• Nenhum resultado encontrado

A INVESTIGAÇÃO HISTÓRICA E SUAS IMPLICAÇÕES NO ENSINO DA MATEMÁTICA

CAPÍTULO 2 A INVESTIGAÇÃO HISTÓRICA E A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

2.4 A INVESTIGAÇÃO HISTÓRICA E SUAS IMPLICAÇÕES NO ENSINO DA MATEMÁTICA

Considerando todas as tendências de uso da história no ensino da matemática apresentadas anteriormente, acreditamos que há certa conexão entre elas visto que a maioria tem sempre o objetivo de subsidiar uma aprendizagem significativa da matemática escolar. Desse modo, é possível se definir por algumas que se podem adequar a presente proposta.

Um exemplo do que mencionamos situa-se na leitura e discussão de textos referentes à história da matemática. Essa dinâmica justifica a introdução de uma perspectiva histórica na aprendizagem da matemática, permitindo tanto ao professor quanto ao estudante compreender a natureza da atividade matemática. Com isso poderão apropriar-se dos conceitos filosóficos que estão presentes nesses textos, mudando assim, sua imagem acerca da matemática como conhecimento pronto e acabado, o que lhes permite interpretar essa prática como uma atividade educativa.

Para a aprendizagem da matemática, a sala de aula pode ser considerada como um microcosmo de matemática, como um redemoinho cultural, posto que ilustra uma aproximação humanística, com atividades e discussões. Nesse sentido, a história da matemática pode informar alunos e professores sobre o contexto sócio- cultural da matemática, e lhes ajudar a decidir que posições defendem, em debates, sobre isto.

A concepção aqui defendida a respeito da investigação histórica como modelo teórico de apoio às atividades desenvolvidas em sala de aula para o ensino da matemática se baseia na concepção defendida por Mendes (2006, 2003, 2001) que tem como princípio a história e a investigação como fonte de geração da matemática escolar. Para que seja possível por em ação tal perspectiva teórico-prática é fundamental a valorização e adaptação das informações históricas às necessidades atuais, de modo que seu uso contextualizado seja produtivo na sala de aula.

Há uma variedade de tendências e modalidades de como usar a história da matemática na geração da matemática escolar, porém o argumento aqui defendido é o uso investigativo da história como agente de desenvolvimento da cognição em sala de aula como situado por Mendes, Fossa e Valdés (2006). Assim, o princípio que articula as atividades de ensino-aprendizagem via história da matemática é a investigação, constituindo-se o sustentáculo da proposta. Portanto, acredita-se que o uso deste processo investigativo nas aulas de matemática pressupõe a valorização do saber e do fazer históricos na ação cognitiva em sala de aula (MENDES; FOSSA; VALDÉS, 2006).

Segundo Mendes, Fossa e Valdés (2006), o uso da história como recurso pedagógico nas aulas de matemática tem como finalidade primordial promover um ensino-aprendizagem que permita uma ressignificação do conhecimento matemático produzido ao longo dos anos pela humanidade. Assim, acredita-se ser possível imprimir maior criatividade e motivação às atividades em sala de aula durante a ação docente para romper com a prática educativa tradicional utilizada nas aulas de matemática.

Para fundamentar a histórica como facilitadora da aprendizagem matemática cabe buscar alternativas para questões que estão voltadas para as reflexões a respeito do assunto: a) quais as possíveis relações entre a história da matemática e o ensino da matemática? b) que implicações pedagógicas podem surgir dessas relações? c) Como fazer a ligação do desenvolvimento histórico-epistemológico da matemática ao seu ensino? d) quais as possibilidades de desenvolver uma proposta de ensino que relacione investigação matemática ao seu desenvolvimento histórico? Na busca de respostas a essas questões estabelece-se discussões e reflexões sobre o tema, tendo em vista propor subsídios teóricos-práticos que contribuam para melhoria do ensino da matemática nas escolas (MENDES, 2001a).

Além dos argumentos reforçadores da importância do uso pedagógico da história da matemática, apresentados anteriormente, Miguel e Miorim (2005), Fauvel e Maanen (2000) apud Mendes, Fossa e Valdés (2006), apontaram, em estudos, diversos modos como o professor pode abordar significativamente a história nas aulas de matemática. Eles defendem o papel pedagógico da história da matemática de acordo com o nível educacional dos estudantes, pois tanto estudantes do nível elementar como os universitários têm necessidades e possibilidades diferentes de aprendizagem.

A história como fonte de significação constitui-se uma função importante para que a educação matemática promova uma aprendizagem significativa e compreensiva da matemática escolar.

É a partir dos significados históricos que será possível se estabelecer uma conexão construtiva entre os aspectos cotidiano, escolar e científico da matemática, de modo a fazer com que os estudantes passem a observar o seu contexto cotidiano e compreendam que a matemática que está sendo feita hoje está de acordo com o momento histórico atual (Mendes, 2006, p.93).

E ainda, é necessário, no entanto, que essas atividades matemáticas, quando levadas à sala de aula, através de uma proposta de ensino-aprendizagem, procurem

estabelecer uma integração entre os aspectos cotidiano, escolar e científico do conhecimento matemático, considerando que o desenvolvimento histórico da matemática apresenta características que suscitam o processo de transformação das componentes intuitiva, algorítmica e formal desse conhecimento no decorrer da sua história. Desse modo, possibilita à sociedade apoderar-se das idéias matemáticas construídas nos diferentes momentos históricos e em diferentes contextos sócio- culturais (MENDES, 2001a).

Partindo das considerações, mencionadas anteriormente, acreditamos que a história da matemática poderá integrar a nossa proposta de investigação em sala de aula com alunos do ensino superior.

2.5 MODELO DE INVESTIGAÇÃO EM SALA DE AULA, APOIADO NAS