 e

80, respectivamente. O pH foi mantido constante em 10,6 para os c´alculos anal´ıticos e 11,2 para os c´alculos utilizando PB. Campo de forc¸a: GROMOS96.

Para avaliar o efeito da forc¸a iˆonica, realizamos o c´alculo do B2, no n´ıvel de predic¸˜ao anal´ıtico, em v´arias concentrac¸˜oes de sal. Esta an´alise ´e exibida na Figura 86.

B2diminui, em intensidade, conforme aumenta a concentrac¸˜ao de sal na soluc¸˜ao, uma vez que o sal blinda as interac¸˜oes eletrost´aticas, fazendo com que ∆Gelese aproxime de 0 (zero). Para o pH em torno de 10,6, B2apresenta valores pr´oximos de zero. Isso se deve ao fato de que, pelos c´alculos anal´ıticos, 10,6 ´e o ponto isoel´etrico da lisozima. Neste ponto n˜ao seria poss´ıvel a complexac¸˜ao, visto que a carga total das duas prote´ınas ´e nula. Por outro lado, com o mecanismo de regulac¸˜ao de cargas, h´a uma ligeira atrac¸˜ao e B2 ´e negativo (−2,4x10−3mol.ml/g2) em forc¸a iˆonica nula.

As Figuras 87 e 88 exibem a comparac¸˜ao do B2, provido pelo PROMETHEUS, nos n´ıveis de predic¸˜ao anal´ıtico e PB32, com medidas experimentais33 e outras previs˜oes te´oricas34, para a lisozima, em forc¸a iˆonica iguais a 0,005M e 0,1M.

32Os crit´erios definidos para a configurac¸˜ao dos arquivos auxiliares (.sites, .st, etc.) de acordo com cada campo

de forc¸a (GROMOS96 e AMBER99), para a posterior execuc¸˜ao dos programas pertencentes ao pacote MEAD est˜ao definidos nos Apˆendices C e D.

33Dados experimentais obtidos da referˆencia (18).

Figura 86: B2de complexac¸˜ao entre duas lisozimas (PDB: 2LZT), com o mecanismo de regulac¸˜ao de cargas, em

v´arios regimes de forc¸a iˆonica.

Figura 87: Comparac¸˜ao do B2de complexac¸˜ao entre duas lisozimas (PDB: 2LZT), nos n´ıveis de predic¸˜ao

anal´ıtico e PB, com o mecanismo de regulac¸˜ao de cargas, com medidas experimentais e outras previs˜oes te´oricas. A forc¸a iˆonica foi fixada em 0,005M. Nos c´alculos por PB,εpfoi definido como igual a 40. Os campos de forc¸a

est˜ao citados nas legendas das curvas do pr´oprio gr´afico. Os dados experimentais foram obtidos da referˆencia (18).

Figura 88: Comparac¸˜ao do B2de complexac¸˜ao entre duas lisozimas (PDB: 2LZT), nos n´ıveis de predic¸˜ao

anal´ıtico e PB, com o mecanismo de regulac¸˜ao de cargas, com medidas experimentais e outras previs˜oes te´oricas. A forc¸a iˆonica foi fixada em 0,1M. Nos c´alculos por PB,εpfoi definido como igual a 40. Os campos de forc¸a

est˜ao citados nas legendas das curvas do pr´oprio gr´afico. Os dados experimentais foram obtidos da referˆencia (18).

Note que, comparados com os dados experimentais e predic¸˜oes te´oricas por simulac¸˜oes Monte Carlo35, em baixa forc¸a iˆonica (Figura 87), a precis˜ao dos resultados aumenta quando passamos do n´ıvel anal´ıtico para o n´ıvel PB, assim como o custo computacional, de N para 2N. Ao redor do pI (10,6 – 11,2), h´a boas concordˆancias entre os dados experimentais e os preditos utilizando os dois n´ıveis de predic¸˜ao (anal´ıtico e Poisson-Boltzmann), proporcionando desta forma a utilizac¸˜ao da seq¨uˆencia prim´aria da prote´ına, como fonte inicial de informac¸˜ao para o estudo das propriedades eletrost´aticas de prote´ınas e predic¸˜ao de complexos prot´eicos com um baixo custo computacional. Para um estudo mais detelhado em outros regimes de pHs, os c´alculos com as estruturas 3D das prote´ınas apresentaram resultados equivalentes aos da simulac¸˜ao pelo m´etodo Monte Carlo, com a vantagem de possuir um menor custo computacio- nal em relac¸˜ao ao MC. Al´em disso, ´e poss´ıvel incorporar outras interac¸˜oes f´ısicas em todos os n´ıveis, tornando as previs˜oes mais realistas.

Com o aumento da forc¸a iˆonica do meio (Figura 88), o B2 predito analiticamente se aproxima do obtido com base nas estruturas 3D das prote´ınas. Este comportamento ´e devido `a blindagem eletrost´atica ocasionada pelos ´ıons do sal dissociados na soluc¸˜ao. Uma vez que, a energia de interac¸˜ao (∆Gele) ´e calculada com base nas propriedades eletrost´aticas das prote´ınas,

35Em simulac¸˜oes computacionais utilizando o m´etodo Monte Carlo, o sistema te´orico aproxima–se do sistema

experimental, atrav´es da incorporac¸˜ao de ´ıons explicitos na soluc¸˜ao e mudanc¸as conformacionais nas prote´ınas duante a fase de c´alculos. Al´em disso, outras interac¸˜oes f´ısicas s˜ao computadas, como por exemplo, interac¸˜oes de

Figura 89: Comparac¸˜ao do B2de complexac¸˜ao entre dois quimotripsinogˆenios (PDB: 1CHG), nos n´ıveis de

predic¸˜ao anal´ıtico e PB, com o mecanismo de regulac¸˜ao de cargas, com medidas experimentais e outras previs˜oes te´oricas. A forc¸a iˆonica foi fixada em 0,005M. Nos c´alculos por PB,εpfoi definido como igual a 40. As cargas

foram definidas de acordo com o campo de forc¸a AMBER99. Os dados experimentais foram obtidos da referˆencia (18).

esta se aproxima de zero em altos regimes de forc¸a iˆonica, independente do n´ıvel de predic¸˜ao (anal´ıtico ou PB). Conseq¨uˆentemente B2se aproxima de zero em altas concentrac¸˜oes de sal, j´a que este ´e uma func¸˜ao de ∆Gele.

As Figuras 89 e 90 apresentam a comparac¸˜ao entre o B2predito pelo PROMETHEUS e por outras previs˜oes te´oricas36 e medidas experimentais37 de um complexo prot´eico formado por duas prote´ınas quimotripsinogˆenio (PDB: 1CHG).

Assim como no exemplo anterior (Figuras 87 e 88) h´a um aumento da precis˜ao dos resultados quando partimos do n´ıvel anal´ıtico para o n´ıvel PB. Em ambas as comparac¸˜oes, a forc¸a iˆonica foi fixada em 0,005M e 0,01M, as predic¸˜oes realizadas com base nas estruturas 3D das prote´ınas s˜ao bastante semelhantes `as obtidas por simulac¸˜ao MC. Tal fato demonstra que, apesar da simplificac¸˜ao do modelo, as predic¸˜oes utilizando PB s˜ao t˜ao precisas quanto `as utilizando MC, al´em de apresentarem um baixo custo computacional em relac¸˜ao ao MC.

Embora os c´alculos realizados com a estrutura 3D da prote´ına melhorem a precis˜ao dos resultados, em relac¸˜ao ao c´alculos utilizando somente a seq¨uˆencia prim´aria da prote´ına, pelas aproximac¸˜oes assumidas em nossos modelos, n˜ao ´e poss´ıvel afirmar que as prote´ınas formar˜ao um complexo prot´eico, uma vez que B2possui sempre valores maiores ou igual a zero em altas concentrac¸˜oes de sal. Podemos sugerir apenas que, em baixa forc¸a iˆonica, o segundo coeficiente

36Dados das simulac¸˜oes computacionais pelo m´etodo Monte Carlo, obtidos das referˆencias (15) e (18). 37Dados experimentais obtidos da referˆencia (18).

Figura 90: Comparac¸˜ao do B2de complexac¸˜ao entre dois quimotripsinogˆenios (PDB: 1CHG), nos n´ıveis de

predic¸˜ao anal´ıtico e PB, com o mecanismo de regulac¸˜ao de cargas, com medidas experimentais e outras previs˜oes te´oricas. A forc¸a iˆonica foi fixada em 0,01M e 0,005. Nos c´alculos por PB,εpfoi definido como igual a 40. As

cargas foram definidas de acordo com o campo forc¸a AMBER99. Os dados experimentais foram obtidos da referˆencia (18).

de virial indica a poss´ıvel formac¸˜ao de um complexo prot´eico, em um intervalo de pH (janela de cristalizac¸˜ao ou complexac¸˜ao), geralmente ao redor do pI das prote´ınas.

No futuro, a incorporac¸˜ao de outras interac¸˜oes (por exemplo, van der Waals) melho- rar´a as previs˜oes aqui apresentadas. Moon et al. (98), exibe a formac¸˜ao de complexos prot´eicos compostos por duas prote´ınas lisozimas (PDB: 2LZT) em v´arias condic¸˜oes experimentais. Por´em em seu trabalho, outras interac¸˜oes s˜ao consideradas, como por exemplo, o potencial de dispers˜ao de Hamaker38. Esta interac¸˜ao n˜ao ´e considerada no preditor PROMETHEUS, pois est´a fora do escopo desse trabalho. Assim visando apenas demonstrar o efeito deste tipo de interac¸˜ao, exibimos na Figura 91 o B2 com a incorporac¸˜ao da constante de Hamaker, a qual, neste exemplo, foi assumida como igual a 8,0 kT , de acordo com a referˆencia (98), sem parametrizac¸˜ao espec´ıfica para o modelo usado pelo PROMETHEUS.

38O potencial de dispers˜ao ´e proporcional `a constante de Hamaker, a qual ´e sempre atrativa entre dois corpos

similares. A constante de Hamaker ´e uma func¸˜ao da composic¸˜ao da prote´ına e da natureza qu´ımica do solvente