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Panorama Atual e Perspectivas Futuras

Fábia Trentin1

Erly maria de Carvalho e Silva1

A internacionalização das universidades decorrente de ações da Política da Educação Superior tem-se desenvolvido com motivações distintas em função das políticas públicas bem como da dis- ponibilidade de recursos financeiros ofertados pelas agências de cooperação internacional. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é conhecer o processo de internacionalização da Universidade Federal Fluminense – UFF com a finalidade de contribuir para a geração de conhecimento que per- mita aos gestores institucionais formalizar sua política e instituir o plano estratégico para uma inter- nacionalização mais ativa. O levantamento de informações como parcerias e convênios existentes, aspectos de mobilidade, dificuldades internas e externas em relação ao processo de internaciona- lização possibilitou traçar um panorama compreensivo do quadro atual das ações de cooperação e integração internacional, que aos poucos se concretizam, mas ainda carecem de atingimento de metas mais expressivas.

Palavras-chave: Internacionalização da educação superior. Gestão acadêmica. Internacionalização ativa. Internacionalização passiva

Abstract

The internationalization of universities due to actions of Higher Education Policy has been de- veloped with different motivations in terms of public policies as well as the availability of financial resources offered by international cooperation agencies. In this context, the objective of this work is to understand the process of internationalization of the Universidade Federal Fluminense - UFF for the purpose of contributing to the generation of knowledge that enables managers to formalize its policy and institutional strategic plan to establish a more active internationalization. The obtained in- formation like partnerships and agreements, and aspects of mobility, internal and external difficulties in relation to the internationalization process allowed to draw a comprehensive picture of the current frame of the actions of international cooperation and integration, that have been developed, but still require more significant achievement of goals.

Key-words: Internationalization of higher education. Education management. Active internationaliza- tion. Passive internationalization.

Introdução

A universidade desde suas origens na Idade Média tem-se preocupado com a internacionaliza- ção do conhecimento. A universitas congregava professores de diversas regiões e países formando comunidades internacionais. Com o processo de nacionalização sofrido pelos Estados, as universi- dades mesmo sob pressão e demandas de desenvolvimento nacional, não deixaram de atender à necessidade de internacionalização da produção do conhecimento científico (KRAWCZYK, 2008).

Com a industrialização e as consequentes mudanças sociais, o processo de internacionalização das instituições se acentua e políticas públicas são necessárias para garantir a implementação de programas de cooperação educacional que assegurem a formação de recursos humanos e o desen- volvimento da ciência e da tecnologia. É o caso do Brasil, que na década de 30, inaugura sua política de cooperação internacional, apoiado em quatro grandes universidades então recém-criadas.

Lima e Contel (2009) sumarizam o percurso histórico, vivenciado pela Educação Superior brasil- eira no processo de internacionalização, em quatro períodos, destacando as motivações acadêmicas e políticas subjacentes a cada uma dessas fases (Fig. 1)

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Fábia Trentin, Erly Maria de Carvalho e Silva

Períodos Programa Provedores motivação 1º Período

Anos 30 e 50

*Programas de cooperação acadêmica interna- cional com ênfase na nas missões que traziam professores Visitantes

*Universidades estrangeiras e brasileiras

*Acadêmica: fortalecimento do projeto acadêmico das universidades emergentes

2º Período Anos 60 e 70

*Programas de cooperação acadêmica interna- cional com ênfase na presença de consultores

e na concessão de bolsas de estudos para

realizar mestrado/doutorado no exterior

*Agências internacionais e Governo brasileiro *Agências nacionais e Interna- cionais

*Político–Acadêmica: reestruturação do sistema educacional superior em con- sonância com o “modelo americano”

3º Período Anos 80 e 90

*Programas de cooperação acadêmica inter- nacional com ênfase na formação de grupos de estudo e pesquisa em torno de temas de interesse compartilhado *Concessão de bolsas de estudos para realizar doutorado no exterior, em áreas classificadas como estratégicas *Programas de cooperação acadêmica inter- nacional com ênfase na vinda de professores visitantes, na ida de estudantes para realização de poucas Disciplinas

*Agências internacionais e Governo brasileiro *Agências nacionais e internacionais *Universidades estrangeiras; instituições de educação supe- rior privadas

*Acadêmico-Mercadológica: a) expansão e consolidação dos progra- mas de pós-graduação stricto

sensu

b) incremento da pesquisa de ponta em áreas estratégicas

c) diferencial competitivo de algumas instituições ou de alguns cursos.

4º Período Dos anos 2000 em Diante

*Programas de cooperação acadêmica inter- nacional com ênfase na formação de grupos de estudo e pesquisa em torno de temas estratégicos e de interesse partilhado. *Concessão de bolsas de estudos para realizar doutorado no exterior em áreas classificadas como estratégicas e sem tradição de pesquisa no País.

*Programas de cooperação acadêmica inter- nacional com ênfase na vinda de professores visitantes, na ida de estudantes para realização de poucas disciplinas.

*Projetos de criação de universidades federais orientadas pela internacionalização ativa.

* Governo brasileiro *Agências internacionais e Governo brasileiro *Agências nacionais e interna- cionais

*Universidades estrangeiras e in- stituições brasileiras de educação superior privadas

*Corporações internacionais *Universidades corporativas

*Acadêmica, Política, Econômica e Mercadológica:

a) Inserção internacional dos programas de pós-graduação stricto sensu

b) Incremento da pesquisa de ponta em áreas estratégicas

c) Integração regional de caráter inclusivo d) Diferencial competitivo de algumas instituições ou de alguns cursos e) Captação de estudantes

Figura 1 – Motivações e Fases da Internacionalização da Educação Superior Fonte: Lima; Contel, 2009, p.4

Os referidos autores ressaltam que as diferentes motivações impulsionaram a implantação de políticas governamentais que geraram a criação e fortalecimento de programas de pós-graduação stricto sensu, de formação de docentes e de promoção da integração regional.

A partir da década de 80, a cooperação internacional no Brasil se estendeu além da formação de recursos humanos e passou a desempenhar um papel mais ativo com a constituição de grupos inter institucionais, com programas e acordos firmados pelas principais Agências Estatais de Fo- mento, como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, vinculada ao Ministério da Educação - MEC, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia - MCT (LAUS, 2003).

A internacionalização da educação, como afirma Knight (2003, p. 5), corresponde a um pro- cesso deliberado de introdução de dimensões internacionais, de caráter intercultural, em todos os aspectos que envolvem as atividades de ensino e pesquisa.” Assim, além de se expandir por fronteiras geográficas, a internacionalização introduz mudanças internas nos programas acadêmico institucionais, reestruturando objetivos educacionais mais coerentes às exigências dos novos tem- pos, envolvendo movimento de pessoas e ideias entre fronteiras culturais e políticas. Em publicação posterior, a referida autora (2004, p. 11) redefine o conceito de internacionalização incluindo a “di- mensão intercultural ou global nos propósitos funções e realização da educação superior”, uma vez que entende ser necessário considerar no processo de internacionalização a missão da Instituição, sua atuação local e a forma como se desenvolvem as atividades educacionais.

As razões da internacionalização podem ser reunidas em quatro grupos: políticas, econômi- cas, acadêmicas e culturais/sociais. As de natureza política estão ligadas às questões referentes à posição e ao papel do país como nação no mundo global. As econômicas referem-se tanto aos efeitos econômicos de longo prazo, como capacitação de recursos humanos, como aos benefícios econômicos diretos. As academias incluem objetivos relacionados às finalidades e funções da edu- cação superior. As culturais e sociais concentram-se no papel e no lugar ocupado por sua própria cultura e língua e na importância de se entender idiomas e culturas estrangeiras (KNIGHT, 19972

apud QIANG, 2003).

Para Rudzki3 (1998) apud Stallivieri (2008, p. 5) a internacionalização do ensino superior é

vista como “um processo de mudanças organizacionais, de inovação curricular, de desenvolvimento profissional do corpo acadêmico e da equipe administrativa”. Visa ainda ao “desenvolvimento da mo- bilidade acadêmica com a finalidade de buscar a excelência na docência, na pesquisa e em outras atividades que são parte da função das universidades”.

Cada instituição procura se adequar ao processo de internacionalização consoante aos seus objetivos e capacidades estruturais, bem como aos mecanismos existentes para viabilizá-lo, respeit- ando ainda sua identidade cultural e seus valores. Por isso, sua trajetória é singular, mas o objetivo final é coletivo: a construção e a socialização do conhecimento.

Neste sentido, o objetivo deste trabalho é conhecer o processo de internacionalização da Univer- sidade Federal Fluminense – UFF com a finalidade de subsidiar a geração de conhecimento que permita aos gestores institucionais formalizar sua política e instituir o plano estratégico para uma internacionalização mais ativa.

Internacionalização Passiva E Ativa

O termo “passivo” em seu sentido dicionarizado está ligado ao sentido de receptor da ação en- quanto “ativo” remete à disposição de agir e de realizar. No contexto da internacionalização, parece que o papel exercido pelos recém ingressantes, especialmente os países periféricos, é mais próximo

2 KNIGHT, J.; DE WHIT, H.D. (Eds.). Internalization of higher education in Asia Pacific countries. Amsterdam: Euro- pean Association for International Education, 1997.

3 RUDZKI, R. E. The strategic management of internationalization: towards a model of theory and practice. Thesis submitted for the Degree of Doctor of Philosophy at the School of Education. University of Newcastle upon Tyne, United Kingdom, 1998.

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do sentido passivo, uma vez que carecem de estratégias organizacionais bem definidas e testadas. Isto, no entanto, não é privilégio apenas dos que se iniciam no processo. De acordo com os períodos da internacionalização do ensino superior apresentados por Lima e Contel, 2009 (Fig. 1), pode-se afirmar que todos os programas de internacionalização estiveram e estão voltados à forma passiva. No sumário apresentado pelos autores nota-se apenas uma exceção no 4.º período com a existência de projetos de criação de universidades federais orientadas pela internacionalização ativa.

Assim, todo o processo de internacionalização do ensino superior é orientado pela internaciona- lização passiva, fato que se reflete no quadro das universidades brasileiras, com raras exceções.

Na internacionalização passiva realiza-se a mobilidade de docentes, discentes e pesquisadores internos bem como se viabiliza a participação dos acadêmicos em eventos, cursos e programas de Instituições estrangeiras, mediados muitas vezes por professores visitantes, com concessão de auxílio financeiro para participação. Apoia-se também a realização de estágio pós-doutoral em Ins- tituições estrangeiras visando à publicação de trabalhos científicos de membros da instituição em veículos de divulgação científica internacionais.(MARRARA; RODRIGUES, 2009)

É comum na internacionalização passiva os membros das Instituições buscarem por conta própria convênios e parcerias de acordo com suas redes de contatos, enquanto as Instituições ficam na dependência das congêneres estrangeiras para a efetivação de convênios, o que poderia ser minimizado por meio de uma ação institucional coletiva, por exemplo, e não individualizada.

A internacionalização ativa muda o foco da ação, uma vez que a Instituição torna-se um centro de recepção de recursos humanos e de pesquisas externas, cenário este alcançado por poucas universidades brasileiras, uma vez que para se tornar se tornar um centro receptivo no âmbito da in- ternacionalização, são necessárias medidas administrativas e acadêmicas que permitam aumentar o número de discentes, pesquisadores e docentes visitantes, oferecendo-lhes condições adequadas de infraestrutura física, científica e de recursos humanos.

O fato da internacionalização ativa ser mais facilmente desenvolvida por Instituições renomadas de países centrais favorece o papel hegemônico que elas desempenham no panorama da interna- cionalização e consequentemente atraem recursos humanos mais qualificados, que por sua vez, atuam no sentido da geração de conhecimento, contribuindo para ampliar seu capital de influência política e cultural.

Provavelmente todas as Instituições gostariam de poder adotar uma forma de internacionali- zação ativa, mas o importante é que se tenha compreensão clara do processo e que se posicione a respeito de sua missão institucional, de seus objetivos e do que vislumbra para si no futuro para assim poder construí-lo.

Independentemente das formas de internacionalização, Knight (2011) chama atenção para cinco equívocos que podem comprometer a compreensão do processo. São eles:

- Estudantes estrangeiros como agentes de internacionalização: A presença de mais estudantes internacionais no campus não vai necessariamente ajudar a internacionalizar o campus. - Reputação internacional como indicador de qualidade: internacionalização nem sempre se

traduz em melhor qualidade ou alto padrão, independentemente da reputação internacional de uma instituição.

rias produtivas e sustentáveis não deve ser medida pelo número de acordos internacionais, parcerias, associações celebrados.

- Acreditação internacional: acreditações internacionais realizadas por agências externas não indicam o escopo, escala, ou o valor das atividades internacionais relacionadas com o ensino / aprendizagem, pesquisa e serviço à sociedade, seja através de engajamento público ou de empresa privada.

- Marca global: os objetivos de internacionalização não são sinônimos de campanhas de mar- keting internacionais destinadas a melhorar a marca global de uma instituição ou seu ran- queamento.

O Processo De Internacionalização Na uFF

A UFF foi criada oficialmente no dia 18 de dezembro de 1960 e a ela foram incorporadas as cinco faculdades federais existentes na cidade de Niterói, localizada no estado do Rio de Janeiro. Atualmente possui 66 cursos de graduação presencial, distribuídos pela sede em Niterói e em quatro polos de ensino em municípios do estado do Rio de Janeiro e 2 cursos a distância. Na área da pós- graduação conta com 78 cursos stricto sensu, sendo 30 doutorados, 43 mestrados acadêmicos e 5 mestrados profissionalizantes e 131 cursos lato sensu. Seu corpo discente em nível de graduação compõe-se de 32.097 alunos em cursos presenciais e 6.386 estudantes em cursos a distância. No nível da pós-graduação (lato e stricto sensu) há 11.675 alunos. O corpo docente é composto por 2.852 professores do quadro efetivo e os servidores técnico-administrativos totalizam 4.005 funcionários4.

Para os padrões internacionais a UFF é uma instituição muito jovem e em processo de cons- trução. Nesse contexto, procura a internacionalização como processo de inclusão das dimensões do global, do internacional e do intercultural nos currículos, no processo ensino/aprendizagem, na pesquisa, na extensão e na cultura organizacional da universidade com o objetivo de proporcionar à sua comunidade uma diversidade de conceitos, ideologias e princípios gerenciais contemporâneos sem, contudo, perder de vista suas origens e suas motivações próprias.

Entre os diferentes aspectos do processo de internacionalização, um dos mais importantes é a mobilidade acadêmica que é tida como uma das facetas mais visíveis da internacionalização.

Por intermédio de sua Assessoria para Assuntos Internacionais - AAI, a UFF possibilita o acesso às oportunidades de intercâmbio para seus alunos, em Instituições de Ensino e Pesquisa com as quais mantém acordos de cooperação. Tais convênios objetivam formalizar o intercâmbio de alunos, professores e pessoal técnico-administrativo e/ou o desenvolvimento de outras atividades de nature- za técnico-científicas previstas nos instrumentos regulatórios.

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A tabela 1 contém a relação dos países com os quais a UFF mantém política de cooperação in- ternacional. São ao todo 27 países, sendo 12 da União Europeia e Europa, 3 da África, 3 da América do Norte, 1 da América Central, 6 da América do Sul, 2 da Ásia. Os convênios estabelecidos com as diversas Instituições totalizam-se 114, nas situações ativo, inativo e em trâmite.

Tabela 1 – Número de instituições e convênios por países

Países da união Europeia e Europa Número de Instituições Situação dos Convênios

Ativo Inativo Em Trâmite

Alemanha 8 5 3 Áustria 2 1 1 Bélgica 1 1 Espanha 12 6 1 5 França 24 8 12 4 Holanda 2 1 1 Itália 10 2 5 3 Noruega 2 2 Portugal 14 8 4 2 Repúbica Tcheca 1 1 Rússia 1 1 Suécia 1 1 África Angola 1 1 Moçambique 1 1 América do Norte Canadá 4 2 2 EUA 4 1 3 México 2 2 América Central CostaRica 1 1 América do Sul Argentina 6 2 2 2 Chile 2 1 1 Colombia 6 6 Equador 1 1 Peru 2 2 Uruguai 2 2 Ásia China 2 1 1 Macau - RAEM6 1 1 Japão 1 1

No caso UFF, os números apresentados na Tabela 1 apontam os países centrais, especifi- camente os europeus, como os mais procurados ou mais propensos à cooperação, por meio de estabelecimento de convênios, com seus acordos bilaterais ou multilaterais e termos aditivos, viabi- lizando parcerias acadêmicas.

Uma vez estabelecido o convênio, a AAI publica editais anuais, regulamentando a mobilidade estudantil, nos aspectos emissivo e receptivo.

As tabelas 2 e 3 apresentam, respectivamente, o quantitativo de alunos de graduação que desenvolveram parte de seus estudos em Instituições estrangeiras e alunos estrangeiros que cum- priram atividades acadêmicas na UFF, no período de 2006 a 2010.

Tabela 2 - Mobilidade Internacional 2006 - 2010 Alunos UFF

Ano Aplicações mobilidades

2006 60 527 2007 108 89 2008 140 136 2009 121 121 2010 155 151 Total 584 549

Tabela 3 - Mobilidade Internacional 2006 – 2010 Alunos Estrangeiros

Ano mobilidades 2006 47 2007 52 2008 47 2009 84 2010 97 Total 327

Pela observação das tabelas 2 e 3 percebe-se o desequilíbrio numérico entre alunos estrangeiros recebidos e alunos encaminhados para Instituições internacionais. Esse fato pode ser facilmente compreendido quando se alinham as diferenças de recursos financeiros e de infraestrutura, como bibliotecas e laboratórios para pesquisa entre centros tradicionalmente consagrados como gera- dores de conhecimento e aqueles de países emergentes, como o Brasil, que estão construindo e/ ou fortalecendo seus centros de excelência, ao mesmo tempo em que incentivam a qualificação de

7 A diferença entre a quantidade de aplicações e mobilidades se dá pela não aceitação da instituição estrangeira ou por

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recursos humanos, especialmente por meio da realização de acordos e parcerias internacionais. A questão do idioma também pode ser um fator de desequilíbrio nesse processo, pois como o inglês é uma língua internacional, os países que o tem como idioma nacional ou acadêmico, são facilmente mais escolhidos em relação aos demais.

Lima e Contel (2008) ressaltam que no Brasil formou-se “uma cultura de internacionalização passiva, ou seja, ancorada em programas de emissão de estudantes e professores pesquisadores e recepção de professores visitantes, muito pouco afeitos aos princípios de reciprocidade”. Os referi- dos autores reportam que há desequilíbrio numérico entre estudantes que anualmente deixam o Brasil para estudar fora e os que são acolhidos por universidades brasileiras. Dados do Recueil des donneés mondiales sur l’éducation (2007), citados por Correia Lima e Betiolli Contel (2008) revelam que no ano de 2005, o Brasil recebeu 1.246 estudantes e emitiu 20.778.

A questão da mobilidade estudantil é tratada por Knight (2003) como sendo a primeira ação dentro da hierarquia dos níveis de importância, seguida do fortalecimento da investigação colabo- rativa internacional. As demais ações pertinentes ao processo de internacionalização, apresentadas na figura 2, são classificadas pela referida autora em gradações de segundo e terceiro níveis de importância.

Importância primordial Segundo Nível de Importância Terceiro Nível de Importância 1. Mobilidade de Estudantes

2. Fortalecimento da investigação

colaborativa internacional 3. Mobilidade de docentes 4. Dimensão internacional do cur- rículo

5. Desenvolvimento de projetos internacionais

6. Programas acadêmicos conjuntos

7. Desenvolvimento de programas “twinning”

8. Criação de campi filiados 9. Importação e exportação comer- cial de programas educacionais 10. Atividades extracurriculares para estudantes internacionais

Figura 2: Aspectos mais importantes da Internacionalização Fonte: Knight (2003)

Considerando-se a classificação apresentada na Figura 2, pode-se afirmar que o processo de internacionalização da UFF atende aos requisitos de importância primordial, ou seja, a mobilidade de estudantes e a investigação colaborativa internacional, bem como a mobilidade de docentes, no segundo nível de importância.

O programa de mobilidade, como parte do processo de internacionalização na UFF tem se consolidado, mas ainda enfrenta dificuldades, tais como: fontes de financiamento - no presente só conta com duas formas -, recursos próprios e oferecidos pelo Banco Santander; empecilhos cur- riculares na convalidação de créditos obtidos em instituições estrangeiras; inadequação das normas acadêmicas às novas formas de obtenção do conhecimento; ausência de professores orientadores de inter cambistas, por curso; carência de uma política de ensino de línguas estrangeiras para

alunos menos favorecidos economicamente; pouca participação das Unidades Acadêmicas, Depar- tamentos ou Programas de Pós Graduação nos acordos multilaterais institucionais; excesso de bu- rocracia, tornando o processo de abertura de convênios muito lento, entre a abertura e a publicação, o tempo médio tem sido em torno de sete meses; rigidez nos pareceres emitidos pela Pró-reitoria de Planejamento no que tange às formas de colaboração, como ajuda de custo, hospedagem etc.

Apesar dos obstáculos, há ações efetivas sendo empreendidas que permitem vislumbrar uma