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A intervenção do Serviço Social com pessoas idosas em situação de isolamento

Alivio Vergonha

2. A intervenção do Serviço Social com pessoas idosas em situação de isolamento

% 57,1 58,8 Conjunto de Diagnóstico Entrada Condições Económicas N 1 0 % 3,6 0,0 Conflitos Familiares N 1 0 % 3,6 0,0 Total 28 17

Nota: Estão reportadas as percentagens segundo a Instituição a que pertence o utente Fonte: Cálculos próprios

2. A intervenção do Serviço Social com pessoas idosas em situação de

isolamento

De forma a percebermos se as metodologias de intervenção em Serviço Social variam em diferentes contextos socioinstitucionais e comunitários, numa primeira fase, procuramos perceber quais os pontos de concordância nas intervenções entre as diferentes instituições independentemente da pessoa idosa em situação de risco.

Esta investigação tem por objetivo aferir se os tipos de intervenção dos assistentes sociais junto das pessoas idosas são independentes e diferentes no que toca ao contexto socioinstitucional e comunitário dos mesmos e se a predisposição para a institucionalização é também diferenciada tendo em conta, desta vez, a idade cronológica dos mesmos. É ainda analisado quais as intervenções desenvolvidas junto de cada pessoa idosa sinalizada por terceiros tendo em conta o seu contexto de pertença.

102 A análise dos dados permitiu identificar que em todas as intervenções, independentemente do contexto socioinstitucional e comunitário em que a pessoa idosa se insere, o assistente social procura a diminuição do isolamento, "o ponto em concordância é tentar minimizar este isolamento, acho que é o único ponto que seria de concordância em todas as situações, (...)" (EAS1), utilizando a persuasão junto da pessoa idosa, "(...) levando aqui, muitas vezes a um trabalho de persuasão com esse idoso, dependente do grau de consciência (...)" (EAS2). existindo uma tipificação de respostas sociais, "(...) obviamente as intervenções vão-se tocar, quer seja em termo de método, quer seja em termos da resposta, há respostas tipificadas, (…)" (EAS8), trabalha para a igualdade de oportunidade na obtenção das mesmas, "(...) os pontos de concordância é que todas as pessoas têm o direito de receber o apoio (...)." (EAS9), seguindo uma mesma linha orientadora através da teoria absorvida na academia, "a base da nossa formação leva-nos sempre para um caminho, (...) eu acho que nós temos uma linha que nos conduz, eu não posso dizer que não sou orientada por nada, eu tive a teoria, (...)" (EAS11) e de uma mesma metodologia através da sinalização, diagnóstico, avaliação da situação e reavaliação, terminando na própria intervenção (Gráfico 4.3).

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RÁFICO

4.3-C

ONCORDÂNCIAS ENTRE INTERVENÇÕES POR INSTITUIÇÃO

Fonte: Cálculos próprios

A diminuição do isolamento, o trabalho de persuasão junto da pessoa idosa e as tipificações das respostas sociais foram identificados pelo mesmo número de assistentes sociais, a igualdade de oportunidades e a igualdade na metodologia de intervenção foram os identificados pela maioria dos assistentes sociais, a utilização das mesmas linhas orientadoras de intervenção foi identificada uma única vez (Gráfico 4.3).

103 Assim, os pontos de concordância nas intervenções identificadas pelos assistentes sociais são, o trabalho contínuo para uma diminuição do isolamento, um trabalho de persuasão junto da pessoa idosa, as tipificações das respostas sociais, a igualdade de oportunidades e as linhas orientadoras de intervenção.

O contexto socioinstitucional e comunitário da pessoa idosa faz variar, contudo, as decisões finais da intervenção e a escolha de respostas sociais, selecionando-se as mais adaptadas à individualidade de cada sinalização, esta diferenciação é identificada pela totalidade dos assistentes sociais em estudo. Estes acreditam que cada pessoa é única e as intervenções desenvolvidas junto das pessoas idosas só serão eficazes se forem adaptadas às especificidades de cada um que procura apoio. Defendem ainda que não é possível uma integração plena da pessoa idosa se não tiverem, em primeiro lugar, consciência desta individualização pessoal.

No que respeita à tipologia de intervenção, os dois tipos mais identificados pelos assistentes sociais foram a intervenção em rede e a intervenção centrada na pessoa (Anexo AZ).

Quanto à tipologia de intervenção preferencial a desenvolver junto da pessoa idosa sinalizada por situação de isolamento os assistentes sociais questionados deram preferência à intervenção em rede, "(...) se forem situações um bocadinho diferentes por vezes eu tenho de pedir a colaboração de outras entidades, seja ao nível da saúde, ao nível dos apoios sociais, quer ao nível dos serviços sociais da junta de freguesia, quer a outros níveis. (...)" (EAS13), mas também à intervenção centrada na pessoa, "(...) por vezes nós não temos resposta no nosso equipamento, ou a nossa resposta não estar de acordo com as necessidades do idoso." (EAS13), "as pessoas podem vir sinalizados por outras instituições, por centros de saúde, pelo próprio, pela própria família, pela misericórdia (...) essencialmente temos de abrir processo caso não exista processo na santa casa e aí há uma serie de documentos que são necessários para constituir o processo, mas aqui também tem de haver uma flexibilidade em função da necessidade concreta da pessoa, (...)" (EAS4). (Anexo AZ)

A intervenção em rede passa pelo apoio prestado à pessoa idosa por um leque de respostas e de redes de apoio formal ou informal colmatando ao máximo as necessidades desta, tendo sempre presente a ideia da intervenção centrada na pessoa, isto é, tendo sempre em conta a individualização de cada uma e a sua história de vida.

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4.4-T

IPOLOGIA DE

I

NTERVENÇÃO POR

I

NSTITUIÇÃO DE

P

ERTENÇA

Fonte: Elaboração Própria

Numa primeira análise podemos referir que o número de respostas é inverso entre as instituições (Gráfico 4.4). Nos assistentes sociais da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa destaca-se a referência à intervenção centrada na pessoa e nos assistentes sociais das IPSS é privilegiada a intervenção em rede. Ainda assim a diferença não é significativa (χ2 (1) = 1,397, p > 0,05).

Do ponto de vista da pessoa idosa, tendo como base a intervenção centrada na pessoa, existem diferentes razões para estas aceitarem a institucionalização. Examinando a predisposição e as razões das pessoas idosas entrevistadas para a sua institucionalização em lares, pudemos observar que a maioria, independentemente da idade, identifica a ausência de autonomia como a principal razão para a aceitação da institucionalização, "Só se estivesse muito mal, (...) se não conseguisse fazer nada" (EPI6), por sua vez a melhoria das condições económicas corresponde à razão menos identificada (Gráfico 4.5). Também são reconhecidas razões relacionais e emocionais para a aceitação da institucionalização, "por companhia, mas agora estou bem..." (EPI2) apesar de ainda existirem, em grande número, pessoas idosas que rejeitam essa aceitação independentemente das razões. Contudo o perfil de respostas é similar entre os três escalões etários pois não existem diferenças significativas (χ (6) = 8,455, p > 0,05).

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4.5–R

AZÕES PARA A INSTITUCIONALIZAÇÃO SEGUNDO A IDADE DA PESSOA IDOSA

Fonte: Cálculos próprios

Procuramos perceber se as razões e a predisposição para a institucionalização são independentes da idade das pessoas idosas. A conclusão vai no sentido de que as duas variáveis são significativamente independentes (χ2 (2) = 0,602, p > 0,05), com a maioria dos idosos a

mostrarem predisposição para a institucionalização (Gráfico 4.6).

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4.6–P

REDISPOSIÇÃO PARA A INSTITUCIONALIZAÇÃO POR IDADE DA PESSOA IDOSA

106 Os resultados obtidos corroboram assim a necessidade de considerar a teoria sistémica ou teoria geral dos sistemas de Bertalanffy (1937), a qual defende que para conhecer um organismo vivo não basta conhecer as propriedades dos seus órgãos individualmente, é necessário conhecer as relações entre todos os elementos e o modo como se organizam entre si, isto é, não se pode cingir à avaliação da pessoa idosa como alguém desprovido de qualquer relação com o exterior.

Também se torna importante referir Bonfrenbrener (1977) com a teoria da aprendizagem social que apresentava a ideia de que o contexto e o indivíduo podem-se agrupar em subsistemas ou níveis. O nível macro ou macrossocial que se refere às circunstâncias sócio históricas ao longo da vida do indivíduo que influenciam o seu crescimento e desenvolvimento, o nível meso que se refere à família e à comunidade em que o indivíduo se insere e o nível micro que se refere à pessoa como indivíduo biológico e agente psicológico.

São avaliadas as etapas de admissão da pessoa idosa na instituição, todos os assistentes sociais inquiridos, independentemente da instituição identificaram quatro etapas essenciais, a sinalização, a abordagem à pessoa idosa, o acompanhamento da mesma e por fim a sua admissão. Como pode observar-se no Gráfico 4.7, a sinalização e o acompanhamento da pessoa idosa são os mais salientados pela sua importância e persistência na atenção do assistente social.

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4.7–E

TAPAS DE ADMISSÃO DA PESSOA IDOSA NA INSTITUIÇÃO

Fonte: Cálculos próprios

Analisando as etapas de admissão da pessoa idosa por instituição abrangida pelo estudo (Tabela 4.4) podemos salientar que a maioria dos assistentes sociais da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa identificam que a pessoa idosa passa por todas as etapas antes da sua admissão, desde a sinalização, a abordagem e o acompanhamento. Também os assistentes sociais das IPSS identificam as mesmas etapas dando, contudo, maior relevância à sinalização e acompanhamento da pessoa idosa.

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ABELA

4.4–E

TAPAS DE ADMISSÃO DA PESSOA IDOSA POR INSTITUIÇÃO

Conjunto das Etapas de Admissão

Instituição Santa Casa da

Misericórdia de Lisboa IPSS

Sinalização 5 (em 7) 4 (em 4)

Abordagem 5 (em 7) 3 (em 4)

Acompanhamento 5 (em 7) 4 (em 4)

Admissão 4 (em 7) 1 (em 4)

Fonte: Cálculos próprios