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– Interlocuções entre conhecimento e saber no campo das Ciências Sociais Aplicadas

No documento ANAIS – Mostra Científica 2022 (páginas 108-115)

ODS 13 DA AGENDA 2030 DA ONU E O PAPEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO NO

2 OS DESAFIOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO FRENTE AOS RETROCESSOS AMBIENTAIS

No Brasil, a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), implementada com a Lei 6.938 de 31 de agosto de 198172, objetiva a preservação, a melhoria e a recuperação da qualidade ambiental, necessárias à vida. A Constituição Federal de 1988 reserva seu artigo 22573 ao Meio Ambiente e determina que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, pois é considerado de uso comum do povo e essencial à qualidade de vida.

Importante perceber a imposição de limites definidos aos Estados e aos cidadãos, protegendo seus direitos de terceira dimensão, ou seja, direitos de solidariedade e fraternidade que engloba o direito a uma saudável qualidade de vida. Antônio Herman Benjamin comenta que:

“[ ... ] a doutrina e a jurisprudência majoritária consideram a proibição de retrocesso um princípio geral insculpido na Constituição Brasileira, mas também conformado em outras normas, como artigo 2º da Lai 6.938/1981, Política Nacional do Meio Ambiente, que inclui o princípio da conservação e melhoria da qualidade ambiental propícia à vida.” (BENJAMIN, 2012)

Observa-se nos últimos anos um aumento na fragilidade por meio de licenciamentos, falta de fiscalização por parte do sistema nacional do meio ambiente e do poder público. Desta maneira o grande desafio é a contenção de desastres e emergência climática, assim como ocorreu com o rompimento das barragens de Brumadinho e Mariana por meio da mesma empresa.

Entre os anos de 2001 e 2018 o Brasil desmatou cerca de 53,8 milhões de hectares por meio de grandes latifundiários e grileiros de terra, havendo uma redução em 10% da área florestal. Com isso, nosso país está descumprindo o acordo de Paris, no qual até 2025 o Brasil se comprometeu em reduzir aproximadamente 35% a emissão de gases do efeito estufa – GEE – e até 2030 banir em 100% o desmatamento.

72 BRASIL. Lei n. 6.938 de 31 de ago. de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm. . Acesso em: 06 nov. 2019.

73 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.Art.134, § 2º. Disponível em :

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 14 nov. 2022

Uma das várias contribuições para este retrocesso foi a Instrução Normativa 15/2011 emitida pelo Presidente do IBAMA, onde flexibilizou a exportação e madeiras nativas desobrigando a fiscalização, sendo necessária apenas a apresentação do Documento de Origem Florestal – DOF.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o gradativo retrocesso das leis, decretos diminuição da fiscalização pelos órgãos devidos, dissipação de órgãos como IBAMA, CONAMA, etc., grandes proprietários podem agir de forma ilícita predando o meio ambiente. O Brasil tem descumprido inúmeros acordos internacionais impossibilitando o cumprimento do combate às mudanças climáticas, distanciando-se do ODS 13 constante na Agenda 2030 da ONU.

Para mudança desta realidade, seria necessária uma sociedade mais participativa cobrando dos gestores públicos e questionando este retrocesso legal que dificulta a tomada de medidas de combate às mudanças climáticas pelo Ministério Público, na garantia constitucional de um meio ambiente equilibrado.

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Julia. Combate às mudanças climáticas: o que significa o 13º objetivo dos ODS da ONU. eCycle, 2022. Disponível em: <https://www.ecycle.com.br/ods-13/>. Acesso em: 07 de nov/2022.

CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional Ambiental Brasileiro. São Paulo, Editora Saraiva, 2015.

BRASÍLIA. Lei 6.905 de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Brasília, 1998. Disponível em:

<https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/104091/lei-de-crimes-ambientais-lei-9605-98>. Acesso em: 04 de nov/2022.

BRASIL. Lei n. 6.938 de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.

Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm. . Acesso em: 14 nov/2022.

GAIO: Alexandre (org). A política nacional de mudanças climáticas em ação: a atuação do Ministério Público. Belo Horizonte: Abrampa, 2021.

USO DA TECNOLOGIA DE RECONHECIMENTO FACIAL NA PROMOÇÃO DA PAZ: O CASO PRÁTICO DA PRISÃO NO PRÉ-CAJU

Anny Thais de Menezes Santos74 Igor André de Almeida Miranda75 Jessica Neves Monteiro76 Ma. Flávia Regina Vieira de Carvalho Góes77

Eixo 2 – Interlocuções entre conhecimento e saber no campo das Ciências Sociais Aplicadas.

Palavras-chaves: Tecnologia. Reconhecimento facial. Promoção da paz. Direitos fundamentais.

1 INTRODUÇÃO

No transcorrer da história, o homem sempre utilizou a tecnologia como forma de otimizar suas atividades cotidianas. As transformações e avanços tecnológicos nos levam a uma realidade imersa no mundo virtual repleta de inteligência artificial, grandes bancos de dados e recursos com reconhecimento facial que possivelmente podem ser utilizados para promoção da paz e de instituições eficazes.

Diante desse contexto, apresentaremos o caso prático da utilização da tecnologia de reconhecimento facial, a qual, pela primeira vez, foi utilizada pelos operadores de Segurança Pública no Estado de Sergipe, durante a realização de um evento de grande porte. O intuito é demonstrar a viabilidade do uso de recursos tecnológicos como meio para promoção da paz.

Posto isto, o presente trabalho descreve sobre o uso da tecnologia de reconhecimento facial em seus aspectos positivos e negativos, em seguida, um breve relato sobre a prisão efetuada no local do evento e por fim, as considerações finais.

74Graduando em Direito pela Faculdade São Luís de França. E-mail: <anny.thais@sousaoluiz.com.br>.

75Graduando em Direito pela Faculdade São Luís de França. E-mail: <igor.andre@sousaoluiz.com.br>.

76Graduando em Direito pela Faculdade São Luís de França. E-mail: <jessica.neves@sousaoluis.com>.

77Mestranda em Educação, Professora da Faculdade São Luís de França, Advogada e orientadora do referido trabalho.

2 O USO DA TECNOLOGIA DE RECONHECIMENTO FACIAL E A EXISTÊNCIA DE DIREITOS FUNDAMENTAIS: UMA ANÁLISE DO CASO PRÁTICO NO PRÉ-CAJU

O uso de tecnologia de reconhecimento facial possibilita o controle social sobre as pessoas. Esse fenômeno tem sido verificado não apenas no âmbito estatal, mas também na iniciativa privada sob a justificativa de promoção de serviços mais seguros e ágeis. Do ponto de vista estatal, a ferramenta surge como uma necessidade de potencializar os recursos humanos no panorama da Segurança Pública, tornar os serviços públicos mais eficientes promovendo a paz e a ordem social.

Segundo BECK, BOFF e PIAIA (2021, p.3) o conceito sobre a tecnologia de reconhecimento facial pode ser entendido como um aparato de técnicas sofisticadas que possibilitam a identificação imediata dos indivíduos a partir da leitura das suas expressões faciais e têm papel importante no desenvolvimento de métodos de controle de acesso em áreas urbanas.

Em razão desse controle social, o uso indiscriminado da tecnologia faz emergir um imenso debate sobre a preservação de direitos fundamentais tais como o direito à imagem, à vida privada, à intimidade e à liberdade. Nesse sentido, a incorreta utilização da tecnologia fomenta um espaço propício para violações de direitos humanos e enfraquecimento da democracia. Sob outra perspectiva, as tecnologias de reconhecimento facial segundo BECK, BOFF e PIAIA (2021, p.19) surgem como uma forma de assegurar o direito individualidade de cada sujeito, evitando que identidades falsas sejam criadas para fins ilícitos.

Nesse sentido, enxerga-se que o direito à identidade ultrapassa o aspecto do meio físico e também se projeta no mundo virtual. A própria Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), estabeleceu como metas a universalização do direito à identidade como forma de alcançar a cidadania. Para que isso ocorra, o recurso tecnológico de reconhecimento facial se apresenta como um mecanismo de mapeamento de características físicas quando comparados com bancos de dados oficiais que permitem a validação da identidade e consequentemente garantia de direito.

Nessa perspectiva, nos parece interessante apontar a exitosa utilização de cruzamento de informações e validação da identidade de um foragido da justiça. A história recente no

Estado de Sergipe é um observatório sobre a primeira prisão realizada com o auxílio da referida tecnologia no que corresponde aos limites geográficos do nosso Estado.

Na ocasião, em novembro de 2022, durante o evento do Pré-Caju, após a identificação e confirmação do indivíduo, uma equipe da polícia foi acionada. A análise do vídeo, divulgado pela própria Secretaria de Segurança, demonstra que entre a mobilização dos policiais e a captura do cidadão infrator transcorreram-se apenas 8 segundos.

Deste modo, o sistema de reconhecimento facial possibilita mais um recurso de segurança para milhares de foliões sendo, de algum modo, um meio menos invasivo de controle se comparado às abordagens e contatos físicos inerentes à própria atividade policial.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do que foi exposto se reconhece os altos riscos decorrentes do uso indiscriminado da tecnologia de reconhecimento facial que, facilmente, entram em rota de colisão com os direitos e garantias fundamentais caso não seja utilizada de forma ética e respaldada em marcos legal.

Entende-se, portanto, que a referida tecnologia não surge como a solução rápida e imediata para a resolução de um problema complexo como o fenômeno da criminalidade, mas se apresenta como um recurso disponível para auxiliar na promoção da segurança pública e aspectos que dizem respeito ao direito de identidade seja ela em meio físico ou digital.

REFERÊNCIAS

BECK. Cesar Augusto Moacyr Rutowitsch. BOFF, Murilo Manzoni. PIAIA, Thami Covatti.

Os (Ab) Usos da Tecnologia de Reconhecimento Facial na Segurança Pública E Na Prestação de Serviços a Partir da Pandemia de Covid-19. Revista Pensamento Jurídico, vol. 15, n°

São Paulo, 2021.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 13 de nov/2022.

MENDES, Gilmar F.; SARLET, Ingo W.; COELHO, Alexandre Zavaglia P. Direito, Inovação e Tecnologia. Editora Saraiva, 2015.

ONU, Organização das Nações Unidas. Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. 2015. Disponível em:

https://nacoesunidas.org/pos2015/ Agenda 2030/. Acesso em: 11 nov/2022.

A8SE, Cidade Alerta. Foragido por Tráfico de Drogas é preso no Pré-Caju Após Leitura Facial de Câmeras. Disponível em: https://a8se.com/tv-atalaia/cidade-alerta/foragido-por-trafico-de-drogas-e-preso-no-pre-caju-apos-leitura-facial-de-cameras/. Acesso em: 11 de nov/2022.

O JULGAMENTO DE JOANA D’ARC: UMA ANÁLISE DA SUA INFLUÊNCIA NO DIREITO BRASILEIRO

Edler Bruno Leite de Araújo78 Arthur Sávio Eugênio Ferreira da Silva79

Mailson Fontes dos Santos80

Eixo 2 – Interlocuções entre conhecimento e saber no campo das Ciências Sociais e

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