Apresenta a publicação integral do Boletim Mensal do Instituto dos Arquitetos do Brasil89, respeitando- se, inclusive, a numeração própria do boletim, distinta da numeração referente ao volume da revista dentro da qual era publicado. Isso enfatizava o fato de que este boletim era elaborado pelo IAB e publicado na revista Acrópole.
Neste momento, duas colunas eram apresentadas na primeira página da revista: índice e editorial. Como pode-se verificar no editorial da revista “Em todos os números desta revista, neste mesmo canto de página, apresentamos aos nossos leitores, à guisa de introdução, em pequeno artigo sôbre assunto de nossa especialidade. Antes de emitir uma opinião, estas linhas pura e simplesmente sugerem um problema ([EDITORIAL], revista Acrópole, n° 210, 1956)”.
Esses editoriais não possuíam assinatura, com exceção de alguns poucos exemplares, onde constavam depoimentos de alguns profissionais da área relacionados a algum assunto específico no editorial.
São Paulo é uma cidade imprevidente. Solta e desamparada, ela tem seguido o tempo, porém sempre ao acaso, sempre provisória, sem plano urbanístico preestabelecido... São Paulo cresceu ao sabôr das improvisações, das necessidades imperiosas do momento, das iniciativas particulares. Hoje, alertados, os urbanistas tentam dar a São Paulo uma fisionomia de cidade grande, alargando suas ruas e arborizando-as, ou rasgando novas avenidas, idealizando modernas praças públicas, descentralizando o comércio... São problemas êsses que estão sendo atacados tardiamente. Nosso dever é pois evitar que as cidades que estão nascendo por êste Brasil venham a ser vítimas dêsses mesmos problemas ([EDITORIAL],1956).
O caráter social do discurso de alguns editoriais era explicitado no apelo para que os arquitetos colaborassem através da prática considerada adequada da arquitetura e do urbanismo.
RELAÇÃO DO IAB COM A REVISTA
Nas páginas seguintes, eram publicados os Boletins Mensais do IAB, com a manutenção da diagramação do próprio Boletim, evidenciando seu caráter individualizado.
Sua publicação, conjunta e interna à revista, fazia-se por interesse do próprio IAB, buscando ampliar o conhecimento de suas discussões internas e a existência deste Instituto a um número maior de pessoas. Era interessante também para o corpo editorial da revista, tendo em vista o aumento das
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O Boletim Mensal do IAB foi publicado na revista Acrópole desde janeiro de 1954 (edição n° 184) até abril de 1959 (edição n° 246).
113 vendas de exemplares, uma vez que os associados, para obter o boletim, teriam que comprar o periódico.
Já tem o Instituto de Arquitetos do Brasil, departamento de São Paulo, publicados cinqüenta números de seu boletim, mensalmente distribuído a todos os seus associados e inserido originàriamente na revista Acrópole, que de maneira simpática e acolhedora tem servido de forma positiva aos arquitetos de São Paulo e do Brasil.
Aliás, não poderia ser de outro modo o papel desempenhado pela revista na pessoa de seus diretores e proprietários que incansàvelmente põe as páginas de sua publicação ao alcance de todos e principalmente no afã de divulgar nossa arquitetura.
O I.A.B. tem tido assim a acolhida mais desinteressada, ao mesmo tempo eficiente, pois onde quer que atinja um exemplar da revista – sabem todos que a maioria dos países do mundo a recebem – estará o Instituto de Arquitetos noticiando seus
problemas, seus anseios, suas conquistas ([EDITORIAL], maio de 1958) 90.
Essa relação estreitou o contato entre a revista e este Instituto. Desta proximidade, verifica-se a existência de um aumento da participação e atuação dos donos da revista dentro das atividades do IAB e, consequentemente, de sua importância junto a este Instituto.
O IAB foi fundado com a ideologia de discutir temas relacionados à área de arquitetura e urbanismo, procurando reconhecimento e melhor caracterização das funções da profissão do arquiteto.
Embora sua proposta não fosse à formação de um meio de discussão restrito, mesmo que em alguns momentos possa ter sido específico, voltado apenas a arquitetos e engenheiros-arquitetos, a presença mais notória nesta Instituição era composta esses profissionais. Ao evidenciar-se a presença constante da revista no IAB e salientando-se que não trabalhava, nesta revista, nenhum profissional especializado da área, podemos afirmar que o estreitamento dos laços entre a revista e o Instituto era essencial para a atuação da revista, com suas publicações vinculadas ao Instituto.
Mesmo assim, não se pode considerar que esta revista constituiu um meio de publicação do IAB ou diretamente a ele voltada.
A revista também cultiva e desenvolve durante este período sua individualidade e suas características particulares, fruto do trabalho de sua equipe interna e em alguns momentos, com o auxílio de alguns profissionais vinculados ao IAB, a convite da própria revista. “[A revista Acrópole] publicou o Boletim do I.A.B. de São Paulo de janeiro de 54 a abril de 59, depois editado separadamente durante vários anos” (CORONA,1971, p. 7).
Através da revista, o IAB viabilizou a publicação de suas discussões e garantiu que elas não se mantivessem restritas apenas aos seus associados e aos participantes de suas reuniões.
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[EDITORIAL]. 50 Números de nosso Boletim. Boletim Mensal do I.A.B. – Deptm. de São Paulo. São Paulo: n° 51, maio de 1958.
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Como redatores do Boletim do IAB, de janeiro a dezembro de 1956, constam Alfredo Paesani, Bernardo Castelo Branco, Pedro Torrano e Rodolpho Ortenblad Filho.
A partir da publicação de dezembro de 1956 (n° 218), o Boletim é acrescido de dois redatores, Carlos Lemos e Eduardo Corona91.
EDITORIAIS
Dentre os editoriais, destacam-se as edições n°211 ao n°216 da revista, que constituem a opinião favorável da revista a algumas das discussões dentro do IAB, sob o título de “Campanha em favor da racionalização dos elementos utilizados na construção”. Nesses editoriais, alguns profissionais da área depunham sobre os benefícios e necessidades da racionalização, para a construção civil, para o desenvolvimento do país e para a arquitetura.
BOLETIM MENSAL DO INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL – DEPARTAMENTO DE SÃO PAULO
Nas publicações dos boletins, pode-se, de maneira sucinta, resumir suas publicações, a assuntos referentes ao funcionamento deste Instituto, à profissão do arquiteto, a eventos, notícias, e, eventualmente, a algum artigo ou depoimento de pequena extensão.
Dentre os assuntos referentes ao Instituto, os associados mantinham-se informados das preocupações e das atividades dos membros de seu conselho. A profissão e a atuação do arquiteto foram debatidas em inúmeras publicações, destacando-se a necessidade de regulamentação da profissão. Diante disso, contestavam-se algumas leis e favoreciam-se outras.
Este fortalecimento e maior clareza quanto à profissão e à atuação do arquiteto e o aumento das discussões dentro deste Instituto trouxeram de novo à tona uma questão de grande importância para a arquitetura brasileira: a proposição de uma nova capital federal para este país.
O IAB apresentou muito interesse de participação no processo de mudança da capital federal, desde a proposição de seu local, salientando a necessidade de leituras mais profundas do que as existentes sobre o espaço físico escolhido e as possíveis conseqüências de nele propor uma nova capital federal.
As discussões tornaram-se mais assíduas e as conclusões elaboradas formularam importantes opiniões sobre o processo que se encontrava em desenvolvimento. Diante de tantos pontos de vista, o IAB, emitiu um parecer único e geral, salientando sua importância como Instituto de defesa da
91 Eduardo Corona, nascido em 1921, em Porto Alegre, forma-se arquiteto em 1946 pela Escola Nacional de
Belas Artes, no Rio de Janeiro. Autor de diversos trabalhos de caráter acadêmico e de importantes livros de arquitetura: Dicionário de Arquitetura Brasileira; Roteiro Arquitetônico da Cidade de São Paulo/ Princípios Fundamentais de Composição na Arquitetura Brasileira; Do arquiteto criador dos espaços habitáveis; Bibliografia Mínima para Escolas de Arquitetura; Arquitetura Moderna Paulistana; Oscar Niemeyer – Uma lição de Arquitetura – apontamentos de uma aula que perdura há 40 anos.
115 classe de arquitetos e demonstrando seu interesse em uma atuação mais ativa e próxima de seus profissionais de uma forma geral. O parecer era destinado ao presidente da República.
Desse modo, as discussões do IAB, foram direcionadas para o desenvolvimento do edital do concurso do plano diretor da nova capital federal, posteriormente, publicada na Acrópole.
Outros concursos começam a ser divulgados neste boletim, e ao longo do tempo, intensifica-se esse tipo de divulgação.
Nota-se que as publicações de projetos frutos de concurso intensificam-se, sendo publicados, ao menos, o projeto ganhador. Em alguns casos, também eram publicados, segundo e terceiro lugares da competição. Tudo isso tendo em vista a preocupação em expor os diversos pensamentos e projetos propostos para um mesmo tema.
Os Boletins do IAB finalizam sua publicação de forma integral na revista em sua edição de número 63, em abril de 1959, edição número 246 da Acrópole.
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