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→ Esquizofrenia e transtornos delirantes :

CAPÍTULO 7 Estudo da violência

8.6 INTERDIÇÃO E SUCESSÕES

Duas áreas do direito civil que requerem invariavelmente uma intersecção entre as ciências que cuidam da saúde mental e o direito, uma vez que levam ao judiciário reflexos de relações familiares e sociais e da condição pessoal dos envolvidos. São questões delicadas, que expõem a família, seus mitos, urgências e necessidades.

Em sucessões busca-se verificar a capacidade para testar.

 Nas questões envolvendo interdição, é a perícia psiquiátrica ou psicológica que atesta a (in)capacidade do individuo em gerir sua própria vida, necessitando de curador para representar o interditando nos atos da vida civil.

O psicodiagnóstico elaborado pelo psicólogo visa fornecer elementos relevantes sobre a dinâmica da  personalidade , as funções mentais superiores e o nível mental, com o objetivo de levar ao processo elementos técnicos

que subsidiem a decisão do juiz.

 No novo CCB a pessoa com transtorno mental só será considerada incapaz se existir uma patologia que interfira diretamente em seu discernimento ou na sua manifestação de vontade. Deve-se ter cuidado com sintomas indicativos de conflitos emocionais sejam confundidos com portadores de doença mental e tenham seus direitos restringidos.

8.7 ADOÇÃO

 No processo de adoção, adotante e adotado devem receber atenção especial do judiciário. Tal atenção não foi esquecida pelo legislador, que editou a Lei 12.010/09, que disciplina a adoção e aperfeiçoa a legislação.

A interface entre direito, psicologia e serviço social neste campo é fundamental. A atuação da equipe interprofissional dá-se desde o momento do rompimento do vínculo familiar. As avaliações social e psicológica realizadas pelos profissionais auxiliares do juízo são fundamentais para conhecer o perfil do adotante.

 Na análise social, o perito pode realizar entrevistas e visitas domiciliares que objetivam verificar as relações sociais do adotante, seu modo de vida, social e profissional, bem como as condições em que vive. Já a análise  psicológica objetiva verificar as subjetividades envolvidas na decisão da adoção e o significado que a vinda desta

criança tem para o adotante.

 No tocante à adoção, a equipe interprofissional deverá realizar:

 Entrevistas com os candidatos a pais adotivos;  Entrevistas de acompanhamento com os adotandos;

 Acompanhamento com os pais que entregarão seus filhos à adoção ou que estão em vias de perder o

 poder familiar;

 Trabalho de aproximação gradual entre os candidatos e as crianças, mediante o estágio de

convivência, no qual, caso os candidatos já tenham filhos, estes devem ser incluídos no processo. O acompanhamento psicológico é essencial para verificar, entre outras questões:

 Quais as fantasias do casal adotante em relação ao adotado e a expectativa em transformá-lo naquela

figura;

 Quais os perfis do adotante e do adotado.

Quando a criança adotada expressa sentimentos de rejeição, conflitos ou sintomas, em geral, isso estará mais relacionado com a família adotiva e com a forma como lhe falaram sobre a adoção. O modo como se dá a filiação não é determinante para a formação da personalidade, mas sim o modo como se dão as relações intrafamiliares.

 Capítulo 9: PSICOLOGIA E DIREITO PENAL

9.1 –Introdução

O direito tem um objeto, esse objeto não é a conduta humana, mas a fixação de um padrão de conduta.

Para atingir esse objeto, o Direito necessita deparar-se com a oposição ao desejável , isto é, a situação em que ocorre exatamente o contrário do que preconiza. Assim, é extremamente relevante para o Direito que alguém mate alguém, porque aí ele pode funcionar e mostrar que funciona; entretanto também é extremamente relevante para o direito que as pessoas habitualmente não se matem; que haja uma previsibilidade bastante plausível de que as pessoas possam sair de suas casas sem uma alta

probabilidade de serem assaltadas, mortas, estupradas. O Direito, contudo, não pode garantir que isso não vá ocorrer; se ele existe, é porque isso pode ocorrer com pouca probabilidade.

O Direito, portanto, trata da conduta humana, porém, a norma jurídica não basta para inibir, asseguradamente, os comportamentos indesejáveis.

Na busca desse objetivo, atua em um campo de interseção com as ciências humanas e de saúde, cujos objetos também focalizam o comportamento humano.

A busca da compreensão do fenômeno delitivo vem desde a antiguidade:

Grécia Antiga: o delinqüente era entendido como um ser anormal – visão individualista;

Sec. III: o desvio que levava a pessoa a afastar-se de normas sociais era a intervenção do demônio;

Renascentismo: o homem começou a ser visto como dono de seu próprio destino e reconduzido à sua condição humana, por conta da abertura de pensamentos próprios da época. Nessa fase busca-se a humanização da pena e o tratamento dos condenados, bem como enfatizam-se as causas sociais.

9.2 –Noções de Criminologia

Origem da criminologia enquanto ciência: século XIX  – marco principal  Tratado Antropológico Experimental do Homem Delinquente – Cesare Lombroso: apresenta uma visão positivista, criticada já naquela época; de que o comportamento criminoso tem sua origem no atavismo, que os delinqüentes são espécies não evoluídas.

Moderna criminologia7 – é uma ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, e que trata de subministrar uma informação válida, contrastada, sobre a gênese, a dinâmica e as variáveis principais do crime  – contemplado este como problema individual e como problema social  – assim como sobre os programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção positiva no homem delinqüente.

9.2.1 – O fenômeno delitivo

Tem apresentado diversas classificações ao longo da história, ora tratando-o como manifestação individual, ora social, ou, ainda, conjugando-se ambos fatores.

 Classificação proposta pelo Prof. Hilário Veiga de Carvalho no que se refere ao indivíduo que comete o crime e as influências para que o ato delitivo ocorra:

a) Mesocriminoso: atuação anti-social por força das injunções do meio exterior, como se o indivíduo fosse mero agente passivo, por ex. o silvícola.

b) Mesocriminoso preponderante: maior preponderância de fatores ambientais; c) Mesobiocriminoso: determinantes tanto ambientais, quanto biológicos;

d) Biocriminoso preponderante: portador de anomalia biológica insuficiente para levá-lo ao crime, mas capaz de torná-lo vulnerável a uma situação exterior, respondendo a ela com facilidade;

7Conceito de Pablo de Molina Garcia (1997). Na mesma obra o autor alerta que o crime é um problema da sociedade,

e) Biocriminoso puro: atua em virtude de incitações endógenas, como ocorre em algumas perturbações mentais.

O mesocriminoso e o biocriminoso puro são considerados  pseudocriminosos, por faltar ao primeiro o animus delinquendi e ao segundo a capacidade de imputação penal. Quanto aos demais:

TIPO CORREÇÃO REINCIDÊNCIA

Mesocriminoso Preponderante Esperada Excepcional

Mesobiocriminoso Possível Ocasional

Biocriminoso Preponderante Difícil Potencial

A abordagem que se faz da motivação criminal é a “pedra de toque”pela qual se diferenciam os mais diversos posicionamentos científicos e ideológicos sobre crime, criminalidade e homem criminoso.

Evolução do pensamento criminológico  vai desde uma concepção causalista, passa pela multifatorial e chega, por fim, a uma concepção crítica.

A partir da concepção crítica, em oposição ao positivismo e determinismo biológico, desperta-se a criminologia para um conceito muito mais próximo do social, em detrimento de concepções causalistas. Assim, também, na psicologia houve uma mudança, pois pela tradição biológica da psicologia, bastaria conhecer o que ocorre dentro do indivíduo, para compreender seus comportamentos. Porém, ao se confrontar as teorias de cunho exclusivamente psicológico conclui-se que o organismo humano é uma espécie que se reproduz tal e qual as variações decorrentes de clima, alimentação, etc.

Desse modo, ampliam-se o conceito e a noção de que buscar exclusivamente no indivíduo que cometeu o crime a resposta para este ato significa restringir a um universo individual aquilo que se encontra em constante movimento, em constante interação: o comportamento humano.

9.2.2 – Hipóteses

Diante da abrangência do assunto, cabe ressaltar a importância de não limitar as abordagens a uma visão reducionista, quer pelo aspecto biológico, quer pelo social. A seguir, comentam-se duas hipóteses:

a) O crime como resultado da privação

Do ponto de vista das teorias que privilegiam a percepção, demonstra-se que a privação tem antes um efeito relativo do que absoluto. Trata-se aqui da relação figura-e-fundo.

Se, por um lado, a privação, tanto econômica, quanto afetiva, pode influenciar negativamente no desenvolvimento do ser humano, por outro, encontram-se diversos exemplos na vida cotidiana que indicam a possibilidade de um comportamento adaptativo e resilente que levam indivíduos a reagir satisfatoriamente, do ponto de vista social, mesmo quando submetidos a ela. Ex: comunidades carentes cuja adesão a comportamentos criminosos é irrelevante ou situa-se dentro dos padrões da população.

Além disso, reconhece-se que são inúmeras as vias de solução da privação que não a delinqüência, tais como:

-a elaboração psíquica;

- o deslocamento ou a sublimação;

- procedimentos obsessivos estereotipados, socialmente ajustados; - transtornos mentais como a ciclotimia, a distimia e a depressão; - a drogadição.

A delinqüência, sob essa ótica, pode ser percebida como um mecanismo de reação à privação; eficaz, quando comparada com a drogadição ou transtorno mental; ineficaz, quando esse mecanismo cronifica-se e acaba por afastar o indivíduo, definitivamente, do convívio social satisfatório ou o leva a produzir males que não têm possibilidade de reparação (como o homicídio)

b) O crime como produto do meio

Vê-se, aqui, a delinqüência como resultado inexorável do microssocial. Nega-se ao indivíduo o livre arbítrio e a possibilidade de percorrer um caminho diferente daquele de seus pares.

Esta hipótese considera, implicitamente, que:

- os condicionamentos (comportamentos aprendidos do grupo) não podem ser alterados ainda que o indivíduo tenha a oportunidade de praticar novas convivências.

- os indivíduos tornam-se escravos dos seus modelos;

- os indivíduos são dominados por crenças inadequadas, anti-sociais.

Essas crenças são aquelas que produziram resultados mais satisfatórios para lidar com os desafios da sobrevivência e/ou para suprir as demandas desses indivíduos. Elas serão substituídas por outras, desde que estas apresentam vantagens, do ponto de vista psíquico, em relação àquelas.

9.3 –As modalidades de crime

A conduta humana é tipificada como crime a partir da ilicitude e materialidade do fato. Antes, porém, esta ação percorre um caminho subjetivo que vai da leve sugestão interna ou desejo à intenção, decisão e o efetivo cometimento.

O sistema de crenças coloca justificativas para os comportamentos que escapam à normalidade social. O denominador comum é a aderência a valores ou códigos de seus próprios grupos. Encontra-se, por ex. em pessoas com forte ligação a grupos religiosos, rigorosos e polarizados. (Ex: a Ku-klux-klan, nos EUA; a Inquisição; a manifestação contemporânea corresponde ao grupo dos skin heads, grupos ultra-radicas, torcidas organizadas, equipes de luta, etc.). O ponto central desses movimentos é a ausência de culpa.

Estrutura psíquica desses indivíduos: - medo (de perda de benefícios, por ex.) - inferioridade

- rejeição afetiva.

Tem especial interesse para o Direito a intenção que cerca o ato criminoso, por parte de quem o comete, dividindo-se os delitos em:

9.3.1. Delito Culposo: consiste na prática de ato voluntário, porém, com resultados involuntários.

CP trás 3 situações às quais se aplica a classificação de crime culposo: a imprudência, a imperícia e a negligência.

Sob a ótica da psicologia, todas essas situações apresentam interpretações que roubam a responsabilidade das mãos do acaso, para transferi-la, em variados graus, para as mãos do autor  – ainda que se reconheça o caráter inconsciente do comportamento delituoso.

9.3.2. Delito Doloso: ocorre ato voluntário com resultado esperado.

Mecanismos de defesa que o inconsciente do indivíduo utiliza para justificar o seu comportamento: - a projeção: atribui-se a alguém a culpa pelo próprio insucesso ou infortúnio (Ex: X justifica a morte A pq este lhe roubou a mulher desejada).

- a racionalização: inventa-se uma razão para justificar o ato censurável (Ex: “não ser desmoralizado perante a sociedade”)

O delito doloso encontra fácil justificativa no desequilíbrio emocional: ele se apresenta como solução que o psiquismo dispõe para dar fim à evolução de um conflito em que o estresse se acumula e precisa de uma válvula de escape.

Em boa parte das situações, o condicionamento surge como uma explicação razoável para o comportamento.

9.3.3 – Delinqüência Ocasional

Denomina-se “ocasional” o delito praticado por agente até então socialmente ajustado e obediente à lei, que só chegou à ação anti-social respondendo a uma forte solicitação externa.

- Pequenos delitos podem se tornar rotineiros, principalmente quando não há a devida punição surge o condicionamento para o ato delituoso;

- Delinqüência ocasional, mas de grande dimensão (ex. homicídio) surge como resposta a uma forte emoção e sua repetição torna-se mais improvável.

Conclui-se pela necessidade de não descuidar dos pequenos delitos porque, pela via da delinqüência ocasional, eles se tornam a porta para comportamentos delituosos persistentes e evolutivos.

9.3.4 – Delinqüência psicótica

É prática criminosa que se efetiva em função de um transtorno mental.

Diversas psicopatologias podem conduzir a comportamento delitivo; devem ter diagnóstico por especialista e é indispensável que o quadro seja predominante ao tempo da ação.

Pode ocorrer a qualquer tempo e em qualquer lugar, gerando temor, ao observador, de que o comportamento se repita.

OBS: o conceito de medida de segurança está ligado ao de periculosidade e de intervenção por profissional da saúde.

9.3.5 – Delinqüência neurótica

Aqui a conduta delitiva é encarada como uma manifestação dos conflitos do sujeito com ele mesmo. O que incomoda o psiquismo reflete-se no ato, com a finalidade inconsciente de punição. Trata-se, pois, de uma delinqüência somática.

9.3.6 – Delinqüência profilática

O agente entende que estará evitando um mal maior e não revela remorso, ex.: eutanásia.

Nas situações já mencionadas, de grupos que atuam movidos por poderosas crenças comuns, pode haver interpretação de que suas ações tenham genuína missão de profilaxia social.

9.4 –O Processo de Investigação

A investigação do crime constitui um processo por meio do qual apura-se ou procura-se apurar tanto quanto possível, a realidade dos fatos.

Para a psicologia deve-se distinguir a realidade objetiva da realidade psíquica, que é a única existente para cada indivíduo. Em uma dada situação, pode ocorrer que a realidade objetiva não corresponda a nenhuma das realidades psíquicas dos indivíduos nela envolvidos e, também, que a combinação dessas realidades não resulte na mesma realidade objetiva.

Disso decorre a importância de diversas medidas relacionadas com o fato criminoso: a) a preservação da cena do crime e b) a reconstituição dos acontecimentos:

Diversos fenômenos da percepção e da atenção o justificam. Ex: quando testemunhas e participantes de uma ocorrência revêm o local, despertam conteúdos da memória.

c) as entrevistas com as testemunhas, criminosos, vítimas e d) as entrevistas com pessoas relacionadas aos protagonistas da ocorrência;

Constituem um momento peculiar, porque existe o fator emocional sempre presente, capaz de proporcionar inúmeros fenômenos com lapsos, bloqueios, modificações de lembranças, etc. (tema já estudado), e somente a habilidade do entrevistador permite eliminar ou reduzir essas possibilidades.

Alguns fatores que afetam substancialmente o processo de investigação: o intervalo de tempo entre o fato gerador e o início;

A demora é extremamente prejudicial, a rapidez também poderá ser prejudicada pela emoção do momento. Entretanto, é importante que se realizem entrevistas, reconstituições etc, tão logo quanto possível.

A duração da investigação, se demasiadamente longa, aumenta o estresse dos envolvidos e contribui para afetar ainda mais a memória.

a uniformidade dos procedimentos em relação a cada um dos envolvidos que venham a ser investigados; Características pessoais dos investigados influenciam nos resultados (agressividade, empatia, etc.), porque provocam diferentes reações nos envolvidos. Nesse caso, o conhecimento e a aplicação uniforme das técnicas tem especial relevância.

o estilo de relacionamento interpessoal dos que investigam; a divulgação que se dá ao caso;

a forma como são realizadas atividades de apoio, como as perícias médicas, psicológica e o exame de corpo de delito.

9.5 –A Psicologia do Testemunho

Distorções na recuperação de informações a respeito de fatos profundamente desagradáveis não devem ser motivo de surpresa. O psiquismo adota mecanismos de defesa para evitar a repetição dos sofrimentos anteriores.

Há limitações sobre a memória em pessoas sob efeitos de substâncias psicoativas, em particular o álcool, bem como limites ligados a mecanismos fisiológicos (ex: idosos com reduzida percepção auditiva).

O testemunho depende do modo como a pessoa percebeu o acontecimento, conservou-o na memória, de sua capacidade de evocá-la e da maneira como quer expressá-lo.

9.5.1 – Relato Espontâneo e por interrogatório

relato espontâneo:

- a espontaneidade possibilita a falta de objetividade;

- permite ao que fala concentrar-se na exposição do que é figura em sua percepção;

- tem o condão de expor as crenças do indivíduo, seus preconceitos e esquemas de pensamento; o inconsciente manifesta-se quando não há censura ou direção obrigatória que cerceie o pensamento.

Relato por Interrogatório:

Representa o resultado do conflito entre o que o sujeito sabe, de uma parte, e o que as perguntas que lhe dirigem tendem a fazer-lhe saber.

- Riscos associados ao questionamento:

- a emoção leva o indivíduo a preencher lacunas, por meio de confabulação;

- ocorre o efeito representação, sendo que uma de suas conseqüências é a inserção de idéias para conferir uma aura de validade às idéias que emite;

- fatores sociais e psicológicos combinam-se para influenciar nas respostas; No

- as perguntas fazem a função de estimular a memória e isso não necessariamente acontece da melhor maneira e na melhor direção, principalmente quando o que questiona não sabe detalhes essenciais do acontecimento e vale-se das respostas para dar continuidade ao interrogatório;

- que o interrogatório deixe de explorar dois aspectos de grande importância, ligados à característica da testemunha:

a) o aproveitamento das competências da testemunha; b) utilização da experiência de vida da testemunha.

Além das influências da forma do depoimento, é de grande relevância a compreensão dos aspectos emocionais que o cercam.

Depoimentos e tendência afetiva

Refere-se à inexatidão do depoimento por tendência afetiva, o que sugere cuidados especiais, principalmente nas situações carregadas de grande carga emocional. Manifesta-se por meio de diversos tipos de atitudes e comportamentos, como:

- Identificação com a vítima; - Antipatia com a outra parte;

- Valor moral (compreende a defesa de ideais internalizados, que a situação da vítima demonstra terem sido transgredidos);

- Falsas crenças (Ex: “morador de morro é bandido e ajuda traficante”; “policial bate nos mais fracos”; “todo político é ladrão”, etc.).

9.5.2 – Particularidades do Testemunho de Crianças O desafio é triplo ao se entrevistar criança: - emitir uma linguagem que uma criança entenda; - compreender a linguagem que ela utiliza;

- preservar sua integridade psíquica, não submetendo-a a situação que possa comprometê-la.

Além disso, ao adentrar no universo do crime, a criança torna-se fragilizada, seja na condição de vítima ou testemunha. Medo e insegurança a acompanham e o ambiente do interrogatório não tem nada para minorar esses sentimentos.

O desafio é imprimir credibilidade ao testemunho da criança (que não deferirá compromisso de dizer a verdade). A imaturidade psicológica e orgânica combinam-se para torná-la imaginativa(mecanismo psicológico de defesa) e sugestionável  (facilidade de receber influência). Essa condição torna-se manipulável, por exemplo, por um dos genitores, que pode utilizá-la para agredir o outro.

A confissão será sempre confrontada com as provas existentes nos autos. Confessar um crime é expor-se voluntariamente à respectiva punição, o que leva a indagar o motivo pelo qual tantos criminosos confessam.

Acredita-se que, para alguns, o martírio da culpa é insuportável. O sentimento de culpa provoca pensamentos aterrorizantes; a confissão os elimina.

A confissão também pode estar ligada à estrutura de crenças do indivíduo (religioso, acredita que, fazendo-a, terá o pecado tb perdoado).

Há tb a expectativa deabrandar o castigo.

Há de se considerar, entretanto, que algumas vezes a confissão é, simplesmente, conseqüência imposta pela evidência dos fatos.

Existe também a confissão falsa, por motivos materiais (pagamento), solidariedade familiar e, nos grupos de grande coesão, por valores morais. Também pode estar associada a uma extrema fragilidade emocional.

A tortura também leva à confissão falsa ou verdadeira pela fragilidade emocional e física.

 Capítulo 10: Direitos Humanos e Cidadania.

1) Introdução

O estudo dos direitos humanos interessa a todas as áreas da ciência, porque não se faz ciência sem afetar direitos.

Dois fenômenos encontram-se, em geral, presentes quando se trata de infringir direitos humanos: o preconceito e a discriminação. Ainda que os termos sejam muitas vezes tratados como sinônimos, eles se diferenciam pela forma como as ações a eles correspondentes se evidenciam.

A marca do preconceito é a intolerância. Onde há preconceito torna-se difícil, senão impossível, a convivência com o diferente. Paz e preconceito são incompatíveis.

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