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Relatório de Avaliação Comportamental e Psicopedagógica

INTERPRETAÇÃO E CONCLUSÃO

No que respeita ao desenvolvimento cognitivo o T. apresenta resultados que se encontram no intervalo médio superior para a sua idade, verificando-se a presença de um bom potencial de aprendizagem. Relativamente à capacidade de atenção, o T. apresenta ter uma capacidade de concentração diminuída, justifica este resultado as dificuldades observadas na realização da prova de Cancelamento de Sinais de Zazzo, onde apesar destas dificuldades, o T. foi eficaz na deteção de alvos num conjunto de distratores.

124 Das funções executivas avaliadas verifica-se uma abordagem impulsiva na realização das tarefas, bem como dificuldades no planeamento e organização da tarefa.

Em termos de comportamento, da observação clínica verifica-se que o fenótipo comportamental do T. está a ser prejudicado pela dificuldade em manter a atenção, controlar a impulsividade/ inibir impulsos, bem como em planear e organizar tarefas. Dos dados recolhidos pelos questionários verifica-se que estes comportamentos não estarão a ter um impacto significativo no contexto casa. Já no contexto escolar verifica- se que a presença de dificuldades em manter a atenção e a agitação motora apresentam um impacto significativo no comportamento e nas aprendizagens escolares.

Da avaliação da motricidade fina, verifica-se dificuldades na coordenação oculo-manual, bem como na precisão e controlo dos movimentos dos membros superiores. É de referir que esta é uma tarefa que requer a fixação da atenção (Fonseca, 2010), sendo observado durante a avaliação que a presença de dificuldades na inibição de impulsos prejudica o desempenho do T. nesta área. Da avaliação psicopedagógica verificou-se um desempenho dentro da média na maioria das provas, verificando-se boas capacidades de aprendizagem.

Pela observação dos resultados verifica-se a presença de características compatíveis com a perturbação de hiperatividade e défice de atenção. Características que se fazem sentir em contexto de sessão e escolar, com um impacto significativo nas aprendizagens de conteúdos escolares. É também de salientar a presença de dificuldades ao nível da motricidade fina que estão a ter impacto na aquisição de competências escolares.

RECOMENDAÇÕES

Avaliando o perfil do T., consideram-se pertinentes as seguintes recomendações: - Acompanhamento no sentido de trabalhar a regulação dos comportamentos e

da atenção:

• Promover a aquisição competências de regulação emocional de forma a melhor gerir e reagir a situações do dia-a-dia que representem oportunidades de frustração;

• Procurar capacitar o T. com competências de planeamento, organização e avaliação das atividades e tarefas;

• Desenvolver a capacidade de selecionar e manter a atenção a estímulos relevantes, sendo capaz de ignorar os restantes;

125 • Promover o conhecimento e domínio de estratégias para o controlo da agitação motora e de inibição de impulsos, bem como a sua utilização em situações quotidianas.

- Apoio psicopedagógico:

• Aumentar a consciência fonológica do T., nomeadamente ao nível da divisão e manipulação silábica e fonémica;

• Incentivar o T. no conhecimento e integração do desenho das letras do abecedário, trabalhando na forma e tamanho das letras;

• Promover a coordenação óculo-manual, trabalhando o planeamento e execução da ação motora;

Este apoio deverá ser ajustado às dificuldades e necessidades que poderão surgir ao longo do primeiro ano, dando-se um apoio individualizado ao T., no sentido de o ajudar a ultrapassar as suas dificuldades e a acompanhar a turma.

- Na escola, recomenda-se a utilização de estratégias como:

› combinar, previamente, um sinal com o T., para o lembrar que tem de continuar a tarefa, ajudando-o a autonomizar a sua atenção;

› dar instruções simples e quando possível com suporte visual (de forma dinâmica e estimulante);

› colocar a criança num local acessível, perto de si e longe de estímulos distráteis (se possível organize a sala de forma a manter estímulos distrateis longe do campo visual da criança);

› utilize temas de interesse da criança para trabalhar os conteúdos;

› procure aumentar os comportamentos positivos através da realização de contratos comportamentais e reforço positivo;

› permitir a realização de tarefas que requerem um esforço e atenção prolongados em duas ou mais vezes, permitindo aumentar o desempenho do T.;

› procure a utilização de diferentes materiais para promover a integração de conhecimentos (ex: diferentes atividades na consciência fonológica ou diferentes materiais no desenho das letras);

› é da maior importância que o T. não sinta que tem um acompanhamento especial ou diferentes dos colegas, pelo que todas as ajudas/ apoio devem passar o mais despercebido possível.

126 › manter uma atitude de parceria com a escola, de forma a que todos se

mantenham ao corrente da situação do T.;

› sempre que o T. esteja a realizar trabalhos em casa, reduzir ao máximo todos os possíveis elementos distráteis (televisão, computador ligado, telefones, janelas, música, brinquedos, entre outros);

› estabelecer horários e regras claras e bem definidas, sendo consistente com as instruções e consequências;

› procurar trabalhar em casa os conteúdos que estão a ser desenvolvidos na escola, de uma forma dinâmica, ajudando o T. a ultrapassar as suas dificuldades; › ajudar o T. no planeamento e execução de tarefas e ações motoras, permitindo

a automatização desta componente;

› fazer jogos e atividades em família que envolvam a capacidade de motricidade fina e do controlo oculo-manual.

A implementação das estratégias sugeridas deverá adaptar-se às condições do contexto escolar e ser alvo de avaliações frequentes quanto à sua eficácia. Poderá verificar-se a necessidade de se implementarem outras medidas, tendo em conta uma avaliação específica dessas condições, para tal mantemo-nos inteiramente ao dispor para qualquer esclarecimento.

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ANEXO G – Exemplos de Planos de Sessão do estudo de caso T.