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PARTE II – PESQUISAS EMPÍRICAS

5. ESTUDO 1 PARÂMETROS PSICOMÉTRICOS DOS INSTRUMENTOS

5.1. Introdução

O presente estudo objetivou conhecer evidências de validade dos instrumentos sobre comportamentos e intenção de comportamento frente ao consumo de roupas. Propuseram-se para esta análise quatro modelos que, apesar de relacionados com o mesmo objeto de pesquisa, possuem base teórica, características e capacidades explicativas diferentes, como descritas no aporte teórico desta tese. Com a testagem desses modelos se espera oferecer contribuição no que tange a conhecer sua adequação psicométrica, identificando sua eficácia na explicação de comportamentos e intenções de consumo.

Em termos específicos, este estudo visou: (1) traduzir e conhecer evidências de validade fatorial e consistência interna das Escalas de Preocupação com a Aparência e Engajamento na Compra de Roupas; (2) conhecer evidências de validade da Escala de Atitudes Frente ao Consumo de Roupa; e (3) identificar a estrutura fatorial do Questionário de Conhecimento ou Experiências com o Consumo de Roupas.

5.2. Método

5.2.1. Delineamento

Tratou-se de uma pesquisa correlacional, isto é, de cunho quantitativo e psicométrico, procurando conhecer evidências de validade fatorial e consistência interna dos instrumentos sobre comportamentos e intenções relativos ao consumo de roupas.

5.2.2. Participantes

Contou-se com uma amostra intencional, isto é, não probabilística (convencional), formada por 223 estudantes de uma instituição privada de ensino superior de João Pessoa (PB). A maioria destes foi do sexo feminino (57,4%), solteira (85,7%) e autodenominada heterossexual (88,3%), apresentando idade média de 23 anos (DP = 5,41). Tais participantes

indicaram renda familiar média de R$ 4.277,47 (DP = 3.884,26), sendo que 64,6% foram classificados como pertencendo à classe B, segundo o Critério de Classificação Econômica Brasil.

5.2.3. Instrumentos

Os participantes responderam um instrumento composto por cinco partes:

Escala de Preocupação com a Aparência. Elaborada por Gurel e Gurel (1979), abarca um conjunto de 16 itens que representam a preocupação com a aparência pessoal no que concerne a roupas (e.g., Combino cuidadosamente os acessórios que uso com cada roupa;

Mantenho meus sapatos limpos e arrumados), avaliados em escala de sete pontos, variando de 1 (Discordo totalmente) a 7 (Concordo totalmente). Seus autores sugerem que esta seja uma medida unifatorial, tendo sido observado indicador de consistência interna (alfa de Cronbach) satisfatório (0,89; Netemeyer et al., 1995) (Anexo 02).

Escala de Engajamento na Compra de Roupas. Este instrumento foi elaborado a partir da Escala de Engajamento Laboral (Schaufeli et al., 2002), reunindo 17 itens, respondidos em escala de oito pontos, variando de 0 (Nunca) a 7 [Sempre (todos os dias)], segundo a frequência com que a pessoa age, pensa ou sente de acordo com o conteúdo expresso. Originalmente, seus itens são divididos em três fatores, que foram respeitados na presente versão, como seguem: Vigor (e.g., Posso continuar comprando roupas por longos períodos de tempo; Quando estou comprando roupas, sinto-me cheio (a) de energia), Dedicação (e.g.,

Para mim, comprar roupas é algo estimulante; Quando estou comprando roupas, sempre persisto, mesmo quando não encontro o que quero) e Absorção (e.g., Quando estou comprando roupas, esqueço tudo ao meu redor; Sinto-me imerso quando estou comprando roupas). Esta medida apresentou consistência interna (alfa de Cronbach) de 0,65 a 0,86,

considerando as versões em português, espanhol, inglês e alemão (Schaufeli et al., 2002) (Anexo 03).

Escala de Atitudes frente ao Consumo de Roupa. Compreende um conjunto de 25 itens, elaborados por Gomes (2002), retratando as dimensões das atitudes ou dos objetivos do consumo de roupa (e.g., Eu compro roupa para mostrar quem sou; Eu compro roupa para passar uma imagem de competência e seriedade no trabalho). Esta escala resultou de pesquisa qualitativa, sem qualquer indicador de seus parâmetros psicométricos, tendo sido aplicada em mulheres de Curitiba (PR). No presente estudo se avaliam sua estrutura fatorial e consistência interna (Anexo 04).

Questionário de Conhecimento ou Experiências com o Consumo de Roupas. Este instrumento foi elaborado especificamente para a presente tese, tendo sido seus itens elaborados com o fim de representar as percepções das estratégias de mercado (e.g., Força e status da marca;

qualidade dos produtos e público-alvo) e relacionamento do consumidor com as lojas (e.g.,

conhecimento, compra/uso, experiências e intenção de compra futura). Procura-se nesta tese conhecer como seus itens são agrupados (estrutura fatorial) e o grau de consistência interna dos fatores resultantes (Anexo 05).

Dados Demográficos. Todos os participantes responderam a um conjunto de perguntas de natureza demográfica (sexo, orientação sexual, idade, estado civil, escolaridade, renda,

classesocial e Critério de Classificação Econômica Brasil).

Para a elaboração das versões em português das duas primeiras escalas, utilizou-se o procedimento de tradução paralela (Humbleton, 1994; Van de Vivjer & Leung, 1997). No caso, dois psicólogos bilíngues traduziram o instrumento do inglês para o português, sendo depois discutidas as duas versões traduzidas, efetuando os devidos ajustes com o fim de alcançar acordo entre os tradutores. Posteriormente, prosseguiu-se com a validação semântica desta medida, tendo sido considerados dez estudantes universitários do primeiro semestre de

Administração. Estes foram solicitados a ler a versão traduzida, indicando em que medida compreendiam as instruções de como respondê-la, a redação de seus itens e o formato da escala de resposta empregada.

5.2.4. Procedimento

Os questionários foram aplicados em ambiente virtual, disponibilizados na Internet, sendo respondidos em laboratórios de informática, de acordo com as orientações para coleta de dados com questionários autoaplicáveis. No caso, os participantes foram informados sobre os propósitos da pesquisa e que sua participação seria voluntária, devendo responder individualmente aos questionários. Foi assegurado o anonimato da participação e todos os participantes leram e aceitaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que correspondia a ler e seguir adiante no estudo, apertando tecla correspondente. Em média, 20 minutos foram suficientes para concluir sua participação. Por fim, esclarece-se que, coerente com o que determina a Resolução CNS nº 466/12, o projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba, por meio da Plataforma Brasil, recebendo o certificado de apreciação (CAAE) número 21319913.4.0000.5188 e aprovação número 405.736 (Anexo 01).

5.2.5. Análise dos Dados

Os dados foram tabulados e analisados por meio do programa aberto (open source) R- Estatístico (versão 3.0; R Core Team, 2013). Especificamente, considerou-se o pacote R- commander (Fox, 2005; Fox & Carvalho, 2012), buscando avaliar a estrutura fatorial e a consistência interna das medidas propostas. Nos casos em que se indiciou uma estrutura unifatorial, foi empregada a Análise Mokken (Mokken Scale Analisys – MSA), que é não paramétrica, baseada na Teoria de Resposta ao Item (TRI), visando averiguar os pressupostos

de homogeneidade monotônica e monotonicidade dupla (Mokken & Lewis, 1982; Van Der Ark, 2007; Sijtsma & Molenaar, 2002).