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P ROCEDIMENTO PARA IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA DE CONSULTORIA COLA BORATIVA

A professora (P3) participou de um programa de consultoria colaborativa cujos passos são descritos a seguir e que tinha por finalidade auxiliar o professor na análise de desempe- nhos de ler e de escrever dos alunos de sua sala e no planejamento de atividades de ensino que favoreceriam a aprendizagem desses comportamentos, tendo como referência o modelo das relações de equivalência e a rede de relações ilustrada no diagrama da Figura 1.

Para que a P3 pudesse conhecer como funcionaria o programa, foi explicado que este ocorreria uma vez por semana, no horário de aula, sempre na escola e que ele seria composto por aproximadamente 12 reuniões cujos objetivos seriam descrever repertórios envolvidos no ler e no escrever e planejar condições de ensino dessas aprendizagens organizando e propondo rotas alternativas de atividades que já dispunha. Foi explicado também que dependendo das necessidades da professora, o programa seria modificado.

A intervenção ocorreu semanalmente, de maio a setembro e as reuniões com P3 ocor- reram no horário de aula após o intervalo, uma vez por semana. As reuniões em geral ocorri- am durante as aulas de Educação Artística ou Educação Física e tinham a duração de 60 até 80 minutos. O tempo das reuniões foi determinado: pelos objetivos previstos para reunião e material organizado pela pesquisadora; pelo desempenho do professor – descrever com maior ou menor rapidez os objetivos propostos; por contingências concorrentes a reunião, que pode- riam diminuir o tempo da reunião, como solicitações da direção da escola.

Também foram realizadas intervenções e orientações eventuais no final de cada au- la/intervenção, se P3 solicitasse ou sugerisse.

Os acompanhamentos em sala (observação e intervenção) ocorriam de duas a três ve- zes por semana. O tempo de acompanhamento variava de acordo com a disponibilidade de P3 e da possibilidade de atuação em aula por parte da pesquisadora. A observação/intervenção poderia durar de 2 a 4 horas em sala. Visando estabelecer um vínculo, antes de algumas reu- niões com P3 a pesquisadora permanecia em sala auxiliando a professora em observar os alu- nos ou organizar atividades se P3 solicitasse ajuda e/ou companhia.

a) Verificar o planejamento de P3 para semana, incluindo os conteúdos e as tarefas propostas.

b) descrever e discutir tarefas cujo procedimento foi apresentação do modelo pelo pes- quisador, realização pelo professor com auxílio do pesquisador e realização pelo professor sem auxílio do pesquisador (fading out do suporte oferecido ao professor);

c) organizar materiais e conteúdos apresentados por P3 de acordo com as relações a- presentadas por Stromer, Mackay e Stoddard (1992).

d) propor adaptações de tarefas, ou seja, rotas alternativas para as atividades que a pro- fessora dispunha) e/ou tarefas novas com base no objetivo a ser ensinado e/ou conteúdo a ser oferecido que seriam aplicadas por P3 ao final da aula.

e) Aplicação por P3 ou pela pesquisadora e P3 das tarefas planejadas em reunião du- rante os 30 minutos finais ou iniciais das aulas, pelo menos duas e até três vezes por semana.

f) tarefas de casa, isto é, que podiam ser realizadas na casa da participante ou na sala de aula que trabalhava, com verificação na reunião seguinte.

O tema e a rotina de cada uma das reuniões assim como das atividades realizadas ou observadas em sala foram registrados em um caderno e, posteriormente, analisados para pro- gramação da próxima sessão de intervenção.

Os alunos da Escola III foram participantes de intervenção direta, por meio de ações de sua professora (P3), sob instrução e supervisão da pesquisadora ou até mesmo por meio da intervenção direta da pesquisadora, cujo objetivo era apresentar modelo de ação para P3 ou fortalecer desempenhos necessários para tarefas seguintes aplicadas por P3.

Em geral, as tarefas apresentadas para Dri e Mat eram relacionadas aos conteúdos mi- nistrados por P3, que ora eram adaptados pela pesquisadora, ora correspondiam a tarefas esco- lhidas por P3. Algumas tarefas eram realizadas por todos os alunos da sala e alguns eram in- dividuais para Mat e/ou Dri, a depender no nível de dificuldade da tarefa e desempenho de entrada dos alunos participantes. Em geral, as tarefas individuais diziam respeito a reaplicação de uma tarefa ou adaptação de uma tarefa realizada por toda a sala. As adaptações diziam res- peito à: diminuição de palavras utilizadas com relação ao conjunto de palavras de tarefas ante- riores; hierarquização da ordem de dificuldade adotada nessas tarefas como: palavras simples dissílabas e trissílabas (vogal – consoante-vogal ou consoante-vogal) e palavras com dificul- dades da língua – conteúdo ministrado pela professora; alteração da rota / ordem da apresen- tação das atividades sugeridas pela professora de tal forma que a ordem de apresentação das atividades pudesse favorecer a relação entre palavra ditada, palavra impressa e figura (S- TROMER; MACKAY; STODDARD, 1992).

As palavras simples dissílabas e trissílabas foram escolhidas por serem facilmente re- presentáveis por figuras e por permitirem a recombinação de sílabas que poderiam facilitar a aprendizagem de novas palavras e favorecer a leitura generalizada.

As palavras dissílabas, trissílabas e polissílabas com dificuldade da língua eram esco- lhidas por corresponderem aos conteúdos ensinados por P3 para os demais alunos da sala. As palavras, em geral, eram retiradas de tarefas propostas ou discutidas com P3 durante as ses- sões de consultoria colaborativa. Algumas palavras foram trocadas por outras mais facilmente representáveis por figuras.

Após a avaliação pré-teste foram destacadas para o professor as relações em que os participantes apresentavam mais déficits e foram descritos procedimentos para o fortaleci- mento de relações que de forma direta ou indireta permitiram o fortalecimento desempenhos deficitários. Os resultados dos alunos no pré-teste e como estes foram abordados nas sessões de consultoria colaborativa com o professor serão mais bem descritos na sessão de resultados. De maneira geral, esse conjunto de atividades permitiu que se delineasse o conteúdo das sessões de intervenção com a professora e que se identificasse as relações que deveriam ser avaliadas e ensinadas. Desta forma, os alunos eram avaliados em leitura (CD) e/ou ditado manuscrito (AF) e ensinados a relacionar palavra ditada-figura (AB), figura-palavra impressa (BC) e, em alguns casos, palavra ditada – palavra impressa (AC) e Ditado com correção (AF- correção).

As palavras utilizadas durante a intervenção, bem como as tarefas realizadas podem ser observadas nos Apêndices N. Foram realizadas doze sessões com Mat e treze com Dri.

3.3. RESULTADOS

Os objetivos deste estudo foram: a) avaliar os desempenhos nas relações que descrevem o ler e o escrever em alunos com indicativos de déficits nos repertórios referentes a essa apren- dizagem; b) descrever relatos do professor sobre o que é ler e escrever bem como estratégias adotadas para o ensino desses desempenhos; c) conduzir com o professor um programa de consultoria colaborativa d) avaliar os desempenhos dos alunos, nas relações que envolvem o ler e o escrever após a intervenção com o professor e possíveis extensões dos efeitos do pro- grama adotado com o professor no repertório dos alunos. Os resultados serão apresentados em ordem condizente com os objetivos propostos: a) Desempenho dos alunos de P3 e P4 no pré- teste; b) Desempenho de P3 no questionário de avaliação do repertório do professor; c) De- sempenho de P3 durante o programa de consultoria colaborativa com o mesmo; d) Desempe- nho dos alunos de P3 e P4 no pós-teste.