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3.7 ARQUITETURA DE PRODUTO

3.7.2 Introdução ao Conceito de Modularidade

Em uma era da globalização caracterizada pela mudança e pela complexidade tecnológica acelerada, os produtos estão tornando-se mais intrincados, os clientes potenciais

estão exigindo uma escala de produtos muito mais larga, preços mais baixos com disponibilidade imediata.

As empresas competitivas, que operam em ambientes com ciclos de vida de produtos rápidos, têm incorporado a modularização como uma estratégia competitiva que lhes ajudasse responder às demandas mais rápidas, para controlar a complexidade, a flexibilidade do ganho, o risco e os investimentos com os parceiros na cadeia de suprimentos. Utilizando sistemas modulares, as empresas estão integrando uma tecnologia mais avançada nos produtos, tais como chips de computador nos carros, nos dispositivos em casa, e nos dispositivos de uma comunicação que podem executar diversas programações de funções.

A noção da modularização como uma estratégia começou ganhar a visibilidade durante os anos de 1960. Uma das partes mais adiantadas de literatura que descrevem a modularização como uma estratégia foi chamada de “a produção modular” (HOWARD, 2007), que descreveu uma capacidade recente, em se tratando de projetar e manufaturar as peças que podem ser combinadas no número máximo de maneiras a fim de tratar da demanda de consumidores para a variedade e exclusividade.

Para Kotabe e Mol (2004), a indústria automobilística no Brasil fornece um ambiente excelente para examinar os antecedentes e os resultados da estratégia de modularização no projeto e na produção dos automóveis. Sendo o único país que hospeda todos os fabricantes de carros globais no mundo, esses fabricantes identificaram o Brasil como um ambiente que oferece as melhores condições para as aplicações de métodos alternativos e inovativos da produção.

Nos demais países, principalmente nos EUA, onde os sindicatos são fortes, é difícil praticar essa estratégia, pois a mesma requer parceiros que vão entregar módulos ou sistemas prontos na linha de produção, eliminando muitas das operações que antigamente eram feitas internamente, daí o movimento contrário dos sindicatos em função da diminuição de atividades internas e, conseqüentemente, possíveis diminuições de postos de trabalhos.

A modularidade é um conceito no projeto de produto onde o produto final é construído de um número de módulos do produto. Os módulos são montados para configurar um grande número de variações do produto final. (SANCHEZ, 2002). De acordo com o autor, o projeto modular dos produtos possui um caminho de sentido único, para conseguir um desempenho de produto mais elevado sem incrementar o custo de manufatura em uma maneira desproporcional.

A modularidade é definida como um continuum que descreve o grau a que os componentes de um sistema podem ser separados, recombinados e referenciados, ambos

submetidos a uma tensão (força) de acoplamento entre os componentes e o grau a que as regras da arquitetura do sistema permitem misturar e combinar os componentes. (SCHILLING, 2000).

O conceito da modularização, hoje uma estratégia competitiva em manufatura, ganhou a atenção, desde que foi ligada mais especificamente às estratégias do projeto de grandes multinacionais e como uma aproximação para introduzir novos produtos bem sucedidos. A emergência da modularização está sendo acompanhada por estruturas de organização “modulares”, novas estratégias da gestão do conhecimento, que permitem às empresas desenvolverem produtos mais eficazmente e com flexibilidade. (&+81* 2005).

A produção modular enfatiza o desenvolvimento da habilidade de fazer a seleção de componentes e de subconjuntos necessários, antes que um projeto tenha o seu início. Ou seja, a modularização não requer muito ajuste do projeto entre componentes e subconjuntos a fim de conseguir as funções do produto que os clientes desejam e o sucesso vem da habilidade de selecionar cautelosamente componentes pré-projetados. (FUJIMOTO; NOBEOKA, 2004).

A estratégia de modularização está além das dimensões físicas e funcionais do módulo que inclui um sistema organizacional e de gestão que liga integradores e fornecedores do módulo para reduzir o custo de controlar o conhecimento tácito no processo de montagem. Assim, a modularização trata de uma aproximação estruturada vindo da complexidade, da tecnologia, e do fluxo de informação, onde estão inseridas as empresas. (GRAZIADIO; ZILBOVICIUS, 2003).

A contribuição, quanto à modularização é que a mesma, deve descobrir aqueles fatores que contribuem para a estratégia bem sucedida na indústria automobilística e compreender como a execução da estratégia conduz à vantagem competitiva, através das prioridades competitivas e a adoção do CM e CI.

Mais recentemente, observa-se que as organizações adotam cada vez mais a produção modular como um arranjo organizacional estratégico para, simultaneamente, utilizar plataformas modulares do produto e arquiteturas de processos modulares como habilitadores da flexibilidade estratégica. (KRIKKE, 2004). De acordo com Worren, Moore e Cardona (2002), o produto modular e a arquitetura do processo são fontes importantes da flexibilidade estratégica para as empresas que enfrentam um ambiente dinâmico, porque ambos são pré- requisitos para a customização e a redução drástica do tempo de ciclo. Nessa concepção, estratégia de modularização inclui o produto, inovações de processos e compartilhamento de todos os benefícios associados com os princípios de terceirização.

No geral, a modularidade refere-se a uma aproximação para organizar eficientemente produtos complexos e processos (BALDWIN; CLARK, 1997) por tarefas complexas, decompondo em tarefas mais simples, permitindo que as tarefas sejam controladas independentemente. Por exemplo: o projeto de um automóvel pode-se decompor em quatro níveis de complexidade: sistema (automóvel); subsistema (painel de instrumentos); módulo (motor, blocos) e componentes (caixa de engrenagens dentro do bloco).

Os efeitos da modularização têm um impacto não somente em padrões da indústria na cadeia de suprimentos, mas também na estratégia e na política a longo prazo da tecnologia da empresa com respeito às inovações arquiteturais e modulares. (LARA; TRUJANO; GARCI- GARNICA, 2005). Os produtos modulares podem proteger o poder da marca de uma empresa e o controle da arquitetura, especialmente, quando uma empresa possui recursos originais ou acessibilidade aos recursos complementares, permitindo-a de resistir à pressão criada por demandas de clientes para produtos modulares.