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3 TECNOLOGIA E AS NOVAS CONCEPÇÕES PARA A EDUCAÇÃO

3.4 INTERNET, A EVOLUÇÃO PARA A WEB 2.0

Antes, não tínhamos conhecimento sobre o nosso lugar no mundo, atualmente estamos todos ligados, conectados online. O hábito de se manter cadernos com anotações, livros, cartas entre outros escritos para guardar ou registrar conhecimento, lembrança ou saberes está se perdendo com o tempo, sendo substituídos pela utilização de ferramentas digitais oriundas da internet. A internet provocou transformações profundas e complexas em toda sociedade, disponibilizando o acesso rápido e atualizado de informações e promovendo a comunicação através de diversas ferramentas digitais.

Mas o que é internet21 De acordo com Costa (2014), trata-se de uma rede de computadores interconectados compartilhando informações entre si sobre músicas, leituras, jogos, ciências entre outros, por fim, uma fonte de informações e serviços. E sua aplicação em diversos setores faz com que a escola promova o aprendizado diversificado através desta ferramenta, procurando integrar as tecnologias e alterando os procedimentos de aprendizagem. É na internet que surge uma nova concepção de espaço e tempo, o espaço

virtual – ciberespaço – um espaço que existe no mundo da comunicação, ou seja, não é necessária a presença física, material para a constituição da comunicação.

Aparici (2012, p. 147) afirma que o desenvolvimento do ciberespaço é uma revolução muito mais profunda do que o surgimento da imprensa escrita ou mesmo da explosão da mídia, sendo assim, a nova ordem econômica, social e cultural globalizada não seria possível sem a revolução das tecnologias digitais e sua linguagem hipermidiática.

Para tanto, a internet ao longo dos anos vem se expandindo nos meios sociais, sendo considerada a mídia mais difundida e utilizada na sociedade, mais até do que a própria televisão – marco na mudança de ver e ouvir as informações. Esta tecnologia está provocando uma metamorfose no paradigma na divulgação e produção do conhecimento: não sendo mais um monopólio das instituições tradicionais. Por que isso Porque a internet é uma mídia pautada na descentralização, fazendo frente à hegemonia política e econômica, principalmente após o surgimento da Web 2.022. Lévy (1999, p. 147), afirma que:

A página Web é um elemento importante, uma parte do corpus intangível composto pelo conjunto dos documentos da World Wide Web. Mas pelos links que lança em direção ao restante da rede, pelos cruzamentos ou bifurcações que propõe, constitui também uma seleção organizadora, um agente estruturador [...] a Web articula uma multiplicidade aberta de pontos de vista, mas essa articulação é feita transversalmente, em rizoma [...].

Na Web 1.0, precursora da Web 2.0, o usuário era um internauta passivo e de mãos atadas a todo um mundo de informação, não possuía acesso às informações, poderia “seguir” suas páginas favoritas, contudo sua interatividades limitava-se a isso, não detinha a inserção de opiniões, comentários e não acrescia informações à rede. Com a evolução tecnológica, a propagação de softtwares promoveu o acesso a novos usuários e principalmente a publicação de informações. Atualmente, qualquer usuário pode produzir informação e disseminar pela rede mundial de computadores através de publicações em blogs, sites, participar em redes sociais digitais como Facebook e Twitter, publicar vídeos no YouTube, criar Podcasts, colaborar com o crescimento do Wikipédia.

Conforme Primo (2006), podemos conjeturar que nos primórdios da difusão da internet os sites eram construídos e trabalhados de forma isolada, enfatizando apenas a

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World Wide Web ou WWW é uma função da internet que junta, em um único e imenso hipertexto ou hiperdocumento (compreendendo imagens e sons), todos os documentos e hipertextos que a alimentam (LÉVY, 1999, p.27).

publicação de informações, baseado no modelo transmissionista23. Nos estudos de Aparici (2012), ele afirma que a Web 2.0 permitiu que na internet, haja a possibilidade de contribuir colaborativamente para a construção de um conhecimento coletivo, a partir da comunicação individual e coletiva podendo acontecer no ciberespaço e nos espaços reais. A relação comunicativa então se apropria da infinidade de conexões entre todos os internautas24.

As pessoas expõem suas teorias, ideias, oferecem serviços, conversam, conhecem novos lugares, adquirem novos conhecimentos, compartilham fotos, imagens, textos, músicas, vídeos, criam laços afetivos, conhecem pessoas, descontroem e constroem paradigmas, investem capital, tempo entre outras nuances comportamentais. Não há como negar que a internet atualmente é o principal entretenimento de crianças e jovens exercendo um papel de destaque nas relações sociais (APARICI, 2012). Pois, muitas dessas crianças e jovens preferem estar navegando na internet, a ir à escola, sair com os amigos, estar com a família, entre outras atividades.

Aparici (2012) defende que a Web 2.0 insere-se no contexto do exibicionismo e da comunicação, a partir da utilização das redes sociais digitais como ponto principal de sua fundamentação informacional. Falar de si mesmos, tornar pública suas vidas particulares, transformando o ciberespaço num vislumbre estético e ético através de uma teatralização da vida pessoal. A Web 2.0 caracteriza e valoriza o viés social e interativo da internet, na qual os usuários participam ativamente através da produção, divulgação e acesso à informação e subsequentemente no processamento e gerenciamento de novos lugares e espaços (PATRICIO; GONÇALVES, 2010).

Decerto, vale nos questionarmos: A internet pode ser considerada a maior, mais completa e complexa ferramenta de aprendizado Certamente. Esta resposta se dá a partir do momento que a própria sociedade aprendeu a aprender utilizando a internet, já que, através dela, o indivíduo possui acesso aos mais avançados recursos de pesquisas do mundo. De acordo com Moran (1997, p.9):

A Internet ajuda a desenvolver a intuição, a flexibilidade mental, a adaptação a ritmos diferentes. A intuição, porque as informações vão sendo descobertas por acerto e erro, por conexões “escondidas”. As conexões não são lineares, vão “linkando-se” por hipertextos, textos interconectados, mas ocultos, com inúmeras possibilidades diferentes de navegação. Desenvolve a flexibilidade, porque a maior parte das sequências são imprevisíveis, abertas. A mesma pessoa costuma ter dificuldades em refazer a mesma navegação duas vezes. Ajuda na adaptação a

23 Baseado apenas da interação como uma simples transmissão de mensagens, colocando a comunicação como um fenômeno linear através de uma mensagem construída através de um código por um emissor até chegar ao receptor.

ritmos diferentes: a Internet permite a pesquisa individual, em que cada aluno vai no seu próprio ritmo e a pesquisa em grupo, em que se desenvolve a aprendizagem colaborativa.

A escola, um ambiente para as relações sociais e o aprendizado, não deve ficar alheio a essas transformações sociais oriundas do avanço tecnológico nem mesmo ignorar as influências que a internet traz a sociedade moderna. Pelo contrário, a escola pode utilizar a internet como mais uma ferramenta (recurso) para facilitar e dinamizar a práxis pedagógica incitando o aluno a aprender.

Sendo um recurso que facilita a motivação dos educandos devido as suas fontes inesgotáveis de informação, à sua dinâmica e suas possibilidades, o professor ao motivar o aluno a utilizar a internet deve proporcionar uma abertura para a confiança e o diálogo. Mais que a tecnologia, o que facilita o processo de aprendizagem é a capacidade de comunicação entre o professor e o aluno baseando-se no equilíbrio, competência e simpatia, fazendo com que o aluno desenvolva a aprendizagem colaborativa, compartilhamento de saberes e o trabalho em grupo. (MORAN, 1998)

É importante destacar que utilizar a internet necessita de bom senso, malícia, intuição e um pouco de apreciação estética. Saber selecionar as páginas mais importantes para seu uso necessita do bom senso. A intuição é para a pesquisa e suas categorias. Malícia para compreender a intencionalidade da página encontrada. E apreciação estética para reconhecer as páginas melhor elaboradas e contextualizadas.

Em “A Estrada do Futuro”, de Bill Gates (1995), o mesmo enfatiza a importância das redes no processo educacional, já que tanto professores como alunos, ao utilizarem a internet, aumentam e contribuem as oportunidades educacionais, inclusive para aqueles estudantes que não puderam ingressar nas maiores universidades ou escolas. Contudo, Gates ressalta que os benefícios da utilização das redes só serão alcançados quando a escola encarar a utilização dos computadores e a utilização da internet e suas ferramentas no ensino e aprendizado.

A utilização da internet atrai os alunos, promovendo a curiosidade principalmente àquele que gostam de estar sempre conectados, pois estão “por dentro” do que anda acontecendo – alheio às suas limitações de interesse e de compreensão. Inúmeros são os alunos que possuem uma página pessoal e a atualizam cotidianamente nas diversas redes sociais digitais. Lembremos que a utilização da internet na educação não deve se restringir aos muros da escola e muito menos às limitações infraestruturais e tecnológicas da instituição escolar, a aprendizagem fora da escola, através da educação informal é uma maneira contemporânea de atrair os alunos para um aprendizado dinâmico e colaborativo através do

contato entre professores e alunos e respeitando a temporalidade de cada um (MORAN, 1997). Para tanto, é um mundo complexo com inúmeras informações e por vezes o professor tem que estar atento a participar junto dos alunos no aprendizado online, observando, analisando, sempre auxiliando o aluno a não se perder na virtualização global das informações sem ao menos analisá-las ou compará-las. O professor então porta-se como professor, educador e mediador nessa nova concepção de aprendizagem.