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Comentu00e1rio Do Novo Testamento Apocalipse Simon Kistemaker.

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Academic year: 2021

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COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO

Apocalipse

(2)

DKm m ÇiO:

(3)

do Novo Testamento de William Hendriksen e Simon Kistemaker • Uma tradução do texto bíblico

comentado de autoria do próprio comentarista. • Uma introdução a cada livro

do NT aborda data, autoria, questões gramaticais, etc. • Os comentários propriamente

têm o objetivo de esclarecer para o pesquisador o sentido da passagem.

• Resumos ao final de cada unidade de pensamento ajudam os que preparam aulas, palestras ou sermões a partir deste comentário.

• Os esboços dos livros da Bíblia apresentam a sua estrutura orgânica. Antes de cada divisão principal são repetidas as respectivas seções dos esboços.

• Os problemas tratados em notas de rodapé permitem ao estudante continuar a sua pesquisa sem maiores

interrupções, detendo-se onde e quando desejar para obter informações adicionais. • Poucos comentários

conseguem manter consistente a sua linha teológica como o fazem os comentários desta série. Essa coerência teológica dá segurança ao pesquisador. • A piedade dos comentaristas

transparece em cada página, ao lado de sua erudição.

Os textos não são áridos, mas denotam um profundo temor de Deus. São comentários altamente inspiradores.

(4)

COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO

Apocalipse

s

(5)

Cristã. Publicado originalmente em inglês com o título N ew Testament Commentary, Exposi­

tion o f the Book o f Revelation por Baker Books, uma divisão da Baker Book H ouse Company,

P.O. Box 6287, Grand Rapids, M I 4 9 516-6287. © 1993 by Simon J. Kistemaker. Todos os direitos reservados. A tradução da Escritura do texto de Apocalipse é do próprio autor. As citações da Escritura, exceto as de outro m odo indicadas, são da tradução de Almeida, Revista e Atualizada da SBB. I a edição em português - 2004 3.000 exemplares Tradução Valter Martins Revisão

Cláudio César Gonçalves Vagner Barbosa

Editoração

Cassia Rejane Neves da Luz Gonçalves

Capa

Expressão Exata

Kistemaker, Sim on

Apocalipse / S im on Kistemaker. São Paulo: E ditora C u ltu ra Cristã, 2004. T radução de Valter M artins

7 84 p . ; 14 x 21 cm.

" (Coleção C om entário do N ovo Testam ento) ISB N 85-86886-93-9

1. C om entário bíblico 2. Exegese 3. E studo Bíblico 4. Teologia bíblica. I T ítu lo II. Série.

C D D 2 1 ed. 228

Publicação autorizada pelo Conselho Editorial:

Cláudio Marra (Presidente), Alex Barbosa Vieira, André Luís Ramos, Mauro Fernando _ Meister, Otávio Henrique de Souza, Ricardo Agreste, Sebastião Bueno Olinto,

Valdeci da Silva Santos.

G

CMTOAA CUITUAA CAISTA

Rua Miguel Teles Júnior, 394 - Cambuci 01540-040 - São Paulo - SP - Brasil Fone (0**11) 3207-7099 - Fax (0**11) 3209-1255

www.cep.org.br - cep@cep.org.br 0 8 0 0 - 1 4 1 9 6 3

Superintendente: Haveraldo Ferreira Vargas Editor. Cláudio A ntônio Batista Marra

(6)

°<r*

Abreviaturas... 05

In tro d u ção ... 11

C om entário 1. Introdução e Gloriosa Aparição de Jesus (1.1-20)... 105

2. Cartas a Éfeso, Esmirna, Pérgamo e Tiatira (2.1-29)... 145

3. Cartas a Sardes, Filadélfia e Laodicéia (3.1-22)...196

4. O Trono no Céu (4.1-11)... 239

5. O Rolo Selado e o Cordeiro (5.1-14)... 260

6. Os Primeiros Seis Selos (6.1-17)...283

7. Interlúdio: Os Santos (7.1-17)...313

8. O Sétimo Selo e as Primeiras Quatro Trombetas (8.1-13)...340

9. A Quinta e a Sexta Trombeta (9.1-21)... 361

10. O Anjo e o Pequeno Rolo (10.1-11)... 389

11. As Duas Testemunhas e a Sétima Trombeta (11.1-19)... 409

12. A Mulher e o Dragão (12.1-17)...445

13. As Bestas do Mar e da Terra (13.1-18)... 474

14. O Cordeiro e as Quatro Mensagens (14.1-20)... 505

15. Os Sete Anjos com as Sete Pragas (15.1-8)...537

16. As Sete Taças do Juízo (16.1-21) ...550

17. A Mulher e a Besta (17.1-18)...578

18. Cânticos de Ruína e Destruição (18.1-24)... 607

19. As Núpcias do Cordeiro e a Batalha Final contra o Anticristo (19.1-21)...637

(7)

20. A Derrota de Satanás e o Dia do Juízo (20.1-15)... 667

21. A Nova Jerusalém (21.1-27)... 693

22. A Árvore da Vida e Conclusão (22.1-21)... 726

Bibliografia... 749

índice de A utores...759

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AB ACNT ANRW AssembSeign ASV ATR AusBRev AUSDDS AU SS BASOR Bauer BBR BETL lovaniensium BF2 BGBE Bib BibSac BibToday BbTrans Anchor Bible

Augsburg Commentary on the New Testament Aufstieg und Niedergang der römischen Welt Assemblées du Seigneur

American Standard Version Anglican Theological Review Australian Biblical Review

Andrews University Seminary Doctoral Dissertation Series

Andrews University Seminary Studies

Bulletin o f the American School o f Oriental Research Walter Bauer, W. F. Arndt, F. W. Gingrich, and F. W. Danker, A Greek-English Lexicon o f the New Testament 2d ed.

Bulletin fo r Biblical Research

B ib lio th e c a ep h em erid u m th e o lo g ic a ru m B ritish and F oreign B iblie Society, The N ew Testament, 2d ed., 1958

Beiträge zur Geschichte der biblischen Exegese Biblica

Bibliotheca sacra The Bible Today The Bible Translator

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BibZ BIS BJRL BoJT BTB BZNW Cassirer CBQ Ciem. ConcJourn ConcTheMonth ConcTholQuart ConNT CTJ Eccl. Hist. EDNT EDT EphThL EvQ ExpT FilolNT FoiVie G N B GTJ HDR H eythJoum HNT HNTC HTR ICC Interp ISBE JB JBL Biblische Zeitschrift

Biblical Interpretation Series

Bulletin o f the John Rylands University Library o f M anchester

Banner o f Truth

Biblical Theological Bulletin

Beihefte zur Zeitschrift für die neutestamentliche Wissenschaft

Heinz W. Cassirer, G od’s New Covenant: A New Testament Translation

Catholic Biblical Quartely (Epistle of) Clement [of Rome] Concordia Journal

Concordia Theological Monthly Concordia Theological Quarterly Conierctanea neotestamentica Calvin Theological Journal Eusebius, Ecclesiastical History

Exegetical Dictionary o f the New Testament Evangelical Dictionary o f Theology

Ephemerides theologicce lovanienses Evangelical Quartely

Expository Times

Filologia neotestamentaria Foi et vie

Good News Bible

Grace Theological Journal Harvard Dissertations in Religion Heythrop Journal

Handbuch zum Neuen Testament Hoiman New Testament Commentary Harvard Theological Review

International Critical Commentary Interpretation

International Standard Bible Encyclopedia, rev. ed. Jerusalem Bible

(10)

JETS Journal o f the Evangelical Theological Society JSNT Journal fo r the Study o f the New Testament JSNTSup Journal for the Study o f the New Testam ent:

Supplement Series

JSO T Journal fo r the Study o f the Old Testament JTS Journal o f Theological Studies

KJV King James Version (Authorized Version) KNT Kommentaar op het Nieuwe Testament

LCL Loeb Classical Library

Liddell H. G Liddell, R. Scott, andH. S. Jones, A Greek-English Lexicon, 9lh ed.

LXX Septuagint

Merk Augustinus Merk, ed., Novum Testamentum Grcece et Latine, 9th ed.

MLB The Modern Language Bible

MM J. H. M oulton and G. Milligan, The Vocabulary o f the Greek Testament, 1930

MNTC Moffatt New Testament Commentary

Mojfatt James Moffatt, The Bible: A New Translation M SJ The M aster’s Seminary Journal

MT Masoretic Text of the Hebrew Bible

NAB New American Bible

NAC New American Commentary

NASB New American Standard Bible

NCB New Century Bible

NCV The Everyday Bible, New Century Version

NEB New English Bible

Neotest Neotestamentica

Nes-Al27 Eberhard and Erwin Nestle, eds.; rev. Barbara and Kurt Aland et al., Novum Testamentum Grcece, 27,h ed.

NIBCNT New International Biblical Commentary on the New Testament

NICNT N ew In te rn a tio n a l C om m entary on the N ew Testament

NIDNTT New International Dictionary o f New Testament Theology

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NIGTC NIV NIVAC NJB NJBC NKJV NLT NovT NRSV n.s. NTC NTS N TT Peterson Phillips RB REB RevExp RevThom RSV SB SBL SJT SNTSMS Souter SP StudTheol SwJT Talmud TDNT Thayer Theod. ThLZ TNT

New International Greek Testament Commentary New International Version

NIV Application Commentary New Jerusalem Bible

New Jerome Biblical Commentary New King James Version

New Living Translation Novum Testamentum

New Revised Standard Version new series

New Testament Commentary New Testament Studies

Nederlands theologisch tijdeschrift Eugene H. Peterson, The Message

J. B. Phillips, The New Testament in M odem English Revue biblique

Revised English Bible Review and Expositor Revue thomiste

Revised Standard Version

H. L. Strack and P. Billerbeck, Kommentar zum Neuen Testament aus Talmud und Midrasch Society for Biblical Literature

Scottish Journal o f Theology

Society for New Testament Studies M onograph Series

Alexander Souter, ed., Novum Testamentum Grcece Sacra Pagina

Studia Theologica

Southwestern Journal o f Theology The Babylonian Talmud

Theological Dictionary o f the New Testament Joseph H. Thayer, Greek-English Lexicon o f the New Testament

Theodotion

Theologisch Literaturzeitung The New Translation

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TNTC Tyndale New Testament Commentaries

TR The Textus Receptus: The Greek New Testament according to the Majority Journal

TrinJ Trinity Journal

TynB Tyndale Bulletin

UBS4 United Bible Societies, Greek New Testament 4th ed. Vogels H. J. Vogels, ed., Novum Testamentum Grcece et

Latine, 4th ed.

VoxEv Vox evangelica

WBC Word Biblical Commentary

WPC Westminster Pelican Commentaries WTJ Westminster Theological Journal

WUNT W issenschaftliche U ntersuchungen zum Neuen Testament

ZNW Zeitschrift fü r die neutestamentliche Wissenschaft ZPEB Zondervan Pictorial Encyclopedia o f the Bible

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A. Padrão

B. Linguagem Figurativa C. Base Bíblica

D. Autor

E. Tempo, Lugar e Cenário F. Métodos de Interpretação G. Unidade H. Aceitação na Igreja I. Destinatários e Propósito J. Teologia K. Sumário L. Esboço

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coberto); os leitores, porém , podem sentir que não há muito revelado. O Livro do A pocalipse não parece concretizar o que seu título prom ete, confundindo seus leitores com todas as im agens, fi­ guras e núm eros que ali se encontram . Os pastores geralm ente só pregam a sétupla série de cartas escritas às sete igrejas existentes na Ásia M enor, registradas nos capítulos dois e três. As pessoas consideram o livro como sendo Escritura, porém deixam de fazer uso dele com o tal. Para m uitos leitores, A pocalipse não é revelação, mas, antes, um mistério profético que excede o entendim ento hum a­ no. Não obstante, neste últim o livro da B íblia Deus nos perm ite ver algo de C risto e da Igreja no céu e na terra - e o que vem os é deveras assustador.

Quando examinamos cuidadosamente este livro, começamos a com­ preender que ele não é uma mera composição humana semelhante aos apocalipses de 1 Enoque (2 Esdras no OT Apocrypha) e 2 Baruque. No Apocalipse, o Deus Triúno está revelando sua Palavra ao leitor, isto é, Deus mesmo está falando ao seu povo. Isso se faz evidente nas palavras introdutórias: “Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu” (1.1), e nas cartas às sete igrejas. Ali ouvimos a voz de Jesus, que conclui cada carta com as palavras: “o Espírito diz às igrejas” (2.7,11, 17,29; 3 .6 ,13,22). O último capítulo registra a voz de Jesus (2 2 .7 ,12­ 20), a voz do Espírito (22.17) e a advertência divina para que não se acrescente ou subtraia nada deste livro (22.18-19). Negligenciar esta mensagem seria o mesmo que tirar parte das Escrituras. Deus nos

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manda respeitar Apocalipse como sua santa Palavra, e nos instrui a lê- lo com reverência.1 A advertência que Jesus pronuncia em 22.18, 19 pode ser comparada a uma nota de C opyrigh t na página de expediente em um livro moderno.

Testifico a todos quantos ouvem essas palavras da profecia deste livro. Se alguém acrescentar-lhe algo, Deus lhe acrescentará as pragas escritas neste livro. E se alguém tirar algo das palavras da profecia deste livro, Deus tirará sua participação na árvore da vida e na cidade santa, que se acham descri­ tas neste livro.

Todo o Livro do Apocalipse chama a atenção para seu compositor primário, Deus. Ele é o artista divino, o principal arquiteto. Este é um volume divinamente construído no qual Deus exibe a obra de sua mão.

A. Padrão

1. O s N ú m ero s

Uma das características primordiais do Apocalipse que salta à vis­ ta do leitor é o uso de números e seu significado. A um grau surpreen­ dente, o número sete é predominante, tanto explícita quanto implicita­ mente. Este número não deve ser tomado literalmente, mas deve ser entendido como uma idéia que expressa totalidade ou completude.2Por exemplo, Jesus manda João escrever cartas a sete igrejas: Efeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia (1.11). Essas igrejas estavam situadas seguindo uma rota de forma oval, no sentido oeste para o norte, e então do leste para o sul. A igreja de Colossos, porém, localizada na vizinhança de Laodicéia, é omitida, e o mesmo se dá com a congregação vizinha de Heliópolis (Cl 4.13). Papias, estudio­ so do apóstolo João, serviu como pastor na igreja de Heliópolis. Paulo pregou na igreja de Trôade (At 20.5-12; 2Co 2.12), cerca de setenta milhas ao norte de Pérgamo, porém Trôade não está inclusa na lista. Apocalipse é dirigido somente às sete igrejas da província da Ásia (1.4)? A resposta é não, porquanto Jesus se dirige às igrejas de todos os tempos e todos os lugares. O número sete simboliza com pletude.3

1. W illiam M illigan, The R evelation o f St. John (Londres: M acmillan, 1886), p. 6. 2. O número sete aparece cinqüenta e quatro vezes no Apocalipse. Veja Stephen A. Hunter, Studies in the Book o f Revelation (Pittsburgo: Pittisburgh Printing, 1921), p. 248. 3. William Hendriksen, Mais Que Vencedores (São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1987, p. 58.

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O núm ero sete antecede muitos substantivos, inclusive espíritos (1.4; 3.1; 4.5; 5.6), castiçais de ouro (1.12; 2.1), estrelas (1.16, 20; 2.1; 3.1), castiçais (1.13,20; 2.5; 11.4), selos (5.1; 6.1), chifres (5.6), olhos (5.6), anjos (8 .2,6; 15.1, 6-8; 16.1; 17.1; 21.9), trom betas (8.2, 6), trovões (10.3), coroas (12.3), cabeças (12.3; 13.1; 17.3, 7, 9), pragas (15.1,6), taças (15.7; 16.1), montes (17.9) e reis (17.10). Além disso, há sete mil pessoas mortas por causa de um terrem oto (11.13). Em todos esses exemplos, o número sete aparece explicitamente. Mas o uso im plícito deste núm ero é ainda mais notável. Há duas passa­ gens que registram cânticos de louvor entoados por um a hoste celestial. A prim eira está em 5.12, com sete atributos que grafamos em itálico:

Digno é o Cordeiro que foi morto de receber poder e riqueza e sabedoria e força

e honra e glória e ações de graças\

A segunda passagem (7.12) também contém sete atributos: Amém! Louvor e glória e sabedoria e ações de graças e honra e poder e força

sejam ao nosso Deus para todo o sempre. Amém!

Ainda mais, há sete beatitudes no Apocalipse, grafadas aqui na for­ ma abreviada:

• “Bendito é aquele que lê” (1.3)

• “Benditos são os mortos que morrem no Senhor” (14.13) • “Bendito é aquele que vigia” (16.15)

• “Benditos os que são chamados” (19.9)

• “Bendito e santo é aquele que tem parte” (20.6) • “Bendito é aquele que guarda as palavras” (22.7) • “Benditos os que lavam suas vestiduras” (22.14)

Igualmente nesta série, gafanhotos, descritos como cavalos em 9.7­ 10, exibem sete marcas distintas: (1) coroas de ouro em suas cabeças;

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(2) rostos de homens; (3) cabelos de mulheres; (4) dentes de leões; (5) couraças de ferro; (6) asas que emitem som de cavalos atroando e car­ ros em batalha; (7) caldas e ferrões de escorpiões. A palavra grega amion (cordeiro), referindo-se a Cristo, ocorre vinte e oito vezes - a soma de sete vezes quatro. Enquanto o número sete significa completude, o nú­ mero quatro é o símbolo numérico do mundo criado. A expressão logo ou depressa, com referência ao cumprimento da profecia e do regresso de Jesus, aparece sete vezes (1.1; 2.16; 3.11; 22.6, 7, 12, 20).4E, por fim, o termo a(s) palavra{s) de Deus aparece exatamente sete vezes (1.2, 9; 6.9; 17.17; 19.9, 13; 20.4).5

O número quatro representa as quatro criaturas viventes, quatro anjos, quatro cantos da terra, quatro ventos e quatro anjos atados junto ao Eufrates. Categorias de quatro permeiam todo o Apocalipse.

• “tribo e língua e povos e nação” (5.9) • “louvor e honra e glória e poder” (5.13)

• “pela espada, pela fome, pela doença e pelos animais selva­ gens” (6.8)

• “vozes, e trovões, e relâmpagos, e terremotos” (5.8; 16.18) • “homicídios, feitiçarias, prostituição e furtos” (9.21) • “muitos povos e nações e línguas e reis” (10.11) • “harpistas, músicos, flautistas, trombeteiros” (18.22)

O número quatro descreve a criação divina: os quatro cantos da terra, isto é, as quatro direções do vento (7.1; 20.8). Deus é o governante de e em sua criação, o que é evidente à luz do uso da expressão relevan­ te “aquele que vive para todo o sempre”, que ocorre quatro vezes (4.9,

10; 10.6; 15.7).

4. A referência em 11.14, “o terceiro ai logo virá”, focaliza não o regresso de Jesus, mas seu juízo.

5. Richard Bauckham, The Theology o fth e Book ofR evelation, N ew Testament Theology (Cambridge: Cambridge University Press, 1993), p. 110; e também The C lim ax o f

Prophecy (Edimburgo: Clark, 1993), p. 35. A palavra grega Ttopvéioc (fornicação)

também ocorre sete vezes, porém isso deve ser interpretado à luz da grande prostituta cujos pecados sobem (literalmente, estão penetrando) até o céu (18.5) e estão com ple­ tos. Também a palavra fo ic e ocorre sete vezes (1 4 .1 4 -1 9 ) para assinalar a com pletude do ju ízo divino.

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O número três aparece com freqüência: três quartos de cevada (6.6); três anjos (8.13); três pragas de fogo, fumaça, e enxofre (9.18); três espíritos imundos (16.13); a grande cidade foi divida em três partes (16.19); três portões de cada lado: leste, norte, sul, oeste (21.13). A série de três se refere à Deidade com o tríplice clamor das criaturas viventes, dizendo: “Santo, santo, santo” (4.8); e uma descrição do po­ der de Deus que era, que é e que há de vir (4.8; ver 1.4, 8). Note tam­ bém a série de Jesus Cristo, de Deus e de seus servos (1.1); Jesus Cristo é a fiel testemunha, o primogênito dos mortos e o soberano dos reis da terra (1.5).6 Aliás, a série de três ocorre por todo o livro.

Dez é o número de completude no sistema decimal. Este número no Apocalipse se refere a dez dias de perseguição (2.10); uma descrição do dragão com dez chifres (12.3); a besta que sai do mar com dez chifres e dez coroas (13.1); e a besta escarlate que tinha dez chifres (17.3,7,12, 16).

Como dez é o número que se relaciona com os servos e atividades de Satanás, o número doze descreve os eleitos das doze tribos (7.5-8); a mulher, simbolizando a Igreja, com doze estrelas em sua cabeça (12.1); e a nova Jerusalém com doze portões, doze anjos, doze tribos de Israel (21.12). Esta cidade tem doze fundamentos sobre os quais os doze no­ mes dos apóstolos estão escritos (21.14); ela mede em comprimento, largura e altura doze mil estádios (21.16); e de ambos os lados do rio, fluindo do trono de Deus, está a árvore da vida que produz doze colhei­ tas de fruto (22.2). Da mesma forma, o termo anciãos (grego presbyteroi) aparece doze vezes. No Apocalipse, o contraste entre dez e doze é de fato notável. O número doze descreve o povo de Deus; o número dez está associado a Satanás, seus seguidores e suas ações.

2. Contraste

Apocalipse é um livro cheio de polaridades: Cristo versus Sata­ nás; luz versus trevas; vida versus morte; amor versus ódio; céu versus inferno. Por todo o livro, este contraste vem a lume em todos os deta­ lhes. João retrata a Trindade como Pai, Filho e Espírito Santo (ver o comentário sobre 1.4, 5); por comparação, a trindade de Satanás é o diabo, a besta e o falso profeta (capítulos 12 e 13). As palavras “que é, que era e que há de vir” (1.4, 8; 4.8) são uma paráfrase do nome

6. Hunter (Studies, p. 2 4 6 ) descreve o número três com o sendo o número divino. Ver J. P. M. Sw eet, R evelation , WPC (Filadélfia: Westminster, 1979), p. 14.

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divino (Ex 3.14,15). A besta, porém, é aquela que “uma vez era, e não é, e que está para emergir do abismo e caminha para a destruição”, ou “a besta que era e não é e aparecerá” (17.8). O bem e o mal são con­ trastados em Deus o Pai versus Satanás o dragão (1.4 e 12.3, 9); o Filho de Deus versus o Anticristo (1.5 e 13.1-14); o Espírito Santo versus o falso profeta (1.4 e 13.11-17; 19.20); a noiva de Cristo versus a prostituta (19.7, 8; 21.9 e 17.1-18); e Jerusalém versus Babilônia (21.9-27 e 16.19).7

Deus reveste seu Filho com autoridade para fazer sua vontade (1.1), enquanto Satanás dá poder e autoridade à besta (13.2). Jesus assenta- se em seu trono (3.21), e igualmente Satanás tem seu trono (2.13; 16.10). O Filho aparece como o Cordeiro que foi morto (5.6); por contraste, a besta com sete cabeças tem uma cabeça com uma ferida mortal que foi curada (13.3). O Cordeiro tem sete chifres e sete olhos (5.6), enquanto a besta que emerge da terra é semelhante a um cordei­ ro com dois chifres (13.11). Jesus se revela como aquele que foi mor­ to, porém está vivo para todo o sempre (1.18), o que é parodiado pela besta que emerge do mar e que fora fatalmente ferida, porém viveu (13.3, 12, 14).

Inversamente, Satanás, a besta e o falso profeta são lançados no lago de fogo. Este é o lugar de morte eterna, onde são atormentados para todo o sempre (20.10, 14). Jesus detém as chaves da Morte e do Hades (1.18); Satanás detém a chave do abismo (9.1). Jesus é vitorioso e “destinado ao triunfo final”; Satanás, porém, que parece ser bem su­ cedido, “na verdade é condenado à derrota ignominiosa e eterna”.8

O reino de Cristo e o reino de Satanás revelam contrastes adicio­ nais: os crentes recebem o selo do Deus vivo em suas frontes (7.2, 3); osincrédulos têm a marca da besta em sua mão direita e na fronte (13.16). Os crentes portam o nome do Cordeiro e do Pai em suas frontes (14.1); os incrédulos têm o número 666, que é o nome e o número da besta (13.17,18).9Note também os apóstolos do Senhor versus os falsos após­ tolos em Éfeso (18.20 e 2.2); e os anjos servindo a Deus versus os

7. Ver Howard W. Kramer, “Contrast as a Key to Understanding The R evelation to St.

John”, C oncJoum 23 (1997): 108-17.

8. M illigan, R evelation o f St. John, p. 111.

9. R efere-se a Didier Rochat, “La vision du trône: U n clé pour pénétrer l ’A p ocalypse”, H okhma 49 (1992): 7.

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demônios controlados por Satanás (12.7-9); a vitória de Cristo e os santos versus a derrota do Anticristo e seus seguidores (19.11-21).

3. Ênfase

Quando realçamos algo em impresso, usamos o ponto de exclama­ ção ou escrevemos em itálico. Essas convenções, porém, não eram disponíveis nos dias dos escritores bíblicos. Empregavam a técnica de repetição para chamar a atenção do leitor. Uns poucos exemplos das Escrituras deixam este ponto esclarecido. Deus chamou Moisés à sarça ardente no M onte Sinai, e disse: “Moisés, M oisés” (Êx 3.4); Jesus con­ tou a Pedro sobre o pedido de Satanás para peneirar os discípulos como trigo, e pronunciou as palavras: “Simão, Simão” (Lc 22.31); e o Senhor ressurreto chamou Paulo perto de Damasco, dizendo: “Saulo, Saulo” (At 9.4). O duplo uso de um nome equivale à ênfase.

O povo judeu recorria à repetição a fim de realçar o desígnio de um conceito. Agiam assim com freqüência com o intuito de comunicar dois exemplos que transmitiam a mesma mensagem. No Egito, José inter­ pretou sonhos: um para o copeiro e outro para o padeiro (Gn 40.8-22); e dois sonhos para faraó (Gn 41.1-40). Moisés recebeu poder para rea­ lizar dois milagres na presença dos israelitas: converter seu cajado em serpente e fazer sua mão ficar leprosa (Êx 4.1 -7). A literatura de nature­ za sapiencial, especialmente Salmos e Provérbios, está saturada de paralelismo que clarifica o ponto que o escritor intenta enfatizar. Aqui está um exemplo dentre muitos: “No caminho da justiça está a vida; nessa vereda está a imortalidade” (Pv 12.28).

O mesmo princípio permeia a estrutura do Apocalipse, onde en­ contramos repetição com o intuito de ênfase. João registra as palavras de um anjo que clama em alta voz: “Caída, caída está Babilônia, a grande” (18.2); e os reis da terra, os mercadores e os marinheiros cla­ mam: “Ai, ai da grande cidade” (18.10, 16. 19). A carta à igreja de Pérgamo contém estas linhas:

No entanto, tenho contra você algumas coisas: você tem aí pessoas que se apegam aos ensinos de Balaão, que ensinou Balaque a armar ciladas con­ tra os israelitas, induzindo-os a comer alimentos sacrificados a ídolos e a praticar imoralidade sexual. De igual modo você tem também os que se apegam aos ensinos dos nicolaítas. (Ap 2.14, 15)

(23)

Jesus não está dizendo que sua menção é a duas classes de pessoas a igreja de Pérgamo, senão que está dizendo que os que têm seguido os ensinos de Balaão e doutrinas errôneas são as mesmas pessoas. Não há diferença entre o intuito de Balaão e os nicolaítas. Balaão intentava der­ rotar os israelitas através de profecia enganadora; de igual modo, os nicolaítas tiveram acesso na igreja com doutrina enganadora.10 Os dois partidos revelam a mesma intenção: conquistar pessoas para Deus. Da mesma forma, os ensinos de Jezabel, que se denomina profetiza, não diferem dos ensinos de Balaão e dos nicolaítas (2.20-23).

O cântico de Moisés e o cântico do Cordeiro não são dois hinos diferentes, mas um e o mesmo, porque enaltecem os feitos do Senhor Deus Todo-Poderoso (15.3,4). Tanto os reis do oriente quanto os reis do mundo inteiro deflagram sua guerra contra Cristo e seus seguidores (16.12, 14). Quando João caiu aos pés do anjo para o adorar, o anjo lhe disse que não o adorasse, mas a Deus (19.10). No último capítulo do Apocalipse, João de novo relata que se prostrou aos pés de um anjo para o adorar, e que lhe fora dito que adorasse a Deus (22.8, 9). A repetição serve para enfatizar o mandamento de não adorar a criatura, mas o Criador.

4. Repetição

O princípio de repetição visando à ênfase e clareza é também evi­ dente na descrição da fuga da mulher para o deserto durante 1260 dias, para um lugar que Deus lhe havia preparado (Ap 12.1-6). Nos últimos oito versículos lemos novamente que ela fugiu para o deserto, em um lugar que lhe fora preparado por um tempo, tempos e metade de tempo (12.14). João apresenta duas descrições do mesmo evento, pois o lugar que Deus lhe preparara é o deserto, e a extensão de tempo é a mesma:

1260 dias iguais a 42 meses (11.2, 3) ou 3 anos e meio. No entanto, há uma diferença: a do ideal e a do real. Por exemplo, os primeiros poucos versículos do capítulo 12 pintam a cena da mulher gloriosa “vestida do sol e com a lua debaixo de seus pés, e uma coroa de doze estrelas em sua cabeça” (12.1). Ela está grávida e dá à luz um filho que governa com vara de ferro e é arrebatado para o trono de Deus. Esta cena é um ideal que aponta para a realidade que está além do próprio quadro. Essa

10. O termo n ic o la íta é uma com binação do verbo grego n ik a o (conqu isto) e o substantivo la o s (pessoas); isto é, conquisto pessoas. Comparar Bauckham , T heology, p. 124.

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realidade assume a forma do nascimento de Cristo e inclui sua ascen­ são ao trono de Deus. A realidade está expressa na cena de guerra no céu, quando Satanás, então plenamente identificado (v. 9), é arrojado para a terra com seus anjos. O diabo compreende que seu tempo é bre­ ve; se enfurece e deflagra guerra perseguindo a mulher. Esta mulher foge para um lugar preparado para ela, e ali recebe auxílio vindo da terra (v. 16). O resto de sua descendência - os crentes - declara guerra espiritual contra Satanás, e individualmente enfrenta a incandescência de sua ira (v. 17). Assim, a primeira cena que retrata a mulher exaltada é idealista, enquanto que a segunda cena que descreve a Igreja perse­ guida é realista.

Entre a primeira e segunda cena, João interpôs o relato sobre a guerra que Miguel e seus anjos deflagraram contra o dragão e seus anjos. Quando o dragão, isto é, Satanás, é arrojado na terra juntamente com seus anjos, a Igreja não só enfrenta sua ira, porém o vence por intermédio do sangue do Cordeiro e do testemunho da Palavra de Deus (12.10, 11). Ao colocar o relato desta batalha entre as duas cenas que retratam a mulher, o intuito é demonstrar que “o plano de redenção será concretizado” entre pessoas, não entre anjos.11

5. Paralelos

Todo o Livro do Apocalipse se acha permeado de paralelos que são apresentados em múltiplos de sete. Há sete cartas às igrejas da Ásia Menor; há sete selos seguidos de sete trombetas e concluídos com sete taças. Começando com as cartas às sete igrejas, observamos paralelos em sua estrutura. Cada carta consiste de sete partes:

1. A destinação a cada uma das sete igrejas na Ásia M enor (2.1, 8, 12, 18; 3.1, 7, 14).

2. Um aspecto da aparição do Senhor a João em Patm os (2 .1,8,12, 18; 3.1, 7, 14).

3. Uma avaliação da saúde espiritual da igreja individual (2 .2 ,3 ,9 , 13, 19; 3.1, 2, 8, 15).

4. Palavras de louvor ou reprovação (2.4-6, 9. 14, 15, 20; 3.1-4, 8- 10, 16, 17).

5. Palavras de exortação (2.5, 10, 16, 21-25; 3.2, 3, 11, 18-20). 11. M illigan, Revelation o fS t. John, p. 122.

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6. Promessas àquele que vencer (2.7, 11, 17, 26-28; 3.5, 12, 21). 7. Ordem para se ouvir o que o Espírito diz às igrejas (2.7, 11, 17,

29; 3.6, 13, 22).

Nas primeiras três cartas, a seqüência dos itens 6 e 7 se reverte. Isso se dá através de uma divisão das sete em três e quatro cartas respectiva­ mente. O segundo item em cada caso apresenta um aspecto singular da aparição de Jesus. O esquema abaixo mostra como a descrição que João faz de Jesus no capítulo 1 é repetido nas cartas às igrejas:

Descrição Primeiro em Repetido em

Sete estrelas em sua mão direita Castiçais de ouro

O primeiro e o último, que morreu e voltou a viver

Espada de dois gumes

Olhos como de fogo; pés como bronze polido

Sete espíritos e sete estrelas Alguém que detém as chaves Testemunha fiel 2.1 2.1 2.8 2.12 2.18 3.1 3.7 3.14

Em seguida, as sete trombetas e as sete taças revelam paralelos distin­ tos; primeiro, catalogando partes individuais; e, segundo, seguindo uma seqüência idêntica (ver a discussão nos capítulos 8 e 16). A seqüência das partes nos sete selos não é tão marcante como na das trombetas e taças.12 Mas ainda no fluir dos sete selos observamos uma ênfase tanto na terra quanto no céu. As três séries de selos, trombetas e taças conclui cada uma com uma referência à consumação do mundo. Revelam uma progressão que cresce em intensidade dos selos para as trombetas e para as taças.13 O sexto selo e também o sétimo introduzem o grande dia da ira de Deus e a ira do Cordeiro, o que ninguém é capaz de suportar. Todas as classes de pessoas gritam aos montes e rochas que as escondam da face daquele que está sentado no trono (6.15-17). O clangor da sétima trombeta faz com que os

12. Comparer D ale Ralph D avis, “The Relationship betw een the Seals, Trumpets, and B ow ls in the B ook o f Revelation”, JETS 16 (1973): 149-58.

13. Jon P a u lien , D e c o d in g R e v e la tio n ’s T ru m pets: L ite r a r y A llu s io n s a n d the

In terpretation o f R evelation 8.7-12, A U S D D S 11 (Berrien Springs, M ich.: Andrews

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vinte e quatro anciãos adorem a Deus e digam: “As nações se iraram; e chegou a tua ira. Chegou o tempo de julgares os mortos” (11.18). E, por fim, depois que o sétimo anjo derrama sua taça, ouve-se uma forte voz que sai do trono de Deus, dizendo: “Está feito” (16.17). O furor da ira de Deus faz com que todo monte e ilha se escondam de sua presen­ ça. As três séries não só terminam com uma descrição da consumação, mas também revelam paralelismo. Os paralelos destacam expressões que incluem esconder, a ira de Deus, montes, terremotos, relâmpagos e vozes. O intuito dessas três passagens supramencionadas é apontar para o Dia do Juízo, quando o fim tiver chegado.

6. Divisão

O paralelismo expresso nos três grupos (selos, trombetas e taças) sugere que o escritor não está apresentando uma seqüência cronológi­ ca, mas, sim, diferentes aspectos dos mesmos eventos. Isso é ainda mais enfático quando notamos as freqüentes referências indiretas e diretas ao juízo final.

• Cristo está vindo com as nuvens (1.7).

• O juízo para os pecadores é iminente, enquanto os santos cercam o trono (6.16; 7.17).

• Chegou o tempo para julgar os mortos (11.18).

• A vindadojuízoésim bolizadapeloJuizqueceifaaterra(14.15,16). • A ira de Deus é derramada como uma descrição do juízo final

(16.17-21).

• Esta descrição é ainda mais vívida com respeito ao cavaleiro do cavalo branco que vem julgar com justiça e fazer guerra a seus inimigos (19.11-21).

• O juízo chega a seu clímax quando os livros são abertos e cada pessoa é julgada (20.11-15).

W illiam Hendriksen chama essas sete referências ao juízo final de “paralelismo progressivo [que] divide o Apocalipse em sete partes.” 14

14. Hendriksen, M ore Than Conquerors, Essa obra foi publicada em português pela Editora Cultura Cristã com o título M ais que Vencedores (N. do Editor), pp. 121, 36. Herman Bavinck escreve: “Os selos, as sete trombetas e as sete taças não constituem uma série cronológica, mas correm paralelamente, e em cada caso nos levam ao fim , a luta final do poder anticristão” (The L a st Things: H ope f o r This W orld a n d the N ext,

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1. Cristo no meio dos sete castiçais de ouro (caps. 1-3) 2. o livro com sete selos (4-7)

3. as sete trombetas do juízo (8-11)

4. a mulher e o menino perseguidos pelo dragão e auxiliares (12-14) 5. as sete taças da ira (15-16)

6. a queda da grande meretriz e das bestas (17-19) 7. o juízo; o novo céu e a nova terra (20-22)

7. Conclusão

O último livro da Escritura é único em sua estrutura. Revela um autor humano a quem Deus inspirou para escrever o Apocalipse. João apresenta grupos de ilustrações que comunicam um número de even­ tos, contudo tais eventos devem ser percebidos como diferentes aspec­ tos da mesma seqüência de ocorrências. Com cada grupo adicional lan- ça-se nova luz nas ilustrações, de modo que o leitor adquire um melhor entendimento da mensagem do Apocalipse. Não é João, mas Deus, quem põe em relevo sua composição com extraordinário cuidado, provando ser o grande arquiteto deste livro extraordinário. Apocalipse revela pre­ cisão e clareza inigualáveis com respeito à sua estrutura, ao uso de números e figuras, e à escolha de palavras. O último livro da Bíblia demonstra um Deus que age pessoalmente, do começo ao fim.

B. Linguagem Figurativa

Como os livros proféticos e a literatura de natureza sapiencial do Antigo Testamento estão cheios de sinais, assim o último livro do Novo Testamento tem sua parcela de símbolos. João às vezes interpreta um símbolo, como no caso de “aquela antiga serpente chamado diabo, ou Satanás” (12.9) e as águas que João observa como sendo “povos e mul­ tidões e nações e línguas” (17.15).l50utras vezes, o cenário, usos e características de uma dada palavra fornecem uma explicação. O que

org. John B olt e tranduzido por John Vriend [Grand Rapids: Eerdmans, 1996], p. 119). Ver S. L. Morris, The D ram a o fC h ristian ity: An Intepretation o fth e Book o fR evela tio n (Grand Rapids: Baker, 1982), p. 29; Craig S. Keener, R evelation, NIVAC (Grand Rapids: Zondervan, 2000), p. 34.

15. Merrill C. Tenney (Interpreting Revelation [Grand Rapids: Eerdmans, 1957], p. 187) cataloga dez sím bolos que João explica em seu Apocalipse: sete estrelas são sete anjos das igrejas (1.20); sete castiçais são igrejas (1.20); sete lâmpadas são sete espíritos de Deus (4.5); taças de incenso são orações dos santos (5.8); grande multidão representa os que

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precisam os considerar é um a descrição adequada da linguagem figu­ rativa.

1. Descrição

O mundo está cheio de símbolos que podem comunicar diversos significados a um observador. Por exemplo, uma bandeira de uma na­ ção particular é uma fonte de orgulho nacional para aquele país que, viajando no exterior, de repente reconhece o emblema de sua pátria natal. Mas para o cidadão de uma nação que foi tratada injustamente pelo governo e forças armadas do país supramencionado, a vista de sua bandeira o enche de aversão e desgosto. A cruz é um símbolo que fala profundamente a um cristão, porém gera antipatia nas pessoas de m ui­ tas outras religiões. A um observador, um símbolo comunica significa­ do que é proporcionado pelo contato direto ou indireto que ele teve com o campo que um símbolo representa. Eis uma definição de símbo­ lo dada por um dicionário: “Alguma coisa que substitui ou sugere algo mais por razão de relacionamento, associação, convenção ou seme­ lhança acidental; especialmente um sinal visível de algo invisível.” 16

Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento estão repletos de lin­ guagem simbólica que se relaciona a uma variedade de classes: nature­ za, pessoas e nomes, números, cores e criaturas. Analisemos cada uma mais detidamente.

2. Natureza

Deus advertiu a Adão e Eva a não comerem da árvore do conheci­ mento do bem e do mal, e pôs querubins com uma espada flamejante na entrada do Jardim do Éden para que guardassem o caminho à árvore da vida (Gn 2.9,17; 3.22,24). Referências à árvore da vida aparecem não só no início, mas também no fim da revelação escrita de Deus (Ap 2.7; 22.2,14,19). A linguagem simbólica do Apocalipse é evidente em 22.2: “De cada lado do rio estava a árvore da vida, que frutifica doze vezes por ano, um a por mês. As folhas da árvore servem para a cura das nações” (Comparar Ez 47.12).

provêm da grande tribulação (7.13,14); o grande dragão é o diabo ou Satanás (12.9); sete cabeças da besta são sete montes (17.9); dez chifres da besta são dez reis (17.12); águas representam povos, multidões, nações, línguas (17.15); a mulher é a grande cidade (17.18).

16. W ebster ’s N ew C ollegiate D iction ary (Springfield, Mass.: Merriam-Webster, 1981), p. 1.172.

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Deus mandou que Elias permanecesse no M onte Sinai, porque o Senhor estava para passar. Soprava um grande e poderoso vento, um terremoto abalava o monte e um fogo ardia; Deus, porém, não estava em nenhum deles. Sua aparição era semelhante a uma brisa suave (lR s 19.11-12). O Livro do Apocalipse está cheio de expressões simbólicas relativas à natureza, inclusive um vento forte (6.13; 7.1), um terremoto (8.5; 11.19; 16.18), um fogo consumidor (8.7; 20.9) e um período de silêncio (8.1).

Jesus instituiu o sacramento do batismo com água e o da Ceia do Senhor com pão e vinho. Seu corpo partido e seu sangue derramado sim bolizam que o crente é perdoado, reconciliado com Deus e parti­ cipante das riquezas e glória eternas. Em seu ensino sobre a lei, Jesus usou o símbolo do jugo (Mt 11.30). E quando Paulo descreve a arm a­ dura espiritual do cristão, ele faz referência aos calçados do evange­ lho da paz, ao cinto da verdade, à couraça da justiça, ao escudo da fé, à espada do Espírito, ao capacete da salvação e à comunhão no Espí­ rito (E f 6.13-18). O escritor do Apocalipse recorre ao simbolismo de uma voz como de trombeta (4.1), um mar de vidro (4.6), o firmamento enrolado como um rolo (6.14) e um rio da água da vida (22.1).

3. Pessoas e Nomes

O Novo Testamento freqüentemente emprega nomes, não para in­ dicar pessoas como tais, mas para sua condição, significação e obra. Para ilustrar, Abraão personifica o pai de todos os crentes, e Moisés personifica a lei de Deus (Lc 13.16; 19.9; 24.27). Moisés e Elias estão com Jesus no M onte da Transfiguração, onde Moisés incorpora a lei e Elias, os profetas (Mt 17.1-8). Paulo designa Adão como o pai da raça humana (Rm 5.14; IC o 15.22, 45), e Tiago descreve Jó como a incor­ poração da perseverança (Tg 5.11).

O A pocalipse de João registra nom es que ilustram fidelidade (Antipas: 2.13), engano (Balaão: 2.14) e sedução (Jezabel: 2.20). Faz menção de Sodoma e Egito como símbolos de imoralidade e escravi­ dão, respectivamente (11.8). Para ele, o Monte Sião é o símbolo da nova Jerusalém, que desce do céu, habitação de Deus, com seu povo (Ap 14.1; 21.2, 3).

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4. Números

Já discutim os determinados números, mas para com pletar temos tam bém que analisar a significação de núm eros individuais.17 Assim, o número um denota unidade, a qual para os judeus estava codificada em seu credo: “Ouve, ó Israel: o Senhor nosso Deus, o Senhor é um ” (Dt 6.4). Dois é o número de pessoas que precisam validar um teste­ munho num tribunal; no Apocalipse (11.3), duas testemunhas são re­ presentantes da Igreja de Deus na terra. O número três descreve o Deus Triúno (1.4, 5). Quatro se refere à criação divina como é evi­ dente à luz das quatro direções dos ventos e as quatro estações do ano. Cinco é um número redondo e, como tal, não tem muita signifi­ cação simbólica. Assim, cinco meses (9.5, 10) significa um período de d u raç ã o in d efin id a . Seis sim b o liz a a luta de S atanás p e la completude, porém sempre fracassa em sua realização; daí o número da besta ser um seis triplo (Ap 13.18). Por toda a Escritura, mas espe­ cialmente no Apocalipse, sete significa com pletude.18 O número dez retrata a plenitude do sistema decimal; o número doze exemplifica a perfeição;19 e o número mil sugere uma multidão. Daí, a figura 12.000 estádios, descrevendo o comprimento, a largura e a altura da nova Jerusalém , se relaciona com a perfeição na form a de um cubo (21.16).20Um cubo tem doze quinas, isto é, quatro no alto e quatro no fundo com quatro nos lados. Uma quina mede 12 mil estádios, que vezes doze é igual a 144.000 mil estádios. A espessura ou altura dos

17. Para um estudo detalhado sobre a significação sim bólica dos números no Apocalipse, ver James L. R essegu ie, R evelation Unsealed: A N arrative C ristical A pproach to J o h n ’s

A p o ca lyp se, BIS 32 (Leiden: Brill, 1998), pp. 48-69; A dela Yarbro Collins, “Numerical

Sym bolism in Jew ish and Early A pocalyptic Literature”, ANRW , 11.21.2, pp. 1.221-87. 18. O conceito se te é proeminente no A ntigo Testamento: a palavra bom ocorre sete vezes em G ênesis 1; D eus criou uma semana de sete dias. Sete sacerdotes, tocando sete trombetas, andaram ao redor da cidade de Jerico no sétim o dia, sete vezes (Js 6.4). E D aniel fala de sete “setes” (9.25).

19. F ilo (On R ew ards a n d Punishm ents 65) afirma que o número doze, com o nas doze tribos de Israel, é “o número perfeito”.

20. C onsulte Sw eet, R evelation, p. 15. Homer, H ailey (R evela tio n : An Introduction

a n d C om m entary [Grand Rapides: Baker, 1979], pp. 46, 47 ) chama o número doze

“um a idéia r elig io sa espiritual” . G regory K. B e a le (The B o o k o f R e v e la tio n : A

Com m entary on the Greek Text, NIGTC [Grand Rapids: Eerdmans, 1998], p. 61) enfatiza

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muros é de 144.000 cúbitos, que é o quadrado de doze. Por fim, as doze tribos de Israel, consistindo cada uma de 12.000, perfaz o total de 144.000 (7.4-8), que é também o número dos redimidos que jazem em pé diante do Cordeiro (14.1, 3).21

João viu que o núm ero de tropas m ontadas destruídas por quatro anjos era de 200.000.000 (9.16). Esse núm ero sim boliza um exérci­ to incalculável de hom ens e cavalos designados como forças opos­ tas a Deus, seu Ungido e seu povo. Os anjos são liberados para destruírem essas forças, de modo que um terço da hum anidade é m orta. O uso que o autor faz da expressão “tempo, tem pos e m etade de um tem po” (12.14) concorda com 42 m eses e 1.260 dias (11.2, 3; 12.6; 13.5). A expressão “tem po, tem pos e m etade de um tem po” deriva de D aniel 7.25, a qual se refere ao período de três anos e meio. Os núm eros evidentem ente com unicam um a m ensagem sim ­ bólica, pois ninguém é capaz de designar com precisão a data do cumprimento.

5. Cores

Os tons de cores que João menciona no Apocalipse são branco,22 vermelho (6.4; 12.3), escarlate (17.3, 4; 18.12, 16), preto (6.5, 12), lívido e verde (6.8; 8.7), azul (9.17), amarelo (9.17) e púrpura (17.4; 18.12,16). Outra cor é o ouro; aparece neste livro numerosas vezes, ou como adjetivo, ou substantivo.

Para algumas das cores mencionadas na Escritura, o contexto pare­ ce fornecer um significado simbólico. Por exemplo, branco é a cor que denota santidade, pureza, vitória e justiça. Disse Deus ao povo de Isra­ el: “Ainda que os vossos pecados sejam como a escarlate, se tornarão brancos como a neve” (Is 1.18; ver SI 51.7); em sua transfiguração, as roupas de Jesus se tornaram brancas, de um brilho resplandecente (Mc 9.3); e o anjo do Senhor, no túmulo de Jesus, estava vestido com roupa

21. Comparar Henry Barclay Sw ete, C om m entary on R evelation: The G reek Text with

Introduction, N otes, a n d Indexes (1911); reimpresso em Grand Rapids: K regel, 1977),

p. cxxxv. Ele cataloga os números que ocorrem no A pocalipse: 2, 3, 3 e m eio, 4 , 5, 6, 7, 10, 12, 24, 42, 144, 666 (ou 616), 1.000, 1.260, 1.600, 7.000, 12.000, 144.000, 1 00.000.000 e 200.0 0 0 .0 0 0 .

22. A p ocalipse 1.14 (duas vezes); 2.17; 3.4, 5, 18; 4.4; 6.2, 11; 7.9, 13, 14; 14.14; 18.11, 14 (duas vezes); 20.11.

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branca (Mt 28.3). Semelhantemente, no Apocalipse as roupas dos san­ tos no céu são brancas (4.4; 6.11; 7.9, 13, 14; comparar 3.4, 5, 18). O cavaleiro que monta o cavalo branco é vitorioso e se faz acompanhar de anjos vestidos com vestes brancas e que montam cavalos brancos (6.2; 19.11,14). O Filho do Homem, sentado numa nuvem branca, com uma coroa de ouro em sua cabeça e um cetro em sua mão, surge como vitorioso vencedor que ceifa sua lavoura (14.14); e, finalmente, a cor do trono de Deus é branco, para expressar juízo e justiça (20.11).

O vermelho é a cor da guerra, como é evidente do sangue derrama­ do sobre a terra, quando o cavaleiro que monta o cavalo vermelho brande sua grande espada (6.4). O dragão vermelho se prepara para matar o menino ao nascer, e deflagra guerra contra o arcanjo Miguel e seus anjos (12.3, 7-9).

O preto retrata a fome, como ilustrada pelo preço de alimento tão inflacionado: “Um quilo de trigo por um denário, e três quilos de cevada por um denário, e não danifique o azeite e o vinho” (6.6). Significa tam­ bém trevas, quando o sol deixa de emitir sua luz (Is 13.10; Mt 24.29; Ap 6.12).

Das cores que João menciona no Apocalipse, o branco e o preto são notáveis. Enquanto a púrpura indica riqueza (18.16), o ouro denota a perfeição do céu (21.18, 21).23 Outras cores ocorrem esporadicamente neste livro, e seus contextos falham para esclarecer o seu uso.

6. Criaturas

Do mundo animal, João selecionou numerosos representantes para ilustrar determinados conceitos. Os animais quadrúpedes são um cava­ lo para ser montado (6.2-9), um cordeiro destinado a ser morto (5.6), um leão com boca devoradora (13.2), um urso apoiado em seus pode­ rosos pés (13.2), um boi em toda sua força (4.7) e um leopardo em toda sua rapidez (13.2). Os répteis são uma serpente representando Satanás (12.9, 15; 20.2), um escorpião exibindo seu ferrão (9.3, 5, 10) e rãs descrevendo maus espíritos (16.13). As aves são os abutres que se em- panturram sobre seus cadáveres (19.17, 18) e a águia com suas asas estendidas (8.13). Os insetos são representados pelos gafanhotos que

23. Entre outros, ver G ervais T. D. A n gel, NID N TT, 1.205; e Joyce G. B aldw in,

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retratam uma praga (9.3). Todas essas criaturas, a seu próprio modo, aumentam o simbolismo do Apocalipse.

7. Conclusão

Nenhum livro no Novo Testamento, como o Livro do Apocalipse, contém tanta ocorrência do conceito grande, Expresso pelo termo gre­ go megas, e traduzido diversamente por “alto”, “imenso” e “intenso” . O que João vê só pode ser descrito em termos de tamanho, volume, intensidade e importância: anjos com vozes volumosas, de modo que cada criatura é capaz de ouvi-las (por exemplo, 6.10); “enormes pedras de granizo, de cerca de trinta e cinco quilos cada uma” (16.21); intenso calor (16.9); grande autoridade (18.1); e Babilônia, a Grande (18.2).

Não obstante, nem todo detalhe é simbólico e carente de interpreta­ ção. Ao explicarmos o conteúdo do Apocalipse, devemos ter em mente a mensagem central de uma passagem e considerar os detalhes como pictóricos e descritivos. A mensagem é primária; os detalhes, secundá­ rios. A não ser que a mensagem demande uma interpretação das partes individuais, devemos evitar descobrir um significado mais profundo em cada componente.24 Nem toda informação no Apocalipse é simbóli­ ca. Se o escritor declara que a erva é verde (8.7), e que uma couraça é vermelha, azul e amarela (9.17), ele meramente descreve os objetos. Quando palavras como verde, azul e amarelo ocorrem apenas uma vez em dado contexto, não temos motivo para suspeitar que expressem uma linguagem simbólica. Outras passagens se relacionam à história, tais como o exílio do autor na ilha de Patmos (1.9); o Dia do Senhor (1.10); as cartas às sete igrejas (capítulos 2 e 3); e os versículos conclusivos do capítulo 22. Ocorre uma alusão à história no nascimento do menino que é arrebatado para o céu (12.5). João apresenta o resto do Apocalipse em visões introduzidas pela frase repetitiva: Eu vi.

A conclusão a que devemos chegar é que os números, imagens e expressões de grandeza devem ser interpretados como símbolos que apresentam a idéia de totalidade, plenitude e perfeição. Muito do sim­ bolismo de João se deriva das Escrituras veterotestamentárias e do con­ texto eclesiástico na época em que ele viveu. Notemos que a mente judaica do primeiro século recebia e apresentava informação por meio 24. H endriksen, More Than conquerors, p. 40.

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de quadros, ilustrações e símbolos. À guisa de contraste, a mente grega daquela época lidava com conceitos abstratos que analisava e explica­ va com clara exatidão verbal. Ainda que João gastasse tempo conside­ rável em um ambiente grego, e escrevesse seu livro no idioma grego, sua composição reflete uma mentalidade oriental que comunica revela­ ção com a corroboração de imagens pictóricas. A mente hebraica vê Deus como uma fortaleza, uma rocha, um escudo e um libertador (SI 18.2). E tais imagens devem ser vistas em sua totalidade, e não com respeito a cada detalhe individual. João escreve o Apocalipse a partir de uma perspectiva veterotestamentária.

C. E m b asam en to Bíblico

Em suma, os quatrocentos e quatro versículos do Apocalipse divul­ gam umas quinhentas alusões ao Antigo Testamento.25 Para ser preciso, há quatorze citações incompletas do Antigo Testamento (uma parelha ocorre em 7.17 e 21.4). Os versículos do Apocalipse aparecem abaixo, com a porção citada em itálico:

• 1.7 “Eis que ele vem com as nuvens, e todo olho o verá, até mesmo aqueles que o traspassaram', e todos os povos da terra se lamentarão por causa dele” (Dn 7.13; Zc 12.10).

• 2.27 “Ele as governará com cetro de ferro e as despedaçará como a um vaso de barro” (SI 2.9).

• 4.8 “Santo, santo, santo é o Senhor, o Deus Todo-Poderoso” (Is 6.3; Am 3.13 L X X ).

• 6.16 “Eles gritavam às montanhas e às rochas: “Caiam sobre nós e escondam-nos da face" (Os 10.8).

25. N es-A 127, U B S 4. Sw ete (R evelation , p. cxl) e Bruce M. M etzger (Breaking the

C ode: U n derstanding the B ook o f R evelation [Nashville: Abingdon, 1993, 1993], p.

13) nota que dos 4 0 4 versículos no A pocalipse, 278 versículos fazem alusão a uma passagem veterotestam entária. Ferrell Jenkins conta 3 4 8 cita ç õ es e a lu sõ es no A pocalipse. Ver seu O ld Testament in the Book o f R evelation (Grand Rapids: Baker, 1972), p. 24. Ver a tradução de Jan Fekkes em seu Isaiah a n d P rophetic T raditions in

the B ook o f R evelation , JSNTSup 93 (Sheffield: JSOT, 1994), p. 62. Steve M oyise ( The O ld Testam ent in the B ook o f R evelation, JSNTSup 115 [Sheffield: Sheffield

A cadem ic Press, 1995], p. 14) assevera que “o A pocalipse ... não contém uma única citação.” E Elisabeth Schüssler Fiorenza (The B ook o f R evelation: J ustice a n d ju d m en t [Filadélfia: Fortress, 1985], p. 135) declara que A pocalipse nunca cita o A n tigo Testa­ mento.

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• 7.16 “Nunca mais terão fom e, nunca mais terão sede. Não os afligirá o sol, nem qualquer calor abrasador” (Is 49.10). • 7.17 “E Deus enxugará de seus olhos toda lágrima” (Is 25.8). • 11.11 “Mas, depois dos três dias e meio, entrou neles um sopro

de vida da parte de Deus, e eles ficaram em p é ” (Ez 37.5, 10). • 14.5 “E em sua boca não se achou mentira” (Zc 3.13; Is 53.9). • 15.3a “Grandes e maravilhosas são tuas obras, ó Senhor Deus

Todo-Poderoso” (SI 111.2).

• 15.3b “Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei das na­ ções” (Dt 32.4; SI 145.17; Jr 10.7).

• 15.4 “Quem não te temerá, ó Senhor, e não glorificará o teu nome? Pois só tu és santo. Todas as nações virão e adorarão diante de ti” (Jr 10.7; SI 86.9).

• 19.15 “E ele os apascentará com uma vara de ferro” (SI 2.9). • 20.9 “Saiu fogo do céu e os devorou” (2Rs 1.10, 12).

• 21.4 “E Deus enxugará toda lágrima de seus olhos” (Is 25.8). • 21.7 “E eu serei seu Deus, e ele será meu filh o ” (2Sm 7.14). João faz alusão quase a cada livro do cânon veterotestam entário. A maioria das referências provém dos Salmos, de Ezequiel e de Daniel. Além disso, há os cinco livros de Moisés; os livros históricos de Josué, Juizes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester; a literatura de natureza sapiencial de Jó, Provérbios, Cantares; o profeta Jeremias; Lamentações; e todos os profetas menores, com a exceção de Ageu. Com excessão de Rute, Eclesiastes e Ageu, João faz alusão a cada livro do Antigo Testamento.

João faz alusão ao N ovo Testam ento em cada capítulo de seu livro. Para ilustrar, Jesus m enciona o diabo e seus anjos com o sen­ do am aldiçoados e consignados ao fogo eterno (Mt 25.41); João faz referência ao dragão ou diabo e seus anjos, com o sendo expulsos do céu e arrojados na terra (12.7-9; com parar Lc 10.18). O autor estava fam iliarizado com m uitos livros do N ovo Testam ento, prin­ cipalm ente os Evangelhos, Atos, m uitas das epístolas de Paulo, H ebreus e as epístolas de Tiago, Pedro, João e Judas. Ele estava igualm ente fam iliarizado com a literatura apócrifa: 2 M acabeus, Tobias, 2 B aruque, Siraque, Sabedoria de Salom ão e os Salm os de Salomão.

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Não esperamos que no exílio em Patmos João tivesse acesso a to­ dos os rolos da literatura bíblica e extra bíblica. Tampouco esperamos que João enrolasse e desenrolasse um rolo em particular a fim de achar passagens para a composição de seu Apocalipse. Em vez disso, inferi­ mos de suas alusões e citações incompletas no Apocalipse que ele con­ fiou em sua memória para os ensinos das Escrituras. Do princípio ao fim, toda a estrutura do Apocalipse está entremeada com pensamentos e expressões extraídos dos escritos da Palavra de Deus. Nele vemos a obra artística de Deus, o autor primário da Bíblia. João se serve como o autor secundário plenificado com o Espírito Santo para abrir o último volume do cânon.

O último livro do Novo Testamento é também conhecido como um volume doxológico, pois ele cataloga numerosos hinos e cânticos basea­ dos nas Escrituras. São os hinos entoados pelas quatro criaturas viven­ tes (4.8); os vinte e quatro anciãos (4.10,11); as criaturas e os anciãos (5.9, 10); os anjos (5.12); todos os seres vivos (5.13); a grande multi­ dão (7.10); os anjos, os anciãos e as criaturas (7.12); os santos com roupas brancas (7.15-17); o sétimo anjo (11.15); os vinte e quatro anciãos (11.16-18); os santos vitoriosos (15.2-4); o terceiro anjo e uma voz vinda do altar (16.5-7); um anjo com grande autoridade (18.1-3); outra voz celestial (18.4-8); uma vasta multidão de anjos e santos (19.1-3); os vinte e quatro anciãos e uma voz vinda do trono (19.4, 5); e uma grande multidão (19.6-8).

Concluímos que Apocalipse é realmente o clímax de todo o cânon da Escritura. Como tal, o livro deve ser visto à luz do restante da Bíblia. O Apocalipse desvenda os ensinos da Palavra de Deus, focalizando a aten­ ção na vinda do Messias. A primeira vinda do Cristo está simbolizada no nascimento do menino que foi arrebatado ao céu (12.5,13). Mas o cum­ primento da segunda vinda de Jesus em parte alguma é indicada. O livro cataloga a promessa de seu regresso e na fervente súplica do Espírito e da noiva (a Igreja) para que ele venha logo (22.7, 12, 17,20).

D. A utoria 1. Evidência Externa

Em parte alguma do Evangelho de João há alguma referência a João, filho de Zebedeu, o fiel discípulo e apóstolo de Jesus. De igual modo, as três epístolas atribuídas a João omitem o nome do discípulo

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amado, ainda que em duas delas o escritor se refere a si como “o an­ cião” (2Jo 1 e 3Jo 1). Poderíamos dizer que o autor exclui seu nome pessoal movido por modéstia, e se refira a si apenas como “o ancião” em virtude de sua idade avançada. Mas, no Apocalipse, o autor não se arreceia de usar seu nome pessoal, pois ele se identifica quatro vezes como João (1.1, 4, 9; 22.8). Poderia uma e a mesma pessoa compor um a literatura de três gêneros diferentes: Evangelho, E pístola e Apocalipse? O vocabulário selecionado, a linguagem e a dicção do Evangelho e da Epístola são plenam ente semelhantes, mas as do Apocalipse são completamente dessemelhantes dos demais escritos.

Quem é o autor do Apocalipse? O Novo Testamento cataloga pelo menos cinco pessoas com o nome João: João Batista, João, filho de Zedebeu, João, pai de Simão Pedro (Jo 21.15-17), João Marcos (At 12.12) e João, pertencente à família do sumo sacerdote (At 4.6). O nome era comum no judaísmo, e em hebraico era Yohanan e em grego, Ioannes ou Ioanes. Poderia haver duas pessoas diferentes com o mesmo nome res­ ponsáveis pela composição da literatura joanina? Os pais da Igreja pri­ mitiva atribuíram o Livro do Apocalipse a João o apóstolo. Assim, Justino Mártir, na primeira parte do segundo século (cerca de 135) escreveu: “Houve certo homem entre nós cujo nome era João, um dos apóstolos de Cristo, que profetizou, por meio de revelação que lhe foi feita.”26 O autor do Fragmento Muratoriano, datado de aproximadamente 175, atribuiu Apocalipse a João, a quem considerava ser o apóstolo. Cerca de 180, Irineu comentou que sabia de pessoas que tinham visto o autor do Apocalipse. Presume-se que as pessoas em quem ele pensava fossem Papias e Policarpo, discípulos do apóstolo João.27 Também faz menção de João como tendo escrito durante o reinado do imperador Domiciano (81-96). E Melito, bispo de Sardes e contemporâneo de Irineu, compôs um comentário não muito extenso sobre o Apocalipse de João. Escritores

26. Justino Mártir, D iá lo g o com Trifo 81, em The A nte-N icene F athers, org. Alexander Roberts e James D onaldson, vol. 1, The A p o sto lic Fathers, Justin Martyr, a n d lrenaeus (reimpressão, Grand Rapids: Eerdimans, sem data), p. 240. N ote que o lapso de tempo entre a morte de João (presum ivelm ente em 98 d.C.) e o com entário de Justino Mártir é de pelo m enos quarenta anos, quando testemunhas oculares ainda podiam testificar da veracidade de sua afirmação. Irineu (Eusébio, Eccl. H ist. 3 .39.5-6) escreve que o apóstolo João viveu “até os tempos de Trajano”, o qual foi imperador de 98 a 117. 27. Ver Irineu C ontra H eresias 3.11.3; 4.20.11; 4.35.2; 5.30.1; e Eusébio, H istória

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das primeiras poucas décadas do terceiro século (Clemente de Alexandria, Tertuliano, Orígenes, Hipólito e Cipriota) deram a João o crédito da au­ toria do Apocalipse. Em suma, a autoria joanina é forte desde os primei­ ros escritores do segundo século até a metade do terceiro. Naquela épo­ ca, são insignificantes os ataques desferidos contra a integridade do Apocalipse, da parte de Alogi da Ásia Menor e dos seguidores de Gaio, em Roma.28

No terceiro século, D ionísio de Alexandria, que exerceu sua atividade desde 231 a 264, questionou a autoria solidamente estabele­ cida de João, o apóstolo. Ele viajou para Efeso, onde ouviu acerca de dois túmulos que eram reivindicados como a sepultura de João. Ele concluiu que um deles pertencia ao presbítero João e o outro ao apósto­ lo do mesmo nome. Estudou o vocabulário escolhido, a dicção, o estilo e a linguagem do Apocalipse, comparou-o com o Evangelho e as Epís­ tolas de João, e chegou à conclusão de que o autor deste livro não foi o apóstolo, e, sim, João o Ancião. Ele agiu assim com base numa afirma­ ção feita por Papias mais de um século antes29 e mais tarde citado por Eusébio (Hist. Ecles. 3.39.4) em 325:

E se por acaso chegava alguém que também havia seguido os presbíteros, eu procurava discernir as palavras dos presbíteros: o que disse André, ou Pedro, ou Filipe, ou Tomé, ou Tiago, ou João, ou Mateus, ou qualquer outro dos discípulos do Senhor, porque eu pensava que não aproveitaria tanto o que tirasse dos livros como o que provém de uma voz viva e durável.30 O grego indica nitidamente que Papias usa o pretérito (disse) para descrever os apóstolos que tinham passado e o tempo presente

(esta-28. Consultar Sw ete, R evelation, p. cxiv. N ed B. Stonehouse (The A p o c a lyp se in the

A ncien t Church [G oes, Netherlands: Oosterbaan e L e Cointre, 1929], p. 71), depois de

examinar a oposição do A logi e do partido de Gaio, conclui que não há provas de alguma evid ên cia de o posição ao A pocalipse na Á sia M enor durante o segundo século. 29. Papias com pôs um a série de cin co volum es, Interpretation o f the S ayings o f the

Lord, nos anos 95 a 110 d.C. A s obras não são muito extensas, mas os fragmentos são

preservados na H istó ria E clesiástica de Eusébio. Robert W. Yarbrough, “The Date o f Papias: A R eassessm ent”, JETS 26 (1983): 181-91; Robert H. Gundry, M atthew (Grand Rapids: Eerdmans, 1982), pp. 610-11; John Wenham, R edating M atthew, M ark, an d

Luke (Londres: H o d d ere Stoughton, 1991), p. 122.

30. Eusébio: H istó ria E clesiástica, tradução de W olfgang Fischer (São Paulo: N o v o Século, 1999, p. 111.

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vam [lit. estão] dizendo) para aqueles que ainda estavam vivos. Com a repetição da frase o presbítero João, Papias quer comunicar que ele está pensando na mesma pessoa, isto é, em João, discípulo e apóstolo do Senhor, que era o único dos doze apóstolos que ainda vivia.

Há mais. Na Igreja primitiva, um ponto de vista quiliástico particu­ lar enfrentou oposição: alguns escritores, inclusive Papias, Justino Mártir e Irineu, defendiam o ponto de vista de um reino milenial [mil anos] do Senhor sobre esta terra. Mas os líderes alexandrinos, Dionísio e Eusébio, rejeitaram tal doutrina.31 Repudiaram o ponto de vista quiliástico, e Eusébio, particularmente, asperge o caráter de Papias. O que isso tem a ver com a autoria do Apocalipse? Empresta apoio à pressuposição de que o autor do Apocalipse não foi o apóstolo, mas o presbítero João. Para o crédito de Dionísio, notamos que ele considerava esse presbítero como “santo e inspirado”.32 Seu argumento, porém, é enfraquecido por sua própria declaração de que havia outras pessoas na província da Ásia que se chamavam João. Ele alega: “Portanto, não contradirei que ele se chamava João e que este livro é de João. Porque inclusive estou de acordo de que é obra de um homem santo e inspirado por Deus. Mas eu não poderia concordar facilmente em que este fosse o apóstolo, o filho de Zebedeu e irmão de Tiago...”33 Mas os escritores nos primeiros séculos da Era Cristã nada sabiam de alguém chamado João o apóstolo, exceto o filho de Zebedeu. Além disso, o argumento de Dionísio é en­ fraquecido ainda mais em virtude de ter recebido a informação das duas sepulturas a partir de boatos.

Os pais da Igreja primitiva são incapazes de confirmar que existis­ se uma pessoa chamada João, o Presbítero. Aliás, Dionísio expressa uma mera suposição: “Simplesmente creio que houve outro [João] en­ tre aqueles que eram da Ásia.”34À guisa de contraste, cremos que a única pessoa chamada João, que podia falar às igrejas com a autoridade revelada no Apocalipse é João, o apóstolo de Jesus Cristo. Já quase no

31. E u séb io , H is tó r ia E c le siá stic a 3 .3 9 .1 2 -1 3 ; 7 .2 4 .1 . Ver Gerhard M aier, D ie

Offenbarung und d ie K irche, W U N T 25 (Tübingen: Mohr, 1981), p. 107; Stonehouse,

A p o ca ly p se in the A n cien t Church, p. 133; Comparar C harles E. H ill, Regnum

C aelorum : P a ttern s o f Future H ope in E arly C hristian ity (Oxford: Clarendon, 1992).

32. Consultar Eusébio, H istó ria E clesiástica 7.25.7. 33. Ibidem, 7.25 .1 4 .

Referências

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