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A adoção de novas estratégias, como foi o caso da VW na adoção da configuração produtiva (CM), a fez passar por mudanças internas para a internalização da nova forma gerencial a ser conduzida daquele momento em diante, não somente interna como também com os novos parceiros dentro do site, e essa decisão está também ligada à arquitetura do produto.

Antigamente, as montadoras não pensavam em terceirizar para parceiros competentes a fabricação do veículo, mas hoje essa idéia mudou, as próprias competências da montadora também mudaram, pois hoje se preocupa com as atividades core e as não core são terceirizadas. Na VW as atividades core da montadora são: desenvolvimento de produto e customização, vendas, engenharia e pós-venda.

O modelo gera valor ao cliente, pois o comprometimento em geral envolve todos os participantes. Os contratos entre parceiros são de seis anos de duração, difícil reversão, parceiros tendem a desenvolver atividades conjunta (como o desenvolvimento de novos produtos, por exemplo), portanto, as relações criam substanciais oportunidades de troca, ganhos financeiros, beneficiando todos que estão presentes na cadeia.

Na análise, fazendo um contraponto com a análise de abordagem conceitual de Fine (1998), no início em Resende (1996), o CM encontrava-se na posição clara e bem definida no segundo quadrante, da Figura 17. Nesse período, a VW era dependente da tecnologia dos parceiros, passado mais de uma década de implementação, a montadora depende da capacidade tecnológica e de conhecimento apenas de um módulo, é o caso de motores e transmissões, onde ainda não há o domínio, nos demais módulos, a montadora não é

dependente dos modulistas. Mas, por outro lado, não é viável economicamente e estrategicamente para a montadora produzir os módulos internamente e sim, terceirizar para os parceiros, como é realizado atualmente.

A competência, para projetar a configuração do caminhão como um todo, ela hoje domina, assim como a competência “invisível” de ser a empresa arquiteta da rede, de criar a sinergia entre os participantes, e de deter a competência da marca necessária para dirigir o projeto.

Terceirização : uma Potencial Armadilha Terceirização : Melhor Oportunidade Componente Integral Componente des integrado (Ar quite tura inte grada ) (Ar quite tura modular )

Terceirização : Pior Situação Pode viver com a Terceirização

Dependente por Conhecimento Dependente por Capacidade Fonte: Fine (1998).

Figura 17 – Posição da VW Resende no Modelo de Fine (1998)

Essa configuração tem como prioridades competitivas envolvidas a flexibilidade e o custo, possibilitando um diferencial em se dirigir a cada cliente individualmente, mais adiante enfatizar-se-á sobre essas prioridades. A VW constrói caminhões, e cada um dos clientes tem necessidades muito específicas para seus caminhões; alguns estão na construção, outros no transporte, e assim por diante. Esse formato permite que se construam eficazmente modelos customizados, simultaneamente na mesma linha, e o diferencial é o custo mais baixo em relação aos concorrentes.

VW Resende

(1996)

VW Resende

Nas entrevistas, ficou claro que a organização que adota um grau elevado de modularização cria valor a seus clientes pelo fato de atender às suas exigências e à flexibilidade alcançada. Exemplificando: a logística interna é uma função de extrema importância no processo, é uma das formas de construir a reputação da montadora, entregando produtos de qualidade dentro da janela de tempo.

Nos levantamentos de campo, constatou-se que a vantagem competitiva da empresa, está ligada às decisões a respeito de como a empresa arranja seus métodos, da cadeia de produção e da sua fonte supridora, escolhendo a configuração, a arquitetura do produto e a relação com as prioridades competitivas. Por sua vez, estas decisões requerem que a empresa desenvolva potencialidades em como controlar sua rede de suprimentos. Hoje, a competição no mercado para caminhões é baseada em poder carregar um custo de produção baixo e de satisfazer as necessidades de clientes individuais.

Segundo o entrevistado:

A equipe tem que ser eficiente e conhecer as expectativas dos clientes. Esses novos conceitos da planta proporcionaram estas potencialidades. De certa forma para se atingir as demandas e redução nos tempos de resposta foi exigido das gerências, alternativas estratégicas nessa customização Os clientes têm agora demandas mais heterogêneas por qualidade, a variedade, preços mais baixos, e um tempo de entrega, essas condições do ambiente impuseram na empresa, a habilidade de entregar e possuir variedade das configurações, exigindo uma produção flexível, e modularizada.

O modelo permitiu que a montadora conseguisse benefícios acima das economias de custo de mão de obra. Aqueles benefícios são primeiramente o tempo e o dinheiro e o seu desenvolvimento completo do módulo pelos fornecedores, confirmou-nos que certamente os diferenciais do custo de mão de obra entre o OEM (equipamento original de manufatura) e os fornecedores eram um fator na decisão para adotar modularização na planta.

A VW atua em um mercado muito competitivo, e conseqüentemente busca sempre maneiras de cortar custos onde quer que seja possível. Transferir a industrialização de sistemas inteiros aos fornecedores reduziu definitivamente a estrutura de custo, permitindo a coordenação e uma comunicação eficiente na cadeia de suprimentos. A estratégia envolve transferir a parte da responsabilidade de manufatura para os fornecedores.

De acordo com o entrevistado:

O CM permite aos nossos fornecedores terem mais flexibilidade e inovação no evento de deslocamentos principais da demanda. Têm uma base de clientes grande, e ao mesmo tempo há um aprendizado de ambos os lados. Isto realça a habilidade total de competir no mercado. A VW desenvolve um tipo de aliança com os parceiros baseados em um relacionamento a longo prazo que dure ao menos para a vida do modelo do produto. Há um nível elevado de confiança envolvido nesse relacionamento. “O princípio do ‘consórcio modular’ é a partilha eqüitativa dos lucros e das perdas entre todos os protagonistas [...].”

Outra vantagem competitiva da VW, encontra-se no processo core, que é o projeto e o desenvolvimento da cabine. Neste negócio, o mais importante não é transferir sua vantagem aos fornecedores. No caso da montadora, o projeto da cabine é crucial; isso porque a VW projeta somente a cabine. Todos os módulos restantes, os fornecedores manufaturam conjuntamente com seus fornecedores das camadas inferiores. Vale lembrar que, atualmente, a VW adquiriu nesses anos de CM, competências para projetar a configuração do produto e a cabine em si, utilizando-se da Engenharia Simultânea, competências para garantir um serviço de pós-venda competitivo, gerenciamento do brand-name, e gerenciar todo esse processo com esses parceiros sem perder o controle total sobre a cadeia de suprimentos.

O estudo de campo indicou que havia alinhamento entre a adoção da estratégia modular da produção e a intenção estratégica articulada da empresa para desenvolver novos produtos ou incorporar mercados novos com produtos customizados que melhor satisfaçam a necessidades dos clientes individuais.

A taxa da mudança tecnológica e a intensidade da competição exerceram pressão sobre as organizações no sentido de uma procura para uma flexibilidade maior (SCHILLING; STEENSMA, 2000), que é constatado nas entrevistas. Os respondentes da VW, indicaram isso, ao transferir mais responsabilidades aos fornecedores, permitindo que os montadores de módulos focalizem em seu negócio principal reduzindo sua exposição ao risco. A VW, incorporou em seus esforços, o deslocamento de investimentos e compartilhamento de recursos específicos com seus fornecedores.

De acordo com o entrevistado: “Na VW, cada um dos sete sócios (fornecedores dos módulos) fez seu próprio investimento nos equipamentos necessários para ajustar sua facilidade de produção dentro da fábrica. A VW fornece apenas o espaço”. Esta linha de raciocínio é consistente com a sabedoria convencional recente a respeito da globalização e das mudanças organizacionais. Em resposta ao deslocamento ambiental, as organizações começaram a adotar as aproximações estratégicas que usam configurações de rede e estas recombinam rapidamente componentes organizacionais. Nos mercados dinâmicos, aonde a tecnologia avança rapidamente, os participantes requerem uma flexibilidade maior em responder rapidamente às mudanças frente à demanda e à competição do ambiente.

O grau de risco percebido aplica uma pressão sobre os fabricantes em encontrar as aproximações estratégicas que permitirão que reduzam investimentos em recursos específicos (por ex: infra-estrutura e maquinaria da planta), desenvolvam novos desenhos organizacionais flexíveis, e transfiram mais responsabilidades tais como a produção, a qualidade, a inovação, o serviço, e a garantia a seus fornecedores. Conseqüentemente, o risco percebido das

operações na indústria automotiva brasileira está associado com a extensão em que o grau da arquitetura modular está sendo utilizado.

Segundo o entrevistado:

Na VW, ao selecionar os parceiros para esse projeto, teve-se o cuidado para escolher aqueles potenciais nas áreas que a VW necessitava. Dessa forma, descentraliza a produção dos módulos e permite que os fornecedores do módulo sejam criativos. Assim, essa estratégia pôde ser associada com a qualidade de produto, desde que fornecido com a flexibilidade de componentes, misturando e combinando, sem uma perda de desempenho e as vantagens de aprendizagem.

Cada fornecedor traz melhorias e inovação de processo. No geral, os entrevistados concordam que: “A proximidade facilita a resolução de problemas potenciais da entrega e permitindo que todo o problema eventual na linha de produção seja tratado e resolvido no presente momento”. A proximidade física melhora o relacionamento entre a estratégia de modularização e a vantagem competitiva estratégica. O uso da tecnologia em comunicação também facilita as equipes, remotas situadas em partes diferentes do mundo, estão projetando seus carros e caminhões novos, as equipes usam uma rede de computador em linha para compartilhar idéias, criam os projetos novos, integram projetos para as várias peças e componentes, e constroem, testam protótipos através das simulações de computador, utilizando-se do Cátia.