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NOVA DIREÇÃO DA REVISTA ACRÓPOLE SETEMBRO DE 1952 MAX E MANFREDO GRUENWALD

O fato que caracteriza a Acrópole na sua primeira fase (anterior a 1952) é a raridade de textos de reflexão sobre a arquitetura, pouco se comenta sobre as transformações metodológicas no projeto moderno de arquitetos como Rino Levi, Warchavichik, Artigas e Osvaldo Bratke. Um trabalho lento contra esta situação é observado na Acrópole, que em meados da década de 50, converte-se num forte interesse de integração disciplinar.

A revista procura adaptar-se a formação do campo específico e a institucionalização da linguagem moderna na arquitetura brasileira. A revista aperfeiçoa sua “parte redatorial”, moderniza “suas ilustrações em cores”. Apesar da crítica insuficiente no início, a revista apresenta o maior fôlego de sobrevivência entre as revistas de arquitetura do período. Pode-se relacionar este fato, sobretudo, à visão comercial de trabalho com publicidade organizada em “bases sólidas” (MIRANDA,1998, p. 67).

Durante sua segunda fase, caracterizada pela mudança de seus proprietários, a revista sofreu grande número de alterações relacionadas ao caráter de suas publicações, à sua comunicação gráfica, à participação de seus colaboradores, à sua publicidade e à maneira de relacionar-se com os arquitetos e com o Instituto dos Arquitetos do Brasil. Isso porque seus novos proprietários não eram arquitetos e haviam comprado a revista por uma questão de interesse comercial86.

Alguns arquitetos, ao longo deste período, adquirem grande importância para o funcionamento da revista, na medida em que auxiliam na sugerência de material a ser publicado, assim como colaboram diretamente com material a ser publicado.

Pode-se destacar a atuação dos arquitetos associados ao IAB, entre eles, os redatores de seu Boletim. Assim como alguns arquitetos cujo material publicado originou posteriormente a publicação livros87, como cita Carlos Lemos:

(...) Corona teve a idéia de elaborar comigo um dicionário de arquitetura brasileira, no que me empenhei com verdadeira pertinácia, trabalhando pelo menos duas horas

86Entrevista com Manfredo Gruenwald, concedida a autora, no dia vinte e nove de setembro de 2006.

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Em entrevista, concedida a autora, em vinte e cinco de fevereiro de 2007, Carlos Lemos afirma que a publicação do Dicionário da Arquitetura Brasileira foi desde seu início idealizada como um só volume. Este deveria conter todas as suas publicações parciais, a maneira de um encarte de 3 ou 4 páginas em cada volume da revista. O convite ao desenvolvimento deste trabalho foi feito por Max Gruenwald, com a visão de um empresário, visando rentabilidade em sua execução e aumento nas vendas, garantido por seus colecionadores.

103 por dia no final do meu expediente na Engenharia Sanitária, onde formei uma competente biblioteca de consulta (LEMOS, 2005, p. 166).

No que diz respeito à comunicação gráfica da revista, suas capas eram desenvolvidas pelo próprio Manfredo Gruenwald, mas também receberam a colaboração de “Alexandre Wollner, Enzo Grinover, [João Carlos] Cauduro e [Ludovico] Martino, Abrahão [Velvu] Sanovicz e Júlio [Roberto] Katinsky” (SERAPIÃO, 2006).

Cobrindo todo o território nacional e vários pontos do exterior, essa publicação mantem contacto permanente com todos os principais centros de onde emanam as vigas mestras da engenharia contemporânea. Por êsse motivo e por querer sempre aprimorar seus serviços, a Revista lança agora um convite a todos os arquitetos. Pede-lhes que enviem colaborações à sua redação, bem como dados e ilustrações sôbre valores novos da engenharia nacional. Por sua vez, ela está pronta para fornecer informações que digam respeito a assunto de sua especialidade.

É como o objetivo de promover uma aproximação maior entre os que labutam dentro do seu campo de ação, que Acrópole faz êsse convite.

Divulgando com regularidade notícias ligadas à arquitetura, ela procura cada vez mais fornecer aos seus leitores um clima de pura confraternização, no ambiente da grandeza de São Paulo, isto é, na esfera superior de progresso, do trabalho e do poderio econômico. ([EDITORIAL], 1954, p.1)

A revista circulou tanto no Brasil como no exterior e noticiou sobre a arquitetura nacional e internacional contemporânea. Para tanto convidava os arquitetos a colaborarem na elaboração de publicações. Este contato aproximava-os da revista, na medida em que aprimorava arquitetônica e criticamente seu material.

Durante o período de funcionamento da revista, inúmeros editoriais conferiram-lhe sua devida importância, contando e recontando sua história desde a fundação e citando as publicações especiais. Essas publicações consideradas como especiais buscavam promover e divulgar o desenvolvimento da arquitetura brasileira. À frente da revista, colaboravam alguns dos mais importantes arquitetos e pesquisadores, conferindo-lhe maior importância dentro da trajetória da arquitetura brasileira, na medida em que este periódico se tornava uma das mais importantes publicações especializadas dentro deste meio.

Como relata este editorial dedicado a edição especial a cidade de São Paulo, em junho de 1963 (edição n° 295/296) comemorativa dos vinte e cinco anos de funcionamento da revista Acrópole.

A revista Acrópole, o mais antigo órgão de arquitetura editado no Brasil a circular atualmente, completa 25 anos de atividades ininterruptos. Fundado em maio de 1938 (assinatura 50 mil-réis, n° avulso, 5 mil-réis), no escritório do arq. Eduardo Kneese de Mello, foi seu fundador Roberto A. Côrrea de Brito. A redação se situou sucessivamente na rua Benjamin Constant 23, rua da Figueira 705, rua Boa Vista 57, rua 24 de maio 104, rua Barão de Itapetininga 93 e rua Xavier de Toledo 264. A partir de maio de 1940 até janeiro de 1953 editou um suplemento imobiliário com o movimento de construções e preços de terrenos em São Paulo. A revista foi vendida em começos de 1953 aos atuais proprietários.

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Constam de suas edições o livro “Residências – Interiores”, editado em 1955, “Notas sôbre a Evolução da Morada Paulista”, arq. Luiz Saia, em 1957, “Veneziana e Vidro”, arq. Bina Fonyat, um número especial sôbre Brasília (abril 1960) em duas edições, tendo publicado mensalmente (de janeiro, 1954 até junho, 1959) o boletim do Instituto de Arquitetos do Brasil, Dept. de São Paulo, e durante 5 anos (n° 222 até 280) o “Dicionário da Arquitetura Brasileira” dos arqs. Eduardo Corona e Carlos Lemos, obra esta em vias de ser publicada em forma de livro. Edita mensalmente em suas páginas o Boletim do Instituto Brasileiro de Acústica.

Assinantes estendem-se por todo o Brasil, países da América Latina, e muitas cidades européias, asiáticas e africanas. A revista é enviada, por intermédio do Itamaraty, a todas as embaixadas e consulados do Brasil no exterior.

Acrópole mantém permuta com cerca de 70 revistas congêneres brasileiras e estrangeiras. Durante os anos, a revista se tornou importante ponta de lança da boa arquitetura, especialmente no interior dos Estados, onde o contato com obras novas e qualitativas é relativamente difícil. Os 294 números espelham também o desenvolvimento da arquitetura contemporânea (EDITORIAL,1963).

Alguns arquitetos destacam-se através da publicação de textos de sua autoria sobre temas específicos sobre a arquitetura e urbanismo. Sobre eles, discorro a seguir.

LUIS SAIA

Inicia-se em julho de 1955 (edição n° 201) a publicação mensal de Luis Saia, intitulada “Notas sobre a evolução morada paulista” até março de 1956. Em 1972, este material foi publicado livro intitulada “Morada Paulista” (SAIA, 1972). De abril a junho de 1956, publica a coluna “Notas relacionadas com a Tectônica Demográfica de São Paulo” (edições n°210, n°211 e n°212). Dividido em duas partes, o texto “Urbanismo em São Paulo”, em novembro de 1956 (edição n° 217) e em maio de 1957 (edição n° 223).

Saia também colabora na revista com a publicação dos seguintes textos: “Resposta a uma Crítica”, em outubro de 1958 (edição n° 240); “Notas para a teorização de São Paulo”, em junho de 1963 (edição n°295/296); “Congresso de Cuba”, em agosto de 1963 (edição n° 297); “Édipo Ingeniarios”, em junho de 1965 (edição n° 318); “Arquitetura de forno e fogão”, em abril de 1967 (edição n° 338); “Morada seiscentista do Tatuapé”, em novembro de 1968 (edição n° 356); “Sede do sítio Mirim”, em fevereiro de 1969 (edição n° 358); “Do pau Brasil ao pinho de riga”, em novembro de 1970 (edição n° 379) – edição especial sobre o Mobiliário Brasileiro.

CARLOS LEMOS

Autor conjuntamente a Eduardo Corona da coluna mensal “Dicionário da Arquitetura Brasileira no Brasil” (publicado desde a edição n° 222, de abril de 1957, à edição n° 280, de março de 1960). Desenvolve o livro “Roteiro de arquitetura contemporânea São Paulo” conjuntamente a Eduardo Corona, publicado em anexo a edição especial a cidade de São Paulo, em junho de 1963 (edição n° 295/296), comemorativa dos vinte e cinco anos de funcionamento da revista Acrópole.

105 Lemos também colabora na revista com a publicação dos seguintes textos:“A Capela de Ivopurunduva”, em janeiro de 1957 (edição n° 219); “Iporanga”, em março de 1957 (edição n° 221); “A Casa Bandeirista nos Inventários do Segundo Século”, em outubro de 1957 (edição n° 228); “A Casa Grande do Brigadeiro Tobias”, em agosto de 1958 (edição n° 238); “Notícia de Documento Interessante”, em janeiro de 1959 (edição n° 243); “Outra Casa Velha”, em julho de 1959 (edição n° 245); “Capelas alpendradas de São Paulo”, em junho de 1960 (edição de n° 260); “Capelas alpendradas de São Paulo”, em julho de 1960 (edição de n° 261); “Partido arquitetônico paulista em Goiás”, em setembro de 1961 (edição de n° 274).

BOLETIM DO INSTITUTO BRASILEIRO DE ACÚSTICA

A Revista Acrópole, prestando a mais ampla e irrestrita colaboração às entidades ligadas no campo de Engenharia e Arquitetura, divulga já há 3 meses o Boletim Mensal do I.B.A., orientado pelos Dr. Bernardo Bedrikow, Eng. Roberto Paulo Richter, João Lellis Cardoso e Orlando Manoel Brogiolo ([EDITORIAL], 1958). A partir de abril de 1958 (edição de n° 234) inicia-se a publicação inserida no corpo da revista do Boletim Mensal do Instituto Brasileiro de Acústica, sob a responsabilidade de profissionais especializados no assunto. Essa publicação estende-se até o ano de 1967 (edição de janeiro/ fevereiro n° 336) e busca discutir temas relacionados à acústica, os estudos na área, abordando projetos e materiais, no Brasil e no mundo, visando a solucionar os problemas das edificações referentes a este tema, colaborando para o conforto acústico.

PRANCHETA VIVA

Em junho de 1956 (edição n° 212) inicia-se a coluna intitulada “Prancheta Viva”, anteriormente intitulada “Detalhes Técnicos”, onde são expostos detalhes construtivos ou de mobiliário utilizados em alguns projetos publicados na mesma edição da revista. A existência desta coluna faz-se até a extinção da revista, embora eventualmente não seja publicada em algumas edições.

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