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Inventário de Estratégias Didáticas Formais e Não-Formais

1 REVISÃO DE LITERATURA: PRÁTICAS DOCENTES FACILITADORAS NA

1.8 PRÁTICAS DOCENTES E ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS

1.8.1 Inventário de Estratégias Didáticas Formais e Não-Formais

O processo de aprendizagem não é passivo. Anastasiou e Alves (2004) afirmam que as ações docentes têm sido marcadas por dar aulas e, consequentemente, os alunos assistirem aulas. Entretanto, propõem um trabalho conjunto na perspectiva de fazer aulas. Sob o mesmo ponto de vista, Morais (2005) aborda a questão, apresentando a necessidade de o professor não usar a palavra ou exposição de maneira exclusivista. Em sua análise, a sala de aula deveria ser um espaço de interação, diálogo e participação, o que pode ser prejudicado quando o docente se incorpora por vaidades.

Atualmente, os professores dispõem de um arsenal de possibilidades (atreladas ao conteúdo a ser trabalhado) para construírem aulas diferenciadas, que fujam da rotina, que prendam a atenção do aluno e que possibilitem o ensinar e o apreender de maneira mais facilitada e significativa. Essas estratégias podem se apresentar como forma de Seminários, Trabalhos em Grupos, Discussões em Classe, Dramatizações, Phillips 66, Estudos de caso, Tarefas de Leituras, Exposições e Visitas Técnicas, Portifólios, Tempestade Cerebral, Chuva de Ideias ou Brainstorm, dentre outras formas, conforme a seguir:

Seminário: possibilita ressaltar os embasamentos teóricos, destacando os pontos

relevantes nas aulas universitárias. Essa técnica tem como objetivos a investigação de problemas, a promoção do diálogo crítico em relação ao assunto e aos teóricos investigados e a ascensão de conhecimento (ZANON; ALTHAUS, 2010). No seminário, o professor não é o executor dos trabalhos, mas sim o coordenador das atividades. Para isso, fazem-se necessários a dedicação e o preparo para acompanhar cuidadosamente os preparativos, pois, caso isso não ocorra, pode acontecer de o seminário transformar-se em uma mera exposição (BALCELLS; MARTIN, 1985).

Trabalho em Grupo: consiste na articulação de alunos, enquanto equipe, com o

objetivo de desenvolver um trabalho. Bonals (2005) justifica a utilização do trabalho em grupo como estratégia necessária a ser utilizada em salas de aulas. Enfatiza que o trabalho em grupo promove a qualidade das aprendizagens e possibilita a construção de conhecimentos dos discentes por meio da interação ocasionada entre seus pares, o que facilita a aprendizagem.

Discussões em Classe: esta técnica possui, dentre outros, os objetivos de

trabalhar a oralidade, liderança, persuasão e raciocínio. Ela pode ser subdividida, de acordo com Andreola (2000), em: Painel Duplo, G.V.G.O (Grupo de Verbalização e Grupo de Oralização) e Roleplaying (Jogo ou Desempenho de Papéis). De acordo com Lowman (2004), para que os docentes universitários provoquem discussões, de sucesso, em classe, faz-se necessário intercalar comentários dos discentes com intervenções do professor. Entretanto, essa dinâmica dependerá da relação entre professor x aluno e aluno x professor, mas, sobretudo, de liderança e boa atuação do professor. Essa estratégia permite o desenvolvimento do pensamento reflexivo e crítico, pois possibilita a participação ativa do aluno nas aulas.

Simpósio: é caracterizado por uma série de exposições orais, realizada por várias

pessoas com diferentes olhares e enfoques em relação a um tema. Para Juan e Pereira (2008), o Simpósio tanto pode ser efetivado em um só momento, como em vários dias seguidos. Nessa dinâmica, o professor tem a responsabilidade de distribuir os temas a serem abordados e estabelecer as regras como tempo de exposição e momentos para intervenção para questionamentos e contribuições.

Dramatização: uma maneira bastante utilizada em todos os níveis de ensino,

como forma de simulação, é a dramatização. Trata-se de uma estratégia que pode ser utilizada quando o enfoque predominante a ser seguido é o afetivo. Através desse artifício, na perspectiva educacional, é possível reproduzir situações do cotidiano, a fim de desenvolver habilidades, o que demanda objetivos claros, definidos e estruturados. Logo, o professor é mais um ator no processo, cabendo-lhe o papel de estimular, nos alunos, a análise do desempenho dos participantes, sem esperar por unanimidade (GIL, 2007).

Phillips 66: de maneira sucinta, Phillips 66 é uma técnica que permite a

participação de um grupo grande de envolvidos em uma discussão e é útil para conseguir informações em um curto espaço de tempo. Para isso, é necessário fracionar os participantes em grupos de seis componentes cada. Assim, eles devem trocar ideias relacionadas ao assunto tratado durante seis minutos, para posterior exposição para o grande grupo. Juan e Pereira (2008) enfatizam que é importante estabelecer um tempo para que os grupos se organizem e indiquem um integrante que passará a ser o líder, o secretário e o relator. Logo, o professor deve coordenar todo esse processo.

Estudo de Caso: dentre as técnicas para situações simuladas, existe a

possibilidade de utilização da técnica Estudo de Caso. Essa prática consiste na apresentação de um caso real, pelo professor, para análise e diagnóstico da turma. Para isso, o professor deve exigir que os alunos utilizem de conhecimentos já apreendidos. Outra forma de utilizá-la é aplicá-la antes que os alunos vejam o assunto, o que pode aguçar o desejo em aprender o conteúdo a ser estudado. É interessante que a turma perceba que há maneiras diferentes de analisar o mesmo problema (IBAIXE; JR. IBAIXE; SOLANOWSKI, 2006).

Tarefas de Leitura: de acordo com Lowman (2004), é muito difícil pensar o

informações advém de materiais impressos, ou seja, mesmo com o computador, a importância do livro permanece. Assim, ao optar por essa técnica, o professor deve iniciar a reflexão sobre a leitura, questionando aos alunos qual a contribuição do texto em relação aos objetivos do curso, se apresenta o conteúdo almejado e se proporciona o pensamento crítico.

Leitura Protocolada, Pausa Protocolada ou Produção de Interferências:

quando o professor vai trabalhar um tema novo com a turma, essa dinâmica pedagógica é um recurso que pode ser utilizado. O professor ou algum aluno lê uma parte do texto a ser discutido e, à medida que a leitura for acontecendo, pausas vão sendo realizadas para que os alunos relacionem informações explícitas e implícitas no texto. O professor também pode abrir espaço para que os alunos façam previsões da conclusão do texto (FELÍCIO, 2010).

Exposições e Visitas Técnicas: é uma técnica interessante para desenvolver a

aprendizagem de forma significativa. A Exposição e a Visita Técnica consistem em visitar empresas, indústrias e instituições de uma maneira geral, onde o professor ou um profissional apresenta o desenvolvimento, a movimentação e a dinâmica organizacional para os alunos. É um artifício que possibilita ao discente conhecer, na prática, o assunto estudado. Para desenvolver essa estratégia, é fundamental que o professor agende a visita com antecedência e elabore um plano de visitas (MARION; MARION, 2006).

Portfólio: de acordo com Anastasiou e Alves (2004), o Portfólio é uma prática

que possibilita a seleção, a reflexão e o registro dos assuntos de maior importância para o discente, bem como os de maior dificuldade de entendimento e internalização. Assim, é possível estabelecer uma tentativa de superação.

Tempestade Cerebral, Chuva de Ideias ou Brainstorm: a criatividade faz-se importante em todos os níveis de estudos. Assim, a Tempestade Cerebral, para Juan e Pereira (2008), é uma maneira de estimular a geração de novas ideias, sem que essas sejam processadas e (re)analisadas pelos pensamentos lógicos e análise crítica. Cabe ao professor desafiar a turma com um tema gerador e estabelecer um tempo para que sejam geradas e anotadas as ideias. No segundo momento, ele irá organizá-las e selecioná-las, seguindo alguns critérios.

Além dessas estratégias didáticas formais, há inúmeras outras intervenções de natureza mais informal que, embora raramente sejam planejadas, permeiam toda a ação docente, no intuito de incentivar, disciplinar ou avaliar os alunos no decorrer da aula.

Aprendizagem Mediada por Pares: de acordo dom King (2007), partindo do

pressuposto de que as salas de aulas estão cada vez mais numerosas e heterogêneas, que os recursos físicos e tecnológicos são limitados e que, dificilmente, os professores terão acesso à utilização de técnicas que possibilitam atender às necessidades individuais desses alunos, a aprendizagem em pares pode ser uma estratégia eficaz. Nela, os próprios alunos são os recursos e meios de aprendizagem, pois ensinam uns aos outros.

Intervenções Didático-Discursivas Incentivadoras: as estratégias didáticas

podem acontecer, a qualquer momento, em sala de aula. Brasileiro (2012) destaca alguns tipos de práticas que, nas perspectivas do professor e do aluno, podem promover a relação professor x aluno / aluno x professor e, com isso, podem estimular a aprendizagem, como: aproximação afetiva dos alunos, bom-humor, elogio, importância aos questionamentos e dúvidas dos discentes, trabalho lúdico, incentivo aos alunos irem ao quadro para responder os exercícios, contextualização dos assuntos estudados, saudação e despedida com entusiasmo, utilização de ambientes diferentes, atribuição de pontuação extra, justificativa da importância e aplicação do estudo, promoção de problemas desafiadores, estímulo a grupos de estudos e trabalho com esquemas e resumos.

Intervenções Didático-Discursivas Disciplinadoras: a indisciplina é um

fenômeno comumente presente no contexto escolar. Para minimizar ou sanar tal problema, o professor tem utilizado algumas intervenções, ora positivas, ora negativas. Nesse processo, o professor olha no olho do aluno, às vezes de maneira repreensiva, alterna ou altera o lugar onde o aluno costuma sentar, procura conversar com toda a turma, altera o tom de voz, faz uma pergunta diretamente a um aluno, atribui atividade extra, mantém o aluno ocupado, aplica advertência, expulsa o aluno de sala de aula ou chama o coordenador para conversar com o aluno ou turma, ameaça com notas e provas, retira ponto/nota já conquistado pelo aluno, bate na mesa e/ou, ainda, ressalta a falha do aluno para os colegas (BRASILEIRO, 2012).

Esse inventário não foi construído com a finalidade de selecionar estratégias mais ou menos recomendadas, mas sim, relacionar algumas alternativas que poderão ser adequadas de acordo com os objetivos da aula, a realidade da turma e contexto da aula, com a finalidade de tornar os momentos de ensino/aprendizagem mais interessantes e criativos. Todavia, é importante considerar que, embora as técnicas sejam de grande valia, dificilmente haverá sucesso em sua aplicação, caso não haja um relacionamento entre professor e aluno construído com base em interesses recíprocos, cujo foco maior seja a construção de uma aprendizagem significativa.

2 NATUREZA DA PESQUISA E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta seção tem como objetivo esclarecer os parâmetros e percursos a serem percorridos na construção desta pesquisa e está constituída em dois tópicos: o primeiro consiste na natureza da pesquisa, composto pelo problema, justificativa e objetivos; o segundo apresenta os procedimentos metodológicos, especificando os instrumentos de coletas de dados, os participantes, os procedimentos e as estratégias para análise dos dados.