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Território Valor estimado para 2010

Sul Sergipano 87.631.246

Centro-Sul Sergipano 50.909.468

Grande Aracaju 573.293.680

Leste Sergipano 28.634.614

Agreste Central Sergipano 36.629.709

Baixo São Francisco Sergipano 63.882.016

Médio Sertão Sergipano 21.607.115

Alto Sertão Sergipano 54.731.899

Estado de Sergipe 3.761.040.023

Total do Plano Plurianual 4.678.359.770

Orçamento Geral 5.337.445.520*

* Valor que engloba transferências constitucionais e despesas financeiras do governo estadual. Fonte: SEPLAN, 2010.

A definição de território, subjacente a esse processo de (re)ordenamento territorial, repousa na multidimencionalidade, onde o território é definido por um leque de fatores, em especial, o de identidade cultural, que segundo o próprio documento da SEPLAN é decisivo na formação dos territórios.

A questão da identidade cultural é fundamental no processo de construção dos territórios. Como são socialmente construídos, eles se consolidam num processo em que o sentimento de pertencimento coletivo das pessoas se manifesta cada vez mais numa adequação às condições de vida do território (SEPLAN, outubro de 2007: p. 13).

Assim elegeu-se as dimensões materiais e imateriais sobre as quais se perfilam o território, forjando a denominada identidade territorial: Geo-ambiental; Econômico-Produtiva; Social; Político- Institucional e; Cultural.

Figura 9

Fonte: Seplan, 2007

O referente Território é formado por sete municípios (Canindé do São Francisco, Gararu, Monte Alegre de Sergipe, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora de Lourdes, Poço Redondo e Porto da Folha). Segundo o Documento da SEPLAN, este território apresenta condições edafo- climáticas frágeis (em razão do déficit hídrico que produz um solo raso, pedregoso e seco) e um quadro social preocupante, pela baixa rede pública de abastecimento de água, deficiência na cobertura e tratamento do lixo, insuficiente esgotamento sanitário e, sobretudo, o pior índice de desenvolvimento humano do estado. Segundo dados indicados pelo Programa das Nações Unidas do ano de 2000, quase 50% da população da área referente pode ser considerada indigente.

O governo estadual considera que nesse território existe um importante capital social, devido à presença de organizações populares, cooperativas, sindicatos, associações, além de outros que, potencialmente, poderiam desencadear um desenvolvimento autocentrado. Porém, segundo o próprio governo, esta tendência é frustrada pelas lutas agrárias e a tibieza das Instituições Públicas na aplicação das políticas.

O Alto Sertão Sergipano possui um significativo capital social com a presença e atuação forte dos movimentos sociais, da Igreja, dos Sindicatos, das cooperativas, das associações comunitárias, da Federação das Associações (FEACOM), do Fórum DLIS, da Articulação Semi-Árido, de ONG´s, de grupos e da Coordenação Estadual dos Quilombolas. [...] Entretanto, a análise do quadro político-institucional do território evidencia que a correlação de forças ainda não foi favorável às mudanças nos desenhos das instituições políticas locais. Observa-se a fragilidade das Instituições Públicas na aplicação das políticas e a reduzida capacidade de gestão e de articulação dos gestores municipais (SEPLAN, 2008: p. 31).

Em conformidade com o diagnóstico e as perspectivas, acima colocadas, foi elaborado um conjunto de objetivos, sintetizados no Plano de Investimento do Território, que procura agregar as demandas dos agentes territoriais e as propostas governamentais:

QUADRO 3

PROPOSTAS GOVERNAMENTAIS GESTÃO GOVERNO (2006-2010)

1 – Aumentar o PIB agropecuário;

2 - Diversificar a base industrial local;

3 – Fortalecer os arranjos produtivos locais;

4 - Elevar a renda da população;

5 – Promover a articulação e cooperação entre os diferentes agentes locais e territoriais para a execução das políticas públicas e investimentos.

Fonte: (Quadro elaborado a partir dos objetivos elencados no Plano de Desenvolvimento do Território do Alto Sertão Sergipano, 2008: p. 61).

FIGURA 10

FIGURA 11

2.2- Encontros e desencontros entre o planejamento territorial operado pelo Governo Federal e Governo Estadual

Ancorados pela matiz de um alardeado desenvolvimento sustentável o planejamento federal e estadual convergem na apropriação da categoria território, enquanto recorte espacial permeado pela expressão espontânea da cultura identitária de sua população.

Pode-se notar o quão é concebida como alvissareira, pelos representantes dos órgãos governamentais, a proposta de desenvolvimento territorial. Difunde-se a sua capacidade de superar o mero crescimento econômico, galvanizando uma outra espécie de desenvolvimento, que integre as expectativas de ordem econômica, sem ignorar os malfadados problemas sociais. A atual Secretária estadual de Planejamento signatária e principal responsável pela realização do (re)ordenamento territorial de Sergipe, Maria Lucia Oliveira Falcón, em artigo publicado no ano 2003, sintetiza essa aspiração:

Na base do processo de planejamento econômico estão conceitos nem tão novos assim, como complexos industriais, distritos industriais e cadeias produtivas. O que há de novidade neles é a forma como hoje precisam interagir para disparar o desenvolvimento sustentável.[...] lembro que a idéia de estabelecer como meta o mero crescimento econômico, [...]foi completamente superada[...]. A própria estrutura de produção requerida hoje pelo paradigma competitivo da era da telemática (telecomunicação com informática) não suporta a existência de força de trabalho desqualificada – o

que significa pessoas bem saudáveis e de boa formação educacional – o que por sua vez é incompatível com sistemas sociais básicos[...] (Ibid, 2003: p. 10).

Há uma crença de que a formação e uso adequado do capital social territorial é de suma importância para o sucesso da iniciativa. Em seus respectivos objetivos compartilham das expectativas de um desenvolvimento virtuoso dos territórios pela difusão de uma nova institucionalidade. Compreende-se que os atores territoriais, imbuídos de propósitos comuns, esvaneçam tradicionais divergências classistas e incursionem a caravela do desenvolvimento. “[...] O principal capital de produção passa a ser o social, a capacidade de articulação e cooperação, representado em novos arranjos institucionais, tão ou mais importantes quanto o ‘capital dinheiro’.” (FALCÓN, 2003: p. 12). Dessa forma o território, na dimensão política escalar, é eleito como palco do rearranjo institucional, de onde se deflagrará o desenvolvimento, em sua verdadeira plenitude.

Assim o território e o governo locais podem ser a condição necessária, embora não suficiente, para iniciar, com uma nova matriz de produção de políticas públicas integradas – intersetorializadas – o processo de desenvolvimento. Isso significa usar os mecanismos de participação para que, a partir da experiência de resolução de conflitos e da decisão em regime de co- responsabilidade, sejam estimulados na comunidade local a cooperação, a criatividade e o controle social (Ibid: p. 14 e 15).

O Estado, nas duas propostas de desenvolvimento territorial, deve ser o coordenador no fomento ao desenvolvimento, mas a iniciativa privada é concebida como incondicional para o sucesso dos planos de desenvolvimento territorial. Como se pode observar em uma das propostas de cenário desejado, abaixo:

A parceria público-privada na construção e gestão de matadouros dentro dos padrões higiênico-sanitários requeridos e de unidades de conservação constitui- se numa oportunidade de resposta efetiva às demandas sociais frente à capacidade de gestão e reduzidos quadros das organizações públicas para o enfrentamento destes problemas (Plano de Desenvolvimento Territorial do Alto Sertão Sergipano, 2008).

FIGURA 12

IV Fórum Internacional de Desenvolvimento Territorial organizado pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial do Governo Federal, Secretaria de Planejamento de Sergipe e IICA (Instituto Internacional de Cooperação para a Agricultura) em Aracaju/SE.

Fonte: Pesquisa de campo, novembro de 2009.

Apesar das convergências é possível destacar ligeiras diferenças na operacionalização do planejamento territorial de suas respectivas políticas de planejamento:

• Apenas o MDA por meio dos Territórios Rurais instituiu um colegiado permanente de discussão em cada território. No planejamento estadual a SEPLAN recolhe as demandas dos partícipes dos territórios por meio de conferências realizadas, eventualmente.

• No colegiado territorial seus membros não dispõem de mecanismos de aprovação das demandas que extrapolem a alçada do MDA. No estado de Sergipe, embora a interlocução com as instâncias governamentais se realize eventualmente, os “atores territoriais” podem demandar investimentos de qualquer setor.

Despindo o estratagema das políticas de desenvolvimento territorial no Alto Sertão Sergipano: o (des)mascaramento da territorialização do capital por meio da sociabilidade reificante

3 – Os Limites conceituais e estruturais da funcionalidade do Estado na