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As medidas dos alunos foram feitas em salas disponibilizadas para coleta em cada es- cola. Na escola de P1 – Escola I – toda coleta ocorreu em uma sala de aula com mesas e ca- deiras, que no período inverso era utilizada para aulas de reforço. Na escola de P2 - Escola II, a coleta de dados ocorreu em diversos locais devido a reformas em andamento nas dependên-

cias da escola como no pátio da escola, nas mesas utilizadas para o lanche, na sala reservada para informática, na biblioteca/videoteca e em duas salas de aula, uma ao fundo e outra pró- xima ao portão da escola.

O roteiro de entrevistas preenchido pelos professores assim como os procedimentos de intervenção foram realizadas em uma sala com mesas e cadeiras cedidas para esse fim, no ambiente escolar.

O preenchimento dos questionários e os procedimentos de intervenção com P1 e P2 foram realizados em uma sala com mesas e cadeiras, no ambiente escolar. No caso de P1 três reuniões foram conduzidas em sala de aula.

2.3.4. PROCEDIMENTOS

Inicialmente foi estabelecido um contato com as Escolas Municipais de Ensino Fun- damental (EMEF) com o intuito de verificar o interesse dos professores (um professor de cada escola) em participar do projeto.

Concomitantemente, o projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética da presente uni- versidade e foi aprovado (Anexo 1). Em seguida, foi enviado à Secretaria Municipal da Edu- cação.

A seleção das escolas se deu da seguinte maneira: listou-se todas as escolas municipais existentes na cidade. As escolas foram contatadas por telefone e foi explicada brevemente a proposta de trabalho e questionado o interesse da coordenação e/ou direção em relação à pro- posta. Diante do aceite, foram marcadas reuniões em duas as escolas que demonstraram inte- resse em participar da pesquisa e que podiam iniciar o trabalho imediatamente.

Após a aprovação do projeto pela Secretaria Municipal de Educação, foi realizada uma reunião com todos os professores para o esclarecimento do trabalho, verificação de interesse dos mesmos e a apresentação de termo de consentimento esclarecido. O aceite do trabalho era feito mediante interesse do professor. Dois professores, um de cada escola, demonstraram in- teresse e, a partir daí, foram considerados participantes da pesquisa, indicando em seguida, os alunos que apresentavam dificuldades em leitura e escrita.

2.3.4.1. Procedimento de coleta com os Alunos

Após a assinatura e entrega do termo de consentimento pelos responsáveis legais, os alunos selecionados de ambas as professoras participantes dessa pesquisa (P1 e P2), àqueles que a professora referiu ter dificuldades na alfabetização, foram expostos à avaliação de leitu-

ra e escrita através de pastas catálogo descritas em “Equipamentos e Instruções”. Conforme previsto no delineamento da pesquisa, após a intervenção com P1, os alunos dos dois profes- sores (P1 e P2) foram expostos novamente à avaliação do repertório de ler e escrever, e ao fim da intervenção com P2 os seus alunos foram expostos novamente à mesma avaliação.

Antes de iniciar o trabalho, as professoras explicaram brevemente para as crianças que a partir daquele dia elas seriam convidadas a fazer uma atividade fora da sala e que assim que fossem chamados deveriam acompanhar a pesquisadora. As aplicações eram feitas durante o período de aula, sendo assim, a pesquisadora e uma auxiliar de pesquisa iam até a sala de aula e chamavam os participantes de acordo com a ordem alfabética. Caso a criança estivesse au- sente, era chamada a próxima.

Cada criança era acompanhada até o espaço reservado a aplicação das pastas, e, em seguida era convidada a sentar. Todo material era separado antes da sua chegada e a criança recebia as instruções idênticas ao estudo de Fonseca (1997). Cada aplicação durava em média 25 minutos. As pastas de avaliação de repertório de leitura e escrita eram aplicadas uma por dia, uma vez que cada pasta continha seis relações e a aplicação prolongada poderia ser e- xaustiva para os participantes, tornando as tarefas aversivas. As únicas exceções foram nas relações de palavra com letra de imprensa-escrita (CF) e palavra cursiva-escrita (CcF) que foram aplicados de três em três alunos tanto de P1 quanto de P2 na avaliação pós intervenção. Para a avaliação dessas relações, os participantes recebiam folhas de papel com as palavras escritas e espaço a baixo para copiá-las (Apêndice E).

Durante a exposição dos participantes às tarefas de avaliação, nenhuma conseqüência para acerto ou erro estava programada.

As tarefas apresentadas nas pastas foram aplicadas pela pesquisadora e por duas auxi- liares de pesquisa previamente treinadas no manejo de todo material.

2.3.4.2. Procedimento de coleta com as Professoras

Inicialmente, foi aplicado, com ambas as professora (P1 e P2), o roteiro de entrevista (Apêndice D). As entrevistas foram registradas em áudio. Esses dados serviram como base para verificar características de desempenhos no planejamento e na condução das atividades de sala de aula pelas professoras e identificar o repertório de entrada das professoras em rela- ção ao conteúdo da intervenção, de modo a estabelecer os objetivos assim como os temas da intervenção.

2.3.4.3. Procedimento para implementação do programa de con- sultoria colaborativa

As professoras (P1 e P2) participaram de um programa de consultoria colaborativa cu- jos passos são descritos a seguir e que tinha por finalidade auxiliar o professor na análise de desempenhos de ler e de escrever dos alunos de sua sala e no planejamento de atividades de ensino que favoreceriam a aprendizagem desses comportamentos, tendo como referência o modelo das relações de equivalência e a rede de relações ilustrada no diagrama da Figura 1.

Para que P1 e P2 pudessem ter uma previsão sobre como funcionaria o programa, foi explicado que este ocorreria na escola, uma vez por semana, no horário de aula ou em horá- rios que a professora disponibilizasse e que ele seria composto por dez reuniões, sendo cinco de discussões teóricas e cinco de auxílio no planejamento. Foi explicado também que depen- dendo das necessidades da professora, o programa seria modificado.

A intervenção ocorreu semanalmente, de setembro a dezembro, em reuniões de 40 a 65 minutos de duração, aproximadamente. O tempo das reuniões foi determinado: pelos obje- tivos previstos para reunião e material organizado pela pesquisadora; pelo desempenho do professor – descrever com mais ou menos rapidez objetivos; por contingências concorrentes a reunião, que poderiam diminuir o tempo da reunião, como solicitações de tarefas administra- tivas oriundas da direção da escola, etc. As reuniões com P1 ocorreram durante o horário de aula, após o intervalo. Enquanto a professora participava do programa de consultoria colabo- rativa, uma auxiliar permanecia na sala aplicando tarefas organizadas previamente pela pro- fessora. As reuniões com P2 ocorreram 60 a 40 minutos antes do início do horário de aula.

O tempo do programa de consultoria colaborativa variou entre os dois participantes, sendo 10 semanas para P1 e seis semanas para P2. Este tempo de intervenção foi escolhido para que no decorrer de um semestre letivo, ambos os professores passassem pelo programa, sobretudo por compromissos assumidos com a escola que esperava pela intervenção. Inicial- mente estava previsto a realização de 10 reuniões tanto para P1 quanto para P2. No entanto, devido a feriados e particularidades do calendário da escola de o tempo de intervenção se a- longou por mais uma semana. Além disso, o ano letivo da escola de P2 terminou antes do previsto pelo calendário escolar, resultando em um procedimento menor.

O procedimento de cada reunião do programa de consultoria colaborativa consistiu em:

a) apresentar o tema com textos de apoio confeccionados para o programa; b) relacionar os conceitos apresentados nos textos com o cotidiano escolar;

c) descrever e realizar tarefas práticas cujo procedimento foi a apresentação do modelo pelo pesquisador, realização pelo professor com auxílio do pesquisador e realização pelo pro- fessor sem auxílio do pesquisador (fading out do suporte oferecido ao professor);

d) tarefas de casa, isto é, que podiam ser realizadas ou na casa do participante ou na sala de aula que trabalhava, com verificação na reunião seguinte.

No caso de P1, uma característica do programa de consultoria colaborativa foi que, du- rante as reuniões teóricas, nenhum novo desempenho foi inserido sem que fosse garantida precisão pelo professor no desempenho alvo da intervenção. Além disso, houve mudanças nos procedimentos de P1 para P2. Se para P1 era necessário 100% de sucesso nas tarefas teóricas, para P2 esse critério foi modificado em função do tempo disponível para as sessões de inter- venção. O objetivo da mudança foi enfatizar mais a rede de relações. Além disso, P2 contou com a descrição das relações por meio do triângulo proposto por Stromer, Mackay e Stoddard (1992), ao invés das 24 relações apresentada para P1.

Em função do repertório de cada professor e condições de coleta, mudanças foram fei- tas nos procedimentos, a fim de se adaptar as necessidades de cada participante e de cada condição disponibilizada pela escola. Como foram derivadas das interações durante a inter- venção, as modificações serão descritas na seção resultados.

O tema e o andamento de cada uma das reuniões e as atividades observadas em sala foram anotados em um caderno para registro e cada reunião foi gravada em áudio e posteri- ormente transcrita (com exceção da reunião 5 de P1, por problemas no equipamento).

A Tabela 4 apresenta uma descrição das reuniões de intervenção do programa de con- sultoria colaborativa incluindo delimitação dos temas, dos objetivos estabelecidos, dos mate- riais confeccionados especificamente para este trabalho e das tarefas de casa solicitadas do professor sendo que, estas últimas funcionavam como medida de desempenho do professor na referida sessão.

Tabela 4: Descrição sumariada das sessões de intervenção do programa de consultoria colaborativa adotado com os professores no Estudo I.

Reunião Tema Objetivo Material Tarefa de Casa

01ª Processos Ensinar e Aprender Descrever a relação entre ensinar e aprender - ensino como procedimento e aprendizagem enquanto processo resultante.

Texto de Apoio Apêndice E

Escrever em tópicos: O que é aprendizagem; De que formas a aprendizagem acontece. Qual o papel do professor. Relacionar aprendizagem e ensino.

02ª Comportamentais Objetivos Descrever comportamentos objetivos envolvidos na programação adotada em sala de aula.

Texto de Apoio Apêndice F

Enumerar os três critérios para que um objetivo seja considerado comportamental;

Transformar os três últimos objetivos das aulas, em objetivos comportamentais, observando os três critérios.

03ª Ler e Escrever – Descrevendo Relações

Descrever as relações envolvidas no ler e escrever.

Texto de Apoio – Apêndice G

Nomear as quatro modalidades da linguagem e exemplificá-las.

Listar pelo menos sete relações envolvidas na leitura e na escrita apresentadas no diagrama e ilustrar e listar as duas relações ausentes no diagrama proposto.

04ª Ler e Escrever – Descrevendo Desempenhos

Descrever as relações envolvidas no ler e escrever.

Tarefas impressas Apêndice H

Organizar as 24 relações que envolvem o ler e o escrever baseado no nível de dificuldade – repertório prévio necessário e número de relações necessárias. Destacar as tarefas com mais dificuldade para o ensino. 05ª Descrição do Repertório Identificar necessidades de aprendizagem no repertório alunos. Apêndice I Listar os déficits, os desempenhos que precisam ser melhorados e os que já existem, nos quinze alunos da sala de aula. 06ª Descrição de Tarefas Descrever atividades realizadas em sala e as relações condicionais que descrevem. Apêndice Sem Listar em um diagrama, as relações existentes nas tarefas que a professora realiza. 07ª

Descrição e Planejamento de Tarefas baseados na

rede de relações

Descrever atividades realizadas em sala e as relações condicionais que descrevem.

Planejar atividades a serem realizadas em sala e descrever as relações condicionais envolvidas.

Sem Apêndice

Listar em um diagrama, as relações existentes nas tarefas que a professora realiza.

Organizar a tarefa baseado na rede de relações. Realizar a tarefa programada em sala.

08ª

Descrição e Planejamento de Tarefas baseados na

rede de relações

Descrever atividades realizadas em sala e as relações condicionais que descrevem.

Planejar atividades a serem realizadas em sala e descrever as relações condicionais envolvidas.

Sem

Apêndice Organizar a tarefa baseado na rede de relações. Realizar a tarefa programada em sala.

09ª

Descrição e Planeja- mento de Tarefas baseados na rede de relações

Descrever atividades realizadas em sala e suas relações condicionais. Planejar atividades a serem realizadas em sala e descrever as relações condicionais envolvidas.

Sem Apêndice

Organizar a tarefa baseado na rede de relações. Realizar a tarefa programada em sala. 10ª Descrição e Planeja- mento de Tarefas baseados na rede de relações

Descrever atividades realizadas em sala e suas relações condicionais. Planejar atividades a serem realizadas em sala e descrever as relações condicionais envolvidas.

Sem

2.4. Resultados

Os objetivos específicos desse estudo foram a) avaliar os desempenhos nas relações que descrevem o ler e o escrever em alunos com indicativos de déficits nos repertórios refe- rentes a essa aprendizagem; b) caracterizar a descrição do professor sobre o que é ler e escre- ver bem como estratégias utilizadas para o ensino desses desempenhos; c) conduzir com o professor um programa de consultoria colaborativa da rede de relações que descreve o ler e o escrever a partir de um programa de consultoria colaborativa; d) avaliar os desempenhos dos alunos, nas relações que envolvem o ler e o escrever após a intervenção com o professor e possíveis extensões dos efeitos do programa adotado com o professor no repertório dos alu- nos.

Os resultados do Estudo I serão organizados na seqüência apresentada nos objetivos descritos acima, seguindo a ordem cronológica na qual o trabalho foi realizado. Deste modo será apresentado: a) Desempenho dos alunos de P1 e P2 no pré-teste; b) Desempenho de P1 no questionário para avaliação do repertório do professor; c) Desempenho de P1 durante o programa de consultoria colaborativa; d) Desempenho dos alunos de P1 no pré-teste e no pós- teste e desempenho dos alunos de P2 no pré-teste 1 e 2; e) Análise de desempenho de dois alunos de P1; f) Desempenho de P2 no questionário para avaliação do repertório do professor; g) Desempenho de P2 durante o programa de consultoria colaborativa; h) Desempenho dos alunos de P2 no pós-teste; i) Análise Estatística e Análise do desempenho dos alunos no pré e pós intervenção.