Um homem redescobre e afina o seu propósito em solidão, em situações desafiantes e na companhia de outros homens que não admitirão as suas tretas. Mas as mulheres reforçam a sua radiância feminina, na companhia de outras mulheres em mútua celebração e brincadeira. Um homem deve criar condições para ambas as formas de restauração: a sua própria solidão e as suas reuniões masculinas e o tempo da sua mulher com outras mulheres. Se você passar muito tempo com a sua mulher, ambos irão tratar-se da pior maneira possível. De modo a entenderem-se ela começará a adoptar os seus padrões masculinos de fala, negando o seu desejo feminino de fluir na brincadeira e prazer, sem ter de adoptar um sentido de estilo masculino, ou preencher um propósito. Você começará a adoptar os seus padrões femininos de toque e afeição, negando o seu desejo de penetrá-la, com a sua missão ou com a sua mulher. Em vez disso, encontrar-se-á a si próprio, apaparicando a sua mulher na bochecha, ou dando-lhe abracinhos e fazendo-lhe festinhas amorosas e sedosas de reforço.
Em breve, a deusa e o guerreiro, tornar-se-ão donos de casa despolarizados, partilhando apenas o jogo mais suave da polaridade sexual. De modo a reavivar o seu núcleo feminino, a sua mulher deveria passar todos os dias algum tempo em absoluto abandono e celebração. Durante estas alturas de dança, canto, riso e deleitoso brinde, o seu corpo e mente deveriam estar totalmente libertos de qualquer obrigação de ser masculina – directa, controlada, estruturada, ou orientada para objectivos. Estas ocasiões são mais rejuvenescedoras quando ela está com outras mulheres, magnificando e reforçando umas nas outras, a radiância e fluxo femininos. Se a sua mulher não investe no seu frequente rejuvenescimento feminino, ela revelará sintomas de energia feminina depressiva: doença (principalmente nas suas partes mais femininas), falta de energia vital, baixo desejo sexual e contentamento, e uma disposição, em geral, pouco alegre, pessimista.
Muito do moderno movimento masculino, concentrou-se na reclamação dos homens pela sua inerente energia feminina. Se você quiser revitalizar a sua própria energia feminina, então você poderá muito bem fazer o mesmo que fazem as mulheres para revitalizar a sua energia feminina. Você poderá ir para o meio das florestas e poderá dançar e cantar e rir com os seus amigos. Para os homens que se tenham tornado rigidamente estagnados na sua energia masculina, sem se permitirem o fluxo da alegria e da partilha nas suas vidas, esta é uma óptima medicina.
Mas para homens que tenham perdido o seu senso de propósito, que não saibam do que se trata as suas vidas, ou que tenham problemas em alinhar a sua vida com a sua verdade, cantar e dançar não são o remédio. A cura para a sua falta de propósito é serem desafiados a viver no seu limite, a partir do momento em que perdeu a capacidade para viver aí por si mesmo.
As duas maneiras de trazê-lo de volta ao seu limite masculino de poder são: (1) Austeridade e (2) Desafio.
Austeridade significa eliminar os confortos e almofadinhas na sua vida a que você aprendeu a aconchegar-se e a perder consciência. Abandone tudo aquilo que o afaste do seu limite. Nada de telejornais ou revistas. Nada de TV. Nada de açúcares, bolachinhas ou docinhos. Nada de sexo. Nada de caríciazinhas. Nada de ler seja o que for enquanto estiver a comer ou for à casa de banho. Reduza o tempo de trabalho ao mínimo necessário. Nada de filmes. Nada de conversas que não falem sobre verdade, amor ou divindade.
Se assumir estas disciplinas por algumas semanas, bem como quaisquer outras disciplinas que possam particularmente cortar através dos seus hábitos únicos de enfado, então a sua vida será afastada da rotina de distracções. Tudo o que restará será o limite que você mesmo tem andado a evitar, por meio da sua rotina diária. Você será forçado a enfrentar o desconforto básico, que é a textura escondida da sua vida. Você estará vivo com o desafio de viver a sua verdade, mais do que a esconder-se dela.
Sofrimento não adornado é a companheira de cama do crescimento masculino. Apenas tornando-se íntimo com o seu crescimento pessoal, poderá você sentir através dele até à sua fonte. Através de colocar toda a sua atenção no trabalho, TV, sexo e leitura, o seu sofrimento mantém-se não penetrado, e a fonte do mesmo permanece escondida. A sua vida torna-se estruturada inteiramente pelos seus meios favoritos de contornar o sofrimento que você raramente se permite sentir. E quando você toca a superfície do seu sofrimento, talvez na forma de aborrecimento, você rapidamente pega numa revista ou no controlo remoto.
Em vez disso, sinta o seu sofrimento, fique com ele, abrace-o, faça amor com ele. Sinta o seu sofrimento tão profundamente, e através dele que o penetra e se apercebe do seu fundamento medroso. Quase tudo o que você faz, fá-lo porque tem medo de morrer. Ainda que morrer seja exactamente o que você está a fazer desde o dia em que nasceu. Duas horas de absorção num programa de TV, podem distraí-lo temporariamente mas o facto permanece. Você nasceu como um sacrifício. E você poderá participar no sacrifício dissolvendo-se na oferta da sua dádiva, ou pode resistir-lhe, que é o seu sofrimento.
Eliminando a rede de confortos na sua vida, você tem a oportunidade de cair livremente neste momento, entre nascimento e morte, precisamente através do buraco do seu medo, dentro da não ameaçadora abertura que é a fonte das suas dádivas. O Homem Superior vive como este espontâneo sacrifício do amor.
Os outro meios para além da austeridade, para redescobrir o seu núcleo masculino é através do desafio. As mais superficiais formas de desafio incluem actividades como BTT, desportos radicais, desportos competitivos, e campos de treino. Estas formas de desafio físico restauram instantaneamente o sentido masculino de propósito e direcção, em homens e mulheres.
Formas mais profundas de desafio envolvem directamente a oferta das suas dádivas de maneiras que têm sido bloqueadas pelo seu medo. Se você sempre teve medo de falar em público, poderá assumir o desafio de falar em público uma vez por semana durante três meses. Se falhar e faltar ao compromisso numa semana, na próxima deverá falar por três vezes. Se você sempre quis escrever um livro, mas nunca conseguiu terminar nenhum, diga aos seus amigos que irá completar um capítulo por semana (ou mês) durante o
próximo ano. De cada vez que não completar a sua meta semanal, terá de pagar-lhes €100. Se não completar a meta anual, deverá pagar-lhes €10.000.
O ponto é: deverá haver uma punição sempre que recuar face ao medo. Existem óbvias consequências para recuar em face do medo ao subir uma montanha ou praticar desportos competitivos. Você deverá estabelecer consequências para o resto da sua vida, a menos que queira confinar-se à rede de segurança promovida pelos prazeres superficiais.
As mais poderosas formas de realinhamento masculino com o seu propósito envolvem uma combinação de austeridade e desafio. Vá para o meio dos bosques, por si mesmo, garantindo apenas as necessidades mínimas de sobrevivência. Nada para ler, nada para fazer. Coma o mínimo possível e não durma pelo máximo de tempo que lhe for possível. Desafie a sua capacidade de atenção com alguma prática, como mantralizar ou movimentos rituais, de tal modo que a sua atenção não se desvie ou torne passiva. Abra- se e espere. Não cubra o seu sofrimento. Não desista antes de cair através do buraco do seu medo, e emergir com uma visão da sua verdadeira missão, a única forma do seu sacrifício vivente.
Este tipo de isolamento e sacrifício é uma forma extremamente potente e extrema de resgate da visão masculina, mas há formas mais comuns que são exequíveis na vida de todos os dias. Passe tempo por dia sozinho, sem distracções. Sente-se apenas, por 10 minutos. Nada de zapping, nada de revistas, nada de nada. Apenas seja, exactamente quem você é, sem tentar mudar absolutamente nada. Fique com o seu sofrimento até que caia através dele e intua a verdadeira fonte sem fundo da sua vida.
Tal como a sua mulher deve passar algum tempo só com mulheres, você deverá regularmente passar tempo só com homens. Pelo menos uma vez por semana, junte-se com os seus amigos homens para se servirem uns aos outros. Corte caminho através das tretas e falem uns com os outros abertamente. Se sente que o seu amigo está a desperdiçar a sua vida, diga-lhe isso, porque você o ama. Agradeça tal tipo de criticismo por parte dos seus amigos. Sugira desafios para cada um deles assumir na sua vida, de modo a trazer cada um deles a desbravar caminho através dos seus medos de modo a renderem-se na oferta das suas dádivas. Concorde sempre com consequências por não persistirem nos desafios. Por exemplo, se você assumir o desafio de arrebatar a sua mulher por três horas num qualquer dia da semana, então concorde também em cortar a relva dos seus amigos, se falhar um dia que seja de arrebatamento.
Você deveria alternar estes tipos de “corte através das tretas” com celebrações masculinas. Mesmo durante tais celebrações, no entanto, deveria haver algum desafio para permanecer atento e não distraído. Não existem oportunidades para falhar a plenitude, mas para comungar para além do medo. Talvez possam ir todos juntos nadar em água gelada. Ou beber até ao ponto de bebedeira e ficar o resto da noite a entoar cânticos de hino ao mistério da existência – ninguém autorizado a desistir. O que quer que façam, partilhe o máximo amor de que for capaz com os seus amigos, sem se contentarem com a mediocridade, ou menos do que a mais plena dádiva de cada um.
Assegure-se de criar condições para as alturas de rejuvenescimento suas e da sua mulher. Doutro modo ambos se degenerarão nas almofadas de estagnação medíocre da neutralização sexual que corta o verdadeiro limite de viverem a vossa dádiva na relação.