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Metodologias do Serviço Social com pessoas idosas em situação de isolamento

Existe uma diversidade de metodologias a ter em conta na intervenção junto da pessoa idosa já abordados anteriormente no ponto A intervenção do Serviço Social no envelhecimento e o Conhecimento Científico.

Consultando aqueles que diariamente lidam com a necessidade de tomar decisões, de fazer escolhas que alteram o futuro daqueles que os procuram, ou daqueles que deles dependem, pode-se perceber que existe uma metodologia de intervenção junto da pessoa idosa, tal como descrito no Esquema 5.1, onde existem dois critérios a ter em conta antes de qualquer decisão. Perceber se a pessoa idosa é capaz ou incapaz, isto é, se a pessoa idosa se encontra em condições psicológicas para tomar decisões sobre si, ou se pelo contrário se encontra num estado de demência impossibilitando o livre arbitro, torna-se imprescindível para um melhor desenvolvimento de atividades futuras.

E

SQUEMA

5.1-M

ETODOLOGIAS DE

I

NTERVENÇÃO

122 Quando os assistentes sociais se depararam com uma pessoa idosa sinalizada por se encontrar em situação de risco, mas que se encontra bastante lúcida e consciente da sua realidade, ou seja, encontra-se com capacidade para a tomada de decisões, trabalham fortemente na Proximidade com o idoso, através da Persuasão, Insistência, Acompanhamento constante e manutenção do Consentimento, tentando sempre que este trabalho continuo e por vezes longo leve à Aceitação do apoio por parte da pessoa idosa, "(...), é sempre feito algum caminho (...), não falo só da intervenção aqui da nossa parte, aqui do equipamento, muitas vezes com as colegas ou do acolhimento ou das equipas especificas, há sempre, naquela aproximação, uma tentativa de manter esta relação, e com a maior regularidade possível (...)” (EAS1).

Em caso de necessidade é utilizada uma abordagem junto da família, “(...) se virmos que são situações com situação de risco, tentamos também perceber que família existe, que rede existe, tentar acionar se for caso disso (...)” (EAS1).

Se a Família também não se encontrar disponível, ou simplesmente não existir, o assistente social procura o apoio a outras instancias consultando e apresentando uma sinalização institucional do idoso, seja para a Polícia de Proximidade, para outras Instituições Sociais ou mesmo para o Ministério Público, “e existem outros serviços que podem ser acionados, como por exemplo, a teleassistência, mas isto vai depender muito da situação do idoso,(...) depende da situação em si mas normalmente tentamos acionar todas as respostas ou serviços que possam minimizar esses riscos, contactar, conhecer, ou tentar saber toda a rede (...)" (EAS1).

Em contrapartida caso a pessoa idosa sinalizada já se encontre num estado de demência que impossibilite a sua capacidade de decisão, o assistente social contacta diretamente a Família que, por sua vez, caso não surta efeitos ou esta não exista é feita a sinalização da situação à Polícia de Proximidade, a outras Instituições Sociais ou ao Ministério Público (Esquema 5.1).

As metodologias de intervenção a utilizar são na sua maioria iguais entre as instituições em estudo. Tanto a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa como as IPSS abordadas utilizam, em simultâneo, uma Intervenção Centrada na Pessoa e uma Intervenção em Rede, usando como base reguladora o Gestaltismo e Terapia Gestaltica de Frederick Perls, Ralph Hefferline e Paul Goodman (1951), que defendem que “A relação indivíduo-meio é compreendida através das noções de singularidade, de liberdade e de responsabilidade, e a partir da crença no potencial criativo do homem, no seu poder de recuperação e de transformação, na sua tendência ao equilíbrio, à autorregulação, ao crescimento, na sua capacidade de se construir e reconstruir na sua relação com o mundo, sem desconsiderar, contudo, os limites, os conflitos, as contradições, que essa construção pode envolver” Perls (1997), assim como a intervenção junto dos idosos alargando-a para uma intervenção à comunidade, envolvendo pessoas significativas do meio, desde a família alargada, vizinhos, amigos, entre outros, orientando-se por uma metodologia de intervenção socio terapeuta, uma vez que trabalha o indivíduo de forma Holística e em Rede,

123 permitindo implicar todos os elementos na redefinição e resolução das contradições e conflitos expressos pelo sintoma. (Liliana Calvo, 2009)

Após a decisão da metodologia a utilizar o assistente social comporta um leque de etapas a seguir independentemente do tipo de apoio prestado à pessoa idosa.

As etapas de admissão desta numa qualquer resposta social, segundo os assistentes sociais inquiridos, passam pela Sinalização "o processo de admissão aqui é feito maioritariamente através do encaminhamento por parte de hospitais, centros de saúde, santa casa, as redes, uma outra entidade, ou pela procura direta do próprio utente ou familiar, (...)" (EAS9), pela Abordagem, "(...) dependendo da situação e da necessidade de avaliação e das necessidades que se possam detetar, portanto, pode ser aqui presencialmente no centro de dia, com atendimento, ou produzir visita domiciliária de forma a ser da melhor forma, (...)" (EAS8), pelo Acompanhamento, "(...) Depois há critérios que podem prevalecer em relação a outros, há também a questão geográfica. Quando temos inscrições e há critérios que se sobrepõem em relação a outros, e de facto uma pessoa estar em situação de isolamento, (...) é feita a entrevista diagnóstica, registos biográficos, idade, história familiar, histórico de saúde, (...) e sobretudo saber o que esperam de nós, não é, e para saber o que esperam de nós precisamos saber quem é aquela pessoa, que espectativas é que têm porque muitas vezes o que a família espera de nos não é bem aquilo que o idoso espera de nós. (...)" (EAS5) e, por fim, pela Admissão, "(...) depois adequá-lo (o idoso) aos serviços que nós prestamos, o mais personalizado, o mais individualizado possível para ir de encontro com o que a pessoa quer" (EAS5). (Anexo BD)

Se analisarmos as etapas de admissão de uma pessoa idosa por instituição poderemos concluir que todos os assistentes sociais, independentemente da sua instituição de pertença identificam os passos supracitados.

Dos sete inquiridos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, cinco apresentam a Sinalização, a Abordagem e o Acompanhamento como etapas importantes a ter em conta na admissão da pessoa idosa. Dos quatro representantes das IPSS todos eles seguem grande parte das mesmas etapas, apesar de um deles não ter identificado, a necessidade de se referir à Abordagem à pessoa idosa, mas sim à Admissão da mesma (Tabela 4.4).

Nas entrevistas realizadas pouco se debruçou (pouca referência por parte dos assistentes sociais inquiridos) sobre as condições em que é feita a Admissão da pessoa idosa nas instituições (Tabela 4.4). A razão reconhecida para a pouca identificação destas condições é o facto de a mesma ser feita de uma forma mais burocrática e estandardizada, já que independentemente da pessoa idosa ou da sua condição de entrada existem regras e procedimentos que devem ser seguidos para uma admissão plena e legal.

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2. Políticas públicas no domínio dos direitos da pessoa idosa em situação de