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Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mos­ trar a seus servos o que em breve deve acontecer E ele o fez

E x p o sito r’s B ible C om m entary, org Frank E Gaebelein (Grand Rapids: Zondervan,

1. Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mos­ trar a seus servos o que em breve deve acontecer E ele o fez

conhecer, enviando seu anjo a seu servo João, 2. que testificou

das coisas que ele viu, isto é, a palavra de Deus e o testemunho

de Jesus Cristo.

a. “Revelação de Jesus Cristo.” O termo A p o c a lip se se deriva da palavra grega a p o k a ly p sis, que significa algo que se descobre ou se revela. Tecnicamente, como um título, o termo se relaciona a apenas um livro em todo o cânon das Escrituras, isto é, Apocalipse; mas os leitores iniciais não estavam fam iliarizados com a palavra grega

a p o k a ly p s is, a qual ocorre oito vezes no Novo Testamento, treze delas nas epístolas de Paulo.2 De tempo em tempo, Deus revelava mensa­

1. Apocalipse 1.3; 14.13; 16.15; 19.9; 20.6; 22.7, 14.

2. Lucas 2.32; Romanos 2.5; 8.19; 16.25; 1 Coríntios 1.7; 14.6, 26; 2 Coríntios 12.1, 7; Gálatas 1.12; 2.2; Efésios 1.17; 3.3; 2 Tessalonicenses 1.7; 1 Pedro 1.7, 13; 4.13; Apocalipse 1.1.

gens a seu povo, mas no Apocalipse ele apresenta um extensa desco­ berta de sua revelação bíblica a Jesus. Daí um título mais extenso para este livro é “A Revelação de Deus a Jesus Cristo”.

Quando Jesus Cristo compartilha a revelação que recebera, na­ quele momento ela se converte em sua própria revelação. Aliás, o título deste livro também pode significar que Jesus Cristo apresenta revelação sobre ele mesmo. Esse é o caso na segunda m etade do capítulo e em outros lugares, onde ele se revela a João e aos leitores das cartas (1.12, 13; 2.1, 8, 12, 18; 3.1, 7, 14). Jesus é tanto “o objeto quanto o conteúdo da revelação”, que em última análise lhe pertence.3 Ele não é um anjo que a transferiu para João, mas é o revelador de si mesmo e sobre si mesmo. Em suma, a revelação de Jesus é tanto subjetiva quanto objetiva.

O duplo título Jesus Cristo lhe é dado como nome e uma descrição de seu ofício medianeiro. Nos versículos e capítulos seguintes, o nome isolado ocorre ou como Jesus (por exemplo, 1.9) ou Cristo (por exem­ plo, 11.15).4 O duplo título fala ao leitor não só quem Jesus é, mas tam­ bém o que ele fez e continua fazendo como Senhor e Salvador. Essa combinação aparece na abertura do livro para identificá-lo plenamente (ver também 1.2, 5). Ele é o Filho de Deus que apareceu em forma humana para tomar sobre si a obrigação de redimir e restaurar o povo da aliança de Deus.

b. “Que Deus lhe deu para mostrar a seus servos o que em breve deve acontecer.” Note que Jesus Cristo é subordinado a Deus, que ao dar a Jesus a revelação, implicitamente o designa para uma atribuição. O verbo d a r não é meramente uma entrega de um dom, mas, antes, transmite a tarefa de fazer a revelação de Deus conhecida a seu povo (Jo 12.49; 14.27; 17.8). Jesus Cristo recebe a tarefa de mostrá-la na forma de uma demonstração pictórica. O livro propriamente dito é um 3. George Eldon Ladd, C o m m e n ta ry o n th e R e v e la tio n o fJ o h n (Grand Rapids: Eerdmans,

1972), p. 21; Leon Morris, R e v e la tio n, rev. ed. TNTC (Leicester: InterVarsity; Grand Rapids: Eerdmans, 1987), p. 46; S. Greijdanus, D e O p e n b a r in g d e s H e e r e n a a n J o h a n n es,

KNT (Amsterdã: Van Bottenburg, 1925), p. 5.

4. Eugene H. Peterson ( R e v e r s e d T h u n d er : T he R e v e la tio n o f J o h n a n d th e P r a y in g I m a g in a tio n [São Francisco: Harper & Row, 1988], p. 28) incisivamente escreve: “O Apocalipse nos dá a última palavra sobre Cristo, e a palavra é que Cristo é o centro e está no centro. Sem esse centro controlador, a Bíblia é uma mera enciclopédia de religião com não mais enredo do que um telefone de diretoria.”

eloqüente testemunho de que essa exibição é dada por meio de sinais, símbolos, nomes, números, cores e criaturas. No início deste livro, suas características pictóricas já se tornam visíveis no verbo mostrar. Ele sugere ao leitor como o livro deve ser lido e entendido.

A palavra servos denota não escravos, mas o povo de Deus que obedientemente faz sua vontade (ver 2.20; 7.3; 19.2,5; 22.3,6). Aqui a palavra contém uma mensagem singular, enquanto em dois outros luga­ res ela tem uma mensagem dual: “seus servos, os profetas” (10.7; 11.18), que é uma denominação veterotestamentária comum (por exemplo, Jr 7 .25;E z38.17;D n9.10; Am 3.7). A mensagem singular declara que os servos de Deus escapam da tentação, exibem seu selo em suas frontes e entoam seus louvores.

Os servos de Deus devem ser informados acerca das coisas que em breve devem acontecer. Qual é o significado da palavra em bre­ ve? Para os destinatários das sete cartas, significava que a persegui­ ção logo seria uma realidade. Mas este é apenas um aspecto das coisas que acontecerão. Ao longo dos séculos, os servos de Deus têm experim entado que as coisas que Jesus lhes fez conhecidas re­ alm ente ocorreram . Portanto, a Igreja, hoje, ansiosam ente espera pelo regresso prom etido de Jesus. A repetição das palavras “o que em breve deve acontecer” é significativa, porque são parte do último capítulo do A pocalipse (22.6) que caracteriza a prom essa de e a petição pelo regresso do Senhor (com parar tam bém 4.1 e Dn 2.28, 29). Para citar uma palavra revitalizante de Pedro: “O Senhor não é vagaroso em m anter sua promessa, como alguns a julgam dem ora­ da” (2Pe 3.9).

c. “E ele a fez conhecida, enviando seu anjo a seu servo João.” É significativo que o verbo fa ze r conhecida / significar no idioma grego está relacionado com o substantivo sinal. Aqui, pois, é uma prefiguração do método no qual se transmite a revelação. O transmissor da mensa­ gem é um anjo, o qual difere de Jesus Cristo, o revelador. Um anjo é um mensageiro, nunca um revelador (ver IPe 1.12). E esse anjo transmite a mensagem a João, o autor do Apocalipse (22.6, 16). Aqui está a primeira autodesignação de João (1.1, 4, 9; 22.8), a qual ele apresenta na terceira pessoa como “seu servo”.

d. “Que testificou das coisas que viu, isto é, a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo.” Esperaríamos João apresentar o tempo

presente do verbo testificar, como fez nas palavras conclusivas de seu Evangelho: “Este é o discípulo que testifica dessas coisas, e que as escreveu” (Jo 21.24). No caso do Apocalipse, porém , João está recorrendo à técnica de se visualizar da perspectiva de seus leitores. Devem com preender que, ao escrever no pretérito, “testificou”, João se situou no tem po quando recebeu o Apocalipse. Este é o assim cham ado aoristo epistolar.5 Alguns estudiosos são de opinião que João e screv eu no p re té rito p o rque ele prim eiro escre v e u seu Apocalipse e depois acrescentou o prólogo.6 Mas isso é improvável, visto que João escreveu não em tiras individuais de papiro, mas em um rolo, o que impossibilita acrescentar um prólogo. O autor prim ei­ ro teve que ver as coisas que lhe eram reveladas antes de poder registrá-las em um livro.

“A palavra de Deus” não significa a pessoa de Jesus Cristo (19.13; Jo 1.1), mas se refere à revelação de Deus. O Apocalipse não tem sua origem em João, que é seu mero escritor, mas em Deus, que revela sua palavra aos leitores através de João (1.9). E “o testemunho de Jesus Cristo” é a completação desta sentença, a qual, na forma ligeiramente alterada, aparece reiteradamente em todo o livro (1.9; 6.9; 12.17; 20.4). A pergunta é se o genitivo na frase testemunho de Jesus Cristo é subjetivo ou objetivo. Subjetivamente, o testemunho pertence a Jesus, que é o mensageiro da palavra de Deus (ver Jo 3.31 -34). Objetivamente, a frase aponta para os servos fiéis de Deus, inclusive João, que procla­ mam a palavra e pregam acerca de Jesus. Neste texto particular, con­ tudo, a escolha é o genitivo subjetivo, visto que o contexto o demanda. A prim eira frase, palavra de Deus, cham a a atenção para ele, e semelhantemente a segunda o requer. Ainda quando essas frases per­ tençam ao Apocalipse, elas incorporam a plenitude de seu conteúdo, isto é, as numerosas alusões ao Antigo Testamento juntamente com a vida terrena e o ministério de Jesus.

5. Ver Morris, R evelation, p. 47; Henry Barclay Sw ete, C om m entary on R evelation (1911; reimpresso em Grand Rapids; Kregel, 1977), p. 3; Greijdanus, O penbaring, p. 8; Robert L. Thom as, R evelation 1 -7 : An E xegetical C om m entary (Chicago: M oody,

1992), p. 62.

6. Atribuído a IsbonT. Beckwith, The A p o ca lyp se o f John (1919; reimpresso em Grand Rapids: Baker, 1979), pp. 422-23; comparar Robert H. M ounce, The B ook o f R evelation, ed. rev. N IC N T (Grand Rapids: Eerdmans, 1998), p. 43.

3. Bem-aventurado é aquele que lê em voz alta e aqueles