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Eu, João, irmão e companheiro de vocês na tribulação, no reino e na perseverança que estão em Jesus, estava na

E x p o sito r’s B ible C om m entary, org Frank E Gaebelein (Grand Rapids: Zondervan,

9. Eu, João, irmão e companheiro de vocês na tribulação, no reino e na perseverança que estão em Jesus, estava na

ilha de Patmos por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus.

a. “Eu, João, irmão e companheiro de vocês na tribulação, no reino e na perseverança, em Jesus.” O escritor do quarto Evangelho e das epístolas Joaninas evita identificar-se nominalmente, mas o autor do Apocalipse não deixa dúvida quanto a sua identidade. Já nos versículos

1 e 4, seu nome aparece, e ele agora escreve: “Eu, João, irmão e com­ panheiro de vocês.” Ele deixa bem claro quem é e onde está, a saber: ele é um irmão espiritual e companheiro no sofrimento que foi exilado na costa da Ásia M enor (Turquia), uma ilha isolada chamada Patmos. A fórmula “Eu [4- nome pessoal]” não se limita a João. Paulo faz refe­ rência a si mesmo como “Eu, Paulo” (G15.2; E f 3.1; Cl 1.23; lTs 2.18; Fm 19), e no Apocalipse Jesus diz: “Eu, Jesus” (22.16).33 A razão para 33. Ver tam bém Daniel 7.15, 28; 8.1; Apocalipse 22.8.

o uso do pronome enfático, eu, é para evitar algum mal-entendido na identificação e na afirmação de que a mensagem do orador é autêntica.

João é bem conhecido de seus leitores, porém tem que compreen­ der que em seu exílio algo de extraordinário e significativo tem aconte­ cido: ele viu o Senhor Jesus Cristo e recebeu dele mensagens para que fossem entregues às igrejas. Em vez de se autodenominar apóstolo, ele prefere os termos irmão e companheiro, e assim se põe em pé de igualmente com seus leitores. Paulo e Pedro reiteradamente se põem nesse nível (por exemplo, At 15.23; Rm 15.14; 2Pe 1.10; 3.15). Ainda quando os apóstolos recebessem autoridade delegada da parte de Je­ sus, consideravam-se irmãos espirituais em relação a todos os que o servem e o seguem.

João corrobora o conceito irmão com o termo companheiro, que significa mais que parceiro ou amigo. Ele qualifica este termo com o acréscimo da expressão “na tribulação, no reino e na perseverança que estão em Jesus”. No papel de companheiro ele partilha os sofrimentos com seus leitores que têm de suportar em três áreas: tribulação, reino e perseverança. Examinemos estes três em seqüência.

Primeiro, tribulação. Jesus disse a seus discípulos que experimenta­ riam grande angústia (Mt 24.21; Jo 16.33). Paulo, semelhantemente, dis­ se aos cristãos de Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia: “Devemos passar por muitas dificuldades para entrarmos no reino de Deus” (At 14.22). Tais dificuldades, inevitavelmente, devem concretizar-se em decorrência da vinda do reino de Deus. Para os cristãos, dificuldades necessariamen­ te pertencem ao mundo no qual Deus os colocou como seu povo.34

Segundo, reino. A expressão reino se relaciona com tribulação; neste mundo, um acompanha intimamente o outro (ver At 14.22). Como cidadãos no reino de Deus, os cristãos experimentam constante pres­ são das pessoas que constituem os inimigos de Deus, de sua Palavra e de seu povo. De todos os livros do Novo Testamento, o Apocalipse, especialmente, relata o quanto a tribulação se intensifica quando o rei­ no se aproxima da consumação.

Terceiro, perseverança. João a menciona no Apocalipse como um dos aspectos característicos de alguém que segue a Cristo.35 Como, porém, explicamos a seqüência dos três substantivos que estamos exa­

34 Atribuído a Reinier Schippers, NIDNTT, 2.808; Heinrich Schlier, TDNT, 3.144. 35. A p ocalipse 1.9; 2.2, 3, 19; 3.10; 14.12.

minando? Como o reino se relaciona com ambas, tribulação e perseve­ rança? Os membros desse reino devem necessariamente sofrer e su­ portar, como é evidente à luz das cartas às igrejas em Éfeso, Esmima, Pérgamo, Tiatira e Filadélfia. De um lado, os cristãos enfrentam tribu­ lação em decorrência de viverem no reino; do outro, recebem de supor­ tar pacientemente, de modo que o reino venha através de sua fidelidade a Cristo. Quando visualizamos, por esse prisma, o reino entre tribulação e perseverança, qualquer tensão é suavizada.36 Um hino sobre o sofri­ mento por Cristo, cantado na Igreja primitiva, tem esta linha: “Se perse­ verarmos, também com ele reinaremos” (2Tm 2.12).

b. “[Eu, João,] estava na ilha chamada Patmos por causa da pala­ vra de Deus e do testemunho de Jesus.” O Apocalipse é o único livro do Novo Testamento que declara o lugar onde foi composto: na ilha de Patmos. Essa ilha está localizada umas quarenta milhas a sudoeste de Mileto (At 20.15), a qual servia de porto para Éfeso. Ela mede dez milhas de norte a sul e seis de leste a oeste, e consiste de montes que sobem oitocentos pés acima do nível do mar.

Patmos é uma ilha rochosa e vulcânica, para a qual o governo romano, no primeiro e segundo século, bania os exilados.37 Durante o fim do reinado do imperador Domiciano (81-96), João foi enviado a esta ilha, em suas próprias palavras, “por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus”. A conjunção por causa é significativa, pois ilustra a razão por que João estava nessa ilha. Ele não foi para lá com o fim de começar uma igreja, porque a população era esparsa. Ele poderia ter enviado um cooperador em seu lugar. E não visitou Patmos por esperar que Jesus lhe apareceria ali. Para João, o aparecimento de Jesus era inteiramente inesperado. Não, João foi banido na qualidade de líder das igrejas na pafte ocidental da Ásia Menor. Os romanos perseguiam os cristãos que não reconheciam César como Senhor, mas, sim, Jesus Cristo; os oficiais romanos consideravam João como

36. Philip Edgcum be Hughes, The B ook o f the R evelation: A C om m entary (Leicester: Inter-Varsity; Grand Rapids: Eerdmans, 1990), p. 23. Ver também Lenski, R evela tio n , pp. 55, 56; Walter Radi, EDNT, 3.406.

37. Plínio, N atural H istory 4.12.23. A lém disso, ver Irving A. Sparks, ISBE, 3.690. A une (R evelation 1 -5 , p. 79) anota os termos latinos, relegatio (banimento temporário) e d ep o rta tio (deportação). Plínio o Jovem (L etters 10.56) faz menção de um banimento de três anos com o “relegatio”. Ver também Gerhard A. Krodel, R evelation , A C N T (M inneapolis: Augsburgo, 1989), p. 93.

fomentador da religião cristã. A tradição diz que, depois da morte de Domiciano, seu sucessor, Nerva, liberou João e lhe permitiu regressar a É feso.38

João fielmente proclamara e ensinara a Palavra de Deus; escreve­ ra o testemunho de Jesus (Jo 21.14); e foi conhecido como o venerando ancião nas igrejas da Ásia M enor (2Jo 1; 3Jo 1). Não admira que ele fosse aprisionado quando estalou a perseguição em Éfeso. A frase tes­ temunho de Jesus pode ser interpretada ou no sentido de o evangelho de Jesus, ou a pregação desse evangelho por Jesus (comparar v. 2).39 Ambas as interpretações são aplicáveis neste caso.

10. Eu estava no Espírito no dia do Senhor, e ouvi por trás